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Pequena cronologia do conflito diplomático com a China em 1909-1911, extraído de (1)

16-12-1909Conflito diplomático com a China – Soberania portuguesa nas águas do Porto Interior (1)

1909 – Recomeçadas em Pequim as negociações sobre a delimitação de Macau. Malogro das diligências entre ao Conselheiro Joaquim José Machado e o Mandarim Kao-Erh-Chien. Intransigência de parte a parte. (1)

3 -11-1909 – Suspenderam-se, após 4 meses de negociações, as conferencias entre o General Joaquim José Machado, Alto-comissário de Portugal e Kao-Ohr-Kim, representante chinês, para a fixação definitiva dos limites de Macau, indicando o Comissário português o recurso à arbitragem. A missão portuguesa era composta pelo General Joaquim Machado (Alto-Comissário); Capitão Demétrio Cinatti (Comissário Auxiliar); Capitão J.M.R. Norton de Matos (Secretário) e Pedro Nolasco da Silva (Intérprete). A parte chinesa era composta por Kao-Ohr-Kim; Shun-Pau-Ho, (Superintendente da Polícia de Cantão); Tsung-Yuen-Pi (Subperfeito Marítimo de Tch´in-San); e o Secretário-Intérprete Hou-To-Na. As duas conferências realizaram-se numa sala da residência do Cônsul de Portugal em Hong Kong, João Leiria. Os delegados chineses não aceitaram a proposta de nomeação de uma comissão para definir as delimitações de Macau, a propósito das Ilhas. O relato da missão foi publicado em Relatório e Actas da Comissão nomeada para estudar as questões entre Portugal e a China, Lisboa, 1911. (1)

13-11-1909 – Com a chegada a Cantão das autoridades superiores do litoral, o Vice-Rei de Cantão e outros Mandarins receando ser acusados de conivência, na permissão da estadia dos barcos portugueses em Macau (o que foi proibido em consequência da ordem do Imperador, que ordenara o encerramento do comércio e a transferência dos centros populosos do litoral para o interior, devido aos ataques dos piratas de Coxinga), enviaram os Mandarins uma armada de 60 barcos e somas (juncos) para intimidarem a saída ou a queima de vários navios portugueses que se encontravam ancorados na Taipa. Ficou então resolvido porem-se de vela para as Ilhas dos Ladrões os que pudessem, devendo os outros ser queimados ou metidos a pique, na noite de 14 para 15 de Novembro deste ano (1).

07-02-1910Conflito diplomático com a China – Protesto do Cônsul de Portugal m Cantão, feito às autoridades chinesas daquela cidade, contra a criação de um jornal especial, pela Sociedade Protectora da Delimitação de Macau, com o fim de continuar a campanha contra esta Colónia (1)

12-12-1910Conflito com a China – Desembarque de soldados chineses em D. João e Montanha, tendo estes disparados tiros, passando busca às habitações e intimidado os habitantes a não pagarem impostos ao Governo de Macau (1)

31-01-1911Conflito diplomático com a China – Protesto apresentado pelo encarregado da gerência do Consulado-Geral de Portugal em Cantão, contra a ida de soldados chineses à ilha de D. João. (1910) (1)

(1) SILVA, Beatriz Basto – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, pp. 33, 39, 40, 42, 50 e 54.

Capa + Contracapa

Brochura (25 cm x 16,5 cm) com 16 páginas publicada com o título: “APONTAMENTOS GERAIS SOBRE AS OBRAS DOS PORTOS DE MACAU”, escrito pelo Administrador Delegado, Vice-Almirante Hugo de Lacerda, (1) sobre os acabamentos indispensáveis e desenvolvimentos a recomendar quanto a obras e dragagens para serem presentes ao Conselho de Administração das obras dos portos. Editado pela Direcção dos Obra dos Portos, impresso na Tipografia do Orfanato, em 1927.

Página 1
Página 3
MAPA

De interesse, anexado ao interior da contra-capa, um mapa dobrável: (aberto: 70 cm x 51 cm), “Esboço do Plano Geral de Futuras Obras em Conexão com a Primeira faze de Obras dos Portos de Macau e Possibilidade de Estabelecimento de vias Ferrias”, numa escala de 1:20.000 e assinado pelo autor, com data de 24 de Dezembro de 1926.

Projecto duma “Ilha da Rada” entre Macau e as duas Taipas

(1) “22-12-1911 – Hugo Goodair de Lacerda Castelo Branco (1860-1944) apresentou-se publicamente, em 22-12-1911, como Capitão dos Portos de Macau, Superintendente da Importação e Exportação do Ópio Cru e Director do Observatório Meteorológico. Foi professor interino do liceu em 1912, tendo regressado em 26-10-1912 a Portugal. Regressa a Macau em 1918 para dirigir as obras do porto de Macau até à extinção da Missão de Melhoramentos dos Portos de Macau, em 1919″.(2)

“1926 – Macau tem um Encarregado do Governo na pessoa de Hugo Carvalho de Lacerda Castelo Branco, notável técnico hidrográfico e para sempre ligado ao Porto de Macau. É importante referir a sua obra Macau e o seu Porto, Obras do Porto de Macau e o Extracto do Relatório dos Principais Serviços Prestados em Macau desde Dezembro de 1918 a Março de 1927,publicado no Boletim Geral das Colónias em 1928. Depois de cessar funções como Encarregado do Governo, Lacerda continua ligado às obras do porto até 26 de Março de 1927. O Almirante Lacerda como ficou conhecido e chamado numa das artérias de Macau, preocupou-se coma Brigada Sanitária que faltava sobretudo no bairro chinês, com o ensino, e com o policiamento. No seu governo foi publicada a Nova Carta Orgânica de Macau, a 4 de Outubro de 1926 e foi inaugurada a notável Exposição Industrial e Feira de Macau entre a Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida, Horta e Costa e Coronel Mesquita, ideia que vinha de Rodrigo Rodrigues mas só agora concretizada.” (2)

“22-07-1926- Nomeação de Artur Tamagnini de Sousa Barbosa para Governador de Macau mas também a nomeação, quase imediata e a título interino do Almirante Hugo de Lacerda para o cargo, até chegar o titular. Exoneração, na mesma data, do Governador Manuel Firmino de Almeida Maia Magalhães” (2)

 (2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, pp. 61, 176 e 187.

Anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hugo-lacerda-castelo-branco/

A propósito duma postagem anterior, sobre “jerinxá/riquexó” (1), recupero a referência que o Governador Álvaro de Mello de Machado deixou escrito no seu livro “Coisas de Macau” (1913), na p. 144, (2) sobre os meios de transportes de Macau nomeadamente sobre o “Jrinksha” (grafia do autor)

Jrinksha particular das casas senhoriais da Praia Grande

O meio de transporte mais adaptado em Macau é o jrinksha, ligeiro veículo a duas rodas puxado por um chinez. A pequenez da cidade não comporta as velocidades das carruagens e dos automóveis, e d´ahi a ausência quasi completa de semelhantes vehiculos, que representariam um luxo demasiado caro, quasi sem aplicação” (3)

“ É pois o jrinksha, que invade todas as ruas, circula em todas as direcções, já barulhento e desconfortável rodando ao passo cançado do seu mal alimentado conductor, já elegante, airoso, resplandecendo metaes, deslisando suave sobre os seus aros de borracha, agilmente impelido pelos músculos fortes de dois reforçados rapazes. Todas as pessoas, que vivem com um certo desafogo, possuem um jrinksha que as transporta para toda a parte. (4) E assim, dando largas á fantasia, ao gosto, ou ao espirito de ostentação, o ligeiro carrinho e os seus conductores percorrem todas as escalas, d´este o imundo vehiculo de praça ao bello exemplar acharoado, que o Japão fabrica para preços caros, puxado pelos culis vistosamente enfarpelados, anunciando ao longe as côres a identidade da pessoa que transportam.

A principio custa naturalmente, a quem não está habituado, a sentir-se confortavelmente transportado pelo trabalho violento de humanas creaturas. Mas vem o habito, e com elle a apreciação do treno grande que essa gente tem, podendo correr durante horas sem grande esforço a velocidades moderadas, e aguentando facilmente uma corrida veloz, para menos importantes extensões; e acaba-se por achar natural, e até commodo e agradável, esse meio de transporte”

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/riquexos/

(2) MACHADO, Álvaro de Mello – Coisas de Macau. Livraria Ferreira, 1913, p. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/alvaro-de-melo-machado/

(3) Em 1907 existiam sete automóveis e em 1911, apareceu o primeiro táxi.

(4) Também as entidades oficias tinham os seus jerinshás particulares, como se pode comprovar com esta informação: “13-04-1914 – Aquisição de quatro jerinxás, do tipo Saigão, para o Palácio do Governo (A.H.M.-F.A.C-. P. n.º 73-S-E) in SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. III, 2015, p. 78.

Anteriores referências aos riquexós/ jerinxás em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/riquexos/

Extraído de «O Occidente» XXXIV-1186, de 10 de Dezembro de 1911, p.271
NOTA: a foto com canto inferior direito não é do biografado

Adolfo Ferreira Loureiro (1836-1911), militar, engenheiro, escritor, poeta e político, bacharel em Matemática em 1856 na Universidade de Coimbra e em Engenharia Civil em 1859. Entrou na escola do Exército, em 1858, onde seguiu carreira militar. Em 1883, foi em Comissão à Índia Britânica, a Ceilão, Singapura, China e Macau.

Veio para Macau, em 1883, como Capitão de Engenharia e Major do Estado Maior, no cumprimento da missão de assorear o porto de Macau, tendo elaborado o grande projecto dos aterros do porto interior (posteriormente o projecto foi alterado por diversas vezes). O trabalho desenvolvido em Macau foi elogiado, recebendo do Leal Senado (1884) a honra de ter o seu nome num arruamento executado entre 1882 e 1883 (1) (2)

Em Macau, desenvolveu interessantes apontamentos acerca da cultura e sociedade chinesa. Acresce que contactou e privou com várias personalidades da época, nomeadamente com Demétrio Cinatti, Capitão do Porto de Macau e, com Eduardo Marques, reputado sinólogo e intérprete da Procuratura dos Negócios Sínicos de Macau. Apoiado pelo Partido Progressista, foi eleito Deputado para Legislatura de 1890, pelo 1.° Círculo Eleitoral de Macau, de que prestou juramento a 15 de Janeiro de 1890, e, na Legislatura de 1890-1892, representou o referido Círculo Eleitoral como Deputado da Legislatura anterior, até ao dia 27 de Maio de 1890.

Foi autor de mais de duas dezenas de publicações de carácter literário e profissional, mas destacou-se com o seu diário de viagem, «No Oriente – De Nápoles à China (diário de viagem). Lisboa, 1896-1897: Imprensa Nacional, 1896. – 2 v.

Com referência a Macau, publicou: 1 – Porto de Macau. Ante-projecto para o seu melhoramento. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1884. – 286 p. 2 – Estudos sobre alguns portos commerciaes da Europa, Ásia, Africa e Oceania. Coimbra, 1885, 2 vol. 3 – Macau e o seu porto. Conferência na Sociedade de Geographia de Lisboa. Lisboa, 1896.

PLANTA da bacia geral dos rios Si-Kiang, Peh-Kiang e Han-Kiang ou rios do Oeste, Norte e de Este, desde a sua origem até desembocarem no mar da China pelos estuários de Cantão e do Broadway [Material cartográfico]: Nº 1 / Extrahida da planta da Província de Cantão, levantada por I. G. Lörcher e completada pelas cartas da China de I. Perthes e de Williams; Assumpção lith.  [Coimbra: Imprensa da Universidade, 1884]  – 1 mapa LOUREIRO, Adolfo Ferreira de, 1836-1911; ASSUNÇÃO, António José Saldanha, 1850-1900, litog. http://rnod.bnportugal.gov.pt/rnod/winlibsrch.aspx?

Loureiro demonstrou ainda envergar uma postura crítica relativamente à posição política de Portugal em Macau por altura do incidente subjacente à notícia da revolta de Cantão em Setembro de 1883, sem contudo deixar de mencionar que o seu próprio país, por falta de tratado com a China, não tinha ali cônsul para proteger o macaísta envolvido. Manifestou-se face ao sistema do mandarinato revelando e reforçando a ideia da própria singularidade de Macau. A abordagem à corrupção e ao suborno é inevitável e também o sistema judicial e penal mereceu acutilantes apontamentos críticos. A questão da pirataria mereceu-lhe uma especial atenção já que a estes marginais se referiu com frequência, fazendo referência ao episódio do White Cloud, embarcação que garantia a viagem Macau – Hong Kong – Macau.” (3)

Planta da PENÍNSULA E PORTO DE MACAU com as sondagens levantadas em 1884 e com o projecto do caes interior, molhe da Taipa, docas da ilha Verde e Praia Grande, dique da Taipa e revestimento marginal entre a Ilha Verde e Pac-Siac [Material cartográfico] / [Adolfo Ferreira de Loureiro]; gr. Samora. – [Coimbra: Imprensa da Universidade, 1884]. – 1 Planta, 5 folhas com informação hidrográfica, 1 folha com perfis e alçados. LOUREIRO, Adolfo Ferreira de, 1836-1911; SAMORA, Júlio César Júdice, 1845-post. 1913, litog. http://purl.pt/17239/service/media/pdf

(1) ”Macau deu o nome de Adolfo Loureiro a uma via pública. O projecto de Loureiro ficou apenas no papel, apesar das instâncias de Macau junto do Governo Central . Assim em 1891 subiu ao Terreiro do Paço um requerimento de 951 habitantes de Macau para se executarem as Obras; mas só 6 anos mais tarde é que de lá se pensou nisso; em 08-08-1903, o Capitão de Cavalaria Carlos Alexandre Botelho de Vasconcelos foi incumbido de sondagens no porto. Então o Governo dispôs-se a executar o plano de Loureiro, mas nada feito.” TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997, p. 408

(2) 羅利老馬路 – Estrada de Adolfo Loureiro: começa na Avenida Sidónio Pais e termina no cruzamento da Estrada de Coelho do Amaral com a Rua da Restauração. Executada em 1882/1883. CAÇÃO, Armando Azenha – Sankiu in http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30035/2019

(3) https://orientalistasdelinguaportuguesa.wordpress.com/adolfo-loureiro/

Ver Anteriores referências neste blogue de Adolfo Loureiro em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/adolfo-loureiro/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estrada-adolfo-loureiro/

NOTA: Uma nota biográfica muito completa, em http://www.pianc.pt/pdfs/F2.pdf

No dia 19 de Março de 1962, D. José da Costa Nunes (1) que foi bispo de Macau de 1920 a 1940 (ano em que foi nomeado Patriarca das Índias), foi elevado a Cardeal. Faleceu em Roma com 96 anos.
A propósito deste acontecimento, o «Boletim Geral do Ultramar» (2) publicou uma nota biográfica,

(1) Anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-jose-da-costa-nunes/
(2) Extraído de «BGU»  XXXVIII – 441, Março de 1962.

Mais dois “slides” digitalizados da colecção “MACAU COLOR SLIDES – KODAK EASTMAN COLOR” (1) comprados na década de 70 (século XX), se não me engano, na Foto PRINCESA.
Monumento (2) que se erguia nos aterros das Praia Grande, em homenagem ao Governador João Maria Ferreira do Amaral foi inaugurado em 24 de Junho de 1940, por ocasião das festas comemorativas do duplo centenário e por oferta do Leal Senado., A Estátua é de autoria do escultor Maximiliano Alves e, na sua base quadrangular, existia em faces opostas, dois baixos-relevos das armas reais e duas lápides com inscrições.
Este monumento (3) com o busto do grande e intrépido navegador e descobridor do caminho marítimo para a Índia, encontra-se erguido no centro da Alameda Vasco da Gama.
Foi projectado em 1890, como homenagem da cidade de Macau ao grande navegador, para comemorar o 4.º Centenário do descobrimento do caminho marítimo para a Índia, mas só se iniciou a sua construção em 1907 e, em 31 de Janeiro de 1911, foi inaugurado pela Direcção das Obras Públicas. (4)
O busto teve como escultor, Tomás Costa, servindo-lhe de modelo um retrato existente no Museu Nacional de Arte Antiga… (…)
O monumento é formado por um busto de bronze assente num forte pedestral de granito. Na face anterior do plinto está embutido um baixo-relevo em mármore, representando o episódio do Adamastor, conforme ´e descrito nos Lusíadas.“ (5)
(1) Ver anteriores “slides” desta colecção:
https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNSn7Rmv6jkuR-8RXyab3nyp4y78NQ:1567866434430&q=nenotavaiconta+slides+coloridos+de+Macau+tur%C3%ADstico&tbm=isch&source=univ&sxsrf=ACYBGNSn7Rmv6jkuR-8RXyab3nyp4y78NQ:1567866434430&sa=X&ved=2ahUKEwiSmYTP9b7kAhUVHcAKHZdNCtkQsAR6BAgJEAE&biw=1093&bih=500&dpr=1.25
(2) Ver anteriores referências ao Governador Ferreira do Amaral e ao monumento em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-m-ferreira-do-amaral/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estatua-ferreira-do-amaral/
(3) Ver anteriores referências a este busto em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jardim-de-vasco-da-gama/
(4) Inaugurado pelo Governador interino o segundo-tenente da Armada Álvaro Cardoso de Melo Machado.
(5) HENRIQUES, Major Acácio Cabreira – Monumentos Nacionais Existentes na Província de Macau. Círculo Cultural de Macau, 1956, 58 p.

O Comandante do “Afonso de Albuquerque”, Samuel Conceição Vieira assumiu as funções de encarregado do Governo – função que apenas existia na ausência prolongada de um governador – a 5 de Agosto de 1946, no rescaldo da segunda guerra mundial, por um período de treze meses, em substituição de Gabriel Maurício Teixeira. (1)
Foi nessa qualidade que recebeu a 20 e 21 de Agosto de 1947 a visita de Sun Fo, (2) vice-presidente da República da China, filho de Suan Yat-Sen o fundador da República Chinesa em 1911. Uma visita destacada na primeira página do Diário de Notícias (Portugal) que titula “Macau visitada pelo vice-presidente da República da China A continuação ds amistosas relações entre portugueses e chineses foi enaltecida num discurso que ali proferiu“. (3)
Extraído do «BCG» XXIII, 1947.

O Vice-Presidente da República Chinesa Dr. Sun F, ao chegar a Macau, junto da guarda de honra feita por soldados portugueses. À esquerda, o encarregado do Governo, Comandante Samuel Vieira.

(1) 05-10-1940— No B. O. N.º 40 é nomeado o novo Governador, capitão de fragata, Gabriel Maurício Teixeira, por falecimento do Governador Artur Tamagnini Barbosa, tendo tomado posse a 29 de Outubro.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/gabriel-mauricio-teixeira/
05-08-1946 – O Comandante do “Afonso de Albuquerque” Samuel Conceição Vieira assumiu as funções de encarregado do Governo
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/samuel-da-conceicao-vieira/
1-09-1947 – O Comandante Albano Rodrigues de Oliveira chega a Macau e  é empossado Governador de Macau no dia 1 de Setembro de 1947, substituindo o comandante Gabriel Maurício Teixeira que tinha exercido o cargo desde 1940.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/albano-rodrigues-de-oliveira/

O jovem Sun Fo junto ao pai Sun Yat-sem

(2) Sun Fo ou Sun Ke (孫科) (1891-1973), nascido em Xianshan (hoje Zhongshan – Guangdong) e falecido em Taipei, filho de Sun Yat-sen (1866-1925)  e Lu Muzhen (1885-1915. Licenciado em “Master of Science”, pela Universidade de Columbia (USA) em 1917.
Vice-presidente em 1947-1948 do Governo Nacionalista, foi o 2.º Presidente da República Chinesa de 16 de Novembro de 1948 a 12 de Março de 1949. Exilado após a Guerra Civil Chinesa em 1949, fixou-se em Hong Kong até 1951. Depois esteve na Europa (1951-1952) e nos Estados Unidos até 1965, data que voltou a Formosa/Taiwan, após reconciliação com Chiang Kai-shek.
https://en.wikipedia.org/wiki/Sun_Fo
(3) Ver anterior referência a esta visita em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/10/13/noticia-de-13-de-outubro-de-1947-macau-sera-respeitada/

Continuação da publicação dos postais constantes da Colecção intitulada “澳門老照片 / Fotografias Antigas de Macau / Old Photographs of Macao”, emitida em Setembro de 2009 pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. de Macau/Museu de Macau (1)

Coreto da Avenida Vasco da Gama

Contíguo a este largo (onde está o monumento a Vasco da Gama, planeado para ser levantado em 1898, mas só inaugurado a 31 de Janeiro de 1911) e do lado da estrada da Victoria procede-se actualmente à construção d´um coreto para música, ao centro d´um pequeno jardim, sendo este jardim fechado por duas rampas circulares d´acesso da Avenida para a estrada da Victoria que devem produzir um lindo efeito.” (artigo do engenheiro Augusto César d´ Abreu Nunes (2) , em 1898, publicado no “Jornal Único”) (3)
Os actuais Jardim da Vitória e Jardim de Vasco da Gama, são o que resta da antiga Avenida Vasco da Gama, aberta em 1898, por ocasião do IV Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia.
Essa avenida, que com mais propriedade, se deveria chamar alameda ou mesmo pequeno parque, tinha 500 metros de comprimento e 65 de largura. Progressivamente, a partir de 1935, foi retalhada para receber equipamentos urbanos como o campo desportivo do Tap Seac, as escolas primária oficial Pedro Nolasco da Silva e Luso-chinesa Sir Robert Ho Tung, uma piscina municipal e mais tarde, uma unidade hoteleira (Hotel Estoril)” (4)
Ao longo da Avenida corriam dois parques de árvores de S. José (Ficus chloro-carpas) que lhe davam um aspecto bucólico de frescura campestre… (… ) Do lado N. a Avenida terminava pelo Jardim da Vitória , que era de forma circular com 58 m de diâmetro, sendo torneado pela rua central da Avenida. (5)
(1) Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/category/postais/
(2) A avenida Vasco da Gama foi projectada pelo engenheiro Augusto César d´Abreu Nunes.
(3) O “Jornal Único” publicou-se, num único número, no dia 20 de Maio de 1898,
com óptima apresentação e interessante colaboração, em comemoração do 4. º Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)
(4) ESTÁCIO, António J. E.; SARAIVA, António M. P. – Jardins e Parques de Macau. Instituto Português do Oriente, 1993, p. 36.
(5) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Vol. I, 1999, pp. 228.

Continuação do testemunho de Francisco de Carvalho e Rego (1) (2)
De ali, pela tortuosa rua do Gonçalo, apertada e estreita, era o visitante conduzido até à calçada do Governador, por onde vinha dar à “Praia Grande”. E, chegado ao fim da Calçada, à direita tinha o edifício das Repartições Públicas, e à esquerda o pequeno edifício dos Correios, ao lado do qual se mostrava em suas arcadas, tão próprias da arquitectura das cidades cosmopolitas do oriente, o “Hotel Macau” modesto e simples, onde o velho inglês Farmer (3) e sua família recebiam acolhedoramente os hóspedes.
Aquele que viesse encomendado ao “Hotel Bela Vista”, ao deixar a ponte-cais, dirigia-se pela Calçada do Gamboa à Rua do mesmo nome e, seguindo pela Rua do Seminário, entrava no Largo de S. Lourenço, alcançando a Penha pela Rua do Pe. António  e Rua da Penha, indo dar ao chamado Chôc-Chai-Sat  onde , no referido Hotel, era recebido pelo velho Vernon, (4)  que, de há muito, explorava, na Colónia, a indústria hoteleira.

A residência de Verão do Bispo da Diocese (final da década de 40, século XX)

Mas não eram estes os hotéis recomendados aos funcionários chegados à Colónia, porque os seus preços eram elevados. Para estes funcionários era mantido pelo velho Mami o “Hotel Ocidental” modesto e pouco dispendioso e que, situado também na Praia Grande, oferecia ao visitante a mesma vista agradável, que lhe era apresentada nos outros hotéis.
A Praia Grande tinha os seus encantos: bela vista sobre as águas; passeio à beira-mar; brisa do mar, sombra das árvores e a música aos domingos, à noite, que tocava em frente do palácio do Governo e às quintas-feiras no jardim de S. Francisco.
Os únicos meios de transporte, que havia, eram o rickshaw e, a cadeirinha, espécie de palanquim transportado por dois ou quatro homens.
Era a Praia Grande pavimentada a macadame e o resto da cidade quase todo calçado à portuguesa.
Viam-se na Praia Grande as residências dos Primeiros e Segundos Condes de Sena Fernandes, de Carlos Pais da Assunção, de Luís Aires da Silva, do Major Aurélio Xavier, do General Garcia, José Ribeiro, Simplício de Almeida, Dr. Álvares, Constâncio José da Silva, Alexandrino de Melo, da Família Eça, do Capitão Carneiro Canavarro, etc.
E algumas viviam os chineses Lam-Lim, Chou-Sin Ip, Li-Kiang-Chin, Chan-Fong e outros.
(1) Extraído de REGO, Francisco de Carvalho e – Macau … há quarenta anos in «Macau». Imprensa Nacional, 1950, 112 p.
(2)Anteriores referências em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/08/10/leitura-macau-ha-cem-anos-a-chegada-i/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/08/16/leitura-macau-ha-cem-anos-a-chegada-ii/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-de-carvalho-e-rego/
(3) O Sr. Farmer comprou o “Hotel Hin-Kee” em Maio de 1903, para transformá-lo no “Macao Hotel”, porque não conseguiu, como era seu desejo, arrendar o Hotel sanatório “Boa Vista”, que em 1901 foi expropriado pelo governo e cedido/vendido  à Santa Casa de Misericórdia por 80 mil patacas.
(4) O súbdito francês A. A. Vernon tinha um projecto de contrato de jogos em Macau em 1909 mas não chegou a concretizar por não ter tido a autorização do Director-Geral da Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar. Em 1910 é-lhe concedida licença para a circulação de automóveis em Macau e solicita idêntica autorização de Cantão em 1911 para poder encarregar-se de transportes viários entre Macau e Qiang Shan (Casa Branca para os portugueses)   A. Vernon geria o “Hotel Boa Vista” (arrendado à Santa Casa de Misericórdia) e queria trespassá-lo em Janeiro de 1913 para G. Watkins mas não foi aprovado pelo Governo. Depois de vários outros posteriores arrendamentos (o Liceu de Macau esteve aí instalado até passar ao Tap Seac) o Governo compraria em 1923 o Hotel à Santa Casa de Misericórdia por 82 585 patacas.

Esboço Critico da Civilização Chineza” pelo Dr. J. António Filippe de Moraes Palha (1) publicado em Macau, em 1912 com 120 páginas em que 54 páginas são preenchidas pelo PREFÁCIO do “Exmo. Sr. Dr. CAMILLO PESSANHA”. Tem uma pequena introdução de 5 páginas, datado de “Macau, maio de 1912” e assinado por “Moraes Palha” e 64 páginas descritas pelo autor como folheto.

Encadernação com lombada e no frontispício uma bonita impressão de um junco e um pagode com lombada

Dessa “Introdução”, retiro:
O pequeno folheto, que venho submeter à apreciação do publico, não é senão um produto de circumstancias fortuitas. Não revela da minha parte nem o prurido de avolumar a literatura portugueza, nem a vaidade de contribuir com um trabalho original para o estudo da complexa civilização chineza. … (…)
Foi a primorosa conferencia do sr. Dr. Camillo Pessanha sobre “A Arte chineza” que me orientou o espirito, no mare magnum dos assumptos sobre coisas chinesas.
Era evidente, que, emquanto o formoso genio do poeta descobria na arte d´este povo as mais maravilhosas manifestações do bello, e desvendava nos symbolos, conceitos e máximas chinesas as mais sublimes concepções philosophicas, a mim, obreiro, embora modesto e obscuro, do positivismo, competia-me naturalmente a tarefa de patentear a realidade, na sua nudez singela e austera, pura ou impura, formosa ou hedionda, perfumada ou fétida…. (…)

Capa do livro, com algum uso, com manchas, marcas de fitas na lombada e reparação de partes superiores.

As folhas soltas, com a entrada de anno de 1911, fechava-se o cyclo das conferencias em Macau.
As folhas solta do manuscripto, não tendo já razão de existência, ficariam jazendo no derradeiro somno do esquecimento, se não fôra a amavel interferencia do Dr. C. Pessanha, que, com as suas encantadoras palestras, mais uma vez me incutia o gosto por assumptos chinezes.
Não se limitou a isto a valiosa intervenção do meu bom amigo. Accedendo ao meu tibio pedido, prontificou-se a apadrinhar o trabalho com o seu magistral prefacio, que, comquanto não exprima da sua parte para comigo mais do que mera deferência pessoal, generosa e captivante, de certo, a mim enche-me de profunda satisfação e intimo orgulho por ter conseguido assim arrancar á sua obstinada nacção uma das maiores glorias das letras nacionais… (…)

2.ª folha com assinatura de posse (não identificada), Macau, 1922.

José António Filipe de Morais Palha (1872 – faleceu em Macau em 1935), licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa, como alferes (desde 22-07-1898) chegou a Macau a 3-03-1900, sendo nomeado facultativo de 3.ª classe do quadro de saúde da província
Esteve em comissão de serviço em Timor (1902-1905; 1908; 1913-1914). Promovido a capitão-médico em 1915.
Foi professor de língua alemã do Liceu (1900-1901); professor interino do 6.º grupo do liceu (1912- 1914; 1918) professor do 7.º grupo 1917. Promovido a major-médico em 1918 e a tenente coronel em 1920 e coronel-médico em 1924. Chefe dos Serviços de Saúde de Macau, em 1922.
1922- Vogal do Conselho Consultivo 1923; 1926. Encarregado do Governo (na ausência do governador Maia Magalhães) em 1926. Reformou-se a 31-05-1926.
Dados recolhidos de TEIXEIRA, Padre Manuel – A Medicina em Macau, Volumes III-IV, 1998. Foto retirado de “Fundadores do Instituto (Macau)” em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/04/24/macau-e-a-gruta-de-camoes-xxi-instituto-macau-1920/
(1) PALLA, J. António Filippe de Moraes Palha – Esboço Crítico da Civilização Chinesa. Macau, Typ: Mercantil de N. T. Fernandes e Filhos, 1912, 120 p. 20 cm x 13 cm