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Continuação das anteriores postagens, (1) (2) referentes às comemorações do tricentenário da proclamação da Imaculada Conceição como Padroeira de Portugal, com a consagração de Portugal à Virgem Maria, Mãe de Deus. Em Macau no dia 25 de Março de 1946, realizou-se a coroação da imagem da Imaculada Virgem de Fátima no Largo da Sé (2) , seguida da procissão.

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2022/03/25/noticia-de-25-de-marco-de-1946-tricentenario-da-proclamacao-da-imaculada-conceicao-1646-1946-em-macau-coroacao-da-imagem-da-imaculada-virgem-de-fatima-i/

(2)https://nenotavaiconta.wordpress.com/2022/03/26/tricentenario-da-proclamacao-da-imaculada-conceicao-1646-1946-em-macau-coroacao-da-imagem-da-imaculada-virgem-de-fatima-ii/

O Comandante do “Afonso de Albuquerque”, Samuel Conceição Vieira assumiu as funções de encarregado do Governo – função que apenas existia na ausência prolongada de um governador – a 5 de Agosto de 1946, no rescaldo da segunda guerra mundial, por um período de treze meses, em substituição de Gabriel Maurício Teixeira. (1)
Foi nessa qualidade que recebeu a 20 e 21 de Agosto de 1947 a visita de Sun Fo, (2) vice-presidente da República da China, filho de Suan Yat-Sen o fundador da República Chinesa em 1911. Uma visita destacada na primeira página do Diário de Notícias (Portugal) que titula “Macau visitada pelo vice-presidente da República da China A continuação ds amistosas relações entre portugueses e chineses foi enaltecida num discurso que ali proferiu“. (3)
Extraído do «BCG» XXIII, 1947.

O Vice-Presidente da República Chinesa Dr. Sun F, ao chegar a Macau, junto da guarda de honra feita por soldados portugueses. À esquerda, o encarregado do Governo, Comandante Samuel Vieira.

(1) 05-10-1940— No B. O. N.º 40 é nomeado o novo Governador, capitão de fragata, Gabriel Maurício Teixeira, por falecimento do Governador Artur Tamagnini Barbosa, tendo tomado posse a 29 de Outubro.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/gabriel-mauricio-teixeira/
05-08-1946 – O Comandante do “Afonso de Albuquerque” Samuel Conceição Vieira assumiu as funções de encarregado do Governo
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/samuel-da-conceicao-vieira/
1-09-1947 – O Comandante Albano Rodrigues de Oliveira chega a Macau e  é empossado Governador de Macau no dia 1 de Setembro de 1947, substituindo o comandante Gabriel Maurício Teixeira que tinha exercido o cargo desde 1940.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/albano-rodrigues-de-oliveira/

O jovem Sun Fo junto ao pai Sun Yat-sem

(2) Sun Fo ou Sun Ke (孫科) (1891-1973), nascido em Xianshan (hoje Zhongshan – Guangdong) e falecido em Taipei, filho de Sun Yat-sen (1866-1925)  e Lu Muzhen (1885-1915. Licenciado em “Master of Science”, pela Universidade de Columbia (USA) em 1917.
Vice-presidente em 1947-1948 do Governo Nacionalista, foi o 2.º Presidente da República Chinesa de 16 de Novembro de 1948 a 12 de Março de 1949. Exilado após a Guerra Civil Chinesa em 1949, fixou-se em Hong Kong até 1951. Depois esteve na Europa (1951-1952) e nos Estados Unidos até 1965, data que voltou a Formosa/Taiwan, após reconciliação com Chiang Kai-shek.
https://en.wikipedia.org/wiki/Sun_Fo
(3) Ver anterior referência a esta visita em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/10/13/noticia-de-13-de-outubro-de-1947-macau-sera-respeitada/

Extraído do «BGC»  XXIII – 260, 1947
Funeral do Governador Artur Tamagnini Barbosa em Macau – 1940 

Artur Tamagnini Barbosa filho primogénito de Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa (1) e de Fátima Carolina Correia de Sousa. Nasceu em Lisboa em 31-08-1881 e veio para Macau ainda bebé chegando no transporte África a 22-01-1882. Cursou o Seminário de S. José e o Liceu de Macau até à idade de 19 anos, em que regressou a Portugal com a família em 1900.
Governador de Macau por três vezes: de 1-07-1918 a 12-04-1919; 19-06-1926 a 19-11-1930 sendo exonerado a 2-1-1931;  e nomeado em 25-11-1936 para novo mandato que se iniciou a 11-04-1937  até sua morte. (TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, volume II, 1997)

O governador faleceu pelas 7h30 do dia 10 de Julho de 1940,  no Palácio de Santa Sancha. O cadáver foi depositado no Salão Nobre do Leal Senado da Câmara de Macau até o dia de funeral que se realizou pelas 11 horas do dia 11 de Julho, sendo o féretro conduzido até à Sé Catedral onde ficou depositado até seguir para Portugal. Mas devido à Guerra do Pacífico somente foi transladado para Portugal em 7 de Dezembro de 1946, a bordo do paquete “Quanza” (2)
NOTA: Meu pai que chegou a Macau em 1936 como soldado de artilharia referia muitas vezes que fez parte das sentinelas (nos primeiros dias na Sé Catedral) que revezavam o corpo do Governadornuma das alas/corredor da Sé Catedral onde o corpo estavaassim como esteve integrado na guarda de honra no dia 7 de Dezembro que acompanhou o féretro da Sé Catedral até ao cais, onde os restos mortais foram transportados para o paquete “Quanza
Ver anteriores referências a este Governador em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/artur-tamagnini-barbosa/
(1)  Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa (1852 – ?) esteve pela 1.ª vez em  Macau de 1877 a  1880 como 2.º oficial da administração de fazenda militar e depois contador interino da junta de fazenda de Macau e Timor e pela 2.ª vez em Macau e Timor de 1882 a 1897  como quartel mestre do 1.º Batalhão do Regimento da Infantaria. Pertenceu à Comissão de Contas da primeira Direcção do Grémio Militar eleita a 1 de Janeiro de 1880  e foi  eleito vogal efectivo da Direcção a 3 de Janeiro de 1888.
(2) Paquete «Quanza» (1928 – 1968)
Navio de passageiros da Companhia Nacional de Navegação. Deslocava 11 550 toneladas (em plena carga) e media 133,53 metros de comprimento por 16,05 metros de boca. Movia-se graças à força de 2 máquinas, de 4 000 cv, que lhe permitiam navegar à velocidade de 13 milhas/hora. A sua tripulação era constituída por 162 membros. Podia receber a bordo 518 passageiros, distribuídos por várias classes.
http://alernavios.blogspot.pt/2010/11/quanza.html

Esteve em Macau, no mês de Fevereiro, de 1952, o aviso de 1.ª classe “Afonso de Albuquerque”, (1) em viagem de soberania e instrução de um curso de vinte e um guarda-marinhas. O Comandante Galeão Roma, os oficiais e guarda marinhas foram homenageados com várias festas. (2)

MOSAICO IV 19-20 MAR-ABR1952 - AVISO AFONSO DE ALBUQUERQUE IO N. R. P. “Afonso de Albuquerque” no Porto Interior
MOSAICO IV 19-20 MAR-ABR1952 - AVISO AFONSO DE ALBUQUERQUE IIUm aspecto do jantar no Palácio da Praia Grande
MOSAICO IV 19-20 MAR-ABR1952 - AVISO AFONSO DE ALBUQUERQUE IIIUm aspecto do Baile no Palácio
MOSAICO IV 19-20 MAR-ABR1952 - AVISO AFONSO DE ALBUQUERQUE IVO Governador e o comandante Galeão Roma num grupo de membros da comunidade chinesa (à direita do Governador, Hó Yin)
MOSAICO IV 19-20 MAR-ABR1952 - AVISO AFONSO DE ALBUQUERQUE VA decoração da mesa da ceia
MOSAICO IV 19-20 MAR-ABR1952 - AVISO AFONSO DE ALBUQUERQUE VIO Governador, e esposa e o Comandante Galeão Roma no “Cocktail Party“, oferecido pelo Comandante Militar no Hotel Riviera
MOSAICO IV 19-20 MAR-ABR1952 - AVISO AFONSO DE ALBUQUERQUE VIIO Comandante Galeão Roma falando no almoço de despedida a bordo do navio do seu comando
MOSAICO IV 19-20 MAR-ABR1952 - AVISO AFONSO DE ALBUQUERQUE VIIIO Governador fazendo o seu brinde a bordo do “Afonso de Albuquerque”

(1) O aviso “Afonso de Albuquerque” foi um navio da Marinha Portuguesa, afundado em combate a Invasão de Goa em Dezembro de 1961 pelos navios da União Indiana (3)
O navio foi o primeiro dos avisos de 1ª classe da classe Bartolomeu Dias, construídos para a Marinha Portuguesa, em Newcastle pela firma Hawthorn, Leslie & Comp. Lançado à água em 28-5-1934 e aumentado ao efectivo dos navios da Armada em 31-1-1935, Saiu para Lisboa em companhia do submersível “Espadarte” tendo os dois novos navios entrado no Tejo pela primeira vez em 7-3-1935, sendo escoltados desde Cascais por 22 navios que, em festivo ambiente, os aguardavam.
Como aviso colonial a sua função principal era a defesa da soberania de Portugal no seu Império Ultramarino. Nessa função, o navio estava sobretudo, vocacionado para apoiar desembarques anfíbios e a acção de tropas em terra.
Depois da Segunda Guerra Mundial, o Afonso de Albuquerque foi equiparado a uma fragata, recebendo o número “F470”. O navio passou a maioria da sua carreira em serviço nos oceanos Índico e no Pacífico.
AVISO AFONSO DE ALBUQUERQUE (1935)Em 1945, cumpriu uma comissão de dois anos no Extremo-Oriente, durante a qual apoiou a reocupação de Timor após a capitulação japonesa. Em 29-11-1951, largou para uma viagem à Índia, Extremo-Oriente e Moçambique. Em 1952 fez uma comissão idêntica à anterior. Em 1954 saiu para uma comissão na Índia tendo sido incorporado nas Forças Navais do Estado da Índia. Após cerca de 2 anos e meio de permanência nas águas do Estado da Índia, regressou a Lisboa em 1958, entrando em reparações que decorreram até Março de 1960.
Em 18-3-1960 iniciou uma viagem de circum-navegação de Ocidente para Oriente, integrada nas Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, na qual embarcaram os 48 cadetes do curso “D. Lourenço de Almeida” da Escola Naval. O navio chegou a Mormugão em 16-7-1960, tendo rendido o N.R.P. “Bartolomeu Dias” que se encontrava em comissão e que regressou a Lisboa depois de embarcar os cadetes em viagem. (4)
Posteriormente houve outro navio com o mesmo nome:
AFONSO DE  ALBUQUERQUE   A 526 ex. Dalrimple, ex. Luce Bay
“Transformado a partir de uma fragata da classe Bay, este navio foi adquirido por subscrição Nacional a fim de substituir o aviso com o mesmo nome perdido na Índia. Havia sido construído por William Pikergill & Sons na Inglaterra. Tinha servido na Royal Navy  entre 1949 e 1966. Foi abatido ao efectivo da Armada em 1983, sendo mais tarde afundado em exercícios ao largo da costa.
https://pt.wikipedia.org/wiki/NRP_Afonso_de_Albuquerque
http://www.forumdefesa.com/forum/index.php?topic=2621.0
(2) Fotos retirados de MOSAICO, 1952.
(3) PORTARIA 19262  de 7 de Julho de 1962 – MINISTÉRIO DA MARINHA
Manda abater ao efectivo dos navios da Armada o aviso de 1.ª classe Afonso de Albuquerque e as lanchas de fiscalização Vega e Sirius”.
(4) Sobre esta viagem de circum-navegação, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/06/29/a-viagem-de-circum-navegacao-do-curso-d-lourenco-de-almeida-passagem-por-macau/
AVISO AFONSO DE ALBUQUERQUE - desenho - 1935

Características do Aviso Afonso de Albuquerque (1935)
Deslocamento máximo_____________________ 2473 ton.
Deslocamento standard_____________________1811 ton.
DIMENSÕES:
Comprimento de fora a fora_______________103,2 metros
Boca ___________________________________13,3 metros
Calado máximo ____________________________3,7 metros
Velocidade máxima     _________________________    21 nós
Velocidade de cruzeiro  _______________________       10 nós
Autonomia à velocidade de cruzeiro __________     12.000 milhas
ARMAMENTO:  4 peças “Vickers-Armstrong” de 120 mm ; 2 peças de 76.2 mm; 4 peças de 40 mm; 8 de 20 mm;  4 morteiros lança bombas “Thornycroft” ; 2 calhas lança-bombas de profundidade e  40 minas.
PROPULSÃO:  2 turbinas a vapor de 8 000 h.p. – 2 veios = 21 nós.
AUTONOMIA:   8 000 milhas a 10 nós.
SENSORES:   1 radar de navegação ; ASDIC
GUARNIÇÃO: 215 homens (13 oficiais, 21 sargentos e 181 praças)
http://www.guerracolonial.org/specific/guerra_colonial/uploaded/graficos/naviosfichas/navios.swf
http://www.navypedia.org/ships/portugal/pr_es_alfonso_de_albuquerque.htm
Anteriores referências ao Afonso de Albuquerque
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/aviso-afonso-de-albuquerque/

HANGAR Porto Exterior (1940)O hangar do Centro de Aviação Naval em construção no Porto Exterior. (1940)
Vê-se à esquerda, a casa do Alferes Luís na Estrada de Cacilhas. Ao fundo e no alto, o Farol da Guia.

O Centro de Aviação Naval (ou Marítima) de Macau (1) foi extinta a 11 de Abril de 1933. Foi depois reactivada em 1937 (2) ou 1938 (3) (4) como Centro de Aviação Naval da Colónia de Macau. Desta vez, com aviões OSPREY, dois embarcados nos navios «Afonso de Albuquerque» e «Bartolomeu Dias», a que se juntaram mais tarde quatro aviões também OSPREY, comprados ao governo inglês.
Em 1942, em plena II Guerra Mundial, o Centro de Aviação Naval, foi definitivamente extinta. O hangar inaugurado em 1940, foi bombardeado  por cinco  bombardeiros americanos pertencentes à esquadrilha sino-americana a 16 de Janeiro (duas vezes), a 25 de Fevereiro e a 11 de Junho de 1945. Depois da Guerra, foi reconstruído mas serviu mais para depósitos de materiais e residência para família de militares.

Inauguração Hangar Porto Exterior 1940Inauguração do interior do Hangar do Centro da Aviação Naval de Macau (1940)

Efectivos da Aviação Naval 1940/1941 (5)
1.º Comandante – Capitão-tenente aviador, António Gomes Namorado.
2.º Comandante – 1.º tenente aviador, José de Freitas Ribeiro
1.º tenente aviador – Pedro Correia de Barros
2.º tenente aviador – Rodrigo Henriques Silveirinha
1.º sargento mecânico aviação – Joaquim Macedo Girão
2.º sargentos artífice de aviação – Rafael Afonso de Sousa e João dos Santos Loureiro

Inauguração Hangar Porto Exterior II 1940Inauguração do Hangar do Centro da Aviação Naval de Macau (1940)

(1) Em 1927, havia apenas três centros de Aviação Naval dependentes da Marinha de Guerra: Lisboa, Aveiro e Macau. Em 1928 o Governo aprovou a transferência, para a Marinha privativa da colónia de Macau, do material pessoal e equipamento do anterior centro de Aviação Naval.

HANGAR DA AVIAÇÃO TAIPANa primeira praia, a leste da Taipa Grande, onde é hoje a Avenida da Praia, esteve até 1940, estabelecida a base da aviação naval da Colónia.

O primeiro tenente, José Cabral ex-combatente da I Grande Guerra, foi apresentado voluntariamente em Macau para dirigir o Centro de Aviação Naval.
Esteve três anos no território e escreveu no relatório o que fora a sua actividade na Colónia: quase 500 voos, num total  de 218 horas e 15 minutos. Os aviões , só podiam ser usados em certas condições, com a maré cheia ou quando a água tivesse pelo menos sete pés de profundidade; o pessoal europeu da Aviação Naval não ultrapassava a meia dúzia  com ele e com o sargento, ajudante de carpinteiro, Joaquim Carpeta; havia ainda seis  loucanes e um guarda africano, um cavalo e algumas cabras que querendo em liberdade, insistiam em destruir as árvores e plantas do jardim da Taipa, perante o desespero e indignação da Comissão Municipal das Ilhas e a bonomia do comandante da Aviação Naval que não via como pôr termo a tal abuso ( SÁ, Luís Andrade de – Aviação em Macau, um Século de Aventuras, 1990)

Outro Aspecto da InauguraçãoOutro aspecto da inauguração do interior do Hangar

(2) “1937 – É Criado o Centro de Aviação Naval da Colónia de Macau pelo artigo 144.º do Decreto n.º 28 263, de 8 de Dezembro de 1937, publicado no Suplemento ao B. O. N,º 4 de 26-I-1938. Fica fazendo parte da marinha privativa, nos termos do decreto n.º 28 641 de 9 de Maio de 1938, publicado no B.O. n.º 26, de 25 de Junho de 1938. Logo no início de 1938 é nomeado o capitão-tenente piloto aviador José Cabral para ira Inglaterra receber e verificar o material de aviação destinado a Macau” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4.)
(3) 1938 – Reactivado o Centro de Aviação Naval desta vez com aviões OSPREY, primeiro os n.ºs 71 e 72, aviões que tinham embarcado nos navios «Afonso de Albuquerque» e «Bartolomeu Dias», a que se juntam mais tarde quatro aviões também OSPREY. Em 1942, em plena II Guerra Mundial, o Centro de Aviação Naval, é definitivamente extinta. (VILARINHO, Manuel – entrevista à Revista «MACAU», n.º18, 1989, p.50)
(4) “Só em 1938, quando o conflito sino-nipónico, assinalava o agravamento da situação no continente chinês, o Governo da República decidiu enviar para a colónia de Macau o aviso Afonso de Albuquerque com dois aparelhos Osprey e elementos da aeronáutica. O navio chegou a Macau no dia 22 de Outubro de 1937 e na colónia encontrou um hangar desactivado,  com dois aviões de tela apodrecida, guardado por uma companhia indígena, cujas portas, baixas, eram demasiadas pequenas para que um dos Osprey pudesse ficar abrigado do mau tempo. Em Dezembro desse ano comprou-se ao Governo inglês mais quatro aviões Osprey, além de peças e motores sobresselentes. (, Luís Andrade de – Aviação em Macau, um Século de Aventuras, 1990).
(5) Anuário de Macau 1940/1941

ANUÁRIO 1940-41 - 29-10-1940 Chegada de Gabriel Teixeira IDesembarque no Porto Interior do Governador Gabriel Maurício Teixeira

 O capitão de fragata Gabriel Maurício Teixeira, parlamentar, deputado da 1.ª (1938/39) e 2.ª Legislatura Portuguesa (1939/40) (mandato suspenso para desempenhar o cargo em Macau) foi nomeado Governador de Macau (Boletim Oficial, n.º 40), no dia 5 de Outubro de 1940, por falecimento do Governador, Artur Tamagnini Barbosa.
A chegada e a tomada de posse do novo Governador foi a 29 de Outubro de 1940.
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ANUÁRIO 1940-41 - 29-10-1940 Chegada de Gabriel Teixeira IIO “apresentar de armas” da guarda de honra à porta do Leal Senado

 O seu mandato (29-10-1940 a 5-08-1946) foi marcado pela Guerra do Pacífico.
A 5 de Agosto de 1946 foi afastado de Macau (a pedido das autoridades chinesas que o acusavam de ter colaborado com os japoneses durante a guerra) tendo assumido as funções de encarregado do Governo (por um período de 13 meses), o comandante do “Afonso de Albuquerque”, Samuel Conceição. A posse do novo Governador só foi a 1 de Setembro de 1947 – Comandante Albano Rodrigues de Oliveira (governou entre 1947 e 1951.

Gov. Gabriel Teixeira

Gabriel Maurício Teixeira (1900-1973), oficial da armada, capitão de-mar-e-guerra em 1948, foi Governador do Distrito de Cabo Delgado (Moçambique (1932-1933), Governador de Macau (1940-1946), Governador-Geral de Moçambique (1946-1958), Administrador do Banco Nacional Ultramarino (1959-1962), e novamente deputado na IX legislatura (1965 a 1969)

Fotos do Anuário de Macau 1940 -41.

Duas fotos com as respectivas legendas publicadas na revista “ILUSTRAÇÃO” (1928) referente ao Centro de Aviação Naval de Macau, localizado na Vila da Taipa e que foi inaugurado em 10 de Novembro de 1927. O comando foi entregue ao 1.º Tenente José Cabral. (1)
Estava equipada com três aviões Fairey, n.º s 17, 19 e 20. O Fairey 17, o «Santa Cruz» era um dos três aviões que pilotados por Sacadura Cabral e tendo com Gago Coutinho por navegador, tinham tomado parte na travessia aérea Lisboa-Rio de Janeiro, em 1922.

                         Ilustração 1928 Aviação Naval I

AVIAÇÃO COLONIAL PORTUGUESA – O «Fairey» III D (Motor Rolls Royce Eagle) na Estação aérea de Macau (ilha da Taipa, defronte de Hong Kong, China do Sul). Êste aparelho é aquele em que o falecido capitão de mar e guerra Sacadura Cabral e o contra-almirante Gago Coutinho cruzaram o sul do Atlântico em 1922. A estação aérea de Macau é comandada pelo 1.º tenente aviador José Cabral que se vê no meio do grupo. Foto publicitada no «Aeroplane» a revista inglesa de aeronáutica, a melhor do mundo”.

Ilustração 1928 Aviação Naval II

VISITA DA AVIAÇÃO INGLESA – Visita da aviação inglesa à base aeronáutica portuguesa de Macau. Grupo de oficiais ingleses de Kai Tak, (Hong Kong) com os seus camaradas portugueses, junto dum dos aviões da base da Ilha da Taipa, obtido no curto intervalo das muitas e brilhantes festas ali realizadas (Foto gentilmente oferecida pelo comandante José Cabral)”

(1) O Centro de Aviação Naval (ou Marítima) de Macau  foi extinta a 11 de Abril de 1933. Foi depois reactivada em 1937 (segundo Beatriz Basto da Silva, na sua Cronologia) ou 1938 (segundo Manuel Vilarinho, entrevista à revista «Macau») como Centro de Aviação Naval da Colónia de Macau. Desta vez com aviões OSPREY, primeiro os n.os 71 e 72, aviões que tinham embarcado nos navios «Afonso de Albuquerque» e «Bartolomeu Dias», a que se juntam mais tarde quatro aviões também OSPREY. Em 1942, em plena II Guerra Mundial, o Centro de Aviação Naval, é definitivamente extinta.

Lorchas, juncos e outros barcos I

Ilustrado com estampas coloridas (1) e gravuras extra texto, desdobráveis. Apresenta-se  com glossário bilingue, português-chinês, dos termos náuticos, dos nomes das embarcações, do calendário da pesca e de outras actividades marítimas.
Muitos dos desenhos desta publicação foram copiados posteriormente no opúsculo editado pela Repartição Provincial dos Serviços de Marinha (Comando da Polícia Marítima e Fiscal), em 1968 intitulado “Tipos de barcos chineses, usados na pesca, tráfego, diversões etc, cujos desenhos foram copiados do relatório do Ex. mo Senhor Contra-Almirante Artur Leonel Barbosa Carmona“.  Este opúsculo tem 17 páginas, de 30 cm e foi compilado por Nunes da Silva (almirante). Poderá ver este opúsculo em:
http://cronicasmacaenses.files.wordpress.com/2011/08/barcos-chineses-calm-artur carmona.pdf

NOTA:  O 1º tenente Artur Leonel Barbosa Carmona, (1889-1965) teve uma  notável acção em Macau, onde serviu doze anos nos Serviços de Marinha (de 1920 a 1924, como adjunto da Capitania, de 1927 a 1931 no Comando da Polícia Marítima e Capitão do Porto e depois novamente em 1933 -1934. Regressou à Metrópole em 1934 como Capitão-tenente). Dirigiu o Observatório Meteorológico e como director, introduziu-lhe valiosos melhoramentos, o que permitiu uma intensiva cooperação com os de Manila e Xangai na previsão de tufões. Foi em 1930 a Timor, proceder à instalação de um posto rádio por si construído, que tornou possível efectuar comunicações daquela colónia com a metrópole, via Macau, as quais se faziam, antes por intermédio do Timor holandês. Regressado de Macau, comandou diversos navios, o último dos quais o “Afonso de Albuquerque”, em missões de soberania, durante a II Guerra Mundial. Dirigiu tambem as Obras Públicas de Macau (particularmente no sector da electricidade, em que era especializado).
É lembrado porque reuniu um valioso espólio para a criação (proposta sua ao Governador Artur Tamagnini Barbosa) do Museu Marítimo e de Pesca, primeiramente instalada numa dependência da Capitania dos Postos (1919)  e depois no Hangar do Porto Exterior (depósito de petróleo da Província).  Recorda-se que o Hangar foi bombardeado em 1945, e com o incêndio se perdeu todo o recheio (3).
Preparou a representação de Macau na Exposição Internacional do Rio de Janeiro, em 1922 onde foram exibidos alguns dos curiosos modelos de lorchas, juncos e outras embarcações dos mares da China.

(1) CARMONA, Artur Leonel Barbosa – Lorchas, juncos e outros barcos usados no sul da China : a pesca em Macau e arredores. 2.ª edição, Obra Social dos serviços de Marinha, 1985, 77 p. : il. ; 27 x 21,5 cm. Tem esta edição, uma nota introdutória do Cap.-Frag. João Manuel Nobre de Carvalho

Lorchas, juncos e outros barcos IIA 1.ª edição é de 1954, Macau – Imprensa Nacional, 26 cm X 21 cm, com 73 p.

(2) As estampas foram feitas pelo Senhor Eurico Fonseca, desenhador da Escola Naval.
(3) Incluindo cinco modelos de barcos, notáveis pela sua precisão que fizeram parte do mostruário da Província de Macau na Exposição Universal de Paris de 1900, ao qual foi atribuído o «Grand Prix»
This beginning ironically symbolised an outflow of heritage, rather than the contrary. The episode was repeated when Lisbon requisitioned items linked to fishing and vessels from Macao and Timor to be put on show in Portugal’s pavilion at the 1900 Paris World Fair. The aim was to affirm a country’s place on the international scene and its presence on various continents. In any case, the articles only returned to Macao after the Maritime and Fishing Museum opened in 1919, with the addition of some items collected in the meantime by the assistant to Artur Leonel Barbosa Carmona, then director of Macao’s port authorities.”
MESQUITA, Pedro Dá – artigo publicado no “Macao Magazine“:
http://www.macaomagazine.net/index.php?option=com_content&view=article&id=83:macao-museums&catid=38:issue-3

Comunicação apresentada na Academia de Marinha pelo Membro Efectivo

Contra-Almirante EMQ José Luís Roque Martins

em 14 de Dezembro de 2010 (1)

“Aquele ano de 1960 tinha começado normalmente. Os cadetes do Curso D. Lourenço de Almeida preparavam-se para concluir o 3º semestre do seu curso, o que deveria acontecer até ao fim de Fevereiro. Todos nós sabíamos que no programa de ensino da Escola Naval, o 4º semestre correspondia a uma viagem de instrução. No entanto, apesar de nos aproximarmo-nos rapidamente de Março confesso que não notei que houvesse grande dramatismo com o caso, correndo às vezes notícias desencontradas a que se não dava grande importância. Até que numa tarde, quase no fim de Fevereiro, encontrando-nos a jogar futebol no campo da Base Naval, vejo descer a correr pela rampa do topo sul o meu primo, 1º ten. Martins Salvador, nosso professor na Escola Naval, gritando “Luís, Luís-vocês vão dar a volta ao Mundo!… (…)
Efectivamente aproveitando as Comemorações do V Centenário da morte do Infante D. Henrique que ocorriam em 1960, era proporcionado aos cadetes do curso D. Lourenço de Almeida uma viagem de circumnavegação… (…)
Saímos do Japão rumo a Hong-Kong pelo estreito da Formosa. A visita a este território, grande centro comercial e também cinematográfico, mostrou-nos um lugar cosmopolita com imensa população, com um centro da cidade onde predominavam os grandes bancos e grandes empresas.
Daí a Macau foi um pequeno passeio entre ilhas. Em Macau foi pena termos de ficar no Porto Exterior a 4 milhas de terra. A ligação era feita por um rebocador que ia lançando fagulhas, que com o tempo chuvoso que apanhámos quase sempre, nos sujava as fardas permanentemente. Estivemos pouco tempo em Macau, mesmo assim deu para visitar os pontos mais importantes da cidade, desde o Farol da Guia até à Porta do Cerco, às ruínas da Igreja de S. Paulo e à gruta de Camões e às instalações da Marinha. Circulámos no Centro e tivemos uma recepção no Leal Senado e uma pequena festa no Clube Militar e ainda tivemos tempo de ir uma noite ao velho Casino Central, experimentar aquele ambiente de fumos e odores exóticos.
Macau em 1960 tinha casas relativamente baixas e não havia nenhuma construção moderna, como as que vieram a ser construídas no último quartel do século XX. Ficámos um pouco surpreendidos com a reduzida percentagem da população que falava português. Tirando o pessoal dos correios, da polícia, e das funções oficiais, poucos mais falavam a nossa língua.”

AVISO DE 1.ª CLASSE “AFONSO DE ALBUQUERQUE” (2) 

Esta viagem, a bordo aviso de 1ª classe “Afonso de Albuquerque” iniciou-se  em 18 de Março de 1960.
O aviso “Afonso de Albuquerque” ficou em Goa tendo os cadetes sido transferidos para o “Aviso Bartolomeu Dias ” que regressava a Lisboa. O Aviso “Afonso de Albuquerque” não voltaria a Lisboa pois em Dezembro de 1961. no combate com a esquadra indiana, acabou por se perder encalhado perto de D. Paula (praia de Bambolim). Do combate resultou 5 mortos e 13 feridos . A heroicidade da guarnição do “Afonso de Albuquerque” foi reconhecida pelo próprio inimigo, sendo Cunha Aragão (o comandante, António da Cunha Aragão, capitão de mar e guerra ficou ferido durante o combate) visitado no hospital, pelos comandantes dos navios que enfrentou. Depois de capturado, o navio foi rebatizado “Saravasti” pelos indianos, sendo rebocado para Bombaim (hoje, Mumbai). (3)

AVISO DE 1.ª CLASSE “BARTOLOMEU DIAS (4)

NOTA: Os cursos da Escola Naval tinham  um patrono. O curso «D. Lourenço de Almeida» foi o primeiro curso da chamada «nova» reforma da Escola Naval, aprovada pelo Decreto-Lei nº 41.881, de 26 de Setembro de 1958, que veio alterar, substancialmente, o ensino naquela Escola. Os 63 Cadetes que iniciaram o curso em 2 de Dezembro de 1958, com destino às classes de Marinha, Aviação Naval, Engenheiros Maquinistas Navais e Administração Naval, constituíram, muito provavelmente, o maior curso que alguma vez frequentou a Escola Naval. (5)
Lourenço de Almeida  (1480-1508) foi capitão-mor de Portugal, único filho varão do vice-rei D. Francisco de Almeida e de Brites Pereira. Combateu em Tânger (1501) e chegou ao Ceilão (actual Sri Lanka) em 1506 onde submeteu o rei e descobriu a origem da canela. Derrotou a poderosa esquadra do rei de Calecute. Faleceu em combate, em 1508, na batalha de Chaul frente à esquadra mameluca egípcia comandada por Mirocem. (6)
(1)  http://www.marinha.pt/PT/amarinha/actividade/areacultural/academiademarinha/Conferencias/Documents/14DEZ10.pdf
(2)  http://www.guerracolonial.org/specific/guerra_colonial/uploaded/graficos/naviosfichas/navios.swf(3)  http://pt.wikipedia.org/wiki/NRP_Afonso_de_Albuquerque
(4)  http://naviosenavegadores.blogspot.pt/2009/04/bartolomeu-dias-o-navegador-e-os-navios.html
(5)  http://avozdaabita.blogspot.pt/2008/11/os-50-anos-do-curso-d-loureno-de_20.html
(6)  http://pt.wikipedia.org/wiki/Louren%C3%A7o_de_Almeida,_capit%C3%A3o-mor