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Pequena cronologia do conflito diplomático com a China em 1909-1911, extraído de (1)

16-12-1909Conflito diplomático com a China – Soberania portuguesa nas águas do Porto Interior (1)

1909 – Recomeçadas em Pequim as negociações sobre a delimitação de Macau. Malogro das diligências entre ao Conselheiro Joaquim José Machado e o Mandarim Kao-Erh-Chien. Intransigência de parte a parte. (1)

3 -11-1909 – Suspenderam-se, após 4 meses de negociações, as conferencias entre o General Joaquim José Machado, Alto-comissário de Portugal e Kao-Ohr-Kim, representante chinês, para a fixação definitiva dos limites de Macau, indicando o Comissário português o recurso à arbitragem. A missão portuguesa era composta pelo General Joaquim Machado (Alto-Comissário); Capitão Demétrio Cinatti (Comissário Auxiliar); Capitão J.M.R. Norton de Matos (Secretário) e Pedro Nolasco da Silva (Intérprete). A parte chinesa era composta por Kao-Ohr-Kim; Shun-Pau-Ho, (Superintendente da Polícia de Cantão); Tsung-Yuen-Pi (Subperfeito Marítimo de Tch´in-San); e o Secretário-Intérprete Hou-To-Na. As duas conferências realizaram-se numa sala da residência do Cônsul de Portugal em Hong Kong, João Leiria. Os delegados chineses não aceitaram a proposta de nomeação de uma comissão para definir as delimitações de Macau, a propósito das Ilhas. O relato da missão foi publicado em Relatório e Actas da Comissão nomeada para estudar as questões entre Portugal e a China, Lisboa, 1911. (1)

13-11-1909 – Com a chegada a Cantão das autoridades superiores do litoral, o Vice-Rei de Cantão e outros Mandarins receando ser acusados de conivência, na permissão da estadia dos barcos portugueses em Macau (o que foi proibido em consequência da ordem do Imperador, que ordenara o encerramento do comércio e a transferência dos centros populosos do litoral para o interior, devido aos ataques dos piratas de Coxinga), enviaram os Mandarins uma armada de 60 barcos e somas (juncos) para intimidarem a saída ou a queima de vários navios portugueses que se encontravam ancorados na Taipa. Ficou então resolvido porem-se de vela para as Ilhas dos Ladrões os que pudessem, devendo os outros ser queimados ou metidos a pique, na noite de 14 para 15 de Novembro deste ano (1).

07-02-1910Conflito diplomático com a China – Protesto do Cônsul de Portugal m Cantão, feito às autoridades chinesas daquela cidade, contra a criação de um jornal especial, pela Sociedade Protectora da Delimitação de Macau, com o fim de continuar a campanha contra esta Colónia (1)

12-12-1910Conflito com a China – Desembarque de soldados chineses em D. João e Montanha, tendo estes disparados tiros, passando busca às habitações e intimidado os habitantes a não pagarem impostos ao Governo de Macau (1)

31-01-1911Conflito diplomático com a China – Protesto apresentado pelo encarregado da gerência do Consulado-Geral de Portugal em Cantão, contra a ida de soldados chineses à ilha de D. João. (1910) (1)

(1) SILVA, Beatriz Basto – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, pp. 33, 39, 40, 42, 50 e 54.

Extraído de «BPMT», XXI-5 de 19 de Junho, p. 107
Extraído de «O Occidente» XXXIV-1186, de 10 de Dezembro de 1911, p.271
NOTA: a foto com canto inferior direito não é do biografado

Adolfo Ferreira Loureiro (1836-1911), militar, engenheiro, escritor, poeta e político, bacharel em Matemática em 1856 na Universidade de Coimbra e em Engenharia Civil em 1859. Entrou na escola do Exército, em 1858, onde seguiu carreira militar. Em 1883, foi em Comissão à Índia Britânica, a Ceilão, Singapura, China e Macau.

Veio para Macau, em 1883, como Capitão de Engenharia e Major do Estado Maior, no cumprimento da missão de assorear o porto de Macau, tendo elaborado o grande projecto dos aterros do porto interior (posteriormente o projecto foi alterado por diversas vezes). O trabalho desenvolvido em Macau foi elogiado, recebendo do Leal Senado (1884) a honra de ter o seu nome num arruamento executado entre 1882 e 1883 (1) (2)

Em Macau, desenvolveu interessantes apontamentos acerca da cultura e sociedade chinesa. Acresce que contactou e privou com várias personalidades da época, nomeadamente com Demétrio Cinatti, Capitão do Porto de Macau e, com Eduardo Marques, reputado sinólogo e intérprete da Procuratura dos Negócios Sínicos de Macau. Apoiado pelo Partido Progressista, foi eleito Deputado para Legislatura de 1890, pelo 1.° Círculo Eleitoral de Macau, de que prestou juramento a 15 de Janeiro de 1890, e, na Legislatura de 1890-1892, representou o referido Círculo Eleitoral como Deputado da Legislatura anterior, até ao dia 27 de Maio de 1890.

Foi autor de mais de duas dezenas de publicações de carácter literário e profissional, mas destacou-se com o seu diário de viagem, «No Oriente – De Nápoles à China (diário de viagem). Lisboa, 1896-1897: Imprensa Nacional, 1896. – 2 v.

Com referência a Macau, publicou: 1 – Porto de Macau. Ante-projecto para o seu melhoramento. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1884. – 286 p. 2 – Estudos sobre alguns portos commerciaes da Europa, Ásia, Africa e Oceania. Coimbra, 1885, 2 vol. 3 – Macau e o seu porto. Conferência na Sociedade de Geographia de Lisboa. Lisboa, 1896.

PLANTA da bacia geral dos rios Si-Kiang, Peh-Kiang e Han-Kiang ou rios do Oeste, Norte e de Este, desde a sua origem até desembocarem no mar da China pelos estuários de Cantão e do Broadway [Material cartográfico]: Nº 1 / Extrahida da planta da Província de Cantão, levantada por I. G. Lörcher e completada pelas cartas da China de I. Perthes e de Williams; Assumpção lith.  [Coimbra: Imprensa da Universidade, 1884]  – 1 mapa LOUREIRO, Adolfo Ferreira de, 1836-1911; ASSUNÇÃO, António José Saldanha, 1850-1900, litog. http://rnod.bnportugal.gov.pt/rnod/winlibsrch.aspx?

Loureiro demonstrou ainda envergar uma postura crítica relativamente à posição política de Portugal em Macau por altura do incidente subjacente à notícia da revolta de Cantão em Setembro de 1883, sem contudo deixar de mencionar que o seu próprio país, por falta de tratado com a China, não tinha ali cônsul para proteger o macaísta envolvido. Manifestou-se face ao sistema do mandarinato revelando e reforçando a ideia da própria singularidade de Macau. A abordagem à corrupção e ao suborno é inevitável e também o sistema judicial e penal mereceu acutilantes apontamentos críticos. A questão da pirataria mereceu-lhe uma especial atenção já que a estes marginais se referiu com frequência, fazendo referência ao episódio do White Cloud, embarcação que garantia a viagem Macau – Hong Kong – Macau.” (3)

Planta da PENÍNSULA E PORTO DE MACAU com as sondagens levantadas em 1884 e com o projecto do caes interior, molhe da Taipa, docas da ilha Verde e Praia Grande, dique da Taipa e revestimento marginal entre a Ilha Verde e Pac-Siac [Material cartográfico] / [Adolfo Ferreira de Loureiro]; gr. Samora. – [Coimbra: Imprensa da Universidade, 1884]. – 1 Planta, 5 folhas com informação hidrográfica, 1 folha com perfis e alçados. LOUREIRO, Adolfo Ferreira de, 1836-1911; SAMORA, Júlio César Júdice, 1845-post. 1913, litog. http://purl.pt/17239/service/media/pdf

(1) ”Macau deu o nome de Adolfo Loureiro a uma via pública. O projecto de Loureiro ficou apenas no papel, apesar das instâncias de Macau junto do Governo Central . Assim em 1891 subiu ao Terreiro do Paço um requerimento de 951 habitantes de Macau para se executarem as Obras; mas só 6 anos mais tarde é que de lá se pensou nisso; em 08-08-1903, o Capitão de Cavalaria Carlos Alexandre Botelho de Vasconcelos foi incumbido de sondagens no porto. Então o Governo dispôs-se a executar o plano de Loureiro, mas nada feito.” TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997, p. 408

(2) 羅利老馬路 – Estrada de Adolfo Loureiro: começa na Avenida Sidónio Pais e termina no cruzamento da Estrada de Coelho do Amaral com a Rua da Restauração. Executada em 1882/1883. CAÇÃO, Armando Azenha – Sankiu in http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30035/2019

(3) https://orientalistasdelinguaportuguesa.wordpress.com/adolfo-loureiro/

Ver Anteriores referências neste blogue de Adolfo Loureiro em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/adolfo-loureiro/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estrada-adolfo-loureiro/

NOTA: Uma nota biográfica muito completa, em http://www.pianc.pt/pdfs/F2.pdf

Publicado na «Revista Colonial», de 1921 a propósito de um artigo publicado pelo «Hong Kong Daily Press»
(1) «Revista Colonial», ANO IX, II série, n.º 6, Dezembro de 1921, p. 183
Na primeira página (na capa) deste número da “Revista Colonial” está inserido o retrato do General de Engenharia Joaquim José Machado, cuja biografia vem na página 174 desse mesmo número. (2)
Salienta-se desta biografia a nomeação do general, em 1909, como Alto-comissário para delimitação de Macau.
Na verdade já em 1902, o General Joaquim José Machado foi enviado por Portugal à China, para acertar a convenção relativa aos limites de Macau (ilhas) mas as diligências diplomáticas não foram conclusivas. Apesar da ratificação do Tratado entre os dois países, em 1888, este assunto permaneceu pendente, até 1909 quando recomeçaram em Pequim as negociações sobre a delimitação de Macau entre o Conselheiro/ General Joaquim José Machado (nomeado Alto Comissário de Portugal) e o Mandarim Kao-Erh-Chie.
Em 13 de Novembro de 1909, suspenderam-se, após 4 meses de negociações, as conferencias entre o General Joaquim José Machado, e Kao-Ohr-Kim, representante chinês, para a fixação definitiva dos limites de Macau, indicando o Comissário português o recurso à arbitragem. A missão portuguesa era composta pelo General Joaquim Machado (Alto-Comissário); Capitão Demétrio Cinatti (Comissário Auxiliar); Capitão J.M.R. Norton de Matos (Secretário) e Pedro Nolasco da Silva (Intérprete). A parte chinesa era composta por Kao-Ohr-Kim; Shun-Pau-Ho, Superintendente da Polícia de Cantão; Tsung-Yuen-Pi sub-perfeito Marítimo de Tch´in-San; e o Secretário-Intérprete Hou-To-Na. As duas conferências realizaram-se numa sala da residência do Cônsul de Portugal em Hong Kong, João Leiria. Os delegados chineses não aceitaram a proposta de nomeação de uma comissão para definir as delimitações de Macau, a propósito das Ilhas.
Em 1921, o assunto foi submetido à Conferência de Washington mas foi invocado pela China que o governo revolucionário de Cantão não tinha representação na Conferência.(3)
(2)

http://purl.pt/26919

(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.

Pequeno opúsculo de 24 páginas (23cm x 16 cm) escrito por Hugo C. de Lacerda Castelo Branco (na altura, Vice-Almirante da reserva engenheiro hidrógrafo) e publicado pela Imprensa da Armada (Lisboa) em 1932.
O autor (então como capitão dos Portos) traça o historial do “projecto porto de Macau” (que defendeu desde 1912  em favor do Porto Interior), desde finais do século 19:
Fôra um muito considerado oficial da marinha, o Comandante Cinatti, então capitão dos portos de Macau, que, no último quartel do passado século, levantára o grito de alarme contra a crescente envasamento que cada vez mais entulhava o pôrto e bloqueava aquela colónia…
Parte do conteúdo foi apresentado pelo autor no Congresso Colonial da Sociedade de Geografia realizado em 1921 com a tese: “A Valorização do novo pôrto de Macau como base de maior ressurgimento da Colónia
O autor viria mais tarde após ter sido director das Obras dos Portos de Macau, a defender o porto em favor do Porto Exterior justificando que as circunstâncias iniciais eram totalmente diferentes entre as duas épocas (considerações políticas e económicas). Apresenta as razões de não ter tido maior afluência da navegação ao Porto Interior apesar das melhorias para a navegação.Na nota final , apresenta um recorte duma carta do autor escrita ao «Diário de Notícias» de 17 de Junho de 1933, a propósito das afirmações do Governador de Macau (António José Bernardes de Miranda nomeado em 21 de Junho de 1932) numa a entrevista desse jornal.
BRANCO, Hugo C. de Lacerda Castelo – Considerações sôbre o pôrto para navios em Macau. Separata dos “Anais do Club Militar Naval”. Imprensa da Armada, Lisboa, 1932, 24 p.
Anteriores referências a Hugo C. de Lacerda Castelo Branco em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hugo-lacerda-castelo-branco/

Formou-se no Pacífico, no dia 7 de Julho de 1883, atravessou as Filipinas, passando sobre Manila e entrou no Continente perto de Macau, no dia 12 para 13 de Julho de 1883. O temporal por ter levado muito tempo a passar, produziu consideráveis estragos, perderam-se vidas, embarcações, desmoronaram-se casas e os jardins de S. Francisco e Chunambeiro ficaram completamente destruídos. (1) (2)
Velocidade do vento máxima: 110 Km/h
Pressão mínima: 737, 00 mm.
O «Boletim da Província de Macau e Timor», no suplemento n.º 28 (Vol. XXIX), de 19-07-1883, traz vários relatórios dos diversos serviços do território. Hoje apresento o da Capitania do Porto de Macau de 17 de Julho assinado pelo 2.º tenente, Demétrio Cinatti (3).(1) NATÁRIO, Agostinho Pereira – Tufões que assolaram Macau, 1957.
(2) “12-07-1883 – Grande tufão assolou a cidade de Macau. O tufão desta data danificou muito o edifício que tem servido de quartel ao destacamento da Taipa” (SILVA, Beatriz Basto da Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.)
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/demetrio-cinatti/

Os estrangeiros foram, considerados sempre como bárbaros pelos chineses, que a eles se referiam, nos seus escritos e em documentos oficiais, com a letra i . Porém, o Tratado de Paz e Amizade, imposto pela Inglaterra em 29 de Agosto de 1842, e assinado em Nanquim, obrigou, no seu artigo II, a China a abolir o emprego dessa depreciativa e insultuosa letra, em qualquer documento oficial chinês, quando houvesse de se referir ao governo inglês ou aos súbditos britânicos. O mesmo conseguimos no nosso tratado com a China e, por estar ligada a este assunto, não deixa de ser interessante conhecer o que passamos a reproduzir e que vem publicado no Boletim Oficial de Macau, n.º 31 de 1892, págs. 252 e 253,
«Por ordem superior se publica o seguinte:
«Li, Vice-Rei dos dois Quangs, presidente do ministério da guerra e mandarim de primeira classe, por sua Magestade Imperial da dinastia Tatsing».
Ao Exmo. Sr. Cinatti, cônsul de Portugal em Cantão.
Recebi o offício de v.exa. dizendo que no memorial ou informação do thezoureiro-mór da província e da comissão de reorganização se escreveu por engano a palavra I (bárbaro), o que é uma transgressão ao tratado. Tenho, porém, a dizer que eu examinei miudamente esse memorial e não encontrei ahi a palavra I; mas comparando o jornal que v. exa. me enviou com o documento original do thezoureiro-mór e da comissão da reorganização, achei que no documento original está escrito: «foram recorrer à protecção dos homens de fora 外人 , wai-jen (estrangeiros)» em quanto que no jornal aparecem por engano as palavras 外夷 wai-i, I de fôra ou bárbaros de fôra. Outrossim no documento original, leem-se mais adiante: «a distincção que ha entre chinas e estrangeiros»; mas no jornal apparecem palavras «distincção que ha entre chinas e barbaros».
No documento não há engano nem termo inconveniente. Não sei como se introduziu erroneamente a palavra I . É inexplicável.
Creio que ao transcrever o documento se cometeu esse engano, ou que a redacção do jornal fez esse erro na impressão V. Exa, diz que os dois jornais já fizeram a rectificação o que mostra que toda a gente sabe que não se deve tornar a fazer uso da palavra I, e este procedimento foi muito correcto. É certo porém que no documento original dos altos funcionários não se fez uso d´essa palavra, e sobre isso não deve haver discussão. É quanto me cumpre responder a V. Exa. desejando-lhe prosperidades, 2 da 6.ª lua intercalar do anno 18.º da Kuang-su – 25 de junho de 1892.”

mandarim pinyin: yí; cantonense jyutping: ji4 – bárbaros das tribos antigas; pessoas não-Han
外人mandarim pinyin: wài rén; cantonense jyutping: ngoi6 jan4 – pessoas de fora; estrangeiros.
GOMES, Luís Gonzaga – Os Feringues in «Mosaico», Vol I, n.º 4, 1950.

“Em 1880 um pedido feito pelo Director do Observatório Meteorológico de Zi-Ka-Kei, de Xangai, deixou o segundo-tenente Demétrio Cinatti, ao tempo Capitão dos Portos de Macau, um tanto embaraçado: – era solicitada uma cópia das observações meteorológicas registadas nesta Província e, na Capitania dos Portos, apenas existia um barómetro, onde se faziam leituras quando havia tufões nesta região. (1)
Este facto desagradável, porém, veio ressaltar a lacuna que se fazia sentir e que carecia de ser encarada devidamente.
No ano seguinte passou aquela Capitania a fazer observações regulares dos diversos elementos meteorológicos. Todavia, só em 1900 foi criado o 1.º posto meteorológico, com a designação de Observatório Meteorológico de Macau, na Ermida da Penha, (2) onde passou a funcionar até 1904, data em que foi transferido para parte das antigas dependências do Hospital Conde S. Januário.

Serviço Meteorológico S. Januário I“Três dos cinco pavilhões que constituem a sede do Serviço Meteorológico”nas antigas ruínas do fortim de S. Jerónimo

Desde aquela data intensificou-se o número de observações feitas com maior regularidade e os resultados eram publicados no Boletim Oficial da Província. Montou-se em 1918 um aparelho de importância capital numa zona onde os ventos tempestuosos são frequentes: – o anemógrafo de Dines (3) e, pouco depois, foi aquele Serviço apetrechado com dois sismógrafos. (4) Nesse mesmo ano foi estabelecido o serviço da hora.
Estes melhoramentos e muitos ali introduzidos bastante beneficiaram aquele Serviço e foram devidos ao então encarregado do Observatório, Almirante Artur Barbosa Carmona.(5)

Serviço Meteorológico S. Januário II“Desenhando a carta do tempo, o que se faz duas vezes ao dia, e mais vezes nas proximidades dos tufões”

O último e definitivo impulso que o funcionamento sofreu, foi o resultado da publicação da Lei n.º 2:042, (6) que criou os Serviços Meteorológicos de Ultramar e do Decreto n.º 38:021, que fixou os respectivos quadros do pessoal, em consequência do que foi designado um meteorologista do Serviço Meteorológico Nacional, para Chefe do Serviço Meteorológico de Macau, então criado.” (7)

A 28 de Junho de 1966, o Observatório Meteorológico de Macau transfere-se para a Fortaleza do Monte.

Serviço Meteorológico TaipaHoje, a Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos – 澳門地球物理暨氣象局 encontra-se na Rampa do Observatório na Taipa Grande desde 1995.
(1) 1880 – Fundação, por Demétrio Cinatti, do Observatório Astronómico, com edifício novo desde 1904 sobre as ruínas do Forte de S. Jerónimo. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3).
(2) No Morro do Bispo.
(3) Aquisição de um anemógrafo “Dines Baxendel” para o serviço do Observatório desta Província  1910/10/01-1911/07/13. (http://www.archives.gov.mo/)
Anemógrafo – aparelho destinado a registar  continuamente todas as variações de direcção (em graus), de velocidade dos ventos (em m/s)e  a distância total (em Km) percorrida pelo vento com relação ao instrumento a as rajadas (em m/s)
(4) 1918 – Instalado em Macau, para melhoria dos serviços meteorológicos, o anemógrafo de Dines Baxendell. Nesta mesma data se repararam vários registadores e se estabeleceram sismógrafos e um pluviómetro eléctrico.(SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4).
(5) Anterior referência a este Almirante em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/artur-l-barbosa-carmona/
(6) Lei n.º 2042 publicada a 22 de Junho de 1950, no B.O. de Macau, n.º 29 – cria em cada uma das colónias portuguesas um Serviço Meteorológico.
A Capitania dos Portos, instalada desde 1904 em edifício próprio sobre as ruínas do fortim de S. Jerónimo, na Guia, cessa responsabilidades no campo dos Serviços de Meteorologia. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 5).
(7) MACAU, Boletim Informativo, 1955.