Notícia publicada num diário, em Lisboa, neste dia 13 de Outubro de 1947, intitulada “Macau será respeitada” referia que o Generalíssimo Cheang Kai Chek (1) deu ordem para cessarem quaisquer movimentos de opinião tendentes à devolução daquela colónia à China. (2) Esta notícia foi publicada nos mais importantes jornais da China e na Imprensa inglesa de Cantão e de Hong Kong. (3)
Nesse documento, Cheang Kai Chek dizia textualmente: “Qualquer agitação nesse sentido seria ridícula. Essa propaganda nunca foi tomada a sério pelo Governo central, que não encontra qualquer justificação para encetar negociações com Portugal respeitantes à devolução de Macau à China.
O jornal noticiava também que “informações de Macau revelam que a campanha de certos jornais e de certos sectores políticos chineses, no sentido da devolução de Macau, foi iniciada por um jornal chinês de Cantão, do qual é director Kuo Ying Shu, membro do Conselho da cidade de Cantão, mas que nunca encontrou ecos nos meios responsáveis do Governo central da China. A acrescentar a estas informações, há a mensagem de boa amizade que Li Tai Chao, director dos serviços do Kuomintang (partido de Chang Kai Chek em Hong Kong e Macau), dirigiu recentemente ao então encarregado do Governo de Macau, sr. Capitão de fragata Samuel da Conceição Vieira, documento no qual se lêem entre outras, estas palavras:
«Fazemos votos por que as excelentes relações de amizade que existem entre os Governos da China e de Portugal se estreitem cada vez mais e que a china e Portugal se auxiliem mutuamente para o estabelecimento duma paz permanente no Mundo
NOTA: O comandante Albano Rodrigues de Oliveira que chegou a Macau a 23 de Agosto de 1947 é empossado Governador de Macau no dia 1 de Setembro de 1947 substituindo o comandante Gabriel Maurício Teixeira, que tinha exercido o cargo desde 1940. Entre a partida do Comandante Gabriel Teixeira e a posse do novo governador, o encarregado do Governo foi o Capitão de fragata, Samuel da Conceição Vieira. Um dos primeiros actos oficiais do novo governador foi a visita a Guangzhou (Cantão) onde foi recebido pelas autoridades civis e militares nacionalistas «com grande provas de cortesia, o que não deixou de impressionar os meios cantonenses, incluindo a própria imprensa» (4)
chaing-kai-shek-1887-1975(1) Cheang Kai Chek (蔣介石; em inglês Chiang Kai-shek) (1887-1975).
Recorda-se que desde 1945, após a Guerra do Pacífico, reiniciou a guerra civil na China, depois do presidente da República Chinesa, generalíssimo Chiang Kai Chek ter rompido a aliança entre o seu partido, o Kuomitang e o partido Comunista.
蔣介石mandarin pīnyīn: jiǎng jiè shí; cantonense jyutping: zoeng2 gaai3 sek6
(2) Aliás já desde 1945 após a II Grande Guerra  apareceram os primeiros sinais sobre a chamada “questão de Macau”:
24-08-1945 – Acabada de fresco a Guerra do Pacífico, o embaixador português em Washington informou que, segundo um telegrama da United Press, o jornal «Ta Kung Pao», de Chung King pedia, em artigo de fundo, para Portugal, devolver Macau, à China com base na Carta do Atlântico“.(4)
31-08-1945 – O Conselheiro da Embaixada da China em Bruxelas refere-se à “questão de Macau” declarando que era necessário restabelecer a soberania portuguesa nesse território, segundo o Princípio da Soberania, que se instalara após a 2.ª Guerra Mundial. A notícia chegou, via Londres, a Lisboa“. (4)
(3) Em 19-de Outubro de 1947, o jornal «China Mail», de Hong Kong, publicava em 1.ª página um artigo sob o título de «China makes move to regain Macao».(4)
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.