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10-02-1783 – Em resposta ao pedido feito para o envio dum matemático para a corte de Pequim e que o Imperador da China desejava que fosse de nacionalidade portuguesa, para substituir o padre Félix da Rocha, a rainha nomeou o matemático Dom Frei Alexandre de Gouveia, (versado em matemática) para Bispo de Pequim e para conseguir a restauração dos antigos privilégios da cidade de Macau, além do estabelecimento, no Colégio de S. José de Macau, dum seminário (1) para a educação da mocidade macaense. (2)

O Bispo D. Alexandre de Gouveia, que chegou a Macau em 28 de Julho de 1784, vinha incumbido duma dupla missão, segundo as “Providências“ que D. Maria I enviara a Macau em 4 de Abril de 1783. (3)

(1) Em 19 de Fevereiro de 1873, foi erecto em Seminário, o antigo Colégio de S. José, que os padres jesuítas tinham estabelecido em 1754 com três casitas que Miguel Cordeiro doou à Missão dos Jesuítas de Nanquim. O seminário de S. José seria confiado aos lazaristas em 28 de Julho de 1784. (2)

(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

(3) As Providências (aplicadas em Macau em 28 de Julho de 1784), decretadas pelo Ministro das Colónia Martinho de Melo e Castro, por instigação do ex-governador das Índias, Salema e Saldanha, reformou o poder dos governadores. Entre outros poderes, o Capitão-Geral, ou melhor, o Governador, tinha o direito de intervir em todos os negócios concernentes ao bem-estar da Colónia, e o de impor o veto sobre qualquer moção senatorial, só com o seu voto. A Guarda Municipal foi então substituída por uma guarnição de cipaios composta de 100 mosqueteiros e 50 artilheiros. Foi Bernardo Aleixo de Lemos de Faria o primeiro que foi Governador com estes novos poderes. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 310.)

Aviso publicado no «BPMT» (1) do Padre Vicente V. Rodrigues, secretário do Colégio de Santa Rosa de Lima onde se publicita um concurso aberto (uma vaga) para educanda interna.

(1) Extraído de «BPMT», XXII-4 de 22 de Janeiro de 1876, p. 14

Extraído de «BGM», X-1 de 4 de Janeiro de 1864, pp. 6-7

NOTA: O nascimento do futuro rei D. Carlos I foi a 28 de Setembro de 1863. Filho de D. Luís I (1838-1889; reinado 11 de Novembro de 1861 até 19 de Outubro de 1889) e Maria Pia de Saboia, reinou de 19 de Outubro de 1889 a 1 de Fevereiro de 1908, vítima de atentado mortal.

D. Carlos I – pintura de José Malhoa em 1890

O Bispo D. Alexande Pedrosa Guimarães (1) comunicava, em 28 de Dezembro de 1774, ao Rei que os Governadores de Macau agiam arbitrariamente, convindo que não dessem licença aos médicos (2) para se retirar:

Aqui os Governadores, nestas distâncias, fazem absolutamente o que não podem e o que, não devem, contra as leis, alvarás, provisões, sentenças ou sem sentenças e por isso muito facilmente lhe darão licença para irem viajar ou mesmo retirarem-se …(…) Todos quantos aqui chegam degregados ou corridos de fortuna, se fazem fidalgos  e não querem trabalhar por suas artes e ofícios”. (3)

(1) 1774-1779 – D. Alexandre da Silva Pedrosa Guimarães – Bispo de Macau, nomeado em 1772, confirmado e sagrado em 1773, chegou a Macau em 1774. Marcou o seu governo a política mais pombalina do que episcopal frente aos jesuítas que ainda encontrou em Macau. Foi Governador (1777-1778), exactamente na mudança de D. José I para D. Maria I. Chamado à Corte (1779) saiu de Macau em 1780, ofereceu a renúncia em 1782, sendo ela aceite em 1789. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume IV, 2015, p. 35.

Ver  anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-alexandre-da-silva-pedrosa-guimaraes/

(2) 28-12-1771 – Carta do Bispo, D. Alexandre da Silva Pedrosa a El-Rei D. José, acerca das dificuldades no preenchimento do lugar de físico ou cirurgião da cidade (SOARES, José Caetano – Macau e a Assistência, pp. 85)

(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 297.

Em carta ao Rei, em 22 de Dezembro de 1774, o Bispo D. Alexandre Pedrosa Guimarães censura o traje feminino, que:

“… consiste quase geralmente em se embrulharem numa saraça e colocarem outra dobrada na cabeça de modo que como cai, se descompõe indecorosamente nos lugares mais modestes e tapam ainda todo o rosto, para não serem conhecidas, pelo que afoitam mais a sair e entrar em casa dos solteiros para usos pecaminosos. V. Magestade que acabou com o luxo dos coches a mais de um tiro nas carruagens pode prevenir este negócio, mandando que não usem mais de duas criadas para o seu acompanhamento, que tragam saias, mantos ou mantilhas curtas, a modo do Porto, qual mais quiserem, e assim se desterrar este abuso culpável (…)”

Quanto a comida e bebida, continua o bispo:

“… Finalmente tenho a expor a V. Magestade … que depois que vieram os estrangeiros residir em Macau, tem entrado muito luxo no fato e nas mesas, porque eles tiram grandes somas das Companhias e fazem despesas excessivas. Os mais que as não podem fazer continuamente, por força as fazem nos casamentos, nos anos e nos baptizados de seus filhos, empenhando-se, quando não podem para isso, porque so em vinho de todas as castas é um gasto extraordinário e isto também concorre para se arruinarem os Moradores

(1) SILVA; Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. I, 2015, pp.296-297.

Chega a Macau no dia 18 de Dezembro de 1669, o dominicano espanhol Frei Domingo F. Navarrete, autor dos Tratados históricos, políticos, éticos y religiosos de la Monarchia de China, 2 vols. Madrid, 1676-1679, grande crítico dos jesuítas (1)

Sai de Espanha, em 1646, rumo às Filipinas o dominicano Frei Domingo F. Navarrete  (1610-1689). Depois de intensa actividade missionária, ao regressar à Europa e por vicissitudes várias, aporta às Celebes, onde se encontra com missionários e prósperos comerciantes que ali se estabeleceram, depois da perda portuguesa de Malaca. Embarca então para a China num navio com rumo a Macau, onde viajam jesuítas. Chegado ao Oriente Extremo, juntou-se a uma incipiente missão dominicana em Fuquiam, onde se manteve até às perseguições chinesas de 1664. Esteve detido em Cantão. Adregou chegar a Macau em 1670 e regressou a Lisboa em 1672. Dirigiu-se a Roma para dar conhecimento da sua missão ao Papa. Fixou-se depois em Madrid e foi nomeado arcebispo de Santo Domingo de 1682 a 1686. (1)

É publicada em Madrid, Imprensa Real, em 1676, a obra do dominicano espanhol Fr. Domingo Fernández Navarrete Tratados históricos, políticos, éticos y religiosos de la Monarchia de China, que viria a ser fonte de informação para a Europa, não só sobre a Índia e as Celebes mas sobretudo sobre a China, nomeadamente sobre a Questão dos Ritos. A. RC, n.º 28, RAEM, 2008, contém um minucioso estudo sobre este pregador, entre pp. 42 e 54, sendo dele autor o Prof. Dr. Manel Ollé. (1)

 (1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp. 168, 183 e 188

Mais informações em: https://en.wikisource.org/wiki/Catholic_Encyclopedia_(1913)/Domingo_Fern%C3%A1ndez_Navarrete

Extraído de «Gazeta de Macau e Timor», I-12 de 10 Dezembro de 1872, p. 2

Extraído de «BPMT», XIV-49 de 7 de Dezembro de 1868, p, 228

Aviso publicado em «O Correio Macaense», Vol. V, n.º 218 de 25-11-1887, p. 4

O dia 8 de Dezembro é reservado pela Igreja Católica para celebrar a imagem da Imaculada Conceição, que é uma referência à Virgem Maria.

Em 11 de Novembro de 1653, faleceu em Macau, o jesuíta Francisco Furtado, visitador dos jesuítas, que entrou a missionar na província de Tchit-Kóng no ano de 1621, depois, na província de Sim-Sâi, onde estabeleceu uma igreja em Sâi-On-Fu, a capital, tendo deixado várias obras escritas em chinês (1)

“Entrára a missionar na província de Tche-kiang no 57.º anno do 71.º cyclo da chronologia chinesa, – 1.º do reinado de Thian-ki dos Ming, e, pela nossa era, 1621. De ali se passou á província de Chen-si, e na capital d´ella, Si-gan-fu, estabeleceu uma igreja e casa. Na qualidade de visitador, desceu depois á de Kuang-tung, vindo a falecer n´esta cidade, onde jaz sepultado – Como outros muitos padres do seu instituto, escreveu e publicou varias obras em china, que n´outro livro menciono”(2)

Padre Francisco Furtado nasceu na ilha do Faial (Açores) em 1588 e aos 21 anos ingressou no Colégio dos Padres Jesuítas de Coimbra. Chegou a Macau em 1619, trazendo consigo uma biblioteca de 7000 obras, importante doação do Papa ao último Imperador da dinastia Ming. Foi Vice-provincial e Visitador na Missão da China, e ainda Superior, em Pequim, de 6 residências do Norte. (3) (4)

Em colaboração com o letrado chinês Li Zhizao (1565-1630), Francisco Furtado, missionário Português, conhecido na China por Fu Fanji, traduziu duas relevantes obras da filosofia ocidental vertidas do latim para o idioma chinês: o tratado cosmológico “Sobre o céu” (De caelo), de Aristóteles, e uma tradução parcial das “Categorias” (Categoriae), também do Estagirita. A primeira obra, um tratado de cosmologia, fora já objecto de aturado trabalho de Francisco Furtado quando, ainda em Coimbra, a publicara em oito volumes.” (4)

 (1) Anuário de Macau, 1922, p. 16 e GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

(2) PEREIRA, António Marques – Ephemerides Commorativas da História de Macau, p. 34

(3) https://escritoreslusofonos.net/2019/01/25/padre-francisco-furtado/

(4) https://www.facebook.com/novaportugalidade/ de 11 de Setembro de 2019