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Centenas de pessoas assistiram, no domingo passado, dia 14 de Março de 1954, no Campo da Caixa Escolar, a um interessante encontro de hóquei em campo disputado pela equipa de honra do Hóquei Clube de Macau e a selecção civil de Hong Kong, o qual terminou pela vitória da equipa local, por 3 bolas a zero.O grupo de Macau, frente a um forte agrupamento da vizinha colónia britânica, evidenciou, uma vez mais, a sua superioridade, pondo em relevo o seu magnífico jogo de conjunto.

O encontro do domingo findo foi caracterizado por uma grande rapidez, jogando as equipas contendoras de igual para igual na primeira parte. Ao intervalo, o marcador acusava 1 a 0, sendo esta única bola marcada por Augusto Jorge.

Na 2.ª parte, porém, o «onze» local passou a dominar mais, logrando, nesse período de jogo, marcar mais duas bolas, que vieram consolidar a sua vitória. Estas duas bolas foram alcançadas por intermédio de Albertino e Ritchie.

Extraído de «Macau B.I.», I-15 de 15 de Março de 1954, p. 15

“14-03-1954 – A equipa de Hóquei de Campo bateu a congénere de Hong Kong por 3-0” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, p.316.)

“11-03-1929 – Nesta data, no Tanque do Mainato, perante uma comissão de pessoas nomeadas pelo Governo, queimaram-se os exemplares apreendidos da 2.ª edição do livro “Historic Macao” de Montalto de Jesus, por ter advogado, no último capítulo, que a colónia de Macau fosse administrada pela Sociedade das Nações” (1)

C. A. Montalto de Jesus (Hong Kong 1863- Hong Kong 1927) publicou o livro «Historic Macao», em Hong Kong no ano de 1902, tornando-se desde logo num livro de leitura obrigatória para quem quisesse estudar e compreender a História de Macau. (1)

A apreensão e destruição do livro, em Macau, em 1926, por decisão judicial foi devido à publicação da 2.ª edição, publicada em Macau (2) em que o autor incluiu três capítulos finais sobre a situação de Macau (muito crítico à governação do Território), (3) advogando uma “autodeterminação de Macau”, sob a tutela da Liga das Nações.

(1) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia da Macau, volume I, 1997, p. 420

(2) JESUS, C. A. Montalto de – Historic Macau. International Traits in China old and New. Second Edition, revised and enlarged, nineteen illustrations. Macao, Salesian Printing Press and Tipografia Mercantil, 1926.

(3) ”15-06-1926 – Apreensão do livro «Macao Historic» da autoria Montalto de Jesus (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume , 2015, p. 184.) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/06/15/noticia-de-15-de-junho-de-1926-historic-macao/

Referências anteriores a Montalto de Jesus: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/c-montalto-de-jesus/

NOTA: “CARLOS MONTALTO DE JESUS (1863-1927), um grande e injustiçado historiador de Macau, nas palavras do investigador António Aresta, foi o autor de Historic Macau (1902), uma das mais conhecidas obras sobre a História do território. Montalto de Jesus, que viveu em Hong Kong e em Xangai, escreveu, entre outras obras, The Rise of Shangai (1906) e Historic Shangai (1909). Homem culto, tornou-se sócio correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa a 9 de Novembro de 1896 e foi um activo militante do Partido Republicano.

Na introdução à versão portuguesa, com o título de Macau Histórico, o historiador Carlos Estorninho classificou-a como a glória e o martírio de Montalto de Jesus. Glória, porque constituiu a sua consagração como historiador e como macaense, granjeando-lhe o respeito da crítica e das autoridades de Macau, que consideraram o livro como o melhor trabalho de conjunto sobre o estabelecimento português na China Meridional. Em versão inglesa para garantir uma maior divulgação internacional e o conhecimento do seu conteúdo pelas numerosas comunidades portuguesas de Hong Kong, Xangai e de outras cidades portuárias da região, o livro foi um best-seller e a edição esgotou-se em pouco tempo. Martírio, porque a 2.ª edição, publicada em Macau em 1926 e igualmente em inglês, incluía uns capítulos com críticas a um regime colonial míope e alusões à trágica situação em Portugal, defendendo o autor que Macau fosse colocado sob a tutela providencial da Liga das Nações como salvaguarda contra mais ruína, o que provocou o repúdio dos que consideraram esta proposta como uma grave ofensa aos valores pátrios. As autoridades de Macau ordenaram a apreensão e a destruição pelo fogo dos exemplares existentes no território. Outros ventos, que não os da República que ele tanto prezava – apesar da decepção que sentiu quanto ao rumo que este regime tomou em Portugal e na China -, sopravam então em Macau, como consequência do novo quadro político saído da revolução de 28 de Maio de 1926.”

OLIVEIRA, Celina Veiga de – Macau e o Povo em Diáspora. Administração n.º 111, vol. XXIX, 2016-1.º, 189-197 pp 194-195

C. A. MONTALTO DE JESUS

FELLOW OF THE GEOGRAPHICAL SOCIETY OF LISBON

MEMBER OF THE CHINA BRANCH OF ROYAL ASIATIC SOCIETY

HONG KONG

KELLY & WALSH, LIMITED

PRINTERS & PUBLISHERS

1902

Leitura sugerida: RICARDI, Alexandre – Glória e danação: quando o fazer história torna-se a ruína de um cientista in http://www.snh2015.anpuh.org/resources/anais/39/1437620228_ARQUIVO_ApresentacaoAlexandreRicardi.pdf

Extraído de «O Macaísta Imparcial», n.º 140 (Vol. 2.º; n.º 35) de 28 de Fevereiro de 1838
p. 144

NOTA: “04-07-1838 – Cessou a publicação do bi-semanário “O Macaista Imparcial” que passa a hebdomadário, em 5 de Julho de 1837, tendo-se publicado ao todo 158 números” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 83.

Ver anteriores avisos sobre ensino: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/02/14/noticia-de-14-de-fevereiro-de-1838-avisos-de-ensinos/

Em 17 de Fevereiro de 1910, foi criada uma taxa para a indústria (sic) de «Aluguer de Burros» (SILVA. Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, p. 42).      

Notícia de 12 de Fevereiro de 1874 na imprensa portuguesa, no «Diário Illustrado» n.º 531 p.3, (1) sobre a visita do Governador Visconde de S, Januário ao Japão, em 1873.

NOTA: O governador chegou a Macau no dia 8 de Fevereiro de 1874, vindo duma visita a Cantão (Guangzhou) de 1 a 8 de Fevereiro e não (como salienta a notícia) do Japão; Inaugurou o Hospital que foi concluída em Dezembro de 1873, a 6 de Janeiro de 1874 (2)

(1) Diario illustrado. – Nº programa (jun. 1872) – a. 39, nº 13301 (7 jan. 1911). – Lisboa : Impr. de Souza Neves, 1872-1911. – 46 cm

(2) 23-10-1873 – O Governador Visconde S. Januário (1827-1901) seguiu para o Japão  na qualidade de enviado extraordinário e ministro plenipotenciário, sendo recebido pelo Imperador Matsuhito (Meiji), no dia 20 de Novembro de 1873. Barão de São Januário em 1866 outorgado por El-Rei D. Luís; visconde em 1867 e finalmente conde de São Januário em 1889. Em 1872 assumiu o cargo de Governador-Geral de Macau e Timor, cargo que exerceu até 7 de Dezembro de 1874, tendo entretanto sido nomeado Ministro Plenipotenciário.

07-05-1874 – Exoneração a seu pedido, do cargo de Governador da Província de Timor, do Visconde de S. Januário e nomeação do Coronel do exército, José Maria Lobo d´Àvila para o mesmo cargo. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 207 e 211)

Extraído de «Gazeta de Macau e Timor» II-6 de 28 de Outubro de 1873, p. 2

Anteriores referências a este Governador em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/januario-correa-de-almeida-visconde-conde-de-s-januario/

10-02-1783 – Em resposta ao pedido feito para o envio dum matemático para a corte de Pequim e que o Imperador da China desejava que fosse de nacionalidade portuguesa, para substituir o padre Félix da Rocha, a rainha nomeou o matemático Dom Frei Alexandre de Gouveia, (versado em matemática) para Bispo de Pequim e para conseguir a restauração dos antigos privilégios da cidade de Macau, além do estabelecimento, no Colégio de S. José de Macau, dum seminário (1) para a educação da mocidade macaense. (2)

O Bispo D. Alexandre de Gouveia, que chegou a Macau em 28 de Julho de 1784, vinha incumbido duma dupla missão, segundo as “Providências“ que D. Maria I enviara a Macau em 4 de Abril de 1783. (3)

(1) Em 19 de Fevereiro de 1873, foi erecto em Seminário, o antigo Colégio de S. José, que os padres jesuítas tinham estabelecido em 1754 com três casitas que Miguel Cordeiro doou à Missão dos Jesuítas de Nanquim. O seminário de S. José seria confiado aos lazaristas em 28 de Julho de 1784. (2)

(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

(3) As Providências (aplicadas em Macau em 28 de Julho de 1784), decretadas pelo Ministro das Colónia Martinho de Melo e Castro, por instigação do ex-governador das Índias, Salema e Saldanha, reformou o poder dos governadores. Entre outros poderes, o Capitão-Geral, ou melhor, o Governador, tinha o direito de intervir em todos os negócios concernentes ao bem-estar da Colónia, e o de impor o veto sobre qualquer moção senatorial, só com o seu voto. A Guarda Municipal foi então substituída por uma guarnição de cipaios composta de 100 mosqueteiros e 50 artilheiros. Foi Bernardo Aleixo de Lemos de Faria o primeiro que foi Governador com estes novos poderes. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 310.)

Em 7 de Fevereiro de 1719, discutiu-se no Senado uma carta do novo Governador, António da Silva Telo e Meneses, que propunha se fechasse a cidade pelo lado da Barra com um muro, «por causa dos ladrões», ou «unindo-se os quintais das casas no caso que se não resolva fazer-se a dita parede», e ainda de se pagarem os soldos aos capitães das rondas, como no ano anterior. Não foi levantada, porque ocasionaria problemas com os mandarins. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 233)

Pela Portaria Provincial n.º 25 desta data, 6 de Fevereiro de 1879, se determina que o Boletim do Governo de Macau seja publicado em português e chinês, competindo à repartição sínica a tradução de todos os documentos oficiais e revisão das provas. Foi contratada para sua impressão a Tipografia N.T. Fernandes (Boletim n.º 37) (1)

NOTA: “O bilinguismo administrativo recebeu um impulso decisivo mercê da Portaria Nº 25, de 6 de Fevereiro de 1879, assinada pelo Governador Carlos Eugénio Correia da Silva. A razão é simples: “Atendendo a que só a publicação em caracteres sínicos poderá facilitar-lhes a leitura de tais actos, pela ignorância quase completa que tem os chins da língua portuguesa”. Por isso, o Boletim Oficial da Província de Macau e Timor “será publicado em português e chinês, devendo a repartição de sinólogos ser encarregada da tradução de todos os actos oficiais”. Esta Portaria nº 25 foi integralmente traduzida por Pedro Nolasco da Silva, 1º intérprete. “ (António Aresta, http://jtm.com.mo/opiniao/curiosidades-da-historia-de-macau-seculo-xix-2/)

(1) SILVA, Beatriz Basto da Silva – Cronologia da História de Macau, Volume II 2015, pp. 230, 234)

A 2 de Fevereiro de 1705, morre em Macau André Coelho Vieira, (1) macaense, filho de Inocêncio Vieira de Campos, sendo sepultado no meio da Capela de S. Francisco Xavier da Igreja de Madre de Deus. Tomou posse do cargo de Capitão-Geral e Governador de Macau a 31 de Julho de 1688, governando até 1691. Em 1698 foi nomeado Governador de Solor e Timor, por ser «homem de bom procedimento e sã consciência e de excelente opinião naquelas partes», no dizer do Vice-Rei Luiz Gonçalves da Câmara Coutinho, em carta de 28 de Dezembro de 1698 a El-Rei. (2)  

(1) 31-7-1688 – Tomou posse do cargo de Capitão-Geral e Governador de Macau, o macaense André Coelho Vieira que governou até 1691. Contra ele se queixou, amargamente e varias vezes, o Senado, ao Vice-Rei da Índia. Em 1698 foi nomeado Governador de Timor e faleceu em Macau, em 2 de Janeiro de 1705 (LGG Efemérides da Hx de Macau). In “Ephemerides da Semana”, Boletim do Governo de Macau XII-32 6AGO1866, p.129)

31-07-1688 – Nascido em Macau, André Coelho é nomeado, nesta data, Capitão-Mor da Cidade. O Vice-Rei D. Rodrigo da Costa cria feitoria oficial em Bornéu e a ideia de Macau ficar com todo o tráfego da pimenta gorou-se. E tinha de juntar, ao monopólio da coroa, as intrigas e concorrência dos muçulmanos. A actividade irritou o sultão que resolveu acabar com todo o trato com os portugueses. Processo judicial movido em Cantão contra Macau, com incriminação objectiva de membros do Senado. A questão acabou com a aceitação, por parte da edilidade, de um pagamento de 2.400 taéis. Tal como o seu antecessor, Coelho Vieira que cessou funções em 1691, foi em 1697 nomeado Governador de Timor e Solor. Contra ele se queixou, amargamente e várias vezes, o Senado ao Vice-Rei da Índia. Faleceu em Macau, em 2 de Janeiro de 1705. (2)

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp 194 e 210.

NOTA: Luís G. Gomes na sua “Efemérides da História de Macau”, de 1954, tem duas entradas de André Coelho Vieira, com datas erradas.

“01-01-1705 – Faleceu André Coelho Vieira, natural de Macau, cujo governo exerceu de 1688-1691. (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954, p.3).

02-01-1706 – Morreu em Macau, o macaense André Coelho Vieira, que foi Capitão-Geral e Governador desta Cidade, desde 1688-1691. Contra ele se queixou, várias vezes, o Senado ao Vice-Rei da Índia. Em 1698 fora nomeado Governador de Timor (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954, pp. 4-5).

26-01-1824 – Nasceu José Maria da Silva, que aos 16 anos foi estudar Gramática Portuguesa no Seminário de S. José e que fundou o jornal «O Independente, em 1867, (1) (2) falecendo em 24-07-1898. (3)

28-05-1847 – A Portaria n.º 20 desta data permite a Ana Faustina dos Santos Freitas conservar a farmácia que foi de seu marido, fornecendo medicamentos ao público por somente um ano, debaixo da direcção de José Maria da Silva e sujeita à vigilância e inspecção do cirurgião –mor de Macau. Depois disso deverá ser mandada fechar, se não for confiada a pessoa legalmente habilitada. (3)

18-06-1869 – Foi suspenso por ordem do Governador, almirante António Sérgio de Sousa, o quinzenário político e noticioso «O Independente» fundado por José da Silva. Este periódico reapareceu e foi suspenso várias vezes, tenho o seu redactor José da Silva sido mais de uma vez agredido, multado e preso pelos seus virulentos artigos de crítica contra a administração pública e ataques pessoais.(3)

(1) José Maria da Silva, redactor, proprietário e responsável de «O Independente» que se auto-intitulava jornal político e noticioso n.º 1 em 04-09-1868 até ao n.º 46 de 20-07-1869. Reaparece a 15-05.1873 (quinzenário inicialmente até 30-04-1874; a  partir do n.º seguinte passa a semanário), e suspende a publicação em (?)  Julho de 1880. Reaparece a 20-11-1882 até 24-07-1898.

(2) A 17-01-1889, por motivos de saúde, José da Silva passa o jornal a seu filho, Constâncio José da Silva. A 18 de Julho de 1891, José da Silva volta a aparecer como redactor principal.

(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, pp. 41. 110 e 188.

(4) Por ter sido suspenso, com o mesmo título foi publicado e impresso em Hong Kong, VOL I n.º 1 de 18-09-1869