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Extraído de «O Occidente» XXXIV-1186, de 10 de Dezembro de 1911, p.271
NOTA: a foto com canto inferior direito não é do biografado

Adolfo Ferreira Loureiro (1836-1911), militar, engenheiro, escritor, poeta e político, bacharel em Matemática em 1856 na Universidade de Coimbra e em Engenharia Civil em 1859. Entrou na escola do Exército, em 1858, onde seguiu carreira militar. Em 1883, foi em Comissão à Índia Britânica, a Ceilão, Singapura, China e Macau.

Veio para Macau, em 1883, como Capitão de Engenharia e Major do Estado Maior, no cumprimento da missão de assorear o porto de Macau, tendo elaborado o grande projecto dos aterros do porto interior (posteriormente o projecto foi alterado por diversas vezes). O trabalho desenvolvido em Macau foi elogiado, recebendo do Leal Senado (1884) a honra de ter o seu nome num arruamento executado entre 1882 e 1883 (1) (2)

Em Macau, desenvolveu interessantes apontamentos acerca da cultura e sociedade chinesa. Acresce que contactou e privou com várias personalidades da época, nomeadamente com Demétrio Cinatti, Capitão do Porto de Macau e, com Eduardo Marques, reputado sinólogo e intérprete da Procuratura dos Negócios Sínicos de Macau. Apoiado pelo Partido Progressista, foi eleito Deputado para Legislatura de 1890, pelo 1.° Círculo Eleitoral de Macau, de que prestou juramento a 15 de Janeiro de 1890, e, na Legislatura de 1890-1892, representou o referido Círculo Eleitoral como Deputado da Legislatura anterior, até ao dia 27 de Maio de 1890.

Foi autor de mais de duas dezenas de publicações de carácter literário e profissional, mas destacou-se com o seu diário de viagem, «No Oriente – De Nápoles à China (diário de viagem). Lisboa, 1896-1897: Imprensa Nacional, 1896. – 2 v.

Com referência a Macau, publicou: 1 – Porto de Macau. Ante-projecto para o seu melhoramento. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1884. – 286 p. 2 – Estudos sobre alguns portos commerciaes da Europa, Ásia, Africa e Oceania. Coimbra, 1885, 2 vol. 3 – Macau e o seu porto. Conferência na Sociedade de Geographia de Lisboa. Lisboa, 1896.

PLANTA da bacia geral dos rios Si-Kiang, Peh-Kiang e Han-Kiang ou rios do Oeste, Norte e de Este, desde a sua origem até desembocarem no mar da China pelos estuários de Cantão e do Broadway [Material cartográfico]: Nº 1 / Extrahida da planta da Província de Cantão, levantada por I. G. Lörcher e completada pelas cartas da China de I. Perthes e de Williams; Assumpção lith.  [Coimbra: Imprensa da Universidade, 1884]  – 1 mapa LOUREIRO, Adolfo Ferreira de, 1836-1911; ASSUNÇÃO, António José Saldanha, 1850-1900, litog. http://rnod.bnportugal.gov.pt/rnod/winlibsrch.aspx?

Loureiro demonstrou ainda envergar uma postura crítica relativamente à posição política de Portugal em Macau por altura do incidente subjacente à notícia da revolta de Cantão em Setembro de 1883, sem contudo deixar de mencionar que o seu próprio país, por falta de tratado com a China, não tinha ali cônsul para proteger o macaísta envolvido. Manifestou-se face ao sistema do mandarinato revelando e reforçando a ideia da própria singularidade de Macau. A abordagem à corrupção e ao suborno é inevitável e também o sistema judicial e penal mereceu acutilantes apontamentos críticos. A questão da pirataria mereceu-lhe uma especial atenção já que a estes marginais se referiu com frequência, fazendo referência ao episódio do White Cloud, embarcação que garantia a viagem Macau – Hong Kong – Macau.” (3)

Planta da PENÍNSULA E PORTO DE MACAU com as sondagens levantadas em 1884 e com o projecto do caes interior, molhe da Taipa, docas da ilha Verde e Praia Grande, dique da Taipa e revestimento marginal entre a Ilha Verde e Pac-Siac [Material cartográfico] / [Adolfo Ferreira de Loureiro]; gr. Samora. – [Coimbra: Imprensa da Universidade, 1884]. – 1 Planta, 5 folhas com informação hidrográfica, 1 folha com perfis e alçados. LOUREIRO, Adolfo Ferreira de, 1836-1911; SAMORA, Júlio César Júdice, 1845-post. 1913, litog. http://purl.pt/17239/service/media/pdf

(1) ”Macau deu o nome de Adolfo Loureiro a uma via pública. O projecto de Loureiro ficou apenas no papel, apesar das instâncias de Macau junto do Governo Central . Assim em 1891 subiu ao Terreiro do Paço um requerimento de 951 habitantes de Macau para se executarem as Obras; mas só 6 anos mais tarde é que de lá se pensou nisso; em 08-08-1903, o Capitão de Cavalaria Carlos Alexandre Botelho de Vasconcelos foi incumbido de sondagens no porto. Então o Governo dispôs-se a executar o plano de Loureiro, mas nada feito.” TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997, p. 408

(2) 羅利老馬路 – Estrada de Adolfo Loureiro: começa na Avenida Sidónio Pais e termina no cruzamento da Estrada de Coelho do Amaral com a Rua da Restauração. Executada em 1882/1883. CAÇÃO, Armando Azenha – Sankiu in http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30035/2019

(3) https://orientalistasdelinguaportuguesa.wordpress.com/adolfo-loureiro/

Ver Anteriores referências neste blogue de Adolfo Loureiro em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/adolfo-loureiro/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estrada-adolfo-loureiro/

NOTA: Uma nota biográfica muito completa, em http://www.pianc.pt/pdfs/F2.pdf

Relato sumário das acções realizadas pela Canhoneira “Tejo” desde a saída de Macau no dia 21 de Maio até voltar a 27 de Maio de 1876, período em que esteve, no dia 24 de Maio, em Hong Kong, nos festejos do aniversário natalício da Majestade Britânica (1)

Extraído de «BPMT», XXII – 23 de 3 de Junho de 1876

O primeiro tenente Francisco Joaquim Ferreira do Amaral, (2) foi nomeado comandante da Canhoneira “Tejo” (3) em despacho de El-Rei de 4 de Março de 1876, em substituição do primeiro tenente da armada Fernando Augusto da Costa Cabral (4)

Extraído de «BPMT», XXII – 24 de 10 de Junho de 1876,

(1) Rainha Vitória (24 de Maio de 1819 – 22 de Janeiro de 1901) do Reino Unido de 1837 até à sua morte

(2) Francisco Joaquim Ferreira do Amaral, (1844 -1923) (reformado com o posto de Almirante), filho do Governador João Maria Ferreira do Amaral, Tinha 5 anos quando o pai foi assassinado, assentou praça na marinha aos 12 anos de idade; em 1855 era aspirante; e em 1861 completou o curso sendo promovido a guarda marinha em Agosto de 1866 e a primeiro-tenente em 1874. Nesse meio tempo, comandou os seguintes navios: «Penha Firme», o couraçado «Vasco da Gama, em que foi à inauguração do canal de Kiel na Alemanha; imediato da corveta «Mindelo», da fragata «D. Fernando» e comandante da corveta «Duque da Palmela». Como comandante do vapor «Tete» participou na expedição à África Oriental, tomando parte em três combates. Governou S. Tomé e Moçâmedes em 1878 e 1879. Em 1882 nomeado governador de Angola e em 1886 governador da Índia. Ministro da Marinha em 1892 e ministro interino dos Negócios estrangeiros em 1898.

Foi comandante da Estação Naval de Macau de 1876 a 1878. Em 1878 levou a Bangkok na canhoneira «Tejo», o Governador de Macau Carlos Eugénio Correia da Silva, que lá foi em missão diplomática. Esta missão regressou a Macau a 20 de Março de 1878. Ferreira do Amaral que não se dava bem com o governador Correia da Silva, (episódio que relatarei em próxima postagem) recusou receber o mandarim da Província de Cantão que vinha a Macau, em Julho de 1878, pois não podia suportar a afronta à memória do pai. Na véspera entregou o Comando da canhoneira ao oficial imediato e foi para o Hong Kong. O governador vingou-se, pedindo a sua exoneração a El Rei, e Ferreira do Amaral foi exonerado do comando com regresso imediato ao reino. (TEIXEIRA, Mons. Manuel – Marinheiros Ilustres Relacionados com Macau, 1988, pp. 117-118.)

(3) Ver anteriores referências à Canhoneira «Tejo» em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/canhoneira-tejo/

Na Revista “O Occidente”, XIII- n.º 418 de 1 de Agosto de 1890, na página 171 aparece um apontamento quanto à duração da estadia em Macau da canhoneira, na nota de rodapé do artigo “Apontamentos sobre a Marinha de Guerra dos Diversos Países – Marinha de Guerra Portuguesa”::

(4) Fernando Augusto de Costa Cabral (1839-1901), filho de António Bernardo da Costa Cabral, 1.º conde de Tomar e 1.º marquês de Tomar, instaurou o “Cabralismo” em Portugal) )   irmão de António Bernardo da Costa Cabral, 2.º conde de Tomar, foi oficial na marinha, contra-almirante, condecorado com a medalha da Crimeia e cavaleiro da Ordem da Torre e Espada, e foi ajudante de campo do rei D. Carlos. O pai adoeceu gravemente em Nápoles, , em princípios de Setembro de 1885, sendo trzido para Portugal a bordo da corveta Estefânia, então sob o comando do seu filho Fernando Augusto da Costa Cabral. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Bernardo_da_Costa_Cabrall

Artigo publicado na revista ilustrada “O Occidente” de 1883 (1) sobre o “Palácio do Governo de Macau

Palácio do Governo Portuguez em Macau (segundo uma photographia)

(1) “O Occidente”, Vol VI, n.º 167, 11 de Agosto de 1883, p. 179.

http://marinhadeguerraportuguesa.blogspot.pt/2015/08/a-evolucao-dos-navios-da-armada-real.html
Em Novembro de 1869 a galera “Viajante” (1) embarcação mercante pertencente à firma «Bessone & Barbosa» que partiu de Lisboa para Macau (com antecedência de dois dias da corveta «Estephânia» que ia representar Portugal na inauguração do canal de Suez) (2) sob o comando do capitão José Sabino Gonçalves (com vinte marinheiros) atravessou o canal de Suez, no dia 22 de Novembro (3) sendo o primeiro navio de bandeira portuguesa a fazer este. Esta nova via de navegação encurtava muito as viagens que se faziam ao Oriente pelo trajecto africano.

http://www.ancruzeiros.pt/ancdrp/viajante

(1) “Este navio de três mastros com casco em teca foi construído em 1850 nos estaleiros de Damão; os mesmos que já haviam realizado a fragata «D. Fernando e Glória». O «Viajante» era um navio de 377 toneladas, que media 35 metros de comprimento. Armou, sucessivamente, em galera e em barca. O seu primeiro proprietário foi a casa Bessone & Barbosa, que o utilizou no transporte de chá para a Europa. Em 1863 chegou a assegurar uma leva de tropas coloniais da metrópole para Moçambique, fazendo assim prova da sua versatilidade. Seis anos mais tarde, em Novembro de 1869, o «Viajante» (que se dirigia para Macau, sob o comando do capitão José Sabino Gonçalves) foi o primeiro navio de bandeira portuguesa a franquear o canal de Suez, essa nova via de navegação que encurtava, de maneira significativa, as viagens para o Oriente. A 2 de Outubro de 1917, quando navegava de Lisboa para o Funchal com mercadoria diversa, o «Viajante» foi afundado por um submarino alemão não identificado. Apesar da zona de naufrágio do navio se situar a umas 180 milhas náuticas da terra firme mais próxima (a ilha de Porto Santo), todos os seus tripulantes (12 homens) se salvaram.”
http://marinhadeguerraportuguesa.blogspot.pt/2015/08/a-evolucao-dos-navios-da-armada-real.html
(2) “A 15 de Agosto de 1869 as águas do Mar Vermelho entraram nos lagos Amargos que já recebiam as águas do Mediterrâneo através do lago Timsah. A inauguração, que realizou-se no dia 17 de Novembro de 1869 no meio de grandes e exuberantes festejos, foi presenciada por Eça de Queiroz que publicou no Diário de Notícias o relato do acontecimento com o título “De Port-Said a Suez ou Carta sobre a inauguração do Canal de Suez” inserida nas Notas Contemporâneas. O Cairo sofreu profundas alterações como uma ligação rodoviária com Ismailia e a construção propositada de um teatro para que, durante a inauguração, pudesse ser representada a ópera Aida encomendada propositadamente a Verdi, que não chegou a acabá-la a tempo”.
http://www.ancruzeiros.pt/ancdrp/o-canal-de-suez
(3) A inauguração desta nova via de navegação foi a 17 de Novembro de 1869. Cinco dias após a inauguração a barca Viajante acabou por ser o primeiro barco português a atravessar o canal, embora esta data não seja consensual.
“Durante muitos anos tentou-se provar que a Viajante fora o único barco português presente nas cerimónias da inauguração. Estalaram polémicas e defensores vieram defender cada qual a sua dama até que, muito recentemente, já na década de 90, apareceu o diário de bordo da altura que confirmou a sua passagem pelo canal, mas 10 dias após da inauguração, ficando assim a Viajante apenas com o título do primeiro barco português a atravessar o canal.”
http://www.ancruzeiros.pt/ancdrp/viajante 
“A corveta «Estefânia», o melhor vaso de guerra português na época, foi enviado ao Egipto de forma a representar Portugal na inauguração do canal de Suez (também presentes, em representação de Portugal, o escritor Eça de Queirós e o conde de Resende Luís de Castro Pamplona). Porém, em pleno Mar Mediterrâneo, numa zona denominada «gata», desencadeou-se uma daquelas tempestades que só acontecem aos «lusíadas». A deficiente acção dos marinheiros e a frustrante surpresa que a tempestade provocou, acrescidas de alguns pormenores técnicos, deve ter “inibido” bastante o vaso de guerra que, desconjuntado, não pode figurar a tempo nas cerimónias oficiais em Port Said. Tinha largado do Tejo, com a antecedência de dois dias da corveta «Estefânia», a galera «Viajante» embarcação mercante pertença da firma «Bessone & Barbosa», comandada pelo capitão José Sabino Gonçalves que, às suas ordens, tinha vinte marinheiros. A galera dirigia-se a Macau e, muito próxima do navio de guerra, sofreu o mesmo temporal, mas bem manobrada conseguiu entrar em Port Said galhardamente. Era o dia de inauguração do Canal de Suez…”
Ler este “episódio” em: “CARTA DE ÉVORA – O capitão José Gonçalves Sabino – O 1º piloto do Canal do Suez? – II – por Joaquim Palminha Silva” disponível em
https://aviagemdosargonautas.net/2015/08/11/carta-de-evora-o-capitao-jose-goncalves-sabino-o-1o-piloto-do-canal-do-suez-ii-por-joaquim-palminha-silva/
NOTA: Sobre o capitão José Sabino Gonçalves aquando da sua morte, escreveu (assinado Abrantes) a sua Necrologia no jornal, «O Occidente»  XXXII-n.º 1098 de 30 de Junho de 1909 p. 143.