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Mais dois “slides” digitalizados da colecção “MACAU COLOR SLIDES – KODAK EASTMAN COLOR” comprados na década de 70 (século XX), se não me engano, na Foto PRINCESA.
(1)

Casa Memorial do Dr. Sun Yat-sen – 澳門國父紀念館 (2)

O Dr. Sun Yat-sen não terá vivido nesta casa, (3) mas sim os seus familiares. Conhecida como a “Mansão do Sun”, foi construída em 1912 numa imitação-mistura de traços arquitectónicos do estilo mourisco como residência para sua primeira esposa, (de 1885 a 1915) Lu Muzhen -盧慕貞 (1867-1952) que aí viveu desde 1913 com suas duas filhas, Sun Yan (孙延), Sun Wan (孙) e seu filho Sun Ke. Morou em Macau por 40 anos, falecendo aos 85 anos (1952).
A casa foi reconstruída em 1931 por ter sido muito danificada pela explosão do paiol da Flora. (3)
A casa, hoje museu, é um edifício alto de três andares com varandas ornamentadas e pátios espaçosos, localizado na Rua Silva Mendes, n.º1. Existe uma estátua de bronze do Dr. Sun Yat-sen na área exterior Casa Memorial.
O Mercado Municipal Almirante Lacerda, mais conhecido por Mercado Vermelho, (4) que ficou pronto em junho de 1936 (5) situa-se do lado oriental da Avenida Almirante Lacerda. É uma estrutura de três pisos em forma de paralelepípedo. Tem um espaçoso piso térreo e o 1.º piso possuem bancas fixas, vendendo os mais diversos produtos frescos ao passo que o 2-º piso é constituído por uma torre central. Quando se construiu o Mercado, a área a noroeste da Avenida era uma vasta zona de hortas e as zonas adjacentes (Av. Ouvidor Arriaga, Av. de Horta e Costa) eram pouco povoadas, com algumas residências de famílias abastadas ou de altos funcionários coloniais.
Na segunda metade de 1934, a arquitectura foi concebida por Júlio Alberto Basto, o cálculo da estrutura da obra encarregava-se o 3.º conde, Bernardino de Sena Fernandes, e o desenho foi feito por Wong Lam e Tse Shing. A obra da construção do mercado iniciou-se no princípio de 1935 e concluída em Junho de 1936.
(1) https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNSn7Rmv6jkuR-8RXyab3nyp4y78NQ:1567866434430&q=nenotavaiconta+slides+coloridos+de+Macau
(2) 澳門國父紀念館 – mandarim pīnyīn: Àomén Guófù Jìniànguǎn; cantonense jyutping: ou3 mun4 gwok3 fu6 gei2 nim6 gun2.
Este “slide” é da década de 60 (século XX), antes de 1966, já que a Casa Memorial apresenta-se toda engalanada para as comemorações do dia 10 de Outubro, dis nacional da República da China -中華民國 (Zhōnghuá Mínguó). Esta data deixou de ser comemorada em Macau, após os acontecimentos de 1-2-3 de 1966.
(3) Em 13 de Fevereiro de 1912, Sun Yat-Sen renunciou ao cargo de Presidente provisório da República da China, tendo voltado a Macau em Maio de 1912 (após 17 anos desde que ele visitou o território pela primeira vez) e Junho de 1913. Em Maio de 1912, O Dr. Yat-Sem, acompanhado por sua filha mais velha, Sun Wan, ficou duas noites num pavilhão no Jardim de Lou Lim Ieoc que era o presidente do Hospital Kiang Wu, onde o Dr Sun trabalhara como médico.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/casa-memorial-sun-yat-sen/
(4) Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/mercado-vermelho/
http://www.archives.gov.mo/pt/featured/detail.aspx?id=120
(5) Em Agosto de 1933, a Comissão de Terras concordou com o pedido de concessão de terras apresentado pelo Leal Senado da Câmara relativo ao uso gratuito de um terreno de 1,450 (mil e quatrocentos e cinquenta) metros quadrados, sito na Avenida Almirante Lacerda para construir um mercado.
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol 4, 1997.

Publicação em livro das crónicas/reportagens “Três meses no Oriente”, que o autor Redondo Júnior (1) jornalista do jornal “ O Século”, foi enviando ao longo de três meses para publicação neste jornal, em 1952, quando acompanhou a viagem do ministro do Ultramar, comandante Sarmento Rodrigues (2) às províncias portuguesas do Oriente.
O autor dá como introdução, uma “explicação” para esta publicação: (3)
“Durante três meses, viajei de Lisboa à India, Timor e Macau, com escalas previstas e imprevistas em Chipre, Port Said, Malaca, Singapura, Macassar, Manila e na providencial baía de Lingayen, ao Norte da ilha de Luzon.
Tivemos – os meus colegas e eu – uma missão a cumprir: narrar os acontecimentos relacionados com a visita do ministro do Ultramar, comandante Sarmento Rodrigues, às províncias portuguesas do Oriente.
Não podia, porém, ser-me indiferente o problema transcendente com que se debate o mundo asiático e, ao partir de Lisboa, estava bem presente no meu espírito a situação da Índia portuguesa, incrustada numa União Indiana que expulsara, não havia muito, os ingleses do Triângulo Industânico; de Timor, em íntimo contacto com uma indonésia de recente independência; e de Macau, com um cordão umbilical ligado à grande China , convulsionada pela revolução de Mao-Tse-Tung.
Regressei, pela via mais rápida, a Lisboa, por Hong Kong, Kowloon, Bangkok, Calcutá, Bombaim, Dharhan, Basra, Cairo, Roma e Madrid. E, na penúltima crónica publicada no Século, escrevi:
“… Não quis alijar responsabilidades. Mas sei que o futuro há-de pedir contas ao jornalistas que, tendo permanecido o tempo suficiente nas nossas províncias do Oriente para estudar os seus problemas, se limitou a vgas e mais ou menos literárias crónicasm de viagem. .. (…)
… Este é, portanto, o livro de um jornalista – de um jornalista que tem o maior orgulho na sua profissão e que tem procurado servi-la com dignidade. E, por isso mesmo, é um livro objectivo, onde só os factos avultam na estatura eloquente da sua verdade indesmentível!.

Capa e Contra-capa de Manuel Rodrigues

As crónicas com referência a Macau vão da pp. 201 a 208, com o título ”Tai-Hei”, dedicado a “D. Tcheong”; da pp. 211 a 215, “Com a viúva de Sun Yat Sen”, dedicado a José de Freitas e da pp. 219 a 223 “É tudo um jogo …” dedicado a Barradas de Oliveira. Desta última crónica, retiro:
Macau é, afinal, toda ela um jogo – desde o jogo de olhares, nas Portas do Cerco, entre as duas sentinelas postadas a dois passos uma da outra, de cada lado da fronteira, ao jogo das bandeiras nos arcos triunfais, com que o povo chinês comemora os seus dias festivos.
Com referência a Hong Kong, pp. 227 a 233 “Deusa oriental de um fabuloso país de gigantes”, dedicado a Ernesto Vársea Júnior.
(2) Ver anteriores referências em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/manuel-m-sarmento-rodrigues/
(3) REDONDO Júnior – Tai-Hei, Três meses no Oriente. Editorial – Século, Lisboa, 1952, 258p., 19 cm x 12 cm.
(1) José Rodrigues Redondo Júnior nasceu a 12 de outubro de 1914 e faleceu a 20 de outubro de 1991. De formação académica em Matemática e Engenharia Geográfica, enveredou pela carreira jornalística em 1936. Em 1952 foi redator do jornal “O Século” (fez diversas reportagens no estrangeiro, nas antigas províncias ultramarinas e ilhas adjacentes) depois chefe de redação da agência noticiosa Lusitânia, da revista “Mundo Gráfico” e do semanário “Vida Mundial”. Nesse mesmo ano foi-lhe atribuído o Prémio Afonso de Bragança com a série de reportagens “Três meses no Oriente” em “O Século”, como redator e “O Século” fez
Foi director de “O Século Ilustrado – jornal semanal de reportagens gráficas, propriedade da Sociedade Nacional de Tipografia.
Com especial interesse pelo teatro, traduziu, prefaciou e anotou obras dos mais representativos ensaístas desta expressão artística. Escreveu a comédia em 3 actos “O atrevido”, a alta comédia “Lar” e ainda um episódio teatral para uma personagem. Publicou os ensaios de estética teatral “Pano de Ferro” e a “Juventude pode salvar o teatro”. Foi também encenador e crítico e sócio honorário da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.
https://www.facebook.com/FigueiraNaHora/posts/
(2) Ver anteriores referências em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/manuel-m-sarmento-rodrigues/
(3) REDONDO Júnior – Tai-Hei, Três meses no Oriente. Editorial – Século, Lisboa, 1952, 258 p., 19 cm x 12 cm.

Em Março de 1986, com a presença do Encarregado do Governo, coronel Amaral de Freitas, (1) dos Secretários-Adjuntos, do Bispo de Diocese, além de diversas personalidades da Administração foi inaugurada a estátua em homenagem ao Dr. Sun Yat Sem, colocada na entrada do Hospital Kiang Wu. Este monumento ao reconhecido político e médico foi mandado erigir pela Associação de Beneficência da Hospital Kiang Wu, que assim se associou às celebrações do 61.º aniversário da morte do primeiro presidente da República Chinesa.

Foto : «Nam Van», n.º 23, Abril de 1986,p. 69

(1) O Governador Contra-Almirante Almeida e Costa foi exonerado a 8-01-1986, a seu pedido ficando encarregado do Governo, o coronel Manuel Maria Amaral de Freitas, comandante das Forças de Segurança de Macau. Nesse mês de Março a 9, Mário Soares tomava posse como Presidente da República Portuguesa e nomeou o professor Dr. Joaquim Pinto Machado como Governador que iniciou funções a 02-06 de 1986.
Sobre o Dr. Sun Yat Sem, ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/sun-yat-sen/

Mais dois postais (n.º 5 e n.º 6) da colecção de 10 postais intitulada “Ten Scenic Spots of Macau”, uma colecção especial emitida na ocasião da transferência de Macau, em 1999. (1)
Postal n.º 5. –“Ruins of St. Paul”
“The great ruined facade and staircase to the church of the Mother of God –now popularly know as St. Paul´s is the most famous landmark of Macau. The church was built from 1602 to 1635. In 1835 , a fire burned it to ground, leaving only the facade, the staircase and portions of a Wall

Verso do postal n.º 5

Postal n.º 6 – “Sun Yat Sen Garden”

“Sun Yat Sen was an important person of the Chinese modern revolution history. He had campaigned revolution in China, Hong Kong, Japan and western countries, this garden commemorates the significant erson (sic)”
Verso do postal n.º 6

O Parque Dr. Sun Yat Sen fica junto ao Canal dos Patos, e perto da fronteira com a República Popular da China, no local onde durante largos anos foram sendo depositados os lixos da cidade. Tem uma área de 5,7 hectares, foi aberta ao público em 24 de Junho de 1989, por ocasião do Dia da Cidade, e nele foi, em 12 de Novembro de 1990, descerrada uma estátua do Dr. Sun Yat Sen, fundador da República Chinesa (proclamada em 10 de Outubro de 1911). Encontra-se (será que continuam lá) neste parque um “jardim de palmeiras” constituído a partir dos diversos exemplares que foram removidos da rotunda Ferreira do Amaral. (4)
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/01/23/postais-ten-scenic-spots-of-macau-i/
(2) Ver anteriores referências às Ruínas de S. Paulo em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/ruinas-de-s-paulo/
(3) Ver anteriores referências ao Dr. Sun Yat Sen em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/sun-yat-sen/
(4) ESTÁCIO, António; SARAIVA, António – Jardins e Parques de Macau, 1993.

O Comandante do “Afonso de Albuquerque”, Samuel Conceição Vieira assumiu as funções de encarregado do Governo – função que apenas existia na ausência prolongada de um governador – a 5 de Agosto de 1946, no rescaldo da segunda guerra mundial, por um período de treze meses, em substituição de Gabriel Maurício Teixeira. (1)
Foi nessa qualidade que recebeu a 20 e 21 de Agosto de 1947 a visita de Sun Fo, (2) vice-presidente da República da China, filho de Suan Yat-Sen o fundador da República Chinesa em 1911. Uma visita destacada na primeira página do Diário de Notícias (Portugal) que titula “Macau visitada pelo vice-presidente da República da China A continuação ds amistosas relações entre portugueses e chineses foi enaltecida num discurso que ali proferiu“. (3)
Extraído do «BCG» XXIII, 1947.

O Vice-Presidente da República Chinesa Dr. Sun F, ao chegar a Macau, junto da guarda de honra feita por soldados portugueses. À esquerda, o encarregado do Governo, Comandante Samuel Vieira.

(1) 05-10-1940— No B. O. N.º 40 é nomeado o novo Governador, capitão de fragata, Gabriel Maurício Teixeira, por falecimento do Governador Artur Tamagnini Barbosa, tendo tomado posse a 29 de Outubro.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/gabriel-mauricio-teixeira/
05-08-1946 – O Comandante do “Afonso de Albuquerque” Samuel Conceição Vieira assumiu as funções de encarregado do Governo
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/samuel-da-conceicao-vieira/
1-09-1947 – O Comandante Albano Rodrigues de Oliveira chega a Macau e  é empossado Governador de Macau no dia 1 de Setembro de 1947, substituindo o comandante Gabriel Maurício Teixeira que tinha exercido o cargo desde 1940.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/albano-rodrigues-de-oliveira/

O jovem Sun Fo junto ao pai Sun Yat-sem

(2) Sun Fo ou Sun Ke (孫科) (1891-1973), nascido em Xianshan (hoje Zhongshan – Guangdong) e falecido em Taipei, filho de Sun Yat-sen (1866-1925)  e Lu Muzhen (1885-1915. Licenciado em “Master of Science”, pela Universidade de Columbia (USA) em 1917.
Vice-presidente em 1947-1948 do Governo Nacionalista, foi o 2.º Presidente da República Chinesa de 16 de Novembro de 1948 a 12 de Março de 1949. Exilado após a Guerra Civil Chinesa em 1949, fixou-se em Hong Kong até 1951. Depois esteve na Europa (1951-1952) e nos Estados Unidos até 1965, data que voltou a Formosa/Taiwan, após reconciliação com Chiang Kai-shek.
https://en.wikipedia.org/wiki/Sun_Fo
(3) Ver anterior referência a esta visita em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/10/13/noticia-de-13-de-outubro-de-1947-macau-sera-respeitada/

Da colecção dos postais emitida em 16 de Julho de 2005  com o tema “Macau Património Mundial” (1) apresento hoje o postal (15 cm x 10,5 cm) emitido nesse dia com o mesmo tema  e dedicado à CASA DO MANDARIM – um dos edifícios patrimoniais do Centro Histórico de Macau e inscrito na Lista do Património Mundial da Unesco em 2005.

澳門 世界 遺 產
MACAU PATRIMÓNIO MUNDIAL
MACAO WORLD HERITAGE

POSTAL - CASA DO MANDARIMConstruído antes de 1869, este foi o lar de arquitectura tradicional chinesa da proeminente figura literária chinês Zheng Guanying, cujos trabalhos sobre mercados económicos influenciaram tanto o Dr. Sun Yat Sen e Mao Tse Tung e que foram utilizados por eles promovendo grandes mudanças históricas na China. Este complexo residencial de estilo tradicional chinês que tem uma área de cerca de 4.000 metros quadrados também com espaços abertos, integra vários estilos arquitectónicos e  constitui o maior complexo residencial Chinês existente em Macau. Está localizado junto ao Largo do Lilau, um dos primeiros da cidade ao estilo das praças Portuguesas.
POSTAL - CASA DO MANDARIM verso(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/04/18/dia-internacio-nal-dos-monumentos-e-sitios-postal-macau-patrimonio-mundial/
Anterior referência à Casa do Mandarim em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/casa-do-mandarim/

Folha de lembrança (brochura sem selo) da emissão comemorativa do 120.º Aniversário do Nascimento do Dr. Sun Yat Sen, lançada pelos  Correios e Telecomunicações de Macau a 12 de Novembro de 1986.
FOLHA LEMBRANÇA SUN YAT SEn 12-11-1986O sobrescrito do 1.º dia de circulação, com o seu motivo e a reprodução do selo e a obliteração de 1.º dia.
O selo tem o valor facial de 70 avos.
FICHA TÉCNICA SUN YAT SEN 12-11-1986

Os dados técnicos em português, inglês e chinês

… O Dr. Sun Yat Sen está ligado a Macau por diversas formas e em diferentes fases da sua vida. Já seu pai se sentira atraído pelas luzes da cidade de Macau – ou a Baía da Deusa (Amak ou Amagau), como era conhecida então – pois, os cerca de quarenta quilómetros que separam a aldeia de Ch´oi Hang de Macau davam para ver, ao longe, o seu brilho cativante. Aprendiz de alfaiate em Macau, conseguidas algumas economias, o pai do Dr. Sun Yat Sen regressou à sua aldeia natal onde a experiência adquirida num mundo diferente lhe faz granjear vantagens. Não era habitual regressar-se do «outro lado». Mas o pai de Sun Yat Sen fê-lo e há quem interprete esse regresso como um traço de firmeza de carácter e sentido de família. Há mesmo quem admite que Sun Yat Sen herdou essas qualidades de seu pai.
Sun Yat Sen passou por Macau pela primeira vez com 12 anos, mo mês de Maio de 1878, para apanhar o barco que o levaria até ao Hawai ao encontro do seu irmão de seu pai.
Regressou de Hawai em 1883, com 17 anos. Nesse espaço de tempo, a semente de revolta germinara nele como fermento em massa. Já não era o jovem obediente e tímido. Vibrava com as injustiças e a escravatura a que o povo chinês estava sujeito pelos senhores manchus. …(…)
Mais tarde, mo Outono de 1892, com 26 anos e terminado o curso de medicina, decide vir estabelecer-se em Macau.
É ele mesmo que diz: «Acabado o curso de medicina, comecei a exercer a profissão em Macau e em Cantão. Foi em Macau que iniciei a minha carreira a e a minha vida de revolucionário. Ao longo de vários anos, quando não tinha aulas sempre viajava entre Hong Kong e Macau fazendo propaganda revolucionária sem medo nenhum.»
Começa a trabalhar, como médico, no Hospital Kiang Wu. Para o normal exercício da sua actividade clínica, com dinheiro emprestado, constitui a primeira farmácia Sino-Ocidental e procura modernizar os métodos tradicionais utilizados no Hospital.
Foi o Sr. Ung Jit Mei que serviu de fiador ao empréstimo por 5 anos contraído no Hospital Kiang Wu no valor de 2000 yun moeda de prata na altura…”
Manuel Coelho da Silva.

No dia 1 de Agosto de 1893, o jornal “Echo Macaense”(Ching-Hai Tsung-Pao), sob a direcção de Francisco Hermenegildo Fernandes (da Tipografia Fernandes) dava a notícia ( primeiro periódico a abordar este assunto) da presença em Macau do Dr. Sun Yat Sen. Dr. Sun visitara Macau aos 12 anos (1878). Agora já homem feito, regressava vindo de Hong Kong onde completou o Curso de Medicina e aceitou o Baptismo cristão. Apesar das dificuldades, o ilustre médico procurou introduzir o seu raio de acção a medicina ocidental (1)
O Dr. Sun exerceu clínica em Macau, no Hospital Kiang Wu cerca de 2 anos.  Residia no prédio n.º 19 de Leal Senado (demolido) e tinha também consultório no n.º 48  da  Rua de Estalagens, praticando medicina europeia e onde havia uma Farmácia Chinesa fundada pelo próprio (há uma iniciativa por parte do Instituto Cultural da RAEM para a recuperação desse prédio) (2)

POSTAL - Casa Memorial Sun Yat Sen década de 60POSTAL da década de 60, em inglês.
Residence of Dr. Sun Yat Sen / 澳門國父紀念館 ” (3)
Photo:  Chi Woon Kong (Distributed by Leung Wai Yin)

SUN YAT SEn 1912 - Lou Lim IeocEsta foto já por mim publicado em (4), foi tirada na recepção dada pelo fundador da República Chinesa, Dr. Sun Yat Sen, em Maio de 1912, em Macau, no Pavilhão Iong Sam Tóng da residência de Lou Cheok Chin ou Lou Kao e seu filho Lou Lim Iok (hoje Jardim Lou Lim Ieoc), onde esteve hospedado duas noites.
Na primeira fila, sentados, à esquerda da foto, Camilo Pessanha e ao centro da foto, ao lado do Dr. Sun Yat Sen, a esposa do Governador, e o Governador Álvaro de Melo Machado. Do lado esquerdo do Dr. Sun, a sua filha mais velha, Sun Wan e Francisco Hermenegildo Fernandes.

POSTAL - Casa Memorial Sun Yat Sen 1986Postal em inglês (copyright  Dept. of Tourism – D. S. T.) de 1986
Sun Yat Sen Memorial House (founder of the People Republic of China)”

(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 3, 1995.
(2) Outros locais em Macau relacionados com o Dr. Sun:
AGOSTO de 1905 – O Dr. Sun Yat-sen funda no Japão a Tong Meng Hui – Associação dos Revolucionários Chineses (também chamada: Liga Unida Revolucionária) que se estenderá a Macau em 1909 com sede no n.º 41 da Rua da Praia Grande. Além da Sede a associação contará com uma biblioteca – Le qun na Rua do Volong e outra na Rua do Hospital (hoje, Rua Pedro Nolasco da Silva) em frente ao ainda existente Capitol (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 4, 1997).
(3) Leio muitas vezes, artigos de jornalistas e mesmo de académicos apontando este edifício como “onde residiu o Dr. Sun Yat Sen“. LU Muzhen mulher de Sun Yat SenEsta é uma casa Memorial em sua homenagem (e não sua residência) mandada  fazer em 1912/1913, pela viúva Lu Muzhen e pelo filho,  Sun Fó /孫科, situado na Rua de Silva Mendes, na Flora. A chamada “mansão de Sun” foi reconstruída em 1933 e em 1958 tornou-se Casa Memorial e aberta ao público.
Lu Muzhen / 盧慕貞 (1867- 1952), primeira mulher de Sun Yat Sen que se divorciou em 1915 do marido, viveu em Macau nessa mansão de 1915 até o seu falecimento em 1952 (aos 85 anos de idade), com as duas filhas Sun Yan /  孫延, Sun Wan/ 孫琬.  (https://en.wikipedia.org/wiki/Lu_Muzhen) (4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/10/10/noticia-de-10-de-outubro-de-1911-leitura-macau-e-sun-iat-sen/
NOTA: anteriores referências a Dr. Sun Yat Sen em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/sun-yat-sen/
e aconselho leitura do artigo de Ricardo Pinto, no jornal “Ponto Final” de 13-01-2012, intitulado “SunYat-sen, herói e vilão”, disponível em:
http://pontofinalmacau.wordpress.com/2012/01/13/sun-yat-sen-heroi-e-vilao/

DicionárioChinês-Português 1962 CAPACapa dura sem as letras (amarelo-ouro) visíveis, gastos pelo uso.

Dicionário Chinês-Português 中葡字典, edição do Governo da Província de Macau, composto, impresso e litografado no ano de 1962 na Imprensa Nacional de Macau.
DicionárioChinês-Português 1962 LOMBADAA impressão deste dicionário iniciou-se a 16 de Fevereiro, estando presente o Governador, tenente-coronel do C. E. M., Jaime Silvério Marques.
Acabou de se imprimir este dicionário chinês-português na oficina litográfica da Imprensa Nacional de Macau, aos sete de Julho do ano de mil novecentos e sessenta e quatro.
Dimensões: 19,3 cm x 13 cm x 5cm (lombada), com 921 páginas.
A lombada também sem as letras bem visíveis.
DicionárioChinês-Português 1962 1.ª PáginaO livro é dedicado, como “homenagem do Governo de Macau, ao Dr. Sun Yat Sen (1866-1925). O Dr. Sun Yat Sen viveu em Macau, onde exerceu clínica médica. A sua residência, hoje museu, constitui um monumento da Cidade.
DicionárioChinês-Português 1962 Sun Yat Sen“O dicionário baseia-se, quanto à pronúncia cantonense, nos dicionários A CHINESE-ENGLISH DICTIONARY IN THE CANTONESE DIALECT, do Dr. Esrnest John Eitel, LE DICTIONAIRE CHINOIS-FRANÇAIS, do Pe. Louis Aubazac, e no Novo Dicionário Chinês, com pronúncia mandarina e cantonense, de Wong Chông T´óng, da Casa Editora K´wan Yick e, quando aos significados dos mesmos caracteres, servimo-nos, além dos citados, dos dicionários de Hóng-Hei, Ch´i-Yun, Ch´i-Hói e outros.” (2)
DicionárioChinês-Português 1962 InstruçõesComo exemplo duma apresentação dum caracter pronunciado em cantonense segundo este dicionário como «FÔK» , vemos todas as variantes deste “tom” nas páginas 192-195 (entre parênteses apresento a pronunciação em pinyina vermelho e em cantonense jyutpinga azul) (3)

DicionárioChinês-Português 1962 Pgs 192-193

fôk – Tira de pano. Letra designativa de mapa, parede, pintura, etc. (; fuk1)
fôk  – Felicidade. Auspicioso. (; fuk1)
fôk – Ventre, abdómen. (; fuk1)
fôk – Morcego. (; fuk1)
fôk – Réptil venenoso. (; fuk1)
fôk – Dobrado. Duplicado. (; fuk1)
fôk – Tornar a. Tombar. Derrotar. Responder.(; fuk1)
fôk – Raios de uma roda. (; fuk1)
fôk – Prostar-se. Esconder-se. Humildemente. (; fuk6)
fôk – Mais uma vez. Novamente. Repetir. Restaurar. (; fuk6)
fôk – – Vestuário, Submeter-se. Luto. Dose. Tomar medicamento. (; fuk6)
fôk – Raiz da China (botânica). (; fuk6)
fôk –Pano para embrulhar roupa. (; fuk6)

(1) 葡字典mandarim pinyin: zhōng pú zì   dian; cantonense jyutping: zung1 pou4  zi6 din2.
(2)  A Comissão encarregue da feitura deste dicionário era constituída por A. H. de Mello, Padre António André Ngan e Padre Luís Hó.
Recorda-se que o Padre (depois, em 1976, Monsenhor) António André Ngan Im-Ieoc (1907-1982) foi governador do bispado (1966) e vigário-geral (1966-1974), sendo o primeiro chinês a ocupar estes cargos. É autor de vários livros bilingues nomeadamente do mais antigo manual de estudo de português nas escola chinesas.
NGAN, António André – Método de português: para uso das escolas chinesas. Imprensa Nacional, edição de 1977.
Outro livro de grande interesse:
NGAN, António André, Monsenhor – Concordância sino-portuguesa de provérbios e frases idiomáticas. Macau : Associação de Educação de Adultos de Macau, 1998. – 274 p.; 24 cm. – Edição bilingue.
(3) Actualmente como acontece com a uniformização da romanização do chinês (mandarim) com o sistema pinyin, também para o cantonense se adopta o sistema jyutping, sistema que apresento no meu blogue. No entanto mantenho a minha consulta neste dicionário para tirar dúvidas, pois adopta uma pronúncia do cantonense que eu aprendi.

Em 10 de Outubro de 1911 dá-se a revolução do «Duplo Dez» na China com o fim do Império. Sun Iat-Sen implanta a República na China, após a revolta dos chefes militares em Han Kow (China Central) (1). Mas somente 1 de Janeiro de 1912 é proclamada a República Chinesa com a capital em Nanquim, ficando o Dr. Sun Yat-Sen como presidente provisório. A 12 de fevereiro de 1912 o Imperador Hsuan Tung (mais tarde Henry Pu Yi) da China uma criança, de 6 anos, foi forçado a abdicar, na sequência da revolta republicana (é o fim de 2 500 anos de governo dinástico na China) ”. (2)

A propósito do Dr. Sun Yat-Sen (3), Salinas de Moura deu no dia 10 de Outubro de 1947, em Macau, uma “conferência política a comemorar o Duplo Dez Chinês” que ficou registada numa publicação com 29 páginas, impresso pela Imprensa Nacional de Macau. (4)
Estiveram presentes nessa conferência, além do público em geral, o Governador da Colónia, Albano Rodrigues de Oliveira (5), o Sr. Lei Peng Seak, presidente do Kuomintang, (6) o Dr. Kuok Tze Fan, representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, e o Cônsul da Inglaterra.
Sun Iat Sen Salinas de Moura CAPA

“Comemora-se hoje a implantação da República Chinesa, que se deve à luta titânica e votiva, ao espírito esclarecido e patriótico de um Homem que se chamou Sun Yat-Sen.
Ele viveu em Macau parte da sua vida. Aqui exerceu a sua actividade política, sem tropeços e dificuldades diplomáticas. Ao clima acolhedor de Macau e à sombra tradicionalmente benévola para todas as raças da bandeira portuguesa, o ilustre homem de Estado estudou, meditou e traçou parte dos seus planos, talvez mesmo – quem sabe? – tivesse escrito muitas páginas da sua vida.”… (…)

Sun Iat Sen Salinas de Moura 1.ª Pág.

… (…) Sun Yat-Sen foi um chinês cultivado pelo pensamento ocidental, sem poder abstrair-se do “tónus” asiático da sua formação bioquímica perfeitamente diferenciada, sem poder isentar-se da formação psicológica da própria raça – cristalizada milhares de anos entre os conceitos morais de Mêncio e Confúcio, as abstracções místicas da lenda budista e a passividade resignada de quem sofreu tanto tempo o domínio dos Tártaros, Mongóis e Manchus. Mesmo em épocas de independência, a China vivia até há bem pouco tempo um atrazo social-político de idade feudal.” (4)

Sun Iat Sen 1912 Macau    Recepção dada pelo fundador da República Chinesa, Sun Yat-sen, em 1912, em Macau.
Foto tirada no Pavilhão Iong Sam Tóng da residência de Lou Cheok Chin/Lou Kao e seu filho Lou Lim Ioc (hoje Jardim Lou Lim Ioc).Participaram nessa recepção republicanos e alguns maçons conhecidos, entre eles, Francisco Hermenegildo Fernandes (grande apoiante de Sun Yat-sen, tendo protegído-o na sua fuga para o Japão em 1891).
Na primeira fila, sentado, à esquerda, Camilo Pessanha e ao centro da foto, ao lado do Dr. Sun Yat-sen, a esposa do Governador, e o Governador (7)

Sun Iat Sen Salinas de Moura O autorNa primeira página, um desenho do artista Neves e Sousa retratando o autor desta conferência, Salinas de Moura.
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 4.
(2) Han Kow, romanização de Hankou .   (“Han –chineses da etnia Han, junto ao rio Han) +  (“boca”), Em cantonense jyutping: hon3 hau2.

 

 

 

Sun Iat Sen(3) Sun Yat-sen 孫逸仙 (mandarim pinyin: sun yi xian; cantonense jyutping: syun1 jat6 sin1) nasceu em 12 de Novembro de 1866 e morreu no dia 12 de Março de 1925 em Pequim. Aos treze anos foi para Honolulu (Hawai) onde permaneceu até aos dezassete anos completando aí os estudos do curso secundário. Foi admitido no “Queen College “, em Hong Kong, onde se formou em medicina aos vinte anos de idade e fez estágio no Colégio Médico de Hong Kong, em 1892. Papel fundamental no derrube da Dinastia Qing, em Outubro de 1911. Primeiro Presidente da República da China, em 1912. Sun Yat-sen passou por Macau no ano 1878 quando tinha 12 anos, a caminho do Hawai e depois, fixou residência, já médico quando foi impedido de exercer medicina em Hong Kong, no ano de 1892. Trabalhou no Hospital Kiang Wu cerca de dois anos, regressando a Cantão.
Sobre Sun Yat-sen, aconselho leitura do artigo de Ricardo Pinto, no jornal “Ponto Final” de 13-01-2012, intitulado “Sun Yat-sen, herói e vilão”, disponível em:
http://pontofinalmacau.wordpress.com/2012/01/13/sun-yat-sen-heroi-e-vilao/
(4) MOURA, Salinas de – Sun-Yat-Sen, o fundador da República Chinesa. Imprensa Nacional, Macau, 1947, 29 p.
(5) O comandante Albano Rodrigues de Oliveira foi empossado Governador de Macau, nesse ano, a 1 de Setembro. Substituiu o comandante Gabriel Maurício Teixeira que tina exercido o cargo desde 1940 (período da II Guerra Mundial). O comandante Albano Oliveira tinha exercido anteriormente, em, Macau o cargo de Presidente do Leal Senado de 2 de Janeiro de 1935 a 3 de Janeiro de 1938 – embora substituído desde 13 de Outubro de 1937 por Luciano Botelho Costa Martins, sem explicação segundo Beatriz Basto da Silva (2).
(6) Kuomintang, Guomingdang ou Kuo-Min-Tang, 國國民黨 (mandarim pinyin: Zhōngguó Guómíndǎng; cantonense jyutping: zung1 gwok3 gwok3 man4 dong2 – tradução literal: Partido Nacionalista Chinês)  foi fundado após a Revolução de 1910, por Sun Yat-sen. O partido que governou a China 1928 (Chan Kai-shek liderou o partido após a morte de Sun Yat Sen, em 1925) até à tomada do poder pelos comunistas em 1949. Desde então, o partido governa  Taiwan onde era até 1986, partido único.
(7) Sun Yat-sen passou por Macau em 1912 (renunciaria ao cargo de Presidente, em 14-02-1912). Terá sido hóspede de Lou Lim Ieoc, apoiante de longa data do Dr. Sun Yat-sen. Era Governador de Macau,  Álvaro de Melo Machado (1910 até 14 de Julho de 1912). Primeiro governador republicano de Macau.
Referências anteriores a este Governador, em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/alvaro-de-melo-machado/