“Todos anos se repete, constituindo uma das mais curiosas tradições da cidade. No dia 13 de Junho os representantes do Leal Senado cumprem um velho ritual iniciado em 1783: o pagamento do soldo a Santo António na Igreja com o mesmo nome.
É que o padroeiro de Lisboa (e de Pádua) presta serviço militar em Macau desde 1725, ano em que foi alistado com a patente de soldado. Seis décadas mais tarde, em 1783, foi promovido a capitão. O pagamento do soldo remonta a essa época e era então de 240 taiés, o equivalente ao soldo de um capitão do exército português.
O pagamento sofreria prolongadas interrupções, desde o início do século XIX até meados do século XX. Anteriormente, o pagamento do soldo só havia sido interrompido por três anos, contra a vontade dos fiéis. No presente século, o soldo é pago sem interrupção desde os anos 50. Até à década de 70 a entrega do soldo à igreja era feito com todo o lustro dos grandes momentos. Não faltavam as autoridades da guarnição local e uma pequena força do exército a prestar as honras de ordenança ao Santo no adro da Igreja. Os sinos tocavam a repique quando o pároco recebia os representantes da edilidade.(2)
Actualmente o soldo pago pelo Leal Senado cifra-se em 45 mil patacas. Metade do contributo anual do Leal Senado reverte para o «pão dos pobres» (3) e o restante para gastos paroquiais. Em 1975 as forças militares portuguesas retiravam de Macau. Mas o Capitão da Cidade continuou no activo (1) (4)
(1) Leal Senado, Uma Experiência Municipal (1989-1997), p. 69.
(4) Esta tradição foi mantida até 1999 (ano da transferência da soberania de Macau para a R.P. da China).