No dia 27 de Julho de 1893, foi criado, por decreto desta data, o Liceu Nacional de Macau, (1) (2) (3) foi criado por Carta de Lei desta data, o Liceu Nacional de Macau. Foi entregue ao Reitor em Abril de 1894 o edifício do antigo Convento de Sto Agostinho, restaurado, para funcionamento desse estabelecimento escolar. (3) (4). Entretanto foi-se nomeando o corpo docente. (5) (6)
Extraído de «Echo Macaense», I-1 de 18/7/1893
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, pp. 300, 301, 306 e 309
(3) 28-09-1894 – Foi inaugurado o Liceu Nacional de Macau, instalado num Convento de Santo Agostinho, com uma simples visita do Governador Horta e Costa. Não se realizou nenhuma solenidade, por a família real se encontrar de luto. (1) (2)
(4) 21-10-1893 – Estudo das obras e despesas de adaptação do edifício do Convento, que seria depois o Quartel de Sto Agostinho, para instalação do Liceu Nacional de Macau. (2)
(5) Entre as primeiras nomeações: 14-04-1894 – Wenceslau de Morais é nomeado professor de Matemática Elementar do Liceu Nacional de Macau. (2) 16-04-1894 – Wenceslau de Moraes tomou posse do cargo de professor da 5.ª cadeira do Liceu Nacional de Macau, Matemática Elementar. O colega do 8.ª cadeira, Filosofia Elementar era Camilo de Almeida Pessanha (2)
(6) O Liceu foi Nacional de 1894 a 1898, com o curso completo; continuou coma designação de Nacional, mas sem a 6.ª e a 7.ª classes, de 1898 a 1918; foi Central, readquiridas essas classes, de 1918 a 1933; foi Nacional de 1933 a 1936, em que foi classificado como Provincial; voltou a ser Nacional em 1937 e assim se tem mantido até hoje. Por Portaria n.º 2350, de 17 de Julho de 1937, foi dado ao liceu por patrono Luís de Camões; mas, logo a seguir, por Portaria n.º 2366, de 21 de Agosto do mesmo ano, foi-lhe dado por patrono o Infante D. Henrique, visto haver em Lisboa um liceu com o nome de Luis de Camões. (TEIXEIRA , P. Manuel – Liceu Nacional Infante D. Henrique (1894-1969), 1969, pp. 146-147)
Publicação em 18 de Janeiro de 1919 (1) de um AVISO da Repartição do Serviço de Saúde, datado de 12 de Dezembro de 1918, e assinado pelo Chefe de Serviço de Saúde, José António Filipe de Morais Palha, (2) sobre a vacinação antivariólica
(1) Extraído de «BOGCM», XIX-3 de 18 de Janeiro de 1919,p. 27
Brochura (25 cm x 16,5 cm) com 16 páginas publicada com o título: “APONTAMENTOS GERAIS SOBRE AS OBRAS DOS PORTOS DE MACAU”, escrito pelo Administrador Delegado, Vice-Almirante Hugo de Lacerda, (1) sobre os acabamentos indispensáveis e desenvolvimentos a recomendar quanto a obras e dragagens para serem presentes ao Conselho de Administração das obras dos portos. Editado pela Direcção dos Obra dos Portos, impresso na Tipografia do Orfanato, em 1927.
Página 1
Página 3
MAPA
De interesse, anexado ao interior da contra-capa, um mapa dobrável: (aberto: 70 cm x 51 cm), “Esboço do Plano Geral de Futuras Obras em Conexão com a Primeira faze de Obras dos Portos de Macau e Possibilidade de Estabelecimento de vias Ferrias”, numa escala de 1:20.000 e assinado pelo autor, com data de 24 de Dezembro de 1926.
Projecto duma “Ilha da Rada” entre Macau e as duas Taipas
(1) “22-12-1911 – Hugo Goodair de Lacerda Castelo Branco (1860-1944) apresentou-se publicamente, em 22-12-1911, como Capitão dos Portos de Macau, Superintendente da Importação e Exportação do Ópio Cru e Director do Observatório Meteorológico. Foi professor interino do liceu em 1912, tendo regressado em 26-10-1912 a Portugal. Regressa a Macau em 1918 para dirigir as obras do porto de Macau até à extinção da Missão de Melhoramentos dos Portos de Macau, em 1919″.(2)
“1926 – Macau tem um Encarregado do Governo na pessoa de Hugo Carvalho de Lacerda Castelo Branco, notável técnico hidrográfico e para sempre ligado ao Porto de Macau. É importante referir a sua obra Macau e o seu Porto, Obras do Porto de Macau e o Extracto do Relatório dos Principais Serviços Prestados em Macau desde Dezembro de 1918 a Março de 1927,publicado no Boletim Geral das Colónias em 1928. Depois de cessar funções como Encarregado do Governo, Lacerda continua ligado às obras do porto até 26 de Março de 1927. O Almirante Lacerda como ficou conhecido e chamado numa das artérias de Macau, preocupou-se coma Brigada Sanitária que faltava sobretudo no bairro chinês, com o ensino, e com o policiamento. No seu governo foi publicada a Nova Carta Orgânica de Macau, a 4 de Outubro de 1926 e foi inaugurada a notável Exposição Industrial e Feira de Macau entre a Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida, Horta e Costa e Coronel Mesquita, ideia que vinha de Rodrigo Rodrigues mas só agora concretizada.” (2)
“22-07-1926- Nomeação de Artur Tamagnini de Sousa Barbosa para Governador de Macau mas também a nomeação, quase imediata e a título interino do Almirante Hugo de Lacerda para o cargo, até chegar o titular. Exoneração, na mesma data, do Governador Manuel Firmino de Almeida Maia Magalhães” (2)
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, pp. 61, 176 e 187.
Pedro Germano Marques viúvo, com 75 anos, faleceu na Sé a 15 de Dezembro de 1874. (1) Da 4ª geração da família macaense “Marques” de Macau, nasceu a 21 de Abril de 1799. Foi escrivão da Câmara. Era dotado de grande habilidade para o desenho (2) tendo desenhado e dirigido, entre outras obras, o primeiro projecto para o Teatro D. Pedro V, o primeiro teatro de estilo ocidental na China. Foi inaugurado em 1860 (a actual fachada foi delineada pelo Barão do Cercal, António Alexandrino de Melo em 1873 e restaurada em 1918 por José Francisco da Silva). Foi sepultado na Igreja de Sto. Agostinho.(3)
Fachada do teatro c. 1971
(1) “ No registo de nascimento é Pedro Germano; no de casamento é Pedro Gregório; e no registo de óbito é Pedro Germano! No entanto a documentação civil que se lhe refere chama-o sempre Pedro Germano” (FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume II, 1996, p. 562
(2) “Pedro Marques não era arquitecto nem engenheiro, mas tinha engenho e arte e foi ele que desenhou e dirigiu a construção do edifício, que saiu apurada. O Teatro D. Pedro V revela uma rara combinação das arquiteturas clássicas grega e romana coma portuguesa, de que resultou uma obra que nos encanta e dignifica” (TEIXEIRA, P.e Manuel – O Teatro D. Pedro V,1971, p.7)
(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 216
Continuação dos anúncios dos advogados e solicitadores que exerciam asua profissão (privada) em Macau no ano de 1921, publicados no «Anuário de Macau 1921», pp II –III- IV (1)
18-05-1918 – Concessão de passagem para a Metrópole ao Senador eleito por este círculo, Carlos de Melo Leitão (A.H.M. – F. A. C. P. n.º 525 – S- P) (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997) 28-05-1918 – Tendo sido eleito Senador pelo Círculo de Macau, na eleição em 28 de Abril de 1918, o tabelião privativo de notas desta comarca bacharel Carlos de Melo Leitão, ficou desde aquela data entregue ao seu ajudante, Henrique Nolasco da Silva, o respectivo cartório («BOGPM», , n.º 18 de 4 de Maio de 1918)
22-12-1916- Processo n.º 399 – Série N – Nomeação do advogado Henrique Nolasco da Silva, para ajudante do tabelião Privativo de Notário desta Comarca, Dr. Carlos de Mello Leitão. (Boletim do Arquivo Histórico de Macau, Tomo I – Janeiro/Junho de1985, p.199).
(1) Ver anterior em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/12/17/anuncios-de-1921-advogados-i/
ACTUALIZAÇÃO EM 01-05-2021 – Duas preciosas achegas a esta postagem, enviadas por Rogério Beltrão Coelho, sempre atento com os seus precisos apontamentos que muito agradeço.
1 – Constâncio José da Silva teve, de facto, escritório de advogado, mas não era formado em Direito. Beneficiou do estatuto de advogado provisionário. (Pormenores nas pp.18-22 do livro “Roque Choi: um Homem dois Sistemas”).
2 – Tudo leva a crer que Carlos de Melo Leitão nunca marcou presença no Parlamento português embora a viagem para Lisboa lhe tivesse sido concedida. (Pormenores na p.69 do livro “Roque Choi: um Homem dois Sistemas”).
Por iniciativa do Padre Francisco Xavier Rôndina, S. J. (1) efectou-se a 3 de Abril de 1864, uma quermesse no teatro D. Pedro V, em benefício dos órfãos do Seminário de S. José. Este mesmo jesuíta que veio para Macau em 1862, para ensinar e dirigir o Seminário de S. José, (2) era um defensor dos direitos humanos, denunciando os problemas sociais dos mais pobres e desfavorecidos, e promovendo os meios para sustentar os asilados nomeadamente os órfãos.
Mas só em 1900 por iniciativa do Provedor da Santa Casa de Misericórdia Pedro Nolasco da Silva (1842-1912) surgiu o “Asilo dos Órfãos” instalado no Tap Seac, mas que por razões económicas em 1918, foi extinta. (3) (4)
Em 1933, a “Associação protectora dos jovens pobres e órfãos”, que tinha o edifício alugado denominado «Novo Asilo dos Órfãos» na Travessa dos Santos n.º 2, encomendou a construção de um edifício próprio que seria denominado “Asilo dos Orfãos”. (5)
«Boletim Geral das Colónias», XII, n.º 134/135, Agosto/Setembro de 1936, pp.181
Para efectivação desta grande obra de beneficência, para angariação de fundos para a sua concretização, em Macau, Abril de 1936, (6) foi impresso e distribuído um “jornal” de 16 páginas (número único) onde se apresenta:
– Uma mensagem do Governador interino, Dr. João Pereira Barbosa
– Um “ante-projecto, para mostrar o partido tomado e em que ainda não há uma preocupação de detalhe”, elaborado por Keil Amaral, (7) acompanhado de uma “descrição do projectado para construção de um edifício na Rua da Horta da Companhia, (8) a pedido da Associação protectora dos jovens pobres e órfãos”, assinado pelo mesmo arquitecto.
– Um artigo intitulado “Querer É Poder”, história resumida do Asilo dos Órfãos até então, por Luís Nolasco (Macau, 18 de Março de 1936) (9)
Com desenho/projecto na 1.ª página da “Fachada principal do novo edifício do Asilo dos Pobres e Órfãos de Macau”
Planta do 1.º pavimento
Planta do 2.º pavimento
Planta da cave
Mensagem manuscrita do governador interino, Dr. João Pereira Barbosa de 8 de Abril de 1936.
NOTA – Apesar de ter havido lançamento da primeira pedra do edifico, em 23 de Junho de 1936, com projecto do arquitecto Keil do Amaral, na Rua de Horta e Companhia, não consta ter havido concretização desta obra pois não encontro nas minhas pesquisas, até hoje, qualquer informação sobre a inauguração ou trabalhos realizados nessa mesma rua e também porque os «Anuários de Macau» de 1938 (p. 442) e 1940/41 (p. 462) referirem uma nova morada para o Asilo dos Órfãos, na «Vila Flora». Acrescenta-se o facto de, em 13 de Fevereiro de 1924, num terreno denominado Horta da Companhia, doado à Irmandade da Misericórdia de Macau pelo Governo da Província, ter sido construído um edifício destinado para Asilo dos Inválidos, (10)
(1) 08-06-1862 – Chegaram a Macau os Padres jesuítas Xavier Rôndina (1827-1897) e José Joaquim de Fonseca Matos, os primeiros professores do reaberto Seminário. O Padre Francesco Saverio Rondina nasceu em Itália e aos 15 anos de idade ingressa na Companhia de Jesus e faz o seu noviciado em Roma. É enviado para Macau, tendo residido primeiramente, em Portugal entre 1859 e 1862, em Lisboa, no colégio de Campolide onde obteve a autorização régia para ensinar em Portugal, e posteriormente em Macau. Em 1862, passa pela ilha de Sanchoão, onde encontrou aí, a primeira sepultura de S. Francisco Xavier, que restaurou. Padre Rondina, depois de ter dirigido o Colégio de S. José em Macau de 1862 a 1871, devido à ordem que veio de Lisboa (os professores do Seminário teriam de ser obrigatoriamente de nacionalidade portuguesa e a aqueles que não cumpriam este requisito teriam de abandonar o território), abandona Macau com alguns colegas jesuítas e dirige-se para o Rio de Janeiro, onde permanecerá durante algum tempo mas, por motivos de saúde, regressa finalmente a Itália, em 1882. Nesse ano, quando conhece a obra educativa de S. João Bosco, sob a inspiração e nome de S. Francisco de Sales – os Salesianos – propôs a ida destes para Macau. D. João Paulino Azevedo (1902-1918) dá sequência à instalação dos salesianos em Macau, em 1906. (10)
Sobre a biografia e obra do Padre Rondina , aconselho leitura de: ARESTA, António – Cinco Figuras do Diálogo Luso-Chinês em Macau em file:///C:/Users/ASUS/Downloads/06-Cinco%20figuras__Antonio%20Aresta873-894.pdf
(2) TEIXEIRA, Padre Manuel – O Teatro D. Pedro V, 1971, p. 31.
(3) “1900 – Sendo Provedor da Santa Casa de Misericórdia Pedro Nolasco da Silva criou este grande vulto macaense o Asilo dos Órfãos, que ficou a cargo da mesma Santa Casa e instalado em edifício próprio, ao Tap Seac (hoje sede do Instituto Cultural do Governo da RAEM). A instituição foi extinta por medidas económicas em 1918, tendo recolhido e educado ao todo 182 rapazes, alguns dos quais atingiram lugares importantes dentro e fora de Macau. (10)
(4) “Havia antigamente o Asilo dos Órfãos da Santa Casa da Misericordia de Macau, instalado no edifício que a mesma Santa Casa propositadamente mandou construir ao Tap Seac e onde hoje funciona o liceu nacional. Um provedor, porém, em hora infeliz de confissão de incompetência e de comodismo propôs, e conseguiu, a sua extinção. Ficou, então, aberta uma lacuna na obra de assistência pública de Macau.” (Luis Nolasco) (6)
(5) “06-01-1933 – Foi inaugurado a 6 de Janeiro de 1933, o «Novo Asilo dos Órfãos», sob o patrocínio da «Associação Pública de Protecção aos jovens Pobres e Órfãos», alimentada com cotas mensais, sessões de animatógrafo e outras representações de benefício. Faltava um prédio adequado, porque o 1.º, ao Tap Seac, passou a ser o Liceu Central de Macau. Com a ajuda de muitas almas boas, entre elas o arquitecto Keil do Amaral e o Dr. Gustavo Nolasco da Silva (11), impulsionados por Pedro Paulo Ângelo, (12) o Asilo foi instalado na Travessa dos Santos n.º 2 e encontrou quem lhe permitisse continuar (10) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/01/06/noticia-de-06-de-janeiro-de-1933-novo-asilo-dos-orfaos/
(6) “O Asilo dos Orfãos”, jornal, número único, de Abril de 1936,Macau.
“ABRIL DE 1936 – Publicado um Jornal do Asilo com o título de “O Asilo dos Orfãos”, Número Único, com a história e o projeto de construção do edifício destinado a esta obra de assistência; ainda instalado na Travessa dos Santos, ali se utilizou a política de self-supporting-concern, com oficinas de tipografia e encadernação e professores (e material) concedidos pela Comissão Administrativa de Município, por proposta do Tenente Guedes Pinto. O projecto foi feito gratuitamente pelo arquitecto Keil do Amaral, sendo-lhe destinado um espaço cedido gratuitamente por diligência do Governador Interino, Dr. João Pereira Barbosa.” (10)
(7) Francisco Caetano Keil Coelho do Amaral (1910 — 1975) foi um arquiteto português ligado ao Modernismo, com destaque ao longo dos anos de 1940 e 1950, com responsabilidade projectual de importantes obras públicas, como por exemplo, Aeroporto de Lisboa, Feira das Indústrias de Lisboa, Parque Florestal de Monsanto, Lisboa etc. Completa o curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes de Lisboa e a primeira obra é de 1934 (Instituto Pasteur, Porto). Este projecto para Macau terá sido um dos primeiros trabalhos encomendados (não consta na sua biografia) já que só em 1936, é referenciado o concurso para o Pavilhão de Portugal na Feira Universal de Paris, onde esteve durante 1 ano para acompanhar a construção do pavilhão. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Keil_do_Amaral)
(8) A Rua de Horta da Companhia, em 1969, foi redenominada Rua de D. Belchior Carneiro (actual designação) nas comemorações dos 400 anos da chagada a Macau do Bispo D. Melchior.
(9) Dr Luís Gonzaga Nolasco da Silva (1881-1954; filho de Pedro Nolasco da Silva) foi presidente do Asilo dos Órfãos de 1933 (Travessa dos Santos, n.º 2) a 1938/1939 (Vila Flor) (Directório de Macau, 1933, p. 518 e Anuário de Macau, 1938, p. 442) (https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/luis-gonzaga-nolasco-da-silva/)
(10) (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, 2015, Volume II, p. 338; Volume III, pp. 161, 230,239, 251, 283)
(12) 14-07-1931- O Sr. Pedro Paulo Ângelo, fazendo parte da Mesa Directora da Sta. Casa, inicia uma subscrição pública para reerguer o Asilo dos Orfãos, instituição onde crescera e sustentada pela Santa Casa da Misericórdia até 1918 quando foi fechado por medidas económicas. Em 13 de Agosto de 1931, os Estatutos foram aprovados pela Portaria n.º 936 do Governo de Macau. Com a subscrição e mais algumas achegas finais, adquiriu-se uma soma de 10 mil patacas.” (10)
Na esplanada da Gruta de N. Sra. De Lurdes, na Penha, existia, mesmo ao centro, uma lápide de mármore, (1) contendo duas placas de cobre; na placa superior, as armas de D. João Paulino com o seu nome e as palavras: Adveniat Regnum tuum; na inferior, esta inscrição: (2)
Na parte inferior: O CABIDO DA SÉ CATEDRAL DE MACAU OFERECE E DEDICA ESTE MONUMENTO
Na parte superior: TRANSLADADO EM 6-2-1923 PARA A VILA DAS LAGES DO PICO – AÇORES
D. João Paulino de Azevedo e Castro nasceu a 4 de Fevereiro de 1852 na Vila das Lages do Pico, Açores, sendo filho de Amaro Adriano de Azevedo e Castro e de Maria Albina Carlota de Bettencourt. Terminados os estudos em Coimbra, licenciou-se em teologia na Universidade em Julho de 1879, sendo ordenado sacerdote em Angra a 31 de Agosto desse ano. Leccionou no Seminário de Angra, de que foi nomeado reitor em 1888; confirmado bispo de Macau por Leão XIII a 9 de Junho de 1902, foi sagrado a 27 de Dezembro; partiu de Lisboa a 23 de Março de 1903, chegando a Macau a 4 de Junho (trouxe consigo o seminarista teólogo José da Costa Nunes, que ficou a estudar no Seminário). Por provisão de 17 do mês seguinte fundou o «Boletim do Governo Eclesiástico da Diocese de Macau»
A 17 de Novembro de 1903, recebeu as Franciscanas Missionárias de Maria, a quem confiou o Colégio de S. Rosa de Lima; a 13 de Fevereiro de 1906, recebeu os Salesianos, a quem confiou o Orfanato da Imaculada Conceição. Em 1907-1908, conseguiu que as Missões Estrangeiras de Paris cedessem à Diocese de Macau a Missão de Shiu-Hingem troca da Missão de Hainão. Em 1917, publicou o livro intitulado «Os Bens das Missões Portuguesas na China», colectânea de artigos aparecidos no «Boletim Eclesiástico da Diocese». Faleceu na residência da Penha, em Macau a 17 de Fevereiro de 1918.(3)
(1) Esta lápide desapareceu do sítio durante a guerra sino-japonesa.
(2) Tradução: «Cristo, Alfa e Ómega. Aqui jaz D. João Paulino de Azevedo e Castro, bispo de Macau, homem dotado de profunda piedade para com Deus, insigne pela integridade de costumes, merecedor do amor e louvor da Pátria, o qual faleceu em Macau a 17 de Fevereiro de 1918. A paz seja contigo, bem como a alegria dos Santos (os gozos celestes)»
(3) Retirado de TEIXEIRA, P. Manuel – A Voz das Pedras de Macau, 1980, pp.82-83
Alfredo Pinto Lelo, (1864 (?) – ?) – advogado e tabelião público de notas, advogado privativo da Filial do Banco Nacional Ultramarino, foi Secretário-geral em Macau e Encarregado da Legação.(1) Foi eleito, em 25-09-1918 deputado pelo círculo de Macau (2)
(1) Apesar da sugestão e insistência de Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa, nada foi feito e o Boletim Oficial continuou a ser impresso na Mercantil, até que uma desavença entre o Dr. Alfredo Pinto Lelo (Secretário Geral em Macau e Encarregado da Legação) e Jorge Fernandes levou avante a ideia de Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa.
– Uma das suas últimas providências legislativas do governador Álvaro de Melo Machado até ao dia 14 de Julho de 1912- foi a Portaria de 21 de Fevereiro de 1912, que nomeia uma comissão composta por Alfredo Pinto Lelo, Carlos Melo Leitão, Manuel da Silva Mendes, José Maria de Carvalho e Rêgo e Luís Gonzaga Nolasco da Silva para estudar e dar parecer sobre a possível adaptação do decreto acerca da liberdade de imprensa e, ainda, saber se convirá que “o editor de qualquer periódico possa ser indivíduo de nacionalidade estrangeira”. A República precisava de saber com quem tinha de lidar. (Anuário de Macau 1921, p. 100)
(2) “25-09 -1918 – O Dr. Alfredo Pinto Lelo é eleito deputado pelo círculo de Macau. Viaja para Lisboa. É feita a entrega do cartório de tabelionato ao ajudante, Damião Rodrigues, nomeado por Decreto de 13-07-1918. (A. H. M. – F- A. C. P. n.º 552 –S-P) (SILVA , Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, p. 112)
João Mariano Gracias (1861-1942 (faleceu na sua casa na Rua Central n.º 1), proprietário e advogado provisionário. Gomes da Costa nas sua Memórias, diz que brincou com ele e que ele era «um verdadeiro diabo». Casou em 1889, com Carolina Ana Pereira Colaço
Filho de Vicente Miguel José Gracias (1819-1887), proprietário e vereador do Leal Senado e de Eufrosina Esmeralda dos Reis (? – 1900) e pai de Vicente José Gracias (1893-1954), interprete tradutor da Repartição do Expediente Sínico. FERRAZ, Jorge – Famílias Macaenses, II Volume, p. 135
Retrato oficial (póstumo) do Presidente Sidónio Pais (1937), por Henrique Medina. Museu da Presidência da República.
O Presidente da República Portuguesa, Dr. Sidónio Pais, 3.º Presidente eleito (primeiro e único eleito por sufrágio directo na 1.ª República) (Presidente – Rei como lhe chamou Fernando Pessoa), foi assassinado em Lisboa, vítima de um atentado, na Estação do Rossio, em 14 de Dezembro de 1918. (1)
Já em 5 de Dezembro, Sidónio Pais sofrera um primeiro atentado, durante a cerimónia da condecoração dos sobreviventes do Augusto de Castilho, do qual conseguiu escapar ileso. Não conseguiu escapar ao segundo, levado a cabo com dois tiros de pistola pelo ex-sargento José Júlio da Costa, (1893-1946) (republicano radica) na Estação do Rossio, acabando por falecer no Hospital de São José (Lisboa) (2)
Bilhete-Postal de 1919, (de autor desconhecido) retratando o assassinato do Presidente Sidónio Pais na Estação Ferroviária de Lisboa-Rossio, no dia 14 de Dezembro de 1918.
No Boletim Oficial (suplemento ao n.º 50), (n.º 11), de 15 de Dezembro, publicava-se ainda o telegrama enviado de Lisboa de 14-XII-1918 ao Governador de Macau, informando-o do malogro da primeira tentativa de assassinato “ … não teve consequências, assassino disparou de entre o povo que aclamava tendo falhado cartuxo…”
O conhecimento da morte foi publicado no 2.º suplemento ao N.º 50 do Boletim Oficial (N.º 12), de 18 de Dezembro. Telegrama de Lisboa do Ministro das Colónias, de 16-12-1918: “Sidónio Pais agredido tiros revolver estação Rocio ao embarcar para Porto falecendo momentos depois. …”
Um terceiro suplemento ao N.º 50 do Boletim Oficial (n.º 13) foi publicado no dia 19 de Dezembro, o Ministro das Colónias comunicava ao Governador Artur Tamagnini Barbosa, com a data de 17 de Dezembro da eleição por unanimidade de João de Canto e Castro da Silva Antunes (1862-1934) para Presidente (de 16 de Dezembro de 1918 a 5 de Outubro de 1919)
O Governador Artur Tamagnini Barbosa em 8 de Janeiro de 1919, tomou a resolução para que a Estrada da Flora passasse a denominar-se Avenida Sidónio Pais embora em chinês continuasse a ser conhecida pela fonte que aí se encontrava: “I Long Hao” (3)
(1) Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais (1872-1918), militar, professor universitário (formado em matemática) e político foi empossado Presidente da República a 9 de Maio de 1918, mas já liderava o Governo desde 12 de Dezembro de 1917 (por ausência de um presidente da República) após a “vitória” das forças revolucionarias” por si comandadas, a 8 de Dezembro de 1917. Em 1966, os seus restos mortais foram trasladados solenemente para o Panteão Nacional, na Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa, aquando da sua inauguração. A cerimónia ocorreu no dia 5 de dezembro e homenageou igualmente com estas honras outros ilustres portugueses. Antes disso, o seu corpo encontrava-se na Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos.
(2) Segundo algumas versões, as duas balas foram disparadas de duas direcções. O primeiro projéctil alojou-se junto do braço direito do Presidente, e o segundo, fatalmente, no ventre, fazendo com que a vítima caísse de imediato por terra. José Júlio da Costa faleceu em 1946, com 52 anos de idade, internado no Hospital Miguel Bombarda, depois de 28 anos de prisão sem direito a julgamento.
(3) “8-01-1919 – Resolução tomada pelo Governador para que a Estrada da Flora passe a denominar-se Avenida de Sidónio Pais. “ (A.H. M. – F.A.C., P. n.º 578 – S-R) .
Revista de Artelharia, Ano XV, n.º 175-177 – Janeiro-Março de 1919, p. 334
O Armistício de Compiègne, foi assinado em 11 de novembro de 1918 entre os Aliados e a Alemanha, dentro de um vagão-restaurante na floresta de Compiègne, com o objetivo de encerrar as hostilidades na frente ocidental da Primeira Guerra Mundial.
Os principais signatários foram o Marechal Ferdinand Foch, comandante-em-chefe das forças da Tríplice Entente, e Matthias Erzberger, o representante alemão.
Junto ao vagão, após a assinatura do armistício: em primeiro plano, o marechal Ferdinand Foch, ladeado pelos almirantes britânicos Hope e Rosslyn Wemyss. (1)
Apesar do armistício ter acabado com as hostilidades na frente ocidental, foi necessário prolongar o armistício três vezes até que as negociações do Tratado de Versalhes fossem concluídas e formalizadas no dia 10 de Janeiro de 1920. O Tratado de Versalhes, assinado em 28 de junho de 1919, foi o tratado de paz assinado pelas potências europeias que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial.Foram nomeados delegados portugueses à Conferência de Paz, Norton de Matos, Afonso Costa, Augusto Soares, João Chagas e Teixeira Gomes.
João José Soares Zilhão (1887 – 1979) – Alferes para a arma de Artilharia em 1910.Em 1913, já tenente, passou ao serviço do Ministério das Colónias, como ajudante de campo do Governador Geral Interino de Moçambique e esteve depois ao serviço da Direcção de Agrimensura onde executou serviços de triangulação e cadastro na região de Goba; De 1914 a 1916 efectuou diversos trabalhos em Moçambique, nomeadamente o cadastro predial de Moçambique e o cadastro geométrico dos terrenos da cidade de Lourenço Marques. Foi também comandante da Bateria Mista de Artilharia de Montanha e Guarnição de Moçambique.
Em1917, foi nomeado comandante da Bateria Europeia de Artilharia de Montanha e Guarnição de Macau. Em 1918 foi chefe da Brigada de Triangulação e Topografia para a visão dos azimutes da base da cidade de Macau e determinação dos pontos trignométricos das ilhas da Taipa e Coloane; estudou ainda o projecto de Artilharia e defesa do porto de Macau. Em 1925 foi comandante do 1º Grupo do 1º Batalhão de Artilharia.
Regressou a Portugal em 1927 onde prosseguiu diversas missões em que foi incumbido (entre eles: comandante da Escola de Defesa Contra Aeronaves, a chefia da Missão de Rectificação de Fronteiras da colónia da Guiné com o Senegal (1928), Governador Interino da colónia da Guiné (1931), director dos Serviços de Agrimensura da Colónia de Moçambique (1932), encarregado do Governo Geral da colónia de Moçambique e também do governo interino da província do Sul do Save (1936). De novo em Portugal, foi comandante do Regimento de Artilharia Ligeira nº 3 (1937), comandante da Escola Prática de Artilharia (1942), inspector interino da 2ª Inspecção de Artilharia e director dos cursos para a promoção a major e coronel das diversas armas e serviços. Em 1946 foi nomeado comandante militar de Moçambique. Passou à reserva em 1949. Nos anos 50, foi director da Companhia do Açúcar de Angola. Faleceu a 25 de Fevereiro de 1979. https://arqhist.exercito.pt/details?id=64265