Extraído de «Anuário de Macau, 1939, p. 81
Descrição da fortaleza de S. Francisco em 1866 (1)
“A antiga fortaleza deste nome, que havia sido construída junto do extincto convento dos religiosos franciscanos, onde era o quartel do batalhão de linha de Macau, foi demolido, assim como o extincto convento, em 1865, e começada logo a construir no mesmo local uma fortaleza, bem como no local do extincto convento um excelente quartel par o batalhão de linha, por determinação e debaixo da direcção do actual governador de Macau o Exmo. conselheiro José Rodrigues Coelho do Amaral. Tanto as obras da fortaleza, como as do quartel, estão quasi concluídas.”(1)
O padre jesuíta, José Montanha, na sua obra «Aparatos para a História do Bispado de Macau» no capítulo relativo às fortalezas e canhões de Macau dá-nos, a traço largos, o que era a Praia Grande, do ponto de vista de fortificações, no século XVII e XVIII:
FORTALEZA DE S. FRANCISCO – Está a Fortaleza de S. Francisco pegada ao convento qe tem um postigo na cerca dos Fades, e da parte de dentro, a porta da Fortaleza tem uma peça de 40 libras de bronze invocada N. Sra. de Loreto, outra peça de 20 libras de bronze invocada N Sra. do Rosário, segue-se outra peça de 18 libras de bronze, segue-se outra de bronze de 30 libras invocada S. Frc (Francisco), segue-se outra peça de 18 libras de bronze, e vindo correndo o pano de muro para a parte da cidade, e praia grande que acaba no princípio da Povoação da Cidade, aonde tem uma porta que sai para o rocio de S. Francisco, e correndo a praia grande a tiro de peça tem o BALUARTE DE S. PEDRO – que tem três peças, a saber, duas de bronze, e uma de ferro de 18 libras, e deste Baluarte a um largo tiro de peça correndo a praia até o BALUARTE DE BOM PARTO – que tem oito peças, a saber seis de bronze, e duas de ferro, uma de bronze de 30 libras, invocada S. Salvador e outra de bronze de 1libras invocada S. Mónica, e outra de bronze de 10 libras invocada S. Guilherme, e outra de bronze de 18 libras, mais duas de ferro de dez libras, e tem este Baluarte corpo de guarda, casa de pólvora, guarita e sino de sentinelas. https://nenotavaiconta.wordpress.com/2021/04/02/noticia-de-2-de-abril-de-1830-diario-de-harriet-l https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/padre-jose-montanha
(1) Extraído de «Almanach Luso Chinez de Macau para o anno de 1866», pp. 42-43 (2) Edward Ashworth, pintor e arquitecto (1814-1896) https://www.vialibri.net/years/books/97842784/1844-ashworth-edward-english-architect-1814-1896-fortaleza-de-sao-francisco-macao
O Ministério da Marinha e Ultramar autorizou, por portaria de 30 de Março de 1861 a demolição do convento de S. Francisco para se construir, em seu lugar um quartel para o batalhão de primeira linha. O desenho do Quartel e do Forte de S. Francisco, no lugar do antigo edifício, são da autoria do governador José Rodrigues Coelho do Amaral, que também dirigiu as obras.(1)
(1) Esta mesma notícia é dada por Beatriz Basto da Silva na «Cronologia da História de Macau , Vol II, 2015», em duas datas: 30-03-1851 (pág. 125) e 30-03-1861 (pág. 161). Luís Gonzaga Gomes nas «Efemérides da História de Macau», aponta para 30-03-1851. O correcto é 1861, conforme outras fontes.
A. Marques Pereira – Ephemerides Commemorativas .
30-3-1861 Quinta feira – Anuário de Macau, 1922, p. 14.
30-03-1861- «BPMT», XIII-13 de 1 de Abril de 1867, p 72
Ver anteriores referências: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/convento-de-s-francisco/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/quartel-de-s-francisco/
Foto publicada na «Illustração Portugueza», n.º 359 (p. 31) de 6 de Janeiro de 1913 (e neste blogue já publicada em postagem) (1) , esta com a legendagem mais pormenorizada.
Continuação dos apontamentos que o Governador Álvaro de Mello de Machado deixou escrito no seu livro “Coisas de Macau” (1913), nas pp. 132 e 133, (1) sobre os monumentos (com valor artístico) existentes até esse ano em Macau. (2)
“A gruta de Camões, visitada por todos os touristes, não é mesmo uma gruta, mas simplesmente um recinto limitado por grandes rochedos, entre os quaes se destaca um pequeno busto do immortal poeta, rodeado por várias poesias e fragmentos dos Lusiadas. O acesso à gruta, e o proprio recinto d´esta, estão tratados com cuidado, embora nada tenham de grandioso; mas o conjunto, auxiliado pela secular apparencia das arvores que constituem o jardim, e pela majestade rude dos rochedos, dá uma impressão vaga de melancholia, convida á meditação e arrebata, por vezes, o espírito á recordação d´esses tempos tão curiosos, tão replectos de grandes actos de abnegação e de bravura, e de tanta crueza e tyrania.
Há pouco tempo ainda, era objecto da curiosidade dos visitantes o pharol da Guia, simples candieiro de petróleo, a que um tosco machinismo de madeira conseguia imprimir um lento movimento de rotação, por ser o primeiro construído em toda a costa da China. Hoje, em seu logar, encontra-se um bello pharol de rotação, produto moderníssimo de uma das melhores casas constructoras. O machinismo do velho pharol, foi ocupar um logar de destaque na escola naval, e a visita á Guia é interessante agora pelo bello panorama, que das ameias da velha fortaleza se disfructa, mostrando completamente a pequena península com a nitidez de contornos de uma carta geográfica.
Afóra estas recordações históricas do passado de Macau, ainda se podem encontrar disseminadas, um pouco por toda a parte, uma série de lapides mais ou menos interessantes, abundando principalmente num antigo cemiterio, onde se encontram sepultados os restos de muitos dos primeiros europeus que vieram á China.”
(1) MACHADO, Álvaro de Mello – Coisas de Macau. Livraria Ferreira, 1913, 153 p. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/alvaro-de-melo-machado/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2021/02/19/leitura-coisas-de-macau-de-alvaro-de-mello-machado/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/gruta-de-camoes/
Mais um trecho dos apontamentos que o Governador Álvaro de Mello de Machado deixou escrito no seu livro “Coisas de Macau” (1913), nas pp. 131 e 132, (1) sobre os monumentos (com valor artístico) existentes até esse ano em Macau.
“ A despeito da sua antiguidade. Macau quasi não tem monumentos históricos, e é desprovido de qualquer obra que possa ter designação de artística. As próprias egrejas, que em todas as terras portuguezas costumam dar um bom contingente para os spcimens de arte, são n´esta colonia de uma probreza e simplicidade mais do que vulgares. Apenas, a fachada de uma egreja que se arruinou, (S. Paulo), erguendo-se ainda altiva e dominadora, por cima da extensa escadaria de pedra que lhe dá acesso, merece as atenções dos visitantes e é classificada como uma das curiosidades a observar.
De facto, alguma architectura existe n´essa fachada, que completamente desamparada se mantem erguida, desafiando os mais fortes vendavaes, como se mãos ocultas de gigantes a sustentassem. No entanto, o recinto da egreja está mal cuidado, servindo de logar preferido às reuniões da garotada da vizinhança, e de recipiente aos lixos e outras immundices, mostrando assim o pouco cuidado com que tratamos essas relíquias do passado, que em outros paizes merecem sempre as mais disveladas atenções.
O busto de Vasco da Gama, o pequeno monumento da batalha contra os hollandezes. O mausoleu que distingue o tumulo do coronel Mesquita, uma pequena lapide que marca o logar onde foi assassinado o governador Amaral, nada valem como arte e teem apenas utilidade histórica.”
(1) MACHADO, Álvaro de Mello – Coisas de Macau. Livraria Ferreira, 1913, 153 p. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/alvaro-de-melo-machado/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2021/02/19/leitura-coisas-de-macau-de-alvaro-de-mello-machado/
Extraído de «MBI», III-54, de 31 de Outubro de 1955, p. 8, sem indicação do autor.
Anteriores referências: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/colina-de-s-jeronimo-s-januario/
Continuação da publicação dos cinco postais (14 cm x 9,2 cm) de pinturas de Leong Ieng Wai numa embalagem (aberta 24,3 cm x 15 cm; fechada: 15 cm x 10 cm) intitulada: WELCOME TO MACAU. (1) (2)
Hoje apresento o n.º 3 – A-MA Cultural Village.
Aldeia Cultural de A-Má
Junto à mais alta estátua do mundo da Deusa A-Má (também conhecida por Tin Hau), no cume da colina da Ilha de Coloane, a Aldeia Cultural de A-Má é um complexo cultural de 7,000 pés quadrados de área, que homenageia a lenda e venera a Deusa dos marinheiros e pescadores. A aldeia é constituída essencialmente por um portão de entrada em estilo de pavilhão chinês, pelo Templo Tin Hau com um altar em mármore esculpido e um dressing hall, além de uma torre com um sino e uma torre com tambores. Este grande complexo atrai muitos devotos e turistas interessados na Deusa A-Má. Muito próximo da aldeia existe um parque onde os visitantes podem descansar, ou caminhar até à magnífica estátua de A-Má, no topo da colina, e desfrutar de uma extraordinária vista da ilha. https://www.macaotourism.gov.mo/pt/sightseeing/other-attractions/a-ma-cultural-village
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2023/07/02/postais-cinco-pinturas-de-leong-ieng-wai-i/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2023/07/09/postais-cinco-pinturas-de-leong-ieng-wai-ii/