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Extraído de «BGU», XLV 525 Março de 1969, p. 129/130

“Na parede do Gabinete do Conservador foi a 29 de Março de 1969 inaugurada uma placa de metal amarelo, encimada com o scudo nacional, a cores , com os seguintes dizeres em português e em inglês:

A placa é de cobre, encaixilhada em teca, sendo obra de Eurico Francisco do Rosário.

José Maria da Ponte e Horta, Governador de Macau (1866-1868) determinou pela Portaria n.º 14 de 26-06-1868 que o serviço de registo predial se iniciasse a partir de 1 de Julho de 1868. A Conservatória do Registo Predial ficou instalada no edifício do Tribunal, assistindo à inauguração o Governador Ponte e Horta, o Juiz João Maria Ferreira Pinto e o presidente do Senado. Foi só a 1 de Janeiro de 1869 que se fez o 1.º registo do prédio n.º 28 da Rua dos Mercadores; em todo esse ano registaram-se apenas 5 prédios e no dia seguinte 50.

O Dr. Diamantino de Oliveira Ferreira foi nomeado em Maio de 1964.

NOTA: Um dos conservadores foi o Dr. Camilo de Almeida Pessanha, professor do liceu, nomeado Conservador a 16-02-1899. Como a lei não permitia acumulação de cargos, foi chamado ao Ministro a Lisboa, onde se apresentou a 5-10-1899; regressando a Macau, deixou o professorado, tomando posse do cargo a 23-06-1900. A 16-04-1904 foi nomeado juiz, passando a Conservadoria ao delegado do procurador da Coroa e Fazenda, Dr. Luís Gonçalves Forte (17-05-1904 – ?) . Em 1905, Pessanha caiu doente e a 13 de Agosto regressou a Portugal; chegou de novo a Macau a 18-02-1909; e agora vai acumular os cargos de Conservador e de Professor, sendo nomeado a 13-03-1909, professor de Economia Política e Direito Comercial no Instituto Comercial, anexo ao Liceu. Em Agosto de 1915 foi exonerado do cargo de Conservador, que servira durante 6 anos de 179 dias; apesar disso, ainda continuou no ofício até 12 de Maio de 1919, em que pediu exoneração, continuando no cargo de juiz. (TEIXEIRA, P. Manuel – A Voz das Pedras de Macau. 1980, pp.127-128).

Hoje dia 13 de Setembro de 2019, celebra-se o 15.º dia do 8.º mês – Dia do Festival do Outono, mais conhecido como a Festa do «Bate-Pau» ou das «lanternas»
Do “Ta-Ssi-Yang-Kuo – Arquivos e Anais do Extremo Oriente Português” (1) (pp. 392~393), a propósito dos “Costumes e crenças da China” de Francisco Pereira Marques, retiro o seguinte:
A lua corresponde ao mez de setembro é consagrada pelos chins à festa do bate-pau ou das lanternas a que eles chamam Chung – chau e os inglezes Mid Autumn festival, por coincidir com a quadra outomnal.

Caixa contendo quatro bolos bate-pau

Dá-se o nome de bate-pau a um bolo que os chins preparam n´esta ocasião, que é arredondado e parecido com um pastelinho com crosta de farinha, recheado de doces. Há varias espécies de bolos de bate-pau: uns que que só entra feijão; outros o mungo (2); outros a semente de trate (3); e outros o gergelim, amêndoa e toucinho.
Só durante esta lua ou pouco antes é que os chins preparam estes bolos para venda e exportação.
Tambem por este tempo os chins vendem caramelos em forma de castello, embarcação, jarro, etc.; pães de farinha figurando um porco de tamanho de trez e quatro polegadas, metido n´um cesto de bambú de feitio conico; bolos de massa de farinha muito dura coma configuração de um prato com pintura a côres, representando paisagens e figuras humanas, postos n´uma caixinha de papelão de forma circular, polygonal ou oblonga, segundo o feitio do bolo, com uma rede muito fina e transparente de cassa. Este bolo só é feito para ornato e presente às creanças.

Bolo Bate.pau embalado

O bolo de bate-pau é o symbolo da lua, e os chins chamam-n´o em dialecto mandarim Yué-ping 月餅 e em cantonense Yut—peang. Geralmente o seu peso nao atinge meia libra.
Os macaístas conhecem-n´o pelo nome de bate-pau, por ser preparado com um pau em forma de ferula, com um orifício no centro onde se mettem a massa de farinha e os recheios, carregando com a palma da mão para comprimil-o bem; e em seguida batem o pau com força, por duas ou tres vezes sobre a meza, para fazer expellir o bolo que é levado acto contínuo ao forno, a assar.
Todo este mez lunar é consagrado a esta festa, mas o decimo quinto dia da lua é o mais solemne.
As lojas, onde se fazem e vendem stes bolos, costumam ter nos seus terraços ou telhados um mastro com bandeiras e ou lanternas.”
(1) PEREIRA, J. F. Marques (“coligidos, coordenados e anotados” )- Ta-Ssi-Yang-Kuo, Archivos e annaes do Extremo-Oriente Português. 1899-1900. Série II, – Vols. III e IV. Edição S.E.C., !984.
(2) Mungo é uma espécie de feijãosinho que os chins do sul chamam Loc tau 綠豆(feijão verde) e, se não me engano, é o Phaseolus mungo, conhecido entre os ingleses pelo nome de “kidney beans”. Os chins cozem o mungo com jagra (melaço) fezes de assucar mascavado, a que chamam Wong-tong 黃糖 (assucar amarello) e vende-se em pães e se serve quente em chávenas como refrigerante, com o nome de Loc-tau-choc 綠豆粥(cozimento de mungo com jagra) e Loc-tau-sá  綠豆沙 (cozimento de mungo) , segundo o modo de o prepararem.
Quasi todos os navegantes que fazem viagens longas nas embarcações, costumam prover-se de mungo, e, quando a bordo há falta de hortaliça, os chinas borrifam agua sobre uma porção de mungo, que, ao cabo de dois ou três dias, gréla em espiga tenra.. Cozem-n´o como hervas e dão-lhe o nome de Teang-ká-choi 蛋家菜,, isto é, hortaliça dos barqueiros.
(3) Trate é uma planta aquática muito apreciada no Oriente. Os chins aproveitam toda esta planta, desde a flôr até a raiz, e denominam-na Lin-chi 蓮子… (…)
Os chins gostam muito da semente d´esta planta, que cosem com sopa e carne. Aproveitam esta semente para fazer doce e também preparam uma bebida, cosida com assucar e ovo de galinha e que servem ás chávenas, conhecida pelo nome de Lin-chi-kang 蓮子 羹 A sua raiz denominam Lin-ngan 蓮藕 e é apreciada para se cozer com carne de porco ou de vacca, e também fazem d´ella doce. Attribuem-lhe propriedades sedativas e anti-aphrosidíacas.
Anteriores referência a este festa em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/bolo-lunar-bolo-de-bate-pau-%E6%9C%88%E9%A5%BC/

Festa Chineza do Outono

Do livro de  Chrétien-Louis-Joseph de Guignes (1759-1845),  “Voyages à Peking, Manille et l’Île de France, faits dans l’intervalle des années 1784 à 1801”. 8vo. 3 vol. Avec Atlas in folio. Paris 1808
https://www.chineancienne.fr/17e-18e-s/de-guignes-voyage-%C3%A0-peking/

Notícia extraída do semanário “O Lusitano” no seu primeiro número (1), que aborda a greve que as “donas das casas das toleradas” fizeram face à publicação do novo Regulamento das meretrizes que foi publicado a 23 de Maio de 1898. (2)

Extraído de “O Lusitano” Vol I, n.º 1 de 28 de Agosto de 1898

(1) Neste dia, 28 de Agosto de 1898, foi publicado o primeiro número do semanário “O Lusitano”, com redação na Calçada do Gamboa, sendo órgão do Conselheiro Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa e tendo por principais colaboradores João Albino Ribeiro Cabral, Horácio Poiares e João Pereira. Cessou a publicação em Dezembro de 1899. Publicou 70 números até 24-12-1899 (SILVA, Beatriz Basto da- Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995)
Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa (pai do Governador Artur Tamagnini de Sousa Barbosa), esteve em Macau de 1877 como 2.º oficial da administração de fazenda militar, fazendo parte do 3.º Batalhão do Regimento de Infantaria do Ultramar, onde exercia as funções de quartel-mestre. Foi depois nomeado, em 1879, contador interino da junta de fazenda de Macau e Timor. Voltou ao Reino em 1880. Regressou a Macau e 1882, tendo sido nomeado em 1884 inspector da fazendo provincial. Esteve colocado em Macau, 14 anos, 6 meses e 4 dias. (3)
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/artur-tamagnini-a-mota-barbosa/
João Albino Ribeiro Cabral (1839-1900) nascido do distrito da Guarda, veio para Macau frequentar o Seminário de S. José mas não chegou a ser padre tendo decidido ficar em Macau, onde foi tesoureiro da Junta de Fazenda Provincial e docente do Seminário S, José o o Liceu de Macau.
Avô do Dr. João Albino Cabral (1907-1983) que foi médico de 1.ª classe do quadro médico comum do Ultramar, colocado em Macau em 1939  e aqui exerceu até ao se u falecimento em 1983.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-albino-ribeiro-cabral/
Anteriores referências de:
O bacharel Horácio Afonso da Silva Poiares:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/horacio-poiares/
O bacharel João Pereira Vasco
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-pereira-vasco/
(2) 1.º Regulamento sobre a prostituição, em Macau, contendo as normas desta actividade profissional é de 11-09-1851.

REGULAMENTO DE 1898

Dado que as meretrizes continuaram a frequentar os restaurantes, as hospedarias e demais lugares proibidos, assim como continuavam a detectar-se irregularidades quanto ao registo e pagamento das taxas das casas toleradas, o Regulamento de 1898 (considerava “casa de meretrizes aquela em que houver uma ou mais mulheres cujo notório modo de vida seja prostituição ainda que tenha outro.”, veio salientar e precisar os locais determinando ao registo e pagamentos das taxas das casas toleradas. Assim “os registos serão feitos, quanto às casas chinezas, na Procuratura Administrativa dos Negócios Sínicos, e quanto às restantes na Administração do Concelho, pelos respectivos escrivães.”.
O Regulamento de 1898 classificava estas casas em três categorias para efeitos do pagamento de taxas: de 1ª classe todas as que tivessem mais de seis meretrizes, de 2a classe as que tivessem entre quatro e seis, e de 3a classe as que tivessem até três meretrizes
Sobre os aspectos da prostituição em Macau, sugiro a leitura de
NUNES, Isabel – Bailarinas e cantadeiras Aspectos da Prostituição em Macau
http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30015/1630

Mais postais antigos de Macau que circulam (alguns encontram-se á venda) nos sítios electrónicos.

POSTAL – The Guia Fort  Lighthouse, Macao
Sold by Graça & Co Hong Kong, China, 1899
POSTAL – Facade of the ancient Jesuit Church, Macao
Sold by Graça & Co., Hong Kong, China, 1899 
POSTAL – Macao – Panorama (1)
Sold by Sternberg, China ( ? 1890 1890)

(1) Este mesmo postal já anteriormente publicado (colorido). Ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/03/23/postais-macau-em-bilhetes-postais-antigos-ii/

Lembra-me perfeitamente de que me contaram que no sítio da Bocca do Inferno, próximo da Praia de Cacilhas (onde os hollandezes desembarcaram em 1622) (1) existia uma espécie de caverna ou furna por onde o mar entrava produzindo um ruido retumbante; e que no fundo d´essa caverna estava enterrada no lodo uma peça que, na vasante, se apresentava meio descoberta, comida de azabre ou de ferrugem, e era proveniente dos hollandezes que na fuga precipitada para os seus barcos a deixaram ali abandonada.
Bastantes vezes perguntei a pessoas vindas de Macau notícias da Bocca do Inferno e da tal peça, sem que nenhuma d´ellas mostrasse conhecer taes cousas. Já estava persuadido de que tudo não passava de fantasia infantil, quando, há tempos, tendo comprado n´um dos alfarrabistas de Lisboa uma valiosíssima planta de Macau, (que me parece autographa e inédita) de que nunca até então tivera notícia, lá vi marcada a norte da Praia de Cacilhas a já tão esquecida Bocca do infreno. Da peça é que não reza o papel. Que investiguem se existe ainda tal curiosidade os meus patrícios de Macau, se a água do mar a não comeu já de todo, ou se as ostras e mexilhões a não converteram á laia de rochedo ou pedregulho”. (2)
(1) Ver anteriores referências a este episódio da história de Macau em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/1622/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/monumento-da-vitoria/
(2) “Hollandezes contra Macau Comprovação de duas façanhas”  – Ta Ssi Yang Kuo Archivos E Annaes Do Extremo Oriente Portuguez , 1899-1900,  Série I – Vols I e II, edição 1984, p. 96.

Postal emitido pela Companhia “Green Island Cement C.º Ltd” de Hong Kong com fotografias das instalações de Hong Kong e da sua fábrica em Macau. (1) (2)
Anúncio de 1912, da mesma companhia, em Hong Kong, onde se encontrava a direcção da empresa, com a lista dos seus funcionários superiores (em baixo)
Extraído de «The Directory & Chronicle of China , Japan… », 1912»
(1) Entre 1882 e 1883, o comerciante chinês Yu Ruiyun fundou a Fábrica de Cimento da Ilha Verde. Por volta de 1886 terá sido vendida a uma empresa americana «Russell & Company» (3) que a revendeu a uma firma inglesa sediada em Hong Kong em 1891.
A Fábrica de Cimento prosperou até carecer de matéria-prima (pedra que deveria vir de Cantão) nos anos 30. Conservando o nome da Fábrica de Cimento da Ilha Verde, mudou-se para Kowloon, Hong Kong, e ainda hoje existe. (SILVA; Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997)
(2) “In 1898 or 1899, the  “Green Island Cement Company Limited” moved to a location on the harbour front at  Hok Yuen, an area in East Kowloon near Hung Hom where  a larger and more fully equipped factory was built. (The Macau “factories”  appear to have continued.)”
http://industrialhistoryhk.org/green-island-cement-company/
(3) “07-05-1886 – Celebrou-se um contrato entre o Seminário de S. José e Creasy Evens (solicitador judicial, representante da firma) que estabeleceu na Ilha Verde a «Green Island Cement Company, Limited», (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)
“1886 – Começou a funcionar, na Ilha Verde, a fábrica de cimento, a cargo de comerciantes ingleses que alugaram o local ao seminário de S. José. Tinha adjacente a produção de tijolos e de cal; além de servir Macau também exportava. Decaiu só quando, cerca de meio século mais tarde, deixou de receber matéria prima de Cantão. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 3, 1995)
08-02-1926 – Rescisão do contrato de arrendamento do terreno a sul da Ilha Verde com a área de 13.335 m2 feito a favor “The Green Island Cement Co Ltda”  (F.A.C. – Processo 15162 a 15175)
http://www.macaudata.com/upload_files/book/1065/p-163.html
1936 – Faliu a Companhia de Cimento que, por contrato celebrado pelo sr. Creasy Evans, com o Seminário de S. José, se estabelecer na Ilha Verde (SILVA; Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997)
NOTA: 1917 – A Rua do Hospital depois Rua de Pedro Nolasco da Silva, pavimentada nesta data pelas Obras Públicas, foi a primeira a utilizar, na sua pavimentação, cimento vindo da fábrica da Ilha Verde.  que começara a operar, por mão de ingleses, em 1886.

POSTAL –  Fábrica de cimento na Ilha Verde
Editor: M. Sternberg, c. 1900

Apresento o livro: “O Jardim do Encanto Perdido – Aventura Maravilhosa de Wenceslau de Moraes no Japão”, que começou a ser escrito por Armando Martins Janeiro (1), em Tokushima , em 1 de Julho de 1954,  dia da inauguração do monumento a Wenceslau de Moraes, e acabado de escrever em Tóquio, em Novembro do mesmo.

A edição original foi de 300 exemplares, “em papel arroz japonês, ilustrada com estampas a cores gravadas, por meio de blocos de madeira, em papel especial japonês, na Adachi Hanga Kenkyujo, de Tóquio, e impressa na tipografia Yoshikawa-do, de Tokushima, e na tipografia da Livraria Simões Lopes, do Porto. Foram publicados vários capítulos no jornal «O Comércio do Porto», onde Wenceslau de Moraes deu a conhecer, também em folhetim, a mais importante parte da sua obra” (extraído última página do livro)
Da parte interior da contra-capa retiro o seguinte:
SOBRE ESTE LIVRO: O Jardim do Encanto Perdido
Até hoje houve apenas um ocidental que se passou para o modo de vida oriental e que nos deixou o relato da sua invulgar experiência – foi o português Wenceslau de Moraes. Moraes foi viver para o Oriente, para o Japão, com o simples propósito de encontrar a felicidade, depois de se convencer que o sistema europeu perdeu o sentido fundamental da vida, se afastou do espírito essencial da obra da criação. Desiludido dos ideais do Ocidente, abandonou a sua carreira de oficial de Marinha e de cônsul ´, a família, a sua terra, por outro ambiente social e outros ideais, que lhe pareceram mais sãos e mais conformes à natureza humana. Moraes foi a primeira vítima da atmosfera de frustração e descrença em si mesma que invadiu a Europa já antes da primeira guerra mundial.. (…)
A pedido dum japonês, o próprio Wenceslau de Moraes traça a um ano antes de morrer a sua biografia, e em relação a Macau refere (in pp. 43-44)
De Macau visita repetidas vezes a China e o Japão. Com o lugar de imediato acumula outros cargos: é inspector da importação e exportação do ópio por um ano; é professor de língua portuguesa no Seminário de São José. Aluga uma casa que mobila, cuidadosamente, «descendo às minuciosidades». Gosta de observar os vizinhos chineses na sua lida diária, o formigueiro humano que passa na rua, dos garotos, das mulheres, dos vendilhões, dos mendigos. Com a sua predilecção pelas ciências naturais, vai plantando o seu jardim, madrugador, «passando as manhâs num cómico afã de jardinagem». Tem um companheiro, um cão chinês, Kowloon.
Começa Já a escrever impressões da vida de Macau, do que vê nas curtas visitas à China, pequenas histórias extraídas do que, no espectáculo que o cerca, lhe encanta os olhos ou lhe comove o coração sensível. Tem um grande amigo em Macau, o poeta Camilo Pessanha, a quem dedica as «Paisagens da China e do Japão».
Nas suas viagens ao interior da China, que nunca levou muito longe, poor terra, ou no seu barco, vai conhecendo o povo e a sociedade, que o repelem pela promiscuidade e mau cheiro das imundícies…(…)
Em 1898 teve um enorme desgosto na sua carreira – foi preterido no preenchimento da vaga de Capitão do porto de Macau por um oficial de patente inferior à sua. Orgulhoso e sensitivo como era, nºão quis ficar, como imediato, debaixo da autoridade do coelga menos qualificado. Surgiu-lhe a ideia do Japão, que desde há muito o atría. Pede ao Governo que o nomeie Cônsul no Japão. O pedido é atendido.Em 1899 vem instalar-se em Kobe.

Wenceslau de Moraes ajoelhado sobre as esteiras de palha de arroz (tatami), ao lado do braseiro (hibachi), como um japonês. Em frente, a caixa de fumar (tabako-bon) , onde se põe o tabaco, o lume sempre aceso e o delgado cachimbo japonês (kiseru)

(1) Armando Martins Janeiro viveu três anos no Japão, (como Primeiro Secretário de Legação em Tóquio, de 1952 a 1955; viria posteriormente a exercer funções de Embaixador de Portugal em Tóquio, de 1964 a 1971), visitou lugares e conversou co pessoas que conviveram  com Moraes, na pequena cidade de Tokushima, e reuniu grande número de documentos e escritos inéditos, de fontes japonesa e portuguesa.
Ver anterior referência em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/armando-martins-janeiro/
JANEIRO, Armando Martins – O Jardim do Encanto Perdido – Aventura Maravilhosa de Wenceslau de Moraes no Japão, Manuel Barreira-Editor, Porto, 1956, 245 p. + XCIX anexos “101 Bilhetes Postais Ilustrados de Wenceslau de Moraes”
Traduzida para japonês uma versão resumida – Yoake no Shirabe (Em Busca da Madrugada) – a que se juntaram os estudos Lafcadio Hearn e Wenceslau de Moraes – Dois Intérpretes do Japão e Bases Ocidentais e Orientais para um Humanismo Universal; tradução de Minako Nonoyama, Katsura Shobo, 1969.

Anúncio de 1922 publicado na imprensa escrita de Macau, da loja “Graça & Co» existente em Hong Kong, localizado nesse ano em “Wyndham Street” n.º 10 (1) onde se vendia selos, postais, artigos filatélicos, bilhetes postais, livros de orações, sementes de flores, brinquedos, etc.
A loja “Graca & Co” terá durado desde a última década do século XIX até alguns anos após a II Grande Guerra e hoje é lembrada pelos postais com a sua marca, verdadeiras relíquias de Hong Kong, Macau e China.
Exemplos de cópias de 4 postais de Macau de “Graça & Co”

Portas do Cerco circa 1890
Graça & Co. – Hong Kong, China
Boa Vista Hotel circa 1890
Graça & Co. – Hong Kong,China
The Guia Fort Lighthouse. The oldest Lighthouse on the Coast of China
Sold by Graça & Co, Hong Kong, China
Embora assinalado “1916” este postal foi impresso em 1899
Areia Preta – Bathing Beaches Macao circa 1899
Sold by Graça & Co., Hong Kong, China

(1) O blogue https://gwulo.com/, apresenta um anúncio da mesma “Graça & Co” de 1909, localizado no “Des Voeux Road”, n.º 17 , com  a venda dos mesmos produtos.

https://gwulo.com/atom/15917

Extraído de “Ephemerides da Semana” de AMP in «Boletim do Governo de Macau« XII-35, 1866.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/forte-de-passaleao/

Fotografia (autor desconhecido), de 1899, retirada de (1) com as seguintes indicações:

Macau – view of Praya Grande towards Penha Hill

– “Macao. L’hotel Boa Vista, Aout 99″ (1899)
– A late 19th century view of the Praya Grande of Macau. In the distance the Bela Vista Hotel stands prominently on Penha Hill near the waterfront.” 
(1) http://www.wattis.com.hk/gallery/photographs/9/6898/macau-view-of-praya-grande-towards-penha-hill.html