Archives for posts with tag: Cemitério dos Protestantes

No dia 1 de Agosto de 1834, sexta-feira, faleceu em Cantão, Dr. Robert Morrison, (1) primeiro missionário protestante que entrou na China. Esteve 27 anos ao serviço da sua Igreja no Oriente, 25 dos quais trabalhou, igualmente como tradutor da Companhia Inglesa das Índias Orientais. (2) O corpo de Morrison foi trazido para Macau por seu filho John e por Sir George Robinson, um dos superintendentes do Comércio Britânico. (3) (4)

POSTAL – Robert Morrison (1782-1834)
Verso do POSTAL – Robert Morrison (1782-1834)

Dr. Robert Morrison, nasceu em 5 de Janeiro de 1782, foi ordenado ministro na igreja escocesa, em Londres a 8 de Janeiro de 1807, e a 31 desse mês embarcou para a China como missionário da London Missionary Society. Chegou a Macau a 4 de Setembro de 1807 (5) e daqui passou para Cantão onde continuou os seus estudos de chinês com um católico de Pequim. A 1 de Junho de 1808, partiu para Macau para recuperar a saúde e em fins de Agosto voltou a Cantão já com a saúde restaurada; pouco meses depois regressou a Macau. A 20 de Fevereiro de 1809 casou com Mary Morton, (6) filha do Dr. Morton, médico irlandês da Companhia das Índias Orientais Foi então nomeado secretário e tradutor de chinês pela Feitoria Britânica na China com um salário anual de 500 libras. Foi, entre inúmeros trabalhos em chinês e inglês, (7) o compilador e editor do Dicionário da Língua Chinesa, em 6 volumes (Macau, 1815 a 1828) e o autor da primeira edição completa da Bíblia em chinês, que publicou em Malaca (2 volumes) em 1823 (2) (3)

POSTAL – Reverendo Dr. Robert Morrison e seus Assistentes. Quadro de George Chinnery (1774-1852)
Verso do POSTAL – Reverendo Dr. Robert Morrison e seus Assistentes. Quadro de George Chinnery (1774-1852)

(1) Robert Morrison encontrava-se em Cantão, acompanhando Lord William John Napier, primeiro chefe superintendente do Comércio Britânico na China que o nomeou secretário e intérprete chinês, com um salário anual de 1.300 libras. Lord Napier que sofreu em Cantão os primeiros sintomas da doença, faleceria a 11 de Outubro seguinte, em Macau, tendo pedido que fosse sepultado junto de Morrison, no Cemitério Protestante.

 (2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Volume II, 2015, p.70.

(3) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I , pp.276-279

(4) Para honrar a sua memória, fundou-se, a 24 de Fevereiro de 1838, a “Morrison Education Society in China”, sendo a escola aberta em Macau sob a direcção dum professor americano; esta escola foi transferida para Hong Kong, sendo montada numa colina, a oeste de Queenstown, colina a que se deu o nome de Morrison Hill. Hoje a colina desapareceu, mas o nome conserva-se na rua chamada Morrison Hill Road. (2)

(5) Segundo Beatriz Basto da Silva foi a 07-09-1807. “Robert Morrison chega a Macau, a caminho de Guangzhou (Cantão). É o primeiro missionário protestante na China e a ele se deve a tradução integral da Bíblia para chinês” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Volume II, 2015, p.12)

(6) Mary Morton faleceu em Macau, de cólera a 10 de Junho de 1821 sendo a primeira pessoa a ser sepultada no Cemitério Protestante, então comprado pela Companhia das Índias Orientais por 3 a 4 mil patacas. (2) A data á entrada da Igreja e do cemitério protestante, no Largo Luís de Camões é 1814, mas de facto, o primeiro enterramento só se deu em 1821.

(7) “01-05-1833 O célebre sinólogo britânico doutor Robert Morrison principiou a publicar o The Evangelist and Miscelânea Sinica que, após seis números foi suspenso pelo governo em Agosto a instâncias do Vigário Capitular da Diocese, o P.e Inácio da Silva (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Volume II, 2015, p.65.)

Anteriores referências neste blogue em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/robert-morrison/

Na tarde do dia 27 de Maio de 1836, chegou a Macau a armada americana composta pela corveta “Peacock” comandada pelo capitão C. K. Stribbling, e onde vinha o comodoro E. P. Kennedy, e a escuna “Enterprize” comandada pelo capitão Archibald S. Camphell (o nome do comandante no jornal não está correcta)

O comandante do “Entreprize”, Archibald S. Camphell vinha já doente e faleceu no dia 3 de Junho, vítima de uma disenteria.

Extraído de «O Macaista Imparcial», Vol. I n.º1 de 9 de Junho de 1836, p. 3

No dia 4 de Junho, pelas 5 horas da tarde, foi o funeral tendo assistido o Governador Bernardo Joze de Sousa Soares Andrea (governo: 1833-1837) tenho o Batalhão de Príncipe Regente prestado as honras fúnebres. Ficou sepultado na campa n.º 49 do Cemitério Protestante.

CAMPA N.º 49 : “The remains of Archibald S. Campbell Esq. who died at Macao in command of the Schooner Enterprize June 3d 1836. AET: 40. Erected to the memory of Lieutenant Commandant Archibald S. Campbell by the Officers of the U. S. Ship Peacock and Schooner Enterprize 1836

(TEIXEIRA, P. Manuel – A Voz das Pedras de Macau, 1980, p. 286)

Retrato do Dr. Thomas Colledge – pintura de George Chinnery (1838?)

José Baptista de Miranda e Lima (1) dedicou um “EPIGRAMA” ao Dr. Thomas R. Colledge, por altura da partida de Macau deste médico-cirurgião, versos esses recitados pelo autor em casa do pintor George Chinnery.

Extraído de «O Macaísta Imparcial», n.º 152 (Vol. 2; n.º 47) de 23 de Maio de 1838, p. 190.
Dr. Thomas R. Colledge e o seu assistente Afun, após uma operação oftalmológica a uma chinesa, quadro pintado por George Chinnery em 1833. Quadro em “Peabody Essex Museum, Salem, MA” http://visualizingcultures.mit.edu/rise_fall_canton_02/cw_essay02.html
Extraído de «O Macaísta Imparcial», n.º 152 (Vol. 2; n.º 47) de 23 de Maio de 1838, p. 190.

A 16 de Maio de 1838 partiu de Macau para Inglaterra (via Nova York) o médico-cirurgião Dr. Thomas R. Colledge (1797 – 1879) (2) que, em 1827, fundou em Macau um “hospital” oftalmológico em Macau que funcionou de 1827/28 a 1832, totalmente financiado pelo próprio. O hospital acudia a todo o tipo de doenças, embora concentrasse em problemas oculares. Terá atendido cerca de 4000 doentes. Foi um dos primeiros médicos europeus que enquanto trabalhava para a “British East India Company”, em Guangzhou (Cantão) e em Macau, como missionário fundou o primeiro hospital de medicina ocidental, em Cantão para os doentes chineses. Na partida, deixou como responsável o cirurgião americano, Dr. Peter Parker que se tornou o primeiro médico missionário a tempo inteiro para a comunidade chinesa. Em 1837, fundou e foi o primeiro presidente da Sociedade Médica Missionária da China (até à sua morte).

NOTA: O médico casou em Macau com a americana Carolina Mary Shillaber na capela do Cemitério protestante de Macau, em 1932, e o Governador João Cabral d´Estefique foi um dos convivas. Nesse mesmo cemitério (antigo Cemitério da Companhia das Índias Orientais) estão sepultadas três crianças irmãs, filhas do casal.

(1) Anteriores referências ao poeta J. B. Miranda e Lima https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-baptista-de-miranda-e-lima/

(2) Anteriores referências ao Dr. Thomas Colledge em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/03/25/noticia-de-25-de-marco-de-1820-introducao-da-vacinacao-na-china/

Continuação da leitura do livro “CHRONICA PLANETARIA (Viagem à Volta do Mundo) ” de José Augusto Correa, publicado em 1904 (1), referido em anteriores postagens (2)

“Uma das primeiras curiosidades de Macau que, naturalmente, o forasteiro procura vêr, é a afamada Gruta de Camões. A collina que a encerra é um pedaço do Bussaco transplantado ao extremo-oriente, assim como a avenida da Praia Grande é, em miniatura, a Promenade des Anglais, em Nice. Visitei a Gruta em um Domingo (22 de Junho). Ao aproximar-me do portão que, ao canto de uma pequena praça, dá entrada ao famoso recinto, ouvi canticos religiosos. Á direita de onde eles partiam vi uma fachada de egreja com uma porta aberta e entrei. Era um templo protestante, e na ocasião um padre inglez discursava. Retrocedendo tranpuz o portão e achei-me em face de um bello prédio azul que serve de repartição de obras públicas. (3) Na frente há um jardim. Contornando este, transpondo outro portão e descendo uma escada, penetra-se na pequena eden que inspirou o grande vate.

Segue-se no bosque um arruado amenisado por massiços de cannas e copado arvoredo, até que um caminho á esquerda, subindo o suave outeiro, nos leva ao local onde uma grande pedra, pousada sobre outras duas, cobre o busto, em bronze, do sublime épico, assente em um pedestal de granito. Sobre as quatro faces de base, estão gravadas outras tantas estancias dos Lusíadas e ao lado esquerdo, quatro grande pedras graníticas, encostadas as rochedo conteem sonetos dedicados ao cantor immortal. Este logar é impropriamente chamado gruta, visto que lhe falta a concavidade interior.

BUSTO DE CAMÕES NA GRUTA . 1957

É de crer que Camões se inspirasse alguns passos mais acima, no vértice da collina que domina o esplendoroso panorama do porto, da cidade, das ilhas circunvizinhas e de liquida imensidade. N´este alto está uma guarita de pedra e cal, onde de abrigou La Perouse, (4) ao acertar os instrumentos nauticos com que navegou para a imortalidade.”

(1) CORREA, José Augusto – Cronica Planetaria (Viagem à volta do mundo), 2.ª edição. Editora: Empreza da História de Portugal, Lisboa, 2.ª edição, 1904, 514 p. Illustrada com 240 photogravuras; 15,5 cm x 21 cm.

(2)https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/07/04/leitura-chronica-planetaria-de-jose-augusto-correa-i/

(3) Esta casa (Casa Garden) construída em 1770, era originalmente a residência de um rico comerciante português, conselheiro Manuel Pereira. Posteriormente, foi alugado para a Companhia das Índias Orientais.

Em 1885, o seu genro Lourenço Marques, que herdou a propriedade, vendeu-a ao Governo. Em 1887, instalou-se aí a Direcção das Obras Ppblicas, e depois em 1931, a Imprensa Nacional de Macau. Tornou-se parte integrante do Património Mundial da UNESCO Centro Histórico de Macau em 2005. Hoje em dia, é a sede da Fundação Oriente.

(4) Em 3 de Janeiro de 1787, fundearam, no ancoradouro da Taipa, os vasos de guerra franceses «Astrolabe» e «Boussole», e os seus oficiais, sob a direcção do Conde Jean François de Lapérouse. (1714-1788), que por ordem de Luís XVI fazia uma viagem de exploração científica à volta do mundo  Estiveram instalados no recinto da Gruta de Camões, onde efectuaram várias observações astronómicas. (SILVA, Beatriz Basto de – Cronologia da História de Macau, Volume 2, 1997)

Ver anteriores referências à Gruta de Camões, em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/07/15/macau-e-a-gruta-de-camoes-iv/

“No dia 13 de Maio de 1856 houve um leilão das casas denominadas do Barão sitas na rua da Praia do Manduco n.º 1 sendo de vinte mil patacas a base de licitação. As casas foram leiloadas pelo falecimento do proprietário Bernardo Estevão Carneiro” (1) (2)

O leilão foi publicitado no Boletim do Governo como “Avizo Judicial” de 24 de Abril de 1856 (3)

Extraído de «BGPMTS», II-27 de 26 de Abril de 1856, p. 108

No mesmo Boletim, na mesma página  e no nº seguinte, foi publicado outro anúncio, dos familiares do defunto (Bernardo Estevão Carneiro), Ana Maria Peres da Luz e Silva Carneiro (esposa) e Joaquim António Peres da Silva (genro) a contestarem a venda das Casas. (4)

Extraído de «BGPMTS », II-28 de 3 de Maio de 1856, p. 116

(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954

(2) Bernardo Estevão Carneiro (1785-1854) – não se sabe em que ano veio para o Oriente, mas em 1819 já vivia em Manila destacando-se no comércio. Em 1831 veio para Macau onde em 1825 tinha comprado o palácio da Rua da Praia do Manduco, que fora do Barão de S. José de Porto Alegre. Foi um dos mais ricos comerciantes e proprietários do seu tempo. Exerceu por duas vezes o cargo de procurador do concelho. Era proprietário do chamado «Jardim do Carneiro», sito na Bela Vista que sua viúva vendeu mais tarde a Cleverly Osmond para servir de Cemitério Protestante. Casou pela 1.ª vez em Manila, com Gertrudes Maria Pereira e pela 2.ª vez em Macau (1837) com Ana Maria Peres da Luz e Silva (1807-1888). Joaquim António Peres da Silva (1806-1861) era o genro de Bernardo Estevão Carneiro, casado com a 1.º filha do 1.º casamento, Vicenta Sabina Carneiro, nascida em Manila (1817-1907). FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume I, pp. 661-662

3) Boletim do Governo da Província de Macao, Timor e Solor II-27 de 26 de Abril de 1856, p. 108

(4) Boletim do Governo da Província de Macao, Timor e Solor, II-28 de 3 de Maio de 1856, p. 116

Extraído de «TSYK», III Ano, n.º 29 de 19 de Abril de 1866.

Clotilde Maria Martinho Marques (20-02-1841/ 6-09–1885) casou pela 1.ª vez em Lourenço a 15-04-1866 com William Augustus Read. (1) Deste casamento teve duas filhas, Clotilde Maria Marques Read (da Rosa) e Maria Salomé Marques Read (Leitão). Casou pela 2.ª vez em S. Lourenço a 23-11-1879 com Guilherme Augusto Barreto.

É filha de José Martinho Marques (1810 -1867) que estudou no Colégio de S. José e se especializou em chinês, seguindo depois a carreira de intérprete do Governo de Macau e de várias legações estrangeiras e de Vicência Maria Baptista (1811-1885), casamento em 1835. Tiveram 12 filhos. (2)

 (1)  William Augustus Read – 24 de Junho de 1843 (Clifton, Bristol, Gloucestershire, Inglaterra / 8 de Fevereiro de 1872 (28) São Lourenço, Macau. Filho de Henry Read e Maria Read. Irmão de Lucy Maria Read; Francis Henry Read; Frederick Hamlin Read; Charles Edward Read e Henry Arthur Read (2)

De religião protestante, engenheiro civil que trabalhou nas obras do porto de Hong Kong e depois, funcionário das Obras Públicas de Macau, responsável pelas obras do Porto Exterior. Faleceu em Macau (S. Lourenço) a 8-02-1872. (3) Está sepultado no Novo Cemitério Protestante da Bela Vista na Rampa dos Cavaleiros – campa n.º235 (4)

(2) https://www.geni.com/people/William-Read/6000000002010332548 (3) FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume II. (4) TEIXEIRA, P. Manuel – A Voz das Pedras de Macau, 1980

Fotografia da capa – Ferreira de Castro na Porta do Cerco

Livro de 1998, com o título “Macau e a China”, (1) uma edição especial bilingue (em português e em chinês) da Câmara Municipal das Ilhas (por ocasião das comemorações do Dia das Ilhas) contendo parte do relato de viagem que o escritor Ferreira da Castro (2) efectuou entre 1939 e 1944 com a sua mulher, Elena Muriel, nomeadamente a passagem por Macau e China, publicada no Capítulo “China” do seu livro de viagem “ Volta ao Mundo” (nas pp 467 – 522. (3)
Com um pequeno prefácio (p. 5) de Joaquim Ribeiro Madeira de Carvalho (então Presidente da Câmara Municipal das Ilhas) e introdução/nota bibliográfica de Ricardo António Alves intitulada «Ferreira de Castro na “Cidade de Lilipute”».
A propósito de uma foto do escritor na Gruta de Camões (p. 13), escreve Ferreira de Castro: (pp. 36-37)
“Atravessamos os bairros novos e subimos a outra colina, a de Camões. No seu glauco sopé fecha-se um vetusto cemitério protestante, com as suas marmóreas sepulturas em forma de caixas quadrilongas. Nestas velhas tumbas encontram-se alguns dos primeiros europeus que morreram no Extremo-Oriente, sobretudo alguns magnates ingleses da famigerada Companhia das Índias, senhores que foram de milhentas traficâncias e de fabulosas riquezas, agora em repouso e olvido entre as bravas ervas que crescem em derredor de seus mausoléus. Poetas, missionários, nautas britânicos e esbeltas loiras de Albion dormem também, sob o sol da Ásia, na vizinhança dos feros homens que só o oiro adoravam. Uma indiscrição, um lagarto sobre as letras já a desvanecerem-se e o silêncio que vai dum extremo a outro do cemitério, como presença inexorável.
Mais acima da necrópole, topa-se um pequeno museu e, depois, entramos nas verdes sendas da colina de Camões. É um admirável parque, cheio de amáveis recantos, de árvores seculares, de flores, de chineses que meditam sobre os bancos, de pares que buscam as sombras e de crianças que brincam nas clareiras. Situado junto ao porto interior, o outeiro oferece belas perspectivas sobre os juncos ancorados, a Ilha Verde, no flanco da península, e as distantes montanhas de Chung-Shan. A única coisa feia é , justamente, a gruta onde o épico teria escrito parte dos “Lusíadas”. Dois penedos verticais, sobre eles um penedo horizontal, eis o sítio que se julga eleito por Camões para nele trabalhar. Sugestivo seria, sem dúvida, o lugar no tempo em que o poeta desempenhou, talvez, em Macau, o burocrático ofício de “Provedor dos defuntos e ausentes”..Mas, hoje, com um pobre busto de Camões entre as rochas e várias lápides portugueses e chinas em derredor, o que houve, aqui, de rude, de beleza selvagem, transformou-se numa espécie de fruste necrópole. “

Macau – A Gruta de Camões onde o poeta teria escrito parte de «Os Lusiadas»
Legenda e foto da p. 482 do livro “A Volta ao Mundo” (3)

(1) CASTRO, Ferreira de – Macau e a China. Câmara Municipal das Ilhas. Direcção da edição: António Aresta e Celina Veiga de Oliveira, 1998,115 p. ISBN972-8279-23-X (Versão Portuguesa)

Capa + contracapa

(2) Na contra-capa do livro: “No Romance português há um antes e um depois de Ferreira de Castro (1898-1974). Este escritor autodidacta, de origens camponesas humildes, nascido no litoral centro de Portugal, emigrado aos doze anos incompletos, em plena Amazónia (1911-1914) e, depois como afixador de cartazes, marinheiro e, por fim, jornalista em Belém (1914-1919), capital do estado brasileiro do Pará, em cuja biblioteca leu avidamente Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós, Balzac e Zola, Nietzsche e Gorki; o literato que após o regresso ao seu país continuou no jornalismo, apenas como meio de sustento que lhe possibilitasse escrever os seus primeiros livros; o jovem Ferreira de Castro, aos trinta anos, com o livro Emigrantes (1928), mudou o rumo da ficção narrativa portuguesa, passando a ser uma das figuras de proa – ou a figura de proa – entre os finais dos anos vinte e a primeira metade da década de cinquenta” (Ricardo António Alves)
(3) CASTRO, Ferreira de – A Volta ao Mundo. Emprêsa Nacional de Publicidade, 1944, 678 p.
Anteriores referências a este escritor em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/01/05/leitura-a-volta-ao-mundo-ferreira-de-castro/

A notícia do suicídio do inglês Thomas Beale (cerca de 1775-1841) em Macau (já relatado em anterior postagem) (1), publicada no “The Chinese Repository” (em inglês) com o título “The late Thomas Beale” (2)

Retrato de Thomas Beale por George Chinnery

                                          ————————————————————————

————————————————————————

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/12/11/noticia-de-11-de-dezembro-de-1841-o-malogrado-thomas-beale/
(2) Extraído de “The late Thomas Beale” in “The Chinese Repository” VOL XI, 1842.

O Comodoro Unwin em continência à Guarda de Honra, após o seu desembarque
O Comodoro Unwin na visita ao velho cemitério dos protestantes de Macau

Extraído de «BGU»  XXXII – 367, Janeiro 1956.

Fragata «HMS Cardigan Bay»

Lançamento em 28th December 1944  Início das actividades de defesa em 1945, no Mediterrâneo onde esteve até 1949. Chegou a Hong Kong a 7 de Outubro de 1949, onde esteve estacionado e depois envolvido na Guerra da Coreia 1950-1953. De novo estacionado em Hong Kong com missões em Singapura e na China em 1959-1960.
«HMS CARDIGAN BAY» entrou em reserva em 1961 e dispensado da marinha inglesa em 1962. Posteriormente vendido para uma empresa escocesa.
http://www.naval-history.net/xGM-Chrono-15Fr-Bay-CardiganBay.htm
O Comodoro J. H. Unwin D. S. C. da Royal Navy foi promovido a almirante (“Rear Admirals”) em 8 de Julho de 1957. Retirou-se em 14 de Fevereiro de 1961.
É autor do artigo “Principles of War . The Acid Test”, publicado no jornal “Royal United Services Institution,”, Vol 92, 1947, n.º 566.
Poderá ler parte deste trabalho em:
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/03071844709433990

A Rua do Hospital foi em 6 de Junho de 1942 crismada com o nome de Pedro Nolasco da Silva, (1) por deliberação tomada em sua sessão ordinária de 22 de Abril de 1942.
“Recordava o antigo Hospital dos Pobres, fundado pelo bispo D. Melchior Carneiro pouco após a achegada em Junho de 1568, segundo ele próprio escreve: – «Quando cheguei ao porto de Macau, chamado do nome de Deus, havia aqui mui poucas habitações de portugueses e algumas casas de cristãos do país … Apenas cheguei, abri um hospital, onde se admitem tanto cristãos como pagãos. Fundei também uma Confraria de Misericórdia, semelhante à Associação de caridade de Roma: ela tem providenciado às necessidades de todos os pobres envergonhados e necessitados.»
Os chineses chamam a esta rua Pak Ma Hóng isto é, Firma do Cavalo Branco. É que outrora havia ali um edifício da firma «Fearon & Co». Fearon era cônsul de Hanover, (2) cuja bandeira era um cavalo branco em terreno vermelho. Como o escudo da fachada da firma e a bandeira lá flutuara nos dias festivos reproduziram o emblema de Hanover, os chinas crismaram a rua de Pak Ma Hóng.” (3)
(1) Ver anteriores referências a Pedro Nolasco da Silva em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/pedro-nolasco-da-silva/
(2) Christopher Augustus Fearon , (1788 – ?), cônsul de Hanover, dono da firma Fearon & Co. e agente da «East India Company». A sua esposa, Elizabeth Noad (1794-1838) está sepultada no cemitério protestante de Macau. Segundo Padre Teixeira (Toponímia de Macau, Volume II) o pintor George Chinnery, ao chegar a Macau, viveu alguns meses na Rua dos Hospital, numa casa de Christopher Fearon, mudando-se depois para o prédio n.º8 da Rua de Inácio Baptista, onde viveu até à sua morte em 1852.
In p. 139 de COATES, Austin – Macao and the British, 1637-1842: Prelude to Hong Kong, HKU Press, 2009. 231 p. , ISBN 978-962-209-075-0
Bandeira do Reino de Hanôver durante 1837—1866. Reino de Hanôver foi criado em Outubro de 1814 pelo Congresso de Viena, com a restauração do território de Hanôver ao rei Jorge III após a Era Napoleónica. O reio era governado pela Casa de Hanôver, em união pessoal com o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda até 1837, antes de ser conquistada pelo Reino da Prússia em 1866.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Han%C3%B4ver
(3) “Pedro Nolasco da Silva veio acabar com a Rua do Hospital que era o pregão altissonante da caridade portuguesa, recordando a memória do primeiro bispo de Macau D. Melchior Carneiro
TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997
白馬mandarim pīnyīn: bái mǎ hàng; cantonense jyutping: baak6 maa5 hong4.