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Boletim do Governo da Província d Macau Timor e Solor, Vol 6, n.º 27 de 24 Maio de 1851

Em 11 de Novembro de 1653, faleceu em Macau, o jesuíta Francisco Furtado, visitador dos jesuítas, que entrou a missionar na província de Tchit-Kóng no ano de 1621, depois, na província de Sim-Sâi, onde estabeleceu uma igreja em Sâi-On-Fu, a capital, tendo deixado várias obras escritas em chinês (1)

“Entrára a missionar na província de Tche-kiang no 57.º anno do 71.º cyclo da chronologia chinesa, – 1.º do reinado de Thian-ki dos Ming, e, pela nossa era, 1621. De ali se passou á província de Chen-si, e na capital d´ella, Si-gan-fu, estabeleceu uma igreja e casa. Na qualidade de visitador, desceu depois á de Kuang-tung, vindo a falecer n´esta cidade, onde jaz sepultado – Como outros muitos padres do seu instituto, escreveu e publicou varias obras em china, que n´outro livro menciono”(2)

Padre Francisco Furtado nasceu na ilha do Faial (Açores) em 1588 e aos 21 anos ingressou no Colégio dos Padres Jesuítas de Coimbra. Chegou a Macau em 1619, trazendo consigo uma biblioteca de 7000 obras, importante doação do Papa ao último Imperador da dinastia Ming. Foi Vice-provincial e Visitador na Missão da China, e ainda Superior, em Pequim, de 6 residências do Norte. (3) (4)

Em colaboração com o letrado chinês Li Zhizao (1565-1630), Francisco Furtado, missionário Português, conhecido na China por Fu Fanji, traduziu duas relevantes obras da filosofia ocidental vertidas do latim para o idioma chinês: o tratado cosmológico “Sobre o céu” (De caelo), de Aristóteles, e uma tradução parcial das “Categorias” (Categoriae), também do Estagirita. A primeira obra, um tratado de cosmologia, fora já objecto de aturado trabalho de Francisco Furtado quando, ainda em Coimbra, a publicara em oito volumes.” (4)

 (1) Anuário de Macau, 1922, p. 16 e GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

(2) PEREIRA, António Marques – Ephemerides Commorativas da História de Macau, p. 34

(3) https://escritoreslusofonos.net/2019/01/25/padre-francisco-furtado/

(4) https://www.facebook.com/novaportugalidade/ de 11 de Setembro de 2019

Em 2 de Novembro de 1849, foi exonerado, por decreto, o Capitão Feliciano António Marques Pereira (1) do governo interino de Macau, para o qual havia sido nomeado, pelo decreto de 22 de Outubro de 1849, em substituição do Conselheiro e Capitão de Mar-e-Guerra, João Maria Ferreira do Amaral, que fora assassinado. (2) Nesta mesma data foi publicado o Decreto que nomeava o Capitão de Mar-e-Guerra, Pedro Alexandrino da Cunha, para o cargo de Governador de Macau. (3) (4)

(1) Feliciano António Marques Pereira (1803-1864) casado com Maria Catarina Damasio Ferreira. (5) Assentou praça na Armada como aspirante em Fevereiro de 1821 e foi despachado guarda marinha em 1823. Subiu os diversos postos até ser promovido a capitão de fragata em 1859. Foi intendente da Marinha de Goa, comandante da corveta «D. João I» e da nau «Vasco da Gama», cargo que exercia quando faleceu. Comendador da Ordem de Aviz e cavaleiro da Ordem de N.ª Sr.ª da Conceição de Vila Viçosa. (Jorge Forjaz, Vol II, p.617)

Capitão de fragata, assumiu o comando da corveta  D. João I a 1 de Agosto de 1859 e  saiu de Lisboa a 28 de Agosto de 1859 e chegou a Macau em 15 de Março de 1860,  Em 29, foi embarcar na corveta o Governador de Macau, capitão-de-mar-e-guerra Isidoro Francisco Guimarães que seguia para o Japão na qualidade de ministro plenipotenciário a negociar um tratado de paz e comércio com os japoneses. A corveta em 5 de Agosto largou para Yokohama a fim de se abastecer. Chegou a Macau a 9 de Setembro de 1860.

Desta viagem fez uma descrição e publicou-a em livro: PEREIRA, Feliciano António Marques – Viagem da Corveta Dom João I à Capital do Japão no anno de 1860. Imprensa Nacional, 1863, 222 p. https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/09/09/noticia-de-9-de-setembro-de-1860-chegada-do-governador-no-regresso-do-japao/

Referências anteriores do capitão de fragata Feliciano António Marques Pereira e sobre a Corveta «D. João I» ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/feliciano-antonio-marques-pereira/

PEREIRA, Feliciano António Marques. [Relatório do Cônsul Geral de Portugal no Sião, Março de 1881] In: Boletim da Província de Macau e Timor. – Macau. – N.º 31 (30 de Julho 1881), p. 207-209.

 (2) Recorda-se que o assassinato do Governador João Maria Ferreira do Amaral foi a 22 de Agosto deste ano. Sucedeu-lhe, na administração da colónia, o Conselho do Governo, composto pelo Bispo da Diocese Jerónimo José da Mata, Juiz de Direito da Comarca Joaquim António de Morais Carneiro, Ludgero Joaquim de Faria Neves, Miguel Pereira Simões, José Bernardo Goularte e o procurador da cidade Manuel Pereira.

(3) 25-05-1850 – Desembarcou em Macau o Governador Capitão-de-mar-e-guerra, Pedro Alexandrino da Cunha que tomou posse, no dia 30 deste mês, vindo a falecer nesta cidade semanas depois (vítima da cólera) (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954). Padre Teixeira refere desembarque a 28-05-1850, falecendo a 6 de Julho do mesmo ano (Toponímia de Macau, Vol I, p. 16). Carlos José Caldeira em “Macau em 1850”, p.98 refere chegada do dito governador a 26 de Maio, tomada de posse a 30 e morte a 6 de Julho. António Marques Pereira nas “ Efemérides Comemorativas da História de Macau” refere tomada de posse em 29-05-1850. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/pedro-alexandrino-da-cunha/

(4)GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954

(5) O único filho, António Feliciano Marques Pereira nasceu em Lisboa, a 06-1839 e faleceu em Bombaim (India) a 11 de Setembro 1881). Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-feliciano-marques-pereira/

A. F. Marques Pereira regista nas suas Efemérides: «Chapa do Procurador da cidade de Macau ao mandarim do distrito, pedindo-lhe que mande fechar quatro lojas chinas, sitas na Prainha, onde eram aliciados os marinheiros a fugirem dos navios em que estavam contratados, para servirem noutros.

O chamado «mandarim do distrito» – que era o mandarim de Hian-Chan – respondeu que melhor seria evitar que os marinheiros fossem às ditas lojas beber vinho. No entanto, a 7 do mês seguinte (1), o mandarim Tcho-Tong proibiu as lojas chinesas de vender vinho aos escravos negros e marinheiros.

O mandarim Tso-tang de Macau, de apelido Ien, publicou um edital em 27 de Março de 1830, dizendo «que vindo ao seu conhecimento, que na Prainha, sendo lugar de embarque e desembarque da gente de Navios, se achavam estacadas muitas lorchas, tancares e choupanas, chamarizes de incêndio, como de facto sucedeu na noite da 2.ª Lua; pelo que ele mandarim já mandou demolir todas aquelas barracas e manda afixar este edital para que vós todos os tancares e chinas das barracas na Prainha saibais que vos é proibido daqui em diante fabricar mais barracas, nem estacar lorchas, para não ocasionar incêndios; se algum de vós se atrever a fazer, será agarrado e castigado. (2)

(1) Ver anterior postagem em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/10/07/noticia-de-7-de-outubro-de-1828-escravos-e-marinheiros/

(2) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, ICM, 1997, pp. 427/428

18 de Setembro de 1708 – “Neste dia se fes na Se Cathedral desta Cidade as Exequias  funebres pela morte do Sr Rey D. Pedro 2.º na forma e modo seguinte –Sahirão da Caza do Senado os Ministros e Officiaes do mesmo com varas alçadas acompanhados da nobresa e povo desta cidade todos vestidos de luto, e se dirigirão a Sé para assistirem as Vesperas do seu Officio. Ao Sahirem da Caza do Senado fóra da porta se quebrou o primeiro Escudo que levava no braço o primeiro Vereador que era o mais velho, dizendo – Chorai povo a morte do nosso Rey D. Pedro. 2.º – Ao pé de S.m Domingos se quebrou o segundo que levava o segundo Vereador com as mesmas ceremonias e ao pé da Se se quebrou o 3.º que levava o 3.º Vereador também na forma do primeiro.”(1)

19 de Setembro de 1708 – “ Se fes o Officio com Missa Cantada achando-se huma Eça no Corpo da Igreja magestozamente coberta de preto e illuminada por todos os lados: assistirão a esta função fúnebre o Gov. Diogo Teixeira Pinto, o Cap.º do Senado – O sr. Bispo D. João do Cazal e todos os lugares próprios de representação que tinhão. Os Conegos e Clero na Capella-mor cantando com muzica todas as partes do Officio – Fez a orção fúnebre com toda a Eloquencia própria deste acto o P.e João Mourão da Cp.ª de Jesus.” (1)

NOTA: Quebra dos Escudos – cerimónia praticada desde a morte de D. João I. Consistia em quebrar os escudos do rei falecido para os substituir pelos do novo monarca. O Regimento do Senado, feito na época de D. Manuel I, regulamentou esta cerimónia

D. Pedro II faleceu de apoplexia em 9 de Dezembro de 1706. Reinou de 1683 a 1706. Sucedeu a Afonso VI e foi sucedido por João V.

Retrato de D. Pedro II, autor desconhecido (séc. XVII).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_II_de_Portugal

OUTRAS FONTES: “18-09-1708 – Effectuou-se n´este dia, em Macau, a quebra de escudos pela morte de el-rei D. Pedro II, sendo esta cerimonia feita pelos tres vereadores, com grande acompanhamento do povo. Foi quebrado á porta do palácio do senado o escudo, defronte da igreja se S. Domingos o segundo, e o terceiro junto á sé catedral, onde o préstito assistiu a vésperas. No dia seguinte se celebraram, também na sé, as exéquias, com missa e officio, estando erguida ao meio do templo uma eça, magnificamente odornada e allumiada. Foram presentes a este acto o governador Diogo de Pinho Teixeira, o senado, o bispo D. João do Cazal, e as mais pessoas notáveis da cidade. Orou o padre João Mourão da Companhia de Jesus. (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954) (PEREIRA, A. M. – Ephemerides Commemorativas, 1868, p. 85)

Beatriz Basto da Silva na sua Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 215, data este acontecimento a 17 de Setembro de 1708 – Quebra de escudos por morte de D. Pedro II.      

(1) BRAGA, Jack M. Braga – A Voz do Passado, 1987, p. 25)

PEREIRA, A. Marques – Ephemerides Commemorativas …, 1868, pp. 78-79

“Francisco Lopes Carrasco tomou posse, como Ouvidor r Capitão de Terra de Macau, cargo necessário e urgente para defesa face aos ataques holandeses. Não se deu com o capitão-mor Lopo Sarmento de Carvalho e regressou a Goa em 1617. Veio depois D. Francisco de Mascarenhas (17 de Julho de 1623) mas, antes da sua chegada, já os jesuítas tinham alargado a cerca da sua propriedade e construído quatro baluartes da nova cidadela, no Monte. (1)

Quanto a Francisco Lopes Carrasco, por nada ter feito para as obras da fortificação da cidade e por serem muitas as queixas contra ele como Ouvidor, o Vice-Rei da Índia mandou que regressasse preso para Goa, tanto mais que foram muitos os excessos e as desordens por ele cometidos. Terá, apesar de tudo, devido à sua prática como militar em África e na Índia (era natural de Goa), contribuído para o projecto da Fortaleza de S. Paulo do Monte, juntamente com o Pe. Jerónimo Rho, S.J.”(2)

(1) PIRES, B. Videira – Taprobana…, p. 235

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p.119

Ver anteriores postagens: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/31/noticia-de-31-de-agosto-de-1616-governador-francisco-lopes-carrasco/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/02/10/leitura-a-fortaleza-do-monte/

PEREIRA, A. MARQUES – Ephemerides Commemorativas da História de Macau e das Relações da China com os povos Christãos, 1868, p. 77.

NOTA: O Padre Miguel de Amaral, Provincial dos Jesuítas, mandou vir a Macau o Pe. João António Arnedo, S.J., que missionava na Cochinchina. O rei deste país, Minh Vuong (Nguyen Phuoc Chu, 1691-1725) aproveitou-se deste ensejo para o nomear seu enviado, a fim de tratar do restabelecimento do comércio. O jesuíta chega a Macau a 27 de Agosto do ano de 1712, sendo recebido com todas as honras de embaixador. Tal como em Pequim, os Jesuítas gozaram de grande prestígio nas cortes da Cochinchina e de Tonquim e serviram-se da sua influência para bem de Macau. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 221)

“17-04-1713 – O Senado escreveu ao Rei da Cochinchina manifestando o seu aprazimento pelo facto de o mesmo ter enviado o Pe. João António Arnedo para reatar as relações comerciais entre esta cidade e aquele país”. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 222)

PEREIRA, A. MARQUES – Ephemerides Commemorativas da História de Macau e das Relações da China com os povos Christãos, 1868, p. 75

Ver anterior referência em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/03/23/noticia-de-23-de-marco-de-1868-o-relogio-da-torre-de-santo-agostinho/

PEREIRA, A. MARQUES – Ephemerides Commemorativas da História de Macau e das Relações da China com os povos Christãos , 1868, p. 73

Anteriores referências a este governador: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-da-gama-machado/

22-07-1702 – 1703 – governador Pedro Vaz de Siqueira (2.ª vez) 15-08-1703 – 1706 – governador José da Gama Machado

“15-08-1703 – Tomou posse da Capitania e Governo de Macau o Cavaleiro professo da Ordem de Cristo, José da Gama Machado, natural de Damão, filho de Manuel da Gama Machado e chegado a 7 de Agosto. Teve dissabores com os moradores; durante o seu governo registou-se a presença do Legado Apostólico, Carlos Tomás Maillard de Tournon, Patriarca de Antioquia, cuja vinda suscitou também inúmeras contendas, por causa dos direitos do Padroado do Oriente e dos Ritos Chineses. Dura administração, envolvendo Goa, Macau e Timor. Exercício até 1706” (SILVA, Beatriz Basto da –  Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp. 208-209)

15-08-1703 – Neste dia de Ascenção de N. S. tomou posse do Cargo de Governador e Capitão Geral desta Cidade José da Gama Machado, o qual veio em huma Fragata de Goa invocada N. S. das Neves e Capitão de Mar e Guerra Luís Teixeira de Pinto, sendo recolhido para Goa o seu antecessor na dita Fragata… (BRAGA, Jack – A Voz do Passado)

Neste dia, 13 de Abril de 1708,  a chalupa de Luís Abreu que seguia viagem com destino a Manila  conduzindo alguns padres dominicanos expulsos das missões da China pelo cardeal Tournon, Patriarca de Antióquia, (1) foi surpreendida por mau tempo, ao sair da ilha de Ladrão, indo parar a uma enseada abaixo de Tun-cam, a oeste de Macau, onde 12 cafres, que deviam ser vendidos em Manila, se revoltaram, apossando-se do barco . De volta a esta cidade, as autoridades pretenderam ao princípio, enforca-los, mas acabaram por os meter apenas na cadeia. (2)

PEREIRA, António Marques – Efemérides Comemorativas da História de Macau, pp. 34-35

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/carlos-tomas-maillard-de-tournon/ (2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)