Foi recebido em Macau com grande solenidade o Rei de Camboja, Somdach Préa Noradon, de 40 anos de idade, o qual, antes de reembarcar, condecorou Lourenço Marques então Presidente da Camara (1) com a comenda da Real Ordem de Camboja. O rei de Camboja visitou os lugares históricos e os principais edifícios públicos da cidade, reembarcando no dia seguinte, na corveta francesa Bourayne, em que viera.(2)
Continua …
(1) Lourenço Caetano Marques (1811-1902) exerceu o cargo de Procurador do Leal Senado de 1851 a 1856 e de 1859 a 1861; em 1865, foi eleito vice-presidente do Leal Senado e em 1871 Presidente do mesmo. (2)
Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/comendador-lourenco-marques/
(2) Informações recolhidas de TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX, 1942 p. 193.
O governador de Macau nesta data era Isidoro Francisco Guimarães (19-11-1851 a 1863) (1)
NOTA: Sir Hercules Robinson 羅士敏 (1824-1897) governou Hong Kong de 9 de Setembro de 1859 a 11 de Março de 1865.
Hercules George Robert Robinson, 1st Barão de Rosmead, foi o 5.º Governador de Hong Kong e depois, o 14.º Governador de “ New South Wales”, o 1.º Governador de Fiji, e o 8.º Governador de Nova Zelândia. https://en.wikipedia.org/wiki/Hercules_Robinson,_1st_Baron_Rosmead
Anterior referência a este governador em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/04/21/noticia-de-21-de-abril-de-1866-visita-do-governador-de-hong-kong/
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/isidoro-francisco-guimaraes/
O Governador Isidoro Francisco Guimarães que partiu para a Metrópole em 30 de Janeiro de 1863, deixou um Conselho do Governo (interino) sob a presidência do Dr. João Ferreira Pinto até à chegada do novo governador, José Rodrigues Coelho do Amaral que tomou posse a 22 de Junho de 1863 embora nomeado desde 7 de Abril de 1863.
A Polícia de Macau nessa altura era comandada por Bernardino de Senna Fernandes (1815-1893) que esteve como comandante de 14/10/1857 a 29/7/1863 (1)
Em 1861, após publicação da Portaria n.° 24 de 11 de Outubro de 1861, a Polícia de Macau passou a chamar-se por “Corpo de Polícia de Macau”. Em 1863, através da Portaria n.° 11, de 23 de Janeiro, o Governador, mandou adicionar um aditamento ao regulamento do Corpo da Polícia, parte integrante do Regulamento da Polícia, de 11 de Outubro de 1861. O aditamento era dividido em dois capítulos: Serviço Policial e, Delitos e Penas. O Comandante podia ser um oficial ou civil que merecia confiança do Governo e nomeado pelo Governador. O Corpo era constituído por 74 praças por cada divisão. Cada divisão composta por um oficial de linha, em comissão activa, um primeiro sargento, dois segundos sargentos, 6 cabos, 1 corneteiro e 74 soldados. Os oficiais da primeira linha venciam seus soldos pelo corpo donde eram destacados e a gratificação de cinco mil réis pela polícia, como comandantes de divisão. Os primeiros sargentos recebiam $15, os segundos sargentos $13, cabos $11, corneteiros e soldados $10. https://www.fsm.gov.mo/psp/por/psp_org_2.html
(1) Ver anteriores referências em : https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/bernardino-de-senna-fernandes/
A capela da Penha que foi construída em 1622, em resultado de um voto de marinheiros que recorreram a Virgem e foram atendidos, foi reconstruída totalmente (mais o Paço Episcopal) em 1837 (1), Sofreu nova reedificação em 1861. (2)
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 79
(2) Contracto feito na Procuratura, em 20 de Setembro de 1859, entre o Presbítero assistente da Ermida, Padre Maximo A. dos Santos e o empreiteiro china Atac, publicado no «BGM» VIII-2 de 14 de Dezembro de 1861, p. 6
Partiu da Rada no dia 23 de Abril de 1862, o navio do Estado “Martinho de Mello” comandado pelo 1.º tenente Álvaro Andrea, com destino a Lisboa, com escalas por Moçâmedes, Benguela e Luanda. Além da carga (1), levava para Lisboa, 16 militares de Timor que regressavam a Portugal, 20 praças do Batalhão de Macau, incapazes para o serviço, 5 civis, sem emprego. Para Luanda, levava 1 preso sentenciado a degredo M. F. Borralho (2) e 3 soldados do Batalhão de Macau que de Luanda seguiriam para Moçambique.
Levava também o 2.º tenente da armada, José Maria da Fonseca (3) finda a sua comissão, com a família.
(1)
(2) Está referenciado nas “Famílias Macaenses” de Jorge Forjaz na p.59, Manuel Francisco Pereira Borralho nascido em Lisboa cerca de 1820 mas com indicação que faleceu em Macau. Este é antepassado do jornalista Leonel Borralho. Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/leonel-borralho/
(3) O 2.º tenente José Maria da Fonseca foi Capitão do Porto de Macau de 1855 a 1861. Acompanhou na qualidade de secretário do governador Isidoro Guimarães na missão ao Sião em 1859.
Em 1859/1860 uma esquadra prussiana composta pela fragatas «Arcona», e «Thetis», (1) escuna «Frauenlob» e clipper «Elbe» iniciou no Rio de Janeiro uma viagem (expedição Eulenburg) com destino ao Japão, onde chegaria no fim de verão de 1860. A esquadra era comandada pelo Capitão Henrik Ludvig Sundevall (comandante da «Acona») e a fragata «Thetis» era comandada pelo capitão (mais tarde nomeado vice-almirante) Eduard von Jachmann.(2) A esquadra com excepção do clipper «Elbe» que seguiu viagem directa para Singapura (cidade onde embarcaria o diplomata Friedrich Albrecht zu Eulenburg que seguia para China para concluir o tratado de comércio com o imperador Qing), fez escala em Cape Town (África do Sul).
Em 2 de Setembro de 1860, a esquadra foi apanhada por um tufão em Yokohama (com perdas de vidas entre a tripulação, uma mulher e 47 homens). O resto da esquadra seguiu viagem de regresso com paragem em Shanghai em 1961 e depois Macau onde estiveram três dias.
Na viagem de regresso apesar das más condições do barco devido à sua longa viagem à Ásia, Eduard von Jachmann conseguiu levar a fragata, depois de uma tempestade severa que se danificou muito, nas águas de América do Sul, até S. Salvador da Baía (Brasil) , onde ficou para conserto.

(1) «HMS Thetis», fragata construída para a real armada Inglesa, início em 1843 (entrgue em 846) com 36 peças a bordo. Em Fevereiro de 1847 encalhou em Lisboa tendo sido enviado para Plymouth para reparação. Após 9 anos ao serviço da armada inglesa, foi vendida (trocada por 2 canhoneiras a vapor), em 1855, ao governo prussiano e integrado na armada naval germânica como navio de treino dos cadetes; em 1867 como navio escola, treino de artilharia. Em 1871, dado como incapaz para a armada. Convertido em armazém de carvão, afundou-se em 1894.
(2) Eduard Karl Emanuel von Jachmann (Danzig 1822 – Oldenburg 1887), primeiro vice-almirante nomeado na armada prussiana. Em 1840 entrou para marinha, depois de alguns anos na marinha mercante. Em 1848, foi nomeado comandante da corveta «SMS Amazone»; e entre 1859 e 1862, comandante da fragata «Thetis» (expedição Eulenburg à Ásia) e depois da fragata «Arcona». Esteve ao serviço até 1878. https://en.wikipedia.org/wiki/Eduard_von_Jachmann