A 2 de Fevereiro de 1705, morre em Macau André Coelho Vieira, (1) macaense, filho de Inocêncio Vieira de Campos, sendo sepultado no meio da Capela de S. Francisco Xavier da Igreja de Madre de Deus. Tomou posse do cargo de Capitão-Geral e Governador de Macau a 31 de Julho de 1688, governando até 1691. Em 1698 foi nomeado Governador de Solor e Timor, por ser «homem de bom procedimento e sã consciência e de excelente opinião naquelas partes», no dizer do Vice-Rei Luiz Gonçalves da Câmara Coutinho, em carta de 28 de Dezembro de 1698 a El-Rei. (2)
(1) 31-7-1688 – Tomou posse do cargo de Capitão-Geral e Governador de Macau, o macaense André Coelho Vieira que governou até 1691. Contra ele se queixou, amargamente e varias vezes, o Senado, ao Vice-Rei da Índia. Em 1698 foi nomeado Governador de Timor e faleceu em Macau, em 2 de Janeiro de 1705 (LGG Efemérides da Hx de Macau). In “Ephemerides da Semana”, Boletim do Governo de Macau XII-32 6AGO1866, p.129)
31-07-1688 – Nascido em Macau, André Coelho é nomeado, nesta data, Capitão-Mor da Cidade. O Vice-Rei D. Rodrigo da Costa cria feitoria oficial em Bornéu e a ideia de Macau ficar com todo o tráfego da pimenta gorou-se. E tinha de juntar, ao monopólio da coroa, as intrigas e concorrência dos muçulmanos. A actividade irritou o sultão que resolveu acabar com todo o trato com os portugueses. Processo judicial movido em Cantão contra Macau, com incriminação objectiva de membros do Senado. A questão acabou com a aceitação, por parte da edilidade, de um pagamento de 2.400 taéis. Tal como o seu antecessor, Coelho Vieira que cessou funções em 1691, foi em 1697 nomeado Governador de Timor e Solor. Contra ele se queixou, amargamente e várias vezes, o Senado ao Vice-Rei da Índia. Faleceu em Macau, em 2 de Janeiro de 1705. (2)
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp 194 e 210.
NOTA:Luís G. Gomes na sua “Efemérides da História de Macau”, de 1954, tem duas entradas de André Coelho Vieira, com datas erradas.
“01-01-1705 – Faleceu André Coelho Vieira, natural de Macau, cujo governo exerceu de 1688-1691. (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954, p.3).
02-01-1706 – Morreu em Macau, o macaense André Coelho Vieira, que foi Capitão-Geral e Governador desta Cidade, desde 1688-1691. Contra ele se queixou, várias vezes, o Senado ao Vice-Rei da Índia. Em 1698 fora nomeado Governador de Timor (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954, pp. 4-5).
A. F. Marques Pereira regista nas suas Efemérides: «Chapa do Procurador da cidade de Macau ao mandarim do distrito, pedindo-lhe que mande fechar quatro lojas chinas, sitas na Prainha, onde eram aliciados os marinheiros a fugirem dos navios em que estavam contratados, para servirem noutros.
O chamado «mandarim do distrito» – que era o mandarim de Hian-Chan – respondeu que melhor seria evitar que os marinheiros fossem às ditas lojas beber vinho. No entanto, a 7 do mês seguinte (1), o mandarim Tcho-Tong proibiu as lojas chinesas de vender vinho aos escravos negros e marinheiros.
O mandarim Tso-tang de Macau, de apelido Ien, publicou um edital em 27 de Março de 1830, dizendo «que vindo ao seu conhecimento, que na Prainha, sendo lugar de embarque e desembarque da gente de Navios, se achavam estacadas muitas lorchas, tancares e choupanas, chamarizes de incêndio, como de facto sucedeu na noite da 2.ª Lua; pelo que ele mandarim já mandou demolir todas aquelas barracas e manda afixar este edital para que vós todos os tancares e chinas das barracas na Prainha saibais que vos é proibido daqui em diante fabricar mais barracas, nem estacar lorchas, para não ocasionar incêndios; se algum de vós se atrever a fazer, será agarrado e castigado. (2)
PEREIRA, A. MARQUES – Ephemerides Commemorativas da História de Macau e das Relações da China com os povos Christãos, 1868, p. 77.
NOTA: O Padre Miguel de Amaral, Provincial dos Jesuítas, mandou vir a Macau o Pe. João António Arnedo, S.J., que missionava na Cochinchina. O rei deste país, Minh Vuong (Nguyen Phuoc Chu, 1691-1725) aproveitou-se deste ensejo para o nomear seu enviado, a fim de tratar do restabelecimento do comércio. O jesuíta chega a Macau a 27 de Agosto do ano de 1712, sendo recebido com todas as honras de embaixador. Tal como em Pequim, os Jesuítas gozaram de grande prestígio nas cortes da Cochinchina e de Tonquim e serviram-se da sua influência para bem de Macau. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 221)
“17-04-1713 – O Senado escreveu ao Rei da Cochinchina manifestando o seu aprazimento pelo facto de o mesmo ter enviado o Pe. João António Arnedo para reatar as relações comerciais entre esta cidade e aquele país”. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 222)
Neste dia, 13 de Abril de 1708, a chalupa de Luís Abreu que seguia viagem com destino a Manila conduzindo alguns padres dominicanos expulsos das missões da China pelo cardeal Tournon, Patriarca de Antióquia, (1) foi surpreendida por mau tempo, ao sair da ilha de Ladrão, indo parar a uma enseada abaixo de Tun-cam, a oeste de Macau, onde 12 cafres, que deviam ser vendidos em Manila, se revoltaram, apossando-se do barco . De volta a esta cidade, as autoridades pretenderam ao princípio, enforca-los, mas acabaram por os meter apenas na cadeia. (2)
PEREIRA, António Marques – Efemérides Comemorativas da História de Macau, pp. 34-35
“10-04-1822 – O coronel José de Aquino Guimarães e Freitas foi nomeado, pelo Governador José Osório de Castro Cabral e Albuquerque e Leal Senado da Câmara, para ir a Lisboa felicitar, em nome da cidade de Macau, el-rei D. João VI pelo seu regresso do Brasil, e o Soberano Congresso pela sua instalação. José de Aquino partiu de Macau para esse fim em 14 de Abril a bordo do navio “Scaleby Castle” da Companhia das Índias.” (1)
“Ephemerides Commemorativas da Historia de Macau; Das Relações da China com os Povos Christãos” (1867) (p.34) por António Marques Pereira
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954, p.72
Neste dia, 12 de Agosto de 1732, chega a Macau o navio «Corsário» trazendo o novo governador desta cidade, o Moço-Fidalgo António de Amaral e Meneses, (1) que tomaria posse do Governo a 18 de Agosto de 1731. Veio render a António Moniz Barreto.(2)
“Ephemerides da semana” in «BGM», XII- 34, 20 de Agosto de 1866, p.137
(1) “18-08-1732 – Toma posse e exerce o cargo de Governador e Capitão-Geral de Macau, António de Amaral Meneses. Chegara a 12 do mês no navio Corsário. Já o pai, Belchior Amaral Meneses ocupara o mesmo cargo de 1682 a 1685. Natural de Goa, além de militar, era tanador-mor (3) com provas dadas. Teve que resolver problemas internos que foi encontrar em Macau e sentiu-se espartilhado pelos “Privilégios” concedidos ao Senado por D. Rodrigo da Costa, que o impediam de exercer autoridade junto dos Vereadores, com quem teve, assim como com o Ouvidor, várias discórdias. Em 1733 pede ao Vice-Rei da Índia que o substitua, por demais desgostoso com o governo. O pedido foi aceite em 1734 (Janeiro), data em que, não tendo sido nomeado substituto, foram abertas vias de sucessão. O governo ficou entregue ao Bispo de Macau, D João de Cazal (4) (5)
(2) António Moniz Barreto, natural de Angra de Heroísmo, Açores, filho de Guilherme Moniz Barreto. Conflitos com o Ouvidor, António Moreira de Sousa, a quem mandou prender. Levou um mandato de seis e não de três anos, (de 11 de Agosto de 1727 a 1731) como habitual, e teve sempre o apoio de Goa. (5)
“O Moço Fidalgo António Moniz Barreto tomou posse do Governo de Macau, tendo sido um mau governador, segundo o Embaixador Alexandre Metelo de Sousa e Meneses. Mandou prender o Ouvidor António Moreira de Sousa com grilhões, numa fortaleza, mas conseguiu não só governar durante todo o seu triénio como dois anos mais.” (GOMES, Luís G. –Efemérides da História de Macau, 1954)
(3) No dicionário de Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo, não existe a palavra tanador mas sim tanadar – funcionário português que, na Índia, arrecadava as rendas das gancarias (assembleia de gancares – cultivadores de terras bravias na Índia Portuguesa)
(4) Um novo governador só é nomeado a 22 de Abril de 1738, tenho tomado posse a 25 de Agosto de 1738, Manuel Pereira Coutinho, natural de Goa. Não teve alterações notáveis no desempenho do seu mandato em Macau, deixando o cargo em 1743 e a cidade em 1744. (5)
“Ephemerides da Semana” in «B.G.M.», XII-35, 27de Agosto de 1866, p. 142
(5) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol I, 3.ª edição, 2015.
No dia 28 de Novembro de 1735, em Macau, grandes demonstrações de pesar ordenadas pelo Vice-Rei de Cantão, pela morte do Imperador Iông-Tcheng, ou Yung Cheng (雍正 Yongzheng) (1) com tiros de ampulheta, por espaço de 24 horas, salva no fim, pela Fortaleza do Monte e luto pelos homens bons da governança (2)
PEREIRA, A. Marques – Ephemerides Commemorativas da Historia de Macau e … 1868, pp. 118-11
(1) Yongzheng 雍正 (13-12-1678/8-10-1735) (nome de nascimento: Yinzhen 胤禛) foi o quarto imperador da Dinastia Manchu, e terceiro imperador Qing, tendo reinado de 1722 a 1735. Embora com um reinado de menor duração (13 anos) comparado ao do seu pai (imperador Kangxi) e do seu filho (imperador Qianlong) governou a China num período de paz e prosperidade, embora se conste que era muito cruel nas punições e castigos aos seus inimigos.
(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
NOTA – Governava Macau, Cosme Damião Pereira Pinto que chegou da Índia a 4 de Agosto e tomou posse a 24 de Agosto e governará Macau no seu 1.º mandato de 24-08-1735 a 27-08-1738; o 2.º mandato seria de 25-08- 1743 a 29-08-1747. O 4.º bispo de Macau, D. João do Casal que lhe entregou o Governo, faleceria a 20 de Setembro de 1735, com 94 anos de idade e 43 anos e três meses de governo do bispado. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015 p. 253) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/cosme-d-pinto-pereira/https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-joao-do-casal/
Pequeno livro , primeiro ensaio da história de Macau de FREITAS, José de Aquino Guimarães – Memoria sobre Macao. Coimbra na Real Imprensa da Universidade, 1828, 94 p., (20 cm x 11, 5 cm) (com encadernação: 20,5 cm x 12,5 cm x 1,2 cm) (1)
Encadernação, com lombada de pele decorada a ouro.
No frontispício: letra manuscrita “Oferta do Auctor” e “ natural da Província de Minas Gerais, Coronel de Artilheria, ex-Procurador da mesma Cidade, e actualmente Governador da de Coimbra“
Ilustrado com um quadro de dados da população cristã, homens de 14 anos para cima; homens, dito para baixo; mulheres e escravos por freguesias: Sé, São Lourenço e em S. António. (Capítulo XI, p. 14)
Do autor, José de Aquino Guimarães e Freitas, recolhi as seguintes informações:
I – “O Sr. A. Marques Pereira ocupou-se deste autor n’uma serie de artigos biobibliográficos publicada no Ta ssi yang kuo, de 1864, e aí leio: «Chegou (o coronel José de Aquino) a Macau pelos anos de 1815, e serviu no batalhão do príncipe regente, sob as ordens do brigadeiro Francisco de Mello da Gama Araujo, que mais tarde foi governador de Diu. Recebida em Macau, em 1822, a noticia do regresso de D. João VI a Portugal, o governador e capitão geral desta cidade, que então era José Osório de Castro Cabral e Albuquerque, nomeou o coronel José de Aquino Guimarães e Freitas (2) para passar a Lisboa com a comissão de felicitar a sua majestade e sua real família pela sua feliz chegada a seu país natal, e ao soberano congresso pela sua instalação e progressivo empenho pelo bem nacional, devendo ao mesmo tempo dar conta da «maneira satisfatória com que se tinha recebido e solenizado em Macau o novo sistema constitucional.» A esta nomeação se uniu o leal senado, conferindo a José de Aquino os poderes de seu deputado. Tratando-se desta possessão portuguesa, não devem deixar de comemorar-se aqui os importantes artigos e memorias, que a seu respeito se encontram nos Annaes Maritimos e Coloniaes”. http://www.castroesilva.com/store/sku/1311JC035/memoria-sobre-macao
II – “JOSÉ DE AQUINO GUIMARÃES E FREITAS, natural de Minas geraes; Coronel de Artilheria, e Governador militar de Coimbra em 1828. Tractando-se d’esta possessão portugueza, não devem deixar de commemorar-se aqui os importantes artigos e memórias, que a seu respeito se encontram nos Annaes Marítimos e Coloniaes (Diccionario, tomo i, n.° A, 335), na serie 1.» n.°s 8, 9 e 10-“ SILVA, Inocêncio Francisco da, Diccionário Bibliographico Portuguez, IV, , 1860, p. 249. file:///C:/Users/ASUS/Downloads/016843-04_COMPLETO.pdf
(2) “10-04-1822 – O Coronel José de Aquino Guimarães e Freitas foi nomeado pelo Governador José Osório de Castro Cabral e Albuquerque e Leal Senado da Câmara, para ir a Lisboa felicitar, em nome da cidade, o Rei D. João Vi, pelo seu regresso do Brasil, e o Soberano Congresso, pela sua instalação, seguindo para o seu desempenho desta missão, no dia 14 de Abril, a bordo do navio Scaleby-Castle da Companhia das Índias.” SILVA, Beatriz Basto da — Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995, p.44.
10 de Abril de 1822 – Ephemerides Commemorativas da Historia de Macau; Das Relaçõesda China com os Povos Christãos por A. Marques Pereirahttp://purl.pt/32607/2/
Trabalhando na sua especialidade de artilharia no batalhão português de Macau sob as ordens do Brigadeiro Dionísio de Melo Sampaio, José de Aquino Guimarães e Freitas apenas cumpriria uma tarefa prestigiante no território quando, em 1822, foi nomeado pelo governador e Leal Senado para representar em Lisboa a cidade na cerimónia de felicitações pelo regresso do Brasil de D. João VI”. SILVA, Beatriz Basto da — Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995, p.44.
A 13 de Julho de 1635, aportou a Macau o “London” o primeiro navio inglês que veio à China. (1) O investigador Rogério Puga (2) refere a data de 23 de Julho: “Após a suposta estada do escocês William Carmichael em Macau, um grupo de ingleses, acompanhados pelo feitor português Gaspar Gomes, parte, por proposta do vice-rei Conde de Linhares, de Goa a bordo do London em Abril de 1635 (sob o comando de Mattthew Willis) e chega à China a 23 de Julho, sendo recebidos com relutância quer pelos feitores portugueses que com eles viajam, quer pela oligarquia local. Gomes deve assegurar-se de que os marinheiros ingleses não causam distúrbios, não ofendem os residentes durante celebrações religiosas, ou bebem demasiado álcool, punindo severamente qualquer ofensa. De início não são os residentes de Macau que dificultam o desembarque dos ingleses, mas sim os portugueses que que viajem no London, travando as duas partes uma luta de interesses que termina duas semanas mais tarde, quando os agentes e três empregados da E.I.C. (“East India Company“) são autorizados a estabelecerem-se em terra- O vice-rei de Goa havia proibido secretamente o desembarque” (3)
A primeira viagem comercial dos ingleses à China seria em 1637 quando Carlos I envia à China o Cap. John Weddell para abrir comércio com o Império do Meio; essa expedição de três navios chegaram a Macau em 1637; daqui seguiu para Cantão, onde tentou entrar pela força. Mas aos 6 meses de tentativas inúteis, retirou-se. Dado à falta de tacto deste homem, os ingleses tiveram de esperar quase um século. (4) Só em 1715, os ingleses foram autorizados a construir nos subúrbios de Cantão e nas margens do rio uma feitoria e ali iam comerciar todos os anos os navios britânicos
(1) Segundo A. Marques Pereira (“Ephemerides Commemorativas…”) data retirada de “Chronology”
(3) PUGA, Rogério Miguel – A Presença Inglesa e as Relações Anglo Portuguesas em Macau (1635 -1793). 2009, pp. 41-42
CAPA
Este livro editado pelo Centro de História de Além-Mar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa/Universidade dos Açores e pelo Centro Científico e Cultural de Macau, I.P. foi publicado em 2009, 207 p. (ISBN 978-989-95563-4-8), 24 cm x 17 cm.
Conracapa
Posteriormente foi publicado a versão inglesa (tradução suportada pela Universidade de Macau) com edição da Royal Asiatic Society Books/ Hong Kong University Press, em 2013 “The British Presence in Macau 1635-1793”.208 p. ISBN 978-988-8139-79-8; 23, 5 cm x 15,5 cm.