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Pagode da Barra (Má-Cóc-Miu)
Teatro D. Pedro V e Club de Macau
Edifício do Leal Senado da Câmara de Macau
Bairro de S. Lázaro e Fortaleza do Monte (vista geral)
Extraído de «BPMT», XIV-38 de 21 de Setembro de 1868, p. 179

Governador de Macau –António Sérgio de Souza (3-08-1968 / 22-03-1872) Governador do Bispado (1866-1870) – Padre Jorge António Lopes da Silva (natural de Macau) nomeado em 1866, pelo Arcebispo de Goa. Era Mestre Escola, e pároco de S. Lourenço antes da nomeação.

A Igreja paroquial de S. Lázaro é dedicada Nossa Senhora da Esperança cuja estatua se vê no altar-mor; dos dois lados da nave ficam os altares do Sagrado Coração e de S. José. No cruzeiro, ergue-se uma cruz de granito, em cuja base se lê: «Cruz da Esperança, Ano 1637». Contíguo à igreja, fica o Asilo de S. José, construído por ocasião da epidemia de 1895 e que hoje é o albergue. A jurisdição espiritual da Paróquia de S. Lázaro não é local, mas pessoal, abrangendo toda a população chinesa de Macau, sendo por isso a maior e mais populosa freguesia da cidade.” (TEIXEIRA, P. Manuel – Macau e a sua Diocese I, 1940, p.171.)

Anteriores referências a esta Igreja: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/igreja-de-s-lazaro-n-sra-da-esperanca/

Extraído de «BGM», IX- 29 de 21 de Junho de 1863, p. 115

Francisco António Volong era filho de Job Volong e de Inês Volong. “Bom cristão, gozava do privilégio de ter em sua casa oratório particular“. Francisco António Volong casou com Ana Rosa das Chagas, filha de Francisco das Chagas e de Paula das Chagas, de quem teve os seguintes filhos: 1. Francisco António que casou com Rosa Maria 2. Vicente de Paulo que casou com Maria Madalena 3. José Joaquim, nascido a 18-09-1853 o qual faleceu a 29-08-1971

Ana Rosa Volong, viúva de Francisco António Volong, faleceu a 16 de Maio de 1868, com 45 anos de idade. Seu filho Francisco António Volong, natural de Cantão, faleceu a 15-08-1873, com 22 anos de idade…. (…). Volong deu o nome a um bairro de Macau, sito em S. Lázaro. O bairro de Volong era uma aglomeração chiqueiro, um perigosíssimo foco de infecção….Outrora era um bambual… (TEIXEIRA, P Manuel – Toponímia de Macau, Volume II, 1997, pp.315-316)

1894 – A Horta de Volong, um dos focos de infecção nas epidemias da peste e cólera, é por sua vez expropriada por utilidade pública em 1894 e saneada; é o local com uma área de 200 hectares, limitado ao norte pela Estrada do Cemitério, ao sul pela Rua Ferreira do Amaral, a leste pela Estrada da Flora e a oeste pela Rua de S. Lázaro. Entregue, em 1897, ao Senado, depois de a Repartição de Obras Públicas ter ali procedido a importantes obras tais como a abertura das ruas, à construção da canalização de esgoto e até dos alicerces das casas particulares. O bairro contíguo de S. Lázaro que fora um dos focos de epidemia da peste, de 1896, é por seu turno, saneado em 1900. Uma vez saneado nunca mais ali entrou a peste. (TEIXEIRA, P Manuel, – Toponímia de Macau, Volume I, 1997, pp.468/469)

Anteriores referências: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/horta-de-volong/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/rua-volong/

NOTA : A propósito dum artigo sobre a Catedral de Macau, a revista “Archivo Pittoresco” (n.º 35 de Fevereiro de 1858, p. 276)  traz a seguinte informação sobre Francisco Volong:

Extraído de «A Voz do Crente», Anno I n.º 1 de 1 de Janeiro de 1887
Igreja de S. Lázaro, década de 30 (séc XX)

“D. Melchior Carneiro, chegado a Macau, em 1568, fundou logo no ano seguinte a Santa Casa da Misericórdia, de que foi o primeiro provedor, e os hospitais de S. Rafael e de S. Lázaro. Não se conhece a data certa da erecção da Ermida de Nossa Senhora da Esperança que devido à leprosaria anexa, ficou vulgarmente conhecida pelo nome de Igreja de S. Lázaro. Também não sabemos qual existiu primeiro: se a Ermida ou o hospital de leprosos. Parece no entanto, pelo que dissemos atrás que, juntamente com Santo António e S. Lourenço, a Ermida de N. Senhora da Esperança deve ter sido coeva do estabelecimento dos portugueses em Macau… (…)
Em volta da Ermida, no decorrer dos tempos, foram-se estabelecendo os chineses, havendo já ali em 1818 nada menos que 98 casas de cristãos chineses; para atender aos seus interesses espirituais levantou-se uma capela aproximadamente no local da actual escola de Kong Kan, ficando a Ermida reservada aos leprosos. Tendo o bairro chinês aumentado mais e mais e sendo já insuficiente a pequena capela para os cristãos chineses foi-lhes cedida em 1878, de acordo com a autoridade eclesiástica, a mesma Ermida ou Igreja de N. S. da Esperança com a sacristia e a casa anexa do sacristão, passando o padre china que vigariava aquele bairro a celebrar os actos do culto na dita igreja. Arruinada com o decorrer do tempo, foi esta igreja, por Portaria Provincial n.º 65 de 8 de Agosto de 1885, reconstruída em 1886, de modo a poder estabelecer-se a nova Paróquia de S. Lázaro, sendo nesta ocasião demolida a capela. A nova igreja servia para cristãos e leprosos, assistindo estes aos ofícios divinos num compartimento reservado, gradeado de ferro.
Em 1895 espalhou-se em Macau uma terrível epidemia, provindo um grande número de casos das miseráveis choupanas do bairro chinês; alguns anos depois, foram elas expropriadas, de comum acordo entre o Governador Horta e Costa e o Bispo Carvalho e então o hábil arquitecto Abreu Nunes delineou e executou o plano de ruas do actual bairro de S. Lázaro. Por esta ocasião, foram removidos os leprosos para a Ilha de S. João e as leprosas para Ká Hó, ficando desde então até hoje a cargo do Governo, depois de terem estado a cargo da Santa Casa durante perto de três séculos e meio.”
TEIXEIRA, P. Manuel – Macau e a sua Diocese I, 1940, p.169-171

A paróquia de São Lázaro celebra hoje, a Festa de São Roque, com missa solene às 9 horas e 30, seguindo-se a procissão em devoção do “Santo Padroeiro contra a Peste”.(1)  O cortejo religioso vai percorrer algumas artérias do bairro de São Lázaro, tais como a Rua do Volong, Rua de São Miguel, Rua de São Roque e Rua Nova de São Lázaro. (2) (3)
A Festa e procissão de São Roque é tradicionalmente celebrada a 17 de Agosto, mas em Macau é sempre realizada no segundo Domingo de Julho, por causa de uma “epidemia” ocorrida em finais do século XIX. (4) Na altura, a população solicitou intervenção divina para o fim da “epidemia”, e como as doenças desapareceram, cumprindo a promessa a S. Roque, a população passou a realizar a sua festa em Julho.
(1) São Roque é o protector dos leprosos e padroeiro dos inválidos e de profissões ligadas à medicina.
(2) http://www.oclarim.com.mo/local/sao-roque-celebrado-a-8-de-julho/#more-13061
(3) A procissão em honra deste Santo só foi retomada na paróquia de S. Lázaro em 2008 (a última tinha sido em 1966), devido ao surto nesse ano, em Macau, da Síndrome Respiratória Aguda.
(4) A data é incerta, o mesmo jornal “O Clarim” (2) refere a data de 1889 mas consultando as várias fontes sobre efemérides relacionadas com Macau, não encontrei qualquer referência a enfermidades com relevância no ano de 1889.
Provavelmente estará mais relacionada com o ano de 1882 em que faz referência à preocupação das entidades oficiais face ao aumento progressivo dos “leprosos” e à dificuldade em alojá-los, (5) (6) bem como dos muitos focos de infecção nos depósitos de lixo, e valetas nas hortas do “Volong” e da «Mitra» (7), na freguesia de S. Lázaro.
(5) “6-07-1882 – Relatório do Administrador do Concelho das Ilhas, tenente José Correia de Lemos revela que o número de leprosos em Pac Sa Lan, na Ilha de D. João, é de 40 homens solteiros e 7 casados (sem as mulheres). As mulheres leprosas são 18 e foram admitidas já com a doença; 2 são casadas mas não estão com os maridos, 11 são solteiras, 5 são viúvas e 4 destas entraram já viúvas, trazendo consigo duas filhas menores. É-lhes proibida coabitação, mas é «impossível evitar que tenham correspondência». Os lázaros cultivam uma várzea para sua ocupação e sobrevivência. (8) (9)
10-07-1882O Administrador pede licença para mandar fazer 64 mudas de roupa de verão para os lázaros.É evidente o zelo, e a frequência dos contactos de acompanhamento. (8)
28-07-1882É regulada a admissão de lázaros no depósito de Pac Sa Lan, e determinadas medidas com respeito aos encontrados nas ruas. Determinado que o depósito destinado a indivíduo do sexo masculino seja completamente separado dos das mulheres. (8)
Boletim da Província de Macau e Timor, XXVIII-30 de 29 de Julho de 1882, pp. 254-255.
(6) “06-03-1884Ofício do Administrador ao Governo sugerindo Ká Hó para instalação da leprosaria e não a Ilha da Taipa. (8)
20-01-1885O Hospício para Lázaros, em Ka- Hó, depois de muita resistência e de alterações várias quanto à escolha do local, quer em Macau (D. Maria, Porta do Cerco) quer na Taipa e depois em Coloane, foi entregue pronto nesta data, com guarda e zona circundante delimitada. O apetrechamento só ficará completo em Maio deste ano.” (7)
(7) O secretário geral do Governo em 15 de Julho de 1882 (na ausência do Governador) J. A. Corte Real chamava a atenção do Presidente da Camara e administrador do concelho dos administradores de concelho e director das obras públicas para os focos de infecção por muitos e antigos depósitos de lixo, para a necessidade de limpeza e desobstrução de canos e valetas nas hortas do “Volong” e da «Mitra» e outros pontos de forma que se vão melhorando consideravelmente as condições hygienicas da cidade» e «reclamando por isso medidas extraordinárias, que colocando-os em condições materiaes regulares, possam remover-se os casebres , monturos e permanentes fôcos de infecção, que d´outra fôrma será impossível evitar»
(Boletim da Província de Macau e Timor, XXVIII- 28 de 15 de Julho de 1882, p. 238/239)
(7) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3.
(8) TEIXEIRA, P. Manuel – Taipa e Coloane, 1981, p.117 e 119.
Boletim da Província de Macau e Timor, XXVIII-30 de 29 de Julho de 1882, pp. 254-255

Reportagem de Edgar Allen Forbes (1) para o “The Nactional Geographic Magazine”de Washington em 1932, (2) depois traduzida por Fernanda de Bastos Casimiro para o «Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro» (3) com o título:

MACAU – Terra da doce saudade !
A mais antiga colónia européa no Oriente longínquo
O único e desejado porto no mar da China,
Para os tristes marinheiros”

…………………………………………………continuaFOTO «MACAU – ESCOLA CHINESA» (4) inserida no mesmo boletim (3)

(1) Edgar Allen Forbes (1872 – ? ) – jornalista, editor e escritor norte americano.
Autor do livro “Macao, land of sweet sadness : the oldest European settlement in the Far East, long the only haven for distressed mariners in the China sea”, 1927.
(2) “The National Geographic Magazine, Volume 62, Number 3, September 1932″
(3) «Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro n.º 5,1933.
(4)  Trata-se da Escola Chinesa «Kung Kau Hok Hao» no Bairro de S. Lázaro cuja construção foi iniciada a 22 de Julho de 1916, mas por dificuldade económica foi só inaugurada a 27 de Maio de 1923.

No dia 5 de Maio de 1865, um grande incêndio na povoação da Horta da Mitra, em que 200 barracas de chineses foram devoradas pelas chamas. Provavelmente acidente provocado por panchões do Ano Novo Chinês (1) (2)
O bairro da Horta da Mitra ou do Bispo estava mais ou menos limitado pela Rua do Noronha e por parte das Ruas de Henrique Macedo, de Tomás da Rosa, de Horta e Costa, da Colina e Nova à Guia.
Ficavam situadas dentro deste bairro as Ruas da Cal, da Mitra, (3) da Surpresa, de Dezoito de Dezembro, parte das Ruas de Tomás da Rosa e de Henrique Macedo, as Travessas do Mercado Municipal e de S. João, bem como o largo do Mercado Municipal e o Mercado da Horta da Mitra. (2)
O bairro de Horta da Mitra (4) contígua ao bairro de Volong eram os locais mais salubres do território e devido aos problemas de higiene pública sofreram posteriormente alterações com o saneamento. No Bairro de Volong onde teve início o foco de infecção nas epidemias da peste e da cólera, foi expropriada por utilidade pública em 1894 e saneada. Tinha uma área de 200 hectares, limitado ao norte pela Estrada do Cemitério, ao sul pela Ferreira do Amaral, a leste pela Estrada da Flora e a oeste pela Rua de S. Lázaro. Em 1897 a área foi entregue ao Leal Senado e depois à Repartição de Obras Públicas para se proceder a obras de abertura das ruas, construção de canalização de esgoto e alicerces das casas particulares. O bairro de S. Lázaro também contíguo e um dos focos da epidemia da peste de 1896, seria saneado em 1900 (2)
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
(2) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, p. 468.
(3) Rua da Mitra: começa na R. da Colina, em frente da R. da Vitória e termina na R. do Noronha , entre a Travessa do Mercado Municipal e a Rua da Cal (2)
(4) Sobre Horta da Mitra, ver anteriores referências:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/11/11/postal-de-1940-mercado-municipal-da-horta-da-mitra/+
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/horta-da-mitra/n

Numerosos fiéis assistiram, no dia 22 de Setembro de 1953, ao solene «Te-Deum», cantado na Sé Catedral, em acção de graças por Deus ter poupado Macau a maiores estragos, a quando do tremendo tufão que assolou a cidade, em 22 de Setembro de 1874.
«A nossa cidade, que por suas recordações históricas e tradições religiosas era uma das mais famosas e notáveis do oriente, tão bela ainda há poucos dias, perdeu, em poucas horas, grande parte do seu esplendor e formosura, sofrendo a mais horrível e lastimosa transformação!»
«Tal é o destino de todas as coisas humanas! Só Deus é grande, só Ele é imutável!»
Tais as palavras que se lêem na Circular dirigida pelo Governador do Bispado de Macau, em 27 de Setembro de 1874, ao clero e fiéis desta Diocese, convidados a orar pelas necessidades desta cidade.
E os fiéis oraram, então, durante três dias consecutivos, nas igrejas paroquiais, no seminário diocesano e no convento de Santa Clara; e aqueles que não puderam ir ao templo, oraram com boas disposições no interior de suas casas.
E, desde então, todos os anos, se vem cantando um «Te-Deum» em cumprimento do voto feito por essa ocasião.
A 25 de Setembro de 1874, o Governador da província, Visconde de São Januário, publicou no Boletim da Província de Macau e Timor, o seguinte apelo à população de Macau:
«Habitantes de Macau!
Uma grande calamidade acaba de pesar sobre esta cidade!
Os terríveis efeitos do tremendo tufão, importando em graves perdas, levaram a desolação e a desgraça, aonde ainda há pouco reinava o bem estar e a alegria!.
Respeitemos os decretos da Previdência, mas não se abata por isso o nosso ânimo, e juntemos os nossos esforços para remediar os males que não nos era dado evitar .
Macenses! Trabalhai corajosamente para reconquistar o perdido, e confiai na autoridade que há-de velar pela vossa segurança; há-de acudir aos aflitos e há-de prover de pronto à s mais instantes necessidades públicas!
macaenses! Colaborai nobremente nesta grande empresa e tende fé que vereis ainda elevar-se esta antiga possessão portuguesa ao estado florescente em que há pouco se achava»
Os estragos e as perdas causadas foram enormes. Muitos pobres, tanto portugueses como chineses, achavam-se reduzidos às extremidades da fome. Os bairros de S. Lázaro e Santo António encontravam-se em ruínas , sob os montões jaziam muitos cadáveres.
O Hospital S. Rafael ficou destruído e o Hospital Militar de S. Januário seriamente abalado. Por oferta do Governador do Bispado, foi aproveitado o Paço Episcopal para hospital.
Por avaliação feita pelo Procurador dos Negócios Sínicos sabe-se que os estragos causados nos prédios dos chineses deram um prejuízo superior a cem mil patacas. Mais de 700 lorchas grandes de comércio e pesca se perderam completamente. Calculou-se em mais de mil o número das lorchas pequenas que foram destruídas. Todas as embarcações perdidas foram avaliada em quase um milhão de patacas. A perda de mercadorias foi avaliada em cerca de 432 mil patacas. Calculou-se em quatro mil o número de chineses mortos e Macau  e mil os mortos na ilha da Taipa.
Os cadáveres forma queimados uns e sepultados outros.
Os portugueses que sucumbiram e forma sepultados no Cemitério de S. Miguel foram 20, sendo 14 homens , 4 mulheres e 2 crianças.
Foram calculados em 300 mil patacas os prejuízos havidos nas propriedades dos portugueses, estando neste número incluídos os prejuízos sofridos pela administração dos bens das Missões Portuguesas e por algumas instituições de beneficência.
Anteriores referências a este tufão
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/09/23/noticia-de-23-de-setembro-de-1874-o-maior-tufao-da-historia-de-macau-ii-incendio-no-bairro-de-santo-antonio/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/09/22/noticia-de-22-de-setembro-de-1874-o-maior-tufao-da-historia-de-macau-i/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/09/23/noticia-de-23-de-setembro-de-1874-o-tufao-e-o-farol-da-guia/
E sobre tufões:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/category/tufoes/

EXP. Plantas de Edifícios Históricos CARTAZContinuação da minha colecção de marcadores de livro referentes à Exposição de Plantas de Edifícios Históricos”, realizada entre 22 de Agosto e 22 de Outubro de 2005  e organizada pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. de Macau no Arquivo Histórico. (1) (2)

EXP. Plantas de Edifícios Históricos Bairro de S. LázaroMarcador: Bairro de São Lázaro

“Na sequência da sua demolição em finais do século XIX devido às deficientes condições higiénicas, surgiu um novo bairro de malha regular que albergou a vivência urbana e peculiar de Macau dos anos 20 do século passado.”

EXP. Plantas de Edifícios Históricos Bairro de S. Lázaro versoNOTA: “Em 10 de Setembro de 1808 o Pe. Agostinho espanhol, José Segui requereu ao Senado um terreno baldio, defronte uma povoação que estava fora das portas de S. Lázaro onde estavam 300 a 400 novos cristãos chineses. Estes foram perseguidos por ordem dos Mandarins mas muitos deles voltaram, registando-se em 1818, nada menos de 98 casas de cristãos chineses. O jornal “Echo Macaense”, de 21.02-1897 dizia: «Até 1871 as freguesias da Sé, S. Lourenço, e Santo António eram as únicas onde estavam estabelecidas as residências de portuguezes: em 1878, estenderam-se elas já para S. Lázaro, e em 1896 disseminaram-se pelos bairros chinas: ora sendo em geral os rendimentos dos prédios das três primeiras freguesias, pela natureza da construção e pela sua situação, superior ao dos prédios da freguesia de S. Lázaro e dos bairros, a dispersão encontra natural explicação no presente estado financeiro dos filhos desta terra, como também a este estado se pode atribuir a sucessiva diminuição d´esta parte da comunidade portugueza, e, como consequência, a sua emigração»” (3)

EXP. Plantas de Edifícios Históricos Igreja N.S.CarmoMarcador: Igreja de Nossa Senhora do Carmo

“A construção desta igreja foi proposta em 1882 e concluído em 1885, sob o motivo de promover a missão católica junto dos três mil habitantes da Taipa”

EXP. Plantas de Edifícios Históricos Igreja N.S.Carmo versoNOTA: “Dado o constante aumento da população que se entregava à pesca, construiu-se em 1876 na Taipa para atender às suas necessidades espirituais uma ermida  e com tão bom sucesso que em breve foi necessário um edifício mais vasto, levantando-se em 1883 uma igreja; a actual igreja dedicada a Nossa Senhora do Carmo foi levantada em 1885, ficando ali como pároco o P. José V. da Costa, antigo missionário e superior de Hainan”. (4)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/02/17/marcadores-de-livro-i-exposicao-de-plantas-de-edificios-historicos/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/02/28/marcadores-de-livro-ii-exposicao-de-plantas-de-edificios-historicos/
(3) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I.
(4) TEIXEIRA, P. Manuel – Macau e a sua Diocese I, 1940

O bairro do Patane é também designado pelos chineses por Sá Kong, nome por que era conhecido, outrora, um montículo que, então ali existia, formado por acumulação de areia trazida pelo vento.
Por este motivo, o referido local também tinha a designação de «Fei-Lôi-Kóng» (montículo que apareceu a voar). Este montículo, segundo a tradição, desapareceu durante um abalo sísmico que, dizem os historiadores chineses, devia ter ocorrido entre 1862 a 1875, durante o reinado do imperador T´ông-Tchi. (1)

Os Chineses também chamam a este local «Sá -Lei-T´âu», (2) devido ao facto de as suas ruas, quando da construção das primeiras casas do referido bairro, apresentarem o formato duma pera.

Da primitiva povoação (3) nasceu o actual bairro do Patane, um dos mais populosos dos bairros congéneres. (4) . Nos finais do século XIX e princípios de XX, este bairro chegou a ser um importante bairro comercial, onde se encontravam concentrados os estabelecimentos que, então, negociavam com o interior da China. (5)

É no sopé do montículo do Patane (sobre o qual se ergue o recinto do Jardim da Gruta de Camões) que se encontra o templo conhecido entre os chineses pelo nome de «Templo dos Deuses Locais» – Tou Tei Miu, já referido em anterior postagem: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/05/lenda-do-templo-dos-deuses-locais-tou-tei-miu/

Mapa PATANE, 1984MAPA DE MACAU (ZONA DO PATANE) (1984) (6)

(1) Imperador Tongzhi 同治 (1856-1875), nono imperador da Dinastia Manchu, reinou de 1861 a 1875.
(2) 梨頭 (mandarim pinyin: li tou; cantonense jyutping: lei4 tau4 – cabeça de pera.
(3) Uma das primeiras referências a esta zona, foi feita pelo Padre António Cardim, reitor do Colégio de Macau de 31-08-1632 a 23-05-1636 e autor de “Título dos bens de raiz do collegio de Macau”. Neste, referia que existia já nessa época um local de Macau, denominado «Penedos de Camões», junto do «campo dos patanes»
(4) A população total de Macau sem tomar em conta a população da Taipa e Coloane em finais do século XIX:

BAIRROS

1867

1871

1878

Bazar

14.572

19.877

14.343

Patane

8.481

7.215

6.524

Mong   Há

8.182

5.576

2.328

S.   Lázaro

2.590

2.598

3.111

Sé,   S. Lourenço, Santo António e Barra

22.426

20.941

20.313

TOTAL   DA POPULAÇÃO TERRESTRE

56.252

56.202

46.619

POPULAÇÃO   MARÍTIMA

15.590

10.060

8.831

TOTAL

71.844

66.267

55.450

Quadro retirado de CORVO, João de Andrade – Estudos sobre As Províncias Ultramarinas, Lisboa 1887,189 p.
(5) Vejamos agora quaes são as cinco povoações ruraes mais antigas a que nos referimos, para depois nos ocuparmos da cidade christã, como lá se lhe chama.
O primeiro d´estes bairros suburbanos fica proximo da fortaleza da Barra, e é por isso denominado povoação da Barra.
O outro acha-se na encosta do outeiro da Penha, onde está levantada a fortaleza do Bom Parto; chama-se povoação do Tanque do Mainato.
É aqui que se encontram as mais bonitas vivendas de Macau, chamadas «chácaras».
As tres restantes povoações são a do Patane, de Mong Há, e a de S. Lázaro.
A do Patane é de todas cinco a mais importante, já pela industria fabril, já pelo seu commercio, principalmente em madeiras de construcção.
Fica no littoral do porto interior, na especie de cotovello, que a peninsula faz ao formar a enseada da ilha Verde, terminando onde começa a de Mong Há
A povoação do Patane tem hoje tomado tão grande desenvolvimento, são tantos n´ella os estaleiros e estancias de madeira, que  se pode considerar dividida em tres povoações a saber: Patane propriamente dita (bairro hoje, a bem dizer, urbano), San Kiu e Sá- cong (povoações ruraes e piscatórias.)
É entre o Patane e Mong Há que predominam as hortas e as varzeas.
Artigo não assinado no “O Occidente”, 1890.
(6) Parte do Mapa de Macau retirado de “Antigos Navegadores e Marinheiros Ilustres nos Monumentos e Toponímia de Macau. Edição da Obra Social dos Serviços de Marinha, Macau, 1984, 17 p.