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No dia 24 de Fevereiro de 1870, saiu o último número do seminário político,  O Noticiário  Macaense cuja publicação principiou em 1869. (1) (2)

(1) “Este semanário político publicou-se de 11 de Janeiro de 1869 a 24 de Fevereiro de 1870, sendo um dos seus fundadores Miguel Aires da Silva, nascido em Macau em 17 de Julho de 1844 e aqui falecido em 17 de Setembro de 1886, filho de Pedro Nolasco da Silva e de Severina Angélica Baptista, o qual casou em 3 de Fevereiro de 1872 com Josefina Angélica Ferreira Gordo, filha de Justino António Ferreira Gordo e de Maria Ana Ferreira Gordo.” (TEIXEIRA, Padre M. – Imprensa Periódica Portuguesa no Extremo Oriente, p. 42).

(2) “11-01-1870 – Apareceu o semanário político O Noticiário Macaense, sendo Miguel Aires Silva, um dos seus fundadores.” Por lapso, a data indicada por Luís G. Gomes (nas Efemérides…) e Beatriz B. Silva (nas Cronologias…) está incorrecta. A data correcta  é 11 de Janeiro de 1869.

Relatório do chefe do serviço de saúde, Dr.  José Gomes da Silva publicado em “ Archivos Medico-Coloneais” (1) que reproduzo a parte que se refere a Macau (pp. 65-70).

(1) “Archivos Medico-Coloneais”, número Programa Mar 1889 pp. 65 – 70. http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/ArchivosMedicoColoniaes/NProgramma/NProgramma_master/ArchivosMedicoColoniaes_NProgramma_Mar1889.PDF

Retirado de “Title: Coolies unloading sugar cane. Macao, China.”. Created / Published [1902] Photographic prints–1900-1910. Stereographs–1900-1910. https://www.loc.gov/resource/stereo.1s19199/

NOTAS: “1815, na colónia de Timor é introduzida a cultura do café e incrementada a da cana sacarina, durante o governo de José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa, (1) que assume o cargo neste ano” (2)

“13-06-1886 – Notícia do estudo e efectiva plantação da cana sacarina no distrito de Timor.”(2)

(1) Entre 1815 e 1819 o governador de Timor J.P. Alcoforado e Sousa introduz a cultura do café, da cana sacarina e do algodão.

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. II, 2015, pp. 27e 266

Anteriores referências aos “cules” em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/emigracao-dos-cules/

Em 10 de Outubro de 1869, foi iniciada a publicação do hebdomadário político «O Oriente»,(o último em 21 de Janeiro de 1870); reapareceu em Janeiro de 1872, sendo suspenso pelo Governador Januário Correia de Almeida, Visconde e depois Conde de S. Januário, em 14 de Outubro do mesmo ano de 1872, tendo aparecido nesse dia o suplemento ao n.º 37. “Este jornal está prenhe de diatribes contra o governo e contra os Jesuítas “ (cito P. Teixeira). Impresso, em 3 colunas , na tipografia de José da Silva. Foi seu fundador e editor o dr. Francisco da Silva Magalhães, filho de Manuel da Silva Magalhães e de Maria do Carmo Neves e Silva, bacharel em Medicina pela Universidade de Coimbra, facultativo de 1.ª classe do Ultramar e cirurgião

Tendo atacado o Governador no seu jornal, o dr. Francisco da Silva Magalhães foi deportado para Timor pelo Governador Visconde de S. Januário. Em Timor além do seu trabalho profissional, aplicou-se ao estudo da fauna e da flora, e coleccionou produtos e artefactos, que ofereceu ao Clube Lusitano de Hong Kong e este entregou ao Museu dessa Colónia. Em Timor, escreveu uma monografia sobre a cultura do tabaco e outra sobre a acção o sulfato de quinina nas febres dessa ilha.

O dr. Magalhães foi o primeiro médico que em Macau usou o clorofórmio nas operações. Em Timor pediu a exoneração do seu cargo oficial de médico militar e regressou a Macau; a comunidade portuguesa de Hong Kong ofereceu-lhe então uma medalha de ouro. Depois de passar algum tempo em Macau, passou a Manila, onde exerceu a clínica durante sete anos com geral agrado. Regressando a Portugal, faleceu em Tomar, sua terra natal, a 8 de Março de 1886. Colaborava também na «Verdade» de Tomar. (1)

O administrador do Oriente era João Albino Ribeiro Cabral, o qual nasceu em Mesquitela em 1839, sendo filho de Júlio Joaquim Ferraz e de Maria Cândida Ribeiro Cabral; casou em Macau com Carolina António Gouveia e aqui faleceu em 7-8-1900, com 29 anos de residência. (2)

(1) TEIXEIRA – Pe. Manuel – Imprensa Periódica Portuguesa no Extremo Oriente,1999, pp. 42-44

(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-albino-ribeiro-cabral-1839-1900/

Ver anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/o-oriente/

“13-08-1885 – Mandada construir no sítio onde fora demolida, por arruinada, a antiga, a nova Igreja de Nossa Senhora da Esperança, (uma das três igrejas mais antigas de Macau, sendo o primeiro edifício construída entre 1557 e 1560), localizada no bairro de S. Lázaro, destinada expressamente à cristandade chinesa; junto a ela prevê-se uma escola de instrução primária para rapazes. A obra orçará por $ 11.500,00. O primeiro pároco (1885-1887) viria a ser P.e José Vicente da Costa.” (1)

Dezembro de 1857 – A Santa Casa da Misericórdia concede ao Padre Almeida um terreno junto de S. Lázaro para asilo de cristãos chineses moribundos e para a terceira idade. Recolhendo esmolas («o saco do P.e Almeida») conseguia manter a «sua» obra. (1)

23 -12-1886 – Extraído do «A Voz do Crente», Anno I n.º 1 de 1 de Janeiro de 1887

“1966-1967 – Restauro da Igreja de S. Lázaro.” (2)

(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. II, 2015, pp. 147, 262

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. III, 2015, p. 362.

«O Correio de Macau», Vol I, n.º 13 de 7 de Janeiro de 1883, p. 51

Muito possivelmente, o anúncio será do Dr. Francisco da Silva Magalhães nascido em Tomar (Portugal) e formado em medicina na Universidade de Coimbra que chegou a Macau a 18 de Agosto de 1870, vindo como facultativo de 2.ª classe e professor do Seminário de S. José. Foi ele o primeiro médico que em Macau usou o clorofórmio nas operações. Em Macau fundou o jornal “O Oriente” em que, segundo Padre Teixeira (1):

eivado de preconceitos anti-religiosos, atacava os jesuítas, (2)  pondo a ridículo o ensino por eles ministrados no Seminário; atacou o projecto da fundação da Escola Comercial, insinuando que a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses «não tinha por fim a instrução dos macaenses, mas um motivo meramente político» e censurou o Governador Visconde de S. Januário por ter readmitido em Macau as Irmãs de Caridade Francesas.

Metido em Conselho de investigação, foi preso por na sua qualidade de facultativo militar ter censurado a autoridade governativa, sendo desterrado para Timor Foi exonerado, a seu pedido, por decreto de 7-9-1874. Em Timor, o Dr. Magalhães foi delegado da Junta de Saúde.

Regressou de Timor a Macau: daqui passou a Manila, onde exerceu clínica durante sete anos. Regressou a Macau em finais de 1882. No ano lectivo de 1883-84 foi professor do Seminário de S. José, voltando a Portugal, faleceu em Tomar a 8 de Março de 1886.

(1) TEIXEIRA, Pe. Manuel – A Medicina em Macau, Volumes III-IV, 1998, pp. 162-163.

(2) Em defesa dos jesuítas e da causa da instrução dos macaenses, publicaram-se dois opúsculos: “Um brado pela Verdade ou a questão dos Professores jesuítas e a “Instrução dos Macaenses em Macau” de Leôncio Ferreira, Macau, 1872, e “A verdade Reivindicada ou a Questão dos Jesuítas,” por E. J. de Couto, Shanghae, 1872. a

Extraído de «A Voz do Crente», I-1, de 1 de Janeiro de 1887

O estabelecimento oficial das Canossianas em Macau deve-se a D. Manuel Bernardo de Sousa Enes, bispo desta diocese desde 1873 a 1883. Foi ele que pediu oficialmente à Superiora de Hong Kong, Madre Stella para que as Canossianas se estabelecessem definitivamente em Macau. O bispo Enes só chegou a Macau a 2 de Janeiro de 1877 mas as Canossianas porém já estavam em Macau, antes dos finais de 1873 ou princípios de 1874. Na altura abriram uma escola chinesa para as crianças pobres que foi aumentando que logo necessitaram de maior espaço. Inicialmente na Rua de S. Paulo até ao tufão de 1874; depois na Rua de Santo António; e mais tarde na Horta da Companhia. Abriram também uma escola em S. Lázaro para as meninas chinesas. O Governador do Bispado Deão Manuel Lourenço de Gouvea e o Padre António Medeiros conhecendo o prestimoso auxílio das irmãs canossianas, pensaram em comprar uma casa maior. Adquiriram o edifico intitulado “Casa da Beneficência” (no Largo de Camões). (1)

Aí, em 1876, as Canossianas acolhiam meninas órfãs tanto europeias como chinesas. Até 1886, a escola da Casa de Beneficência era exclusivamente chinesa. Mas nesse ano muitas famílias portuguesas manifestaram o desejo de internar lá as suas; outras pretendiam também que as suas filhas lá estudassem como externas. Essa escola canossiana de instrução Primária (para além da instrução primária tinham aulas de inglês, francês, música, piano etc., e depois instrução secundária) esteve instalada na Casa de Beneficência durante quase um século, por isso também conhecido como «Colégio da Casa de Beneficência» (2)

(1) Era chamado pelos chineses, ”Hotel queimado”, sede da Procuratura das Missões estrangeiras francesas em Macau que vagou em 1847 com a transferência da sede dessa Procuratura para Hong Kong (2)

(2) TEIXEIRA, Padre Manuel – A Educação em Macau, 1982, pp.327-331

Extraído de «O Macaense», Vol. V, n-º 1 de 10 de Junho de 1886

Luis Adolfo Lubeck dedicava grande amizade a Pedro Nolasco da Silva em cuja casa terá sido educado como irmão. A mãe Matilde Rosália Barreto foi encarregada de educação de Edith Angier (filha dum inglês protestante de Hong Kong que regressou a Inglaterra e que confiou a sua filha aos seus cuidados) que viria a casar com Pedro Nolasco da Silva em 1868. É autor duma poesia “À Memória de Pedro Nolasco da Silva” que escreveu em Shanghai em 14 de Outubro de 1912. Pedro Nolasco da Silva faleceu a 12 de Outubro de 1912 (1)

Luís Adolfo Lubeck nasceu em Macau a 25-08-1859 (batizado na Igreja de S. Lourenço a 4-04-1866 e faleceu em Shanghai a 06-07-1922. Guarda livros. casou com Ana Joaquina Tavares, em Shanghai. É filho mais velho de Louis Augustus Lubeck e de Matilde Rosália Barreto (viúva, em 1871, ingressou no Convento das Irmãs da Caridade (Canossianas) em Hong Kong). O pai, Louis Augustus Lubeck nasceu na Suécia cerca de 1817, em 1849 vivia em Hong Kong onde era armador de navios e em 1850 foi para Macau, onde faleceu a 14-06-1863. (2)

O irmão de Luís Adolfo, Henrique Carlos Lubeck (Macau 15-07- 1861/ Shanghai a 17-04-1943) foi baptizado em S. Lourenço no mesmo dia do irmão. Terá sido Henrique (3) o primeiro a emigrar para Shanghai.

L.A Lubeck, foi o correspondente em Shanghai dos jornais macaenses “ O Macaense” e “O Mensageiro” . (4)

 “O Macaense” I-1 de 28 Fevereiro de 1882, p. 4

Foi eleito Presidente, do “Club de Recreio”, de Shanghai em 1897 (neste cargo pelo menos até 1903) (5) e também Presidente da “Associação Macaense de Socorro Mutuo” de Shanghai, em 1918. (6)

NOTA: Sobre a família Lubeck, recomendo leitura do blogue onde está ”The Story of the Lubeck Family … and their house in Shanghai”

(1) REIS, João C. – Trovas Macaenses, 1992 pp. 113-116

(2) Em Junho de 1863, um tufão destruiu a empresa de Louis Augustus Lubeck tendo este falecido nesta data (está sepultado no Cemitério Protestante – túmulo n.º 214).

 Os filhos, Luís Adolfo e Henrique, de 5 e 3 anos de idade ficaram a cargo das autoridades portuguesas, tenho depois sido entregues à família Nolasco da Silva, para educação.

(3) FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume II, 1996, pp.423 –

(4) Os nomes de H. O Lubeck e L. A. Lubeck, constam no livro “The Desk Hong List; A general and business directory for Shanghai and the Northern and River Ports etc. 1884″,com a seguinte indicação:

Lubeck Fire Insurance Co: Lubeck. Mrs. H. O. – n.º9, Boone Place, Lubeck, Mrs. L. A – 13, Canton Road https://archive.org/stream/1884deskhonglist/1884deskhonglist_djvu.txt

(5) O “Club de Recreio” de Shanghai foi fundado por macaenses, nos princípios de 1890 e em 1893 a sede estava localizada no “No. 36 Whangpoo Road “. Em 1903, a sede foi transferida para “North Szechen Road No. 31”.

(6) A “Associacao Macaense de Socorro Mutuo” de Shanghai foi instituída na década de 10 com sede localizada na “North Szechuen Road n.º 32”

Extraído de «A Voz do Crente», Anno I n.º 1 de 1 de Janeiro de 1887
Igreja de S. Lázaro, década de 30 (séc XX)

“D. Melchior Carneiro, chegado a Macau, em 1568, fundou logo no ano seguinte a Santa Casa da Misericórdia, de que foi o primeiro provedor, e os hospitais de S. Rafael e de S. Lázaro. Não se conhece a data certa da erecção da Ermida de Nossa Senhora da Esperança que devido à leprosaria anexa, ficou vulgarmente conhecida pelo nome de Igreja de S. Lázaro. Também não sabemos qual existiu primeiro: se a Ermida ou o hospital de leprosos. Parece no entanto, pelo que dissemos atrás que, juntamente com Santo António e S. Lourenço, a Ermida de N. Senhora da Esperança deve ter sido coeva do estabelecimento dos portugueses em Macau… (…)
Em volta da Ermida, no decorrer dos tempos, foram-se estabelecendo os chineses, havendo já ali em 1818 nada menos que 98 casas de cristãos chineses; para atender aos seus interesses espirituais levantou-se uma capela aproximadamente no local da actual escola de Kong Kan, ficando a Ermida reservada aos leprosos. Tendo o bairro chinês aumentado mais e mais e sendo já insuficiente a pequena capela para os cristãos chineses foi-lhes cedida em 1878, de acordo com a autoridade eclesiástica, a mesma Ermida ou Igreja de N. S. da Esperança com a sacristia e a casa anexa do sacristão, passando o padre china que vigariava aquele bairro a celebrar os actos do culto na dita igreja. Arruinada com o decorrer do tempo, foi esta igreja, por Portaria Provincial n.º 65 de 8 de Agosto de 1885, reconstruída em 1886, de modo a poder estabelecer-se a nova Paróquia de S. Lázaro, sendo nesta ocasião demolida a capela. A nova igreja servia para cristãos e leprosos, assistindo estes aos ofícios divinos num compartimento reservado, gradeado de ferro.
Em 1895 espalhou-se em Macau uma terrível epidemia, provindo um grande número de casos das miseráveis choupanas do bairro chinês; alguns anos depois, foram elas expropriadas, de comum acordo entre o Governador Horta e Costa e o Bispo Carvalho e então o hábil arquitecto Abreu Nunes delineou e executou o plano de ruas do actual bairro de S. Lázaro. Por esta ocasião, foram removidos os leprosos para a Ilha de S. João e as leprosas para Ká Hó, ficando desde então até hoje a cargo do Governo, depois de terem estado a cargo da Santa Casa durante perto de três séculos e meio.”
TEIXEIRA, P. Manuel – Macau e a sua Diocese I, 1940, p.169-171

“O Correio Macaense,” Vol. V, n.º 230, 17-02-1888,  (1)

Os Estatutos do “Club União” (autoria de Pedro Nolasco da Silva)  foram aprovados em 28 de Agosto de 1879 (Portaria Provincial n.º 99) depois, reformados pela Portaria Provincial  n.º 58 de 13 de Abril de 1887. Esta Associação transformou-se em duas posteriormente: “Associação dos Proprietários do Teatro D.Pedro V” e “Associação do Club União” – estatutos aprovados pelo Governo em 9 de Julho de 1896 – Portaria Provincial n.º 89 (Boletim Oficial n.º 28). Mais tarde, a Associação “Club União” dissolveu-se , sendo substituída pelo “Clube de Macau”. (2)
Do «Directório de Macau de 1885», retiro o seguinte:
e do «Directório de Macau» de 1890
(1) O semanário político, literário e noticioso «O Correio Macaense» apareceu a 2 de Setembro de 1883, fundado por António Gomes da Silva Teles, tendo sido suspenso, em 1888.(3)
Do Directório de Macau, 1885
(2) TEIXEIRA, M. – Galeria de Macaenses Ilustres, 1942, p. 297
(3) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.