NOTA: “No dia 3 de Setembro de 1839, visitou Macau o Comissário Lin (1785-1850), grande palatino da proibição do ópio. Tem em Macau um “Memorial “ no Templo de Lin-Fong fundado em 1997 e uma Fundação Lin Zexu, criada em 1998, para promover o estudo da sua actuação nas guerras de ópio e sua relação com este território” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 87).
Hoppo – administrador da alfândega chinesa (Guangzhou / Cantão) (粵海關部; pinyin: Yuèhǎi Guānbù), na dinastia Qing, official responsável perante o imperador no controle dos barcos, cobrança da tarifas, mantendo ordens dos comerciantes ao longo do delta do rio das pérolas, de 1685 a 1904. Em Macau, as alfândegas chinesas denominavam-se de Hopu. Exitiam duas: Hopu grande na Praia Grande e Hopu pequeno no Largo do Ponte e Horta e arredores. Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2022/03/05/noticia-de-5-de-marco-de-1849-fecho-dos-hopus/
No dia 3 de Setembro de 1839, reinado de Daoguang, o comissário Imperial Lin Zexu (1) acompanhado por Deng Tingzhen, (que era nesse ano Vice-Rei de Liangguang – Guangdong e Guangxi), que chegaram a Cantão em Março desse ano, vieram da Casa Branca/Qianshan (2) para Macau, acompanhados por centenas de soldados, através da Porta do Cerco. À espera do Comissário Imperial Lin Zexu estavam o Procurador José Baptista de Miranda e Lima, com o grau de mandarim outorgado pelo Imperador Wan-Li (1573-1620) (e não, o então Governador Adrião Acácio da Silveira Pinto – 1837-1843) e uma guarnição de cem soldados alinhados ao longo dos dois lados da rua e três bandas de música.
Lin Zexu declarou a Miranda e Lima a proibição do armazenamento e comércio de ópio dentro da cidade e se fosse encontrado algum estrangeiro com essa substância, deveriam reportar às autoridades chinesas e prenderem-no. Em nome de Macau, o Procurador concordou e prometeu cooperar com o Governo do Império Celeste, aceitando ficarem os portugueses neutrais no conflito sino-britânico e não permitir às forças invasoras inglesas usarem como base Macau durante o conflito.
Lin Zexu e o Vice-Rei de Liangguang, Deng Tingzhen apenas ficaram umas horas em Macau, pois ao meio-dia desse dia o Comissário retornou para Casa Branca/Qianshan, sendo acompanhado pelos portugueses até à Porta do Cerco.
Em Macau, existe um Memorial no Templo de Lin Fong fundado em 1997 e uma Fundação Lin Zexu, criada em 1998, para promover e estudo da sua actuação nas guerras de ópio e sua relação com o território (3)
https://en.wikipedia.org/wiki/Lin_Zexu
(1) Lin Zexu (1785-1850) (Lin Tse-hsü; Yuanfu) , comissário imperial da dinastia Qing, vice-Rei de Liangguang (Guangdong e Guangxi) no ano de 1840, sucedendo a Deng Tingzhen vice-Rei de 1836 a 1839), governador geral, conhecido pelor seu papel na Primeira Guerra do Ópio de 1839–42. O Imperador Daoguang apoiou as políticas de linha dura defendidas por Lin, mas depois culpou-o pela guerra desastrosa para a China.
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/qianshan-casa-branca/
(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 87)
Sobre este assunto aconselho leitura de José Simões Morais em: https://hojemacau.com.mo/2016/05/02/lin-zexu-visita-macau/
O navio francês «Alexandre», sob o comando do capitão D. Ponyalet, pertencente à empresa holandesa “Van Basel, Toe Laer & Co,” (1) deu entrada no porto de Macau, chegado de Manila, no dia 30 de Junho de 1839 («Gazeta de Macao», I-25 de 11-07-1839 p. 95). (2)
O mesmo anúncio com a mesma data é repetido no mesmo jornal, «Gazeta de Macao», I-28 de 1 de Agosto, de 1839, p. 104.
(1) A companhia holandesa sediada na Batavia “Van Basel, Toe Laer & Co,” tinha uma delegação em Cantão, no n.º 1 Dutch hong. Os sócios fundadores foram Magdalenus Jacobus Senn Van Basel (3) e G. M. Toe Laer
(2) O semanário «Gazeta de Macao» iniciou-se a 17 de Janeiro de 1839, editado por Manuel Maria Dias Pegado, irmão do deputado macaense e lente de Matemática na Universidade de Coimbra, lente da cadeira de Física na Escola Politécnica, Guilherme José António Dias Pegado. Já tinha existido uma «Gazeta de Macao» de 3 de Janeiro de 1824 a 13 de Dezembro de 1826. Esta nova série de 32 números terminou em 29 de Agosto de 1839 (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume IIm, 2015, p. 84)
(3) Magdalenus Jacobus Senn Van Basel (1808-1863), nascido na Holanda foi nomeado escrivão no consulado da Holanda em Cantão em 1826 e Vice-cônsul em Novembro de 1831. Estabeleceu a empresa «Senn van Basel & Toe Laer & Co» em Cantão a 12 de Junho de 1835 com os sócios G. M. Toe Laer e P. Tiedenan. Em 1848 foi nomeado “Collector General of Taxes”. https://www.werelate.org/wiki/Person:Magdalenus_Senn_Van_Basel_(1)


«O Macaista Imparcial» publicou-se de 09-06-1836 (preço: 50 avos) a 04-07-1838. (n.º 158)

Bi-semanal até 05-05-1837 e em 05-07-1837 (n.º 106) acrescentou o subtítulo «Registo Mercantil», depois passou a hebdomadário. (1)

Foi seu fundador e redactor, Félix Feliciano da Cruz. (2) Impresso na Tipografia Feliciana, do próprio fundador. Colaborou neste jornal, José Baptista de Miranda e Lima, (4) nomeadamente com apontamentos da história de Macau na secção ”Antiguidades de Macao”. Impunha-se ser imparcial embora de feição conservadora, mas em Agosto de 1936, entrou em oposição ao jornal «Cronica de Macao» (quinzenário de 12-10-1834 a 18-11-1836) e terminou a publicação por ordem censória do governador Adrião Acácio da Silveira Pinto.

1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/o-macaista-imparcial/
(2) Félix Feliciano da Cruz nasceu na Sé, cerca de 1810 e faleceu em Hong Kong a 1 de Março de 1879. Foi Irmão da Santa Casa de Misericórdia, eleito a 29-10-1837. Publicou a «Pauta Geral da Alfândega da Cidade de Macau», em 1844. (3) Trabalhou entre Cantão e Hong Kong tendo editado o «Anglo- Chinese Kalendar and Register», em 1832 e colaborado, em Cantão, no lançamento do «Canton Press” (1835 publicado em Cantão e depois, em 1844, publicado em Macau). Depois em Macau, foi proprietário da Tipografia Feliciana e Tipografia Armenia, e fundador, em Macau, de três jornais portugueses entre 1936 e 1844: «O Macaista Imparcial» de 09-06-1836 a 04-07-1838 (Tipografia Feliciana) «O Farol Macaense» de 23-07-1841 a 14-01-1842 (Tipografia Armenia) «Aurora Macaense» 14-01-1843 A 03-02-1844, semanário (Tipografia Armenia). F. F. da Cruz foi o editor do “Canton Commercial List” com os seus filhos e “compositores tipográficos” macaenses entre 1848 e 1856. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/felix-feliciano-da-cruz/
(3) FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Vol. I, 1996, p. 965.
(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-baptista-de-miranda-e-lima/
Continuação da estória histórica e policial sobre o roubo e depois a devolução ao seu proprietário – Leal Senado – de dois raros desenhos de George Chinnery, seis anos depois de terem desaparecidos misteriosamente em Nova Iorque,
“Quanto aos presumíveis inquilinos do apartamento (onde foram encontrados os desaparecidos desenhos) as pistas encontradas pela polícia nova-iorquina eram mínimas – apenas alguns livros escritos em português tinham deixados para trás. Depois de contactarem a Galeria de Arte que inicialmente vendera os desenhos ao Leal Senado, os funcionários do «Art Loss Register» descobriram a identidade dos proprietários das obras de arte. O Leal Senado enviou prontamente um técnico especializado a Nova Iorque a fim de verificar, in loco, a autenticidade dos desenhos, mas o regresso definitivo das duas peças artísticas a Macau ficaria adiado. A partir daí começou um longo e intricado processo legal até que os desenhos pudessem voltar às mãos do legítimo proprietário. (…)

Um golpe de sorte
“ Em 1994, decorridos seis anos sobre o misterioso desaparecimento e conservados em duvidosas condições, ninguém esperaria que os desenhos de Chinnery regressassem às mãos do Leal Senado de Macau em óptimas condições. M, afortunadamente, o amadorismo dos larápios não teve outras consequências que não a troca das molduras que acompanhavam os desenhos. É que, certamente na esperança de puderem transacionar os desenhos no mercado negro sem denunciarem a sua origem, os ladrões optaram por retirar os trabalhos das respectivas molduras. Até, porque, pouco convenientemente, ambas as molduras apresentavam, no verso, o selo da Galeria londrina que os vendera. Gorada a incursão nos circuitos marginais, os autores do furto viram-se obrigados a retrocederem nas intenções e voltaram a colocar os desenhos nas molduras, acabando por trocá-las inadvertidamente. Foi ainda assim, com os desenhos certos nas molduras erradas que o Leal Senado recebeu de volta as preciosas obras-primas de Chinnery, o pintor que transportou para as suas telas significativas vivências da história de Macau.”
Extraído de CUNHA, Luís (texto) em “Leal Senado, Uma Experiência Municipal (1989-1997)”, edição Leal Senado de Macau, 1997, pp. 65-66

O Padre Teixeira em “Os Macaenses” (1965, p. 61) cita a Chapa do Mandarim de 1690, referindo-a aos “Arquivos de Macau” (Fevereiro de 1964, pp. 39-40)
“ A 3 de Junho de 1690, o Procurador expôs que o mandarim Heung-Shan remetera uma chapa dos mandarins de Cantão, ordenando que «os Cabeças da Rua dessem pr lista todos os Chinas assistentes nesta cidade em Challes, Boticas, e Gudoens dos Moradores, e q´ de cada dez pessoas nomeasse hum, q´ fosse cabeça, p.ª dar conta dos mais todas as vezes q´ lhe pedissem e q´ se dessemos nomes de todos os nossos moradores, q´ em seus Gudoens recolhem Chinas, p.ª darem conta deles». Os oficiais do Senado, para evitar questões, resolveram que se dessem as listas dos chinas das lojas e que os portugueses expulsassem de suas casas aqueles que lá viviam»

