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O “novo” Mercado Municipal de S. Domingos (1), concluída em 12 de Outubro de 1949, foi inaugurada a 31 de Janeiro de 1950 (dia comemorativa da Revolta Republicana Portuguesa) pelo Governador da Colónia, Capitão-tenente Albano Rodrigues de Oliveira (1909-1973) (Governador de Macau entre 1 de Setembro de 1947 e 19 de Abril de 1951). Obra dos engenheiros Arnaldo Basto e Gaby Senna Fernandes. (2) A construção do novo Mercado de S. Domingos importou em $550.000,00 patacas.
Esta inauguração mereceu uma “reportagem” publicada no Boletim Geral da Colónias (3)
(1) Nesse local existia um mercado conhecido como o de S. Domingos que se incendiou no dia 15 de Novembro de 1893.

Boletim Official do Governo da Província de Macau e Timor, XXXIX-47, 1893.

Quatro anos depois, em 16 de Novembro de 1897, Lu-Cau e Vong-Atai, comerciantes de Macau, enviaram uma carta ao Leal Senado de Macau, requerendo para a construção dum Mercado no mesmo sítio (incluindo áreas para o comércio) que terá sido construído nos finais do século XIX e que foi designado como “Novo Mercado”.

O Mercado de S. Domingos no princípio do século XX (IICT/AHU)

Terá sido reconstruído e concluído em 28 de Novembro de 1927, sob a orientação de um arquitecto de Hong Kong.  Em 1949 por falta de higiene e com a estrutura debilitada, foi demolida totalmente pela Câmara Municipal e construída um novo Mercado, inaugurado em 31 de Janeiro de 1950. Por sua vez, este foi demolido em 1996 para construção dum novo, actualmente em funcionamento, inaugurado em Outubro de 1998.
http://www.archives.gov.mo/pt/featured/detail.aspx?id=91
(2) Ver anterior referência em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/04/10/mercado-municipal-de-s-domingos/
(3) «BGC» XXVI-298, 1950.

Mercado de rua
Avenida Almeida Ribeiro cruzamento com a Avenida da Praia Grande e
um bocado da Avenida do Infante D. Henrique
Porto Interior- Ponte Cais – Barco da Carreira Macau-Hong Kong

No dia 5 de Maio de 1865, um grande incêndio na povoação da Horta da Mitra, em que 200 barracas de chineses foram devoradas pelas chamas. Provavelmente acidente provocado por panchões do Ano Novo Chinês (1) (2)
O bairro da Horta da Mitra ou do Bispo estava mais ou menos limitado pela Rua do Noronha e por parte das Ruas de Henrique Macedo, de Tomás da Rosa, de Horta e Costa, da Colina e Nova à Guia.
Ficavam situadas dentro deste bairro as Ruas da Cal, da Mitra, (3) da Surpresa, de Dezoito de Dezembro, parte das Ruas de Tomás da Rosa e de Henrique Macedo, as Travessas do Mercado Municipal e de S. João, bem como o largo do Mercado Municipal e o Mercado da Horta da Mitra. (2)
O bairro de Horta da Mitra (4) contígua ao bairro de Volong eram os locais mais salubres do território e devido aos problemas de higiene pública sofreram posteriormente alterações com o saneamento. No Bairro de Volong onde teve início o foco de infecção nas epidemias da peste e da cólera, foi expropriada por utilidade pública em 1894 e saneada. Tinha uma área de 200 hectares, limitado ao norte pela Estrada do Cemitério, ao sul pela Ferreira do Amaral, a leste pela Estrada da Flora e a oeste pela Rua de S. Lázaro. Em 1897 a área foi entregue ao Leal Senado e depois à Repartição de Obras Públicas para se proceder a obras de abertura das ruas, construção de canalização de esgoto e alicerces das casas particulares. O bairro de S. Lázaro também contíguo e um dos focos da epidemia da peste de 1896, seria saneado em 1900 (2)
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
(2) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, p. 468.
(3) Rua da Mitra: começa na R. da Colina, em frente da R. da Vitória e termina na R. do Noronha , entre a Travessa do Mercado Municipal e a Rua da Cal (2)
(4) Sobre Horta da Mitra, ver anteriores referências:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/11/11/postal-de-1940-mercado-municipal-da-horta-da-mitra/+
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/horta-da-mitra/n

Pela primeira vez em Macau realizou-se no dia 12 de Junho de 1954, véspera do dia de Santo António, por iniciativa e sob o patrocínio da esposa do Governador Marques Esparteiro, a tradicional festa dos santos populares, tão em voga em Portugal.

15JUN1954 n.º 21 - Arraial Sto António IA Sr.ª de Marques Esparteiro cortando a fita simbólica.

Esta festa, destinada a fins beneficentes, teve lugar no terraço do Mercado de S. Domingos, sob a organização da Comissão Administrativa do Leal Senado da Câmara de Macau , cujo presidente era António de Magalhães Coutinho.

15JUN1954 n.º 21 - Arraial Sto António IIÀ porta do mercado, uma artística imagem de Santo António, rodeada de vasos com manjericos, chamava a atenção do público.

15JUN1954 n.º 21 - Arraial Sto António III Varrido de ar fresco, o espaço oferecia um aspecto alegre e agradável, o que entusiasma e dispunha bem toda os assistentes. Havia divertimentos de toda a sorte e bebidas refrigerantes para os que tinham sede

15JUN1954 n.º 21 - Arraial Sto António IVA alegrar ainda mais o recinto, a Banda Policial e o grupo «Esperança» deleitaram o público com músicas portuguesas e americanas, tendo-se bailado animadamente.

15JUN1954 n.º 21 - Arraial Sto António VNo dia 13, dia de Santo António, o aprazível recinto atraiu novamente grande multidão que ali foi passar algumas horas divertidas.
Naquela noite, a Banda Policial e o grupo «Negro-Rubro» marcaram a sua presença, executando vários números de música em voga, o que concorreu muito para animar a festa.

15JUN1954 n.º 21 - Arraial Sto António VIReportagem e fotos de «Macau Boletim Informativo», 1954.

FOLHETO SElos de 1985 CAPACapa do folheto (foto do jardim de Lou Lim Ieoc) de 18 cm x 18 cm de dimensão, editado pelos Correios e Telecomunicações de Macau, (1) promovendo os selos emitidos em 1985.
PORTUGAL. O país mais ocidental da Europa. “Onde a terra acaba e o mar começa” (Camões). País vocacionado para o mar. Local donde partiram as caravelas “que deram novos mundos ao mundo”
MACAU. Sul da China. Península no estuário do Rio da Pérolas – Macau – e duas ilhas Taipa e Coloane. Território sob administração portuguesa desde 1557. Local onde o Ocidente e Oriente pela primeira vez se encontram …há mais de 400 anos.
FOLHETO SElos de 1985 IPrimeira ponte de diálogo entre os povos orientais e ocidentais. Local onde a compreensão e o entendimento entre civilizações tão diferentes, mas complementares, sempre existiu. Exemplo da comunicação pacífica e harmoniosa. Atmosfera única. A História respira-se em cada esquina. Centro de passagem e estadia de grandes figuras: Camões, Bocage, Sun Iat Sen, George Chinnery.
FOLHETO SElos de 1985 II

Cidade europeia com as suas fortalezas, canhões silenciosos, igrejas, palácios, residências, calçadas à portuguesa, becos semelhantes aos de Lisboa, arcadas comerciais e o Farol da Guia – o 1.º farol das Costas da China – que de todo o lado se vislumbra 
FOLHETO SElos de 1985 III

Tudo isto testemunho de um passado romântico e misterioso que ainda se encontra presente. 
FOLHETO SElos de 1985 IV

Mas cidade também oriental com os seus templos, jardins, juncos e tancás no porto interior, casas de chá, restaurantes, farmácias chinesas, ruas de comércio plenas de luz e vida, “tendinhas” improvisadas em cada esquina, pequenos alteres com pavios de incenso um pouco por todo o lado, hortas cuidadas como se jardins fossem. 
FOLHETO SElos de 1985 VE ainda as festas imbuídas de um sentido religioso profundo: o bolo lunar, o novo ano chinês, a festa do barco dragão, o dia dos mortos… Mas também o Natal, a Páscoa, o S. João… 

FOLHETO SElos de 1985 VIUma cidade plena de movimento que se sente e respira. Um ambiente exótico, produto da simbiose de duas civilizações. O refúgio do bulício da cidade na calma e serenidade das suas ilhas. Praias agradáveis. Vegetação exuberante. O pôr do sol no mar com os juncos de velas desfraldadas. 

FOLHETO SElos de 1985 VIIMacau, território em desenvolvimento industrial, comercial e turístico. Local de jogo e divertimento: corridas de galgos, de cavalos, pelota basca; os mais afamados casinos da Ásia, com o seu característico fervilhar de movimento. Local mágico de encontro de duas civilizações. Um mundo novo. Embora com raízes históricas profundas, e desconhecido, nos selos de Macau. 

FOLHETO SElos de 1985 VIIIUm espaço a conhecer… e o presente. A qualidade e fidelidade dos temas nos selos de Macau são uma garantia. Esta razão por que são procurados por colecionadores de todo o mundo. Selos de Macau, para além de um bom investimento, uma forma de estar em contacto com Macau.
Os selos ajudá-lo-ão a descobrir Macau.” (1)

FOLHETO SElos de 1985 ContraCAPA   Contracapa do folheto (jardim de Lou Lim Ieoc)

FOLHETO SElos de 1985 IX(1) Correios e Telecomunicações de Macau, Divisão de Filatelia, Largo do Leal Senado, Edifício CTT – 2.º andar, MACAU
LOJA DE FILATELIA, Largo do Leal Senado, Estação Central Postal, MACAU.

Foi inaugurado a 1 de Setembro de 1954, o Mercado Municipal de S. Lourenço, projectado por Chan Kwan Pui, um dos mais importantes arquitectos de Macau do século XX. Estava situado na Rua da Praia do Manduco.

MBI II 1954 Mercado de S. LourençoEste mercado, apesar da oposição do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e da Protecção do Património Histórico e Cultural de Macau (1), foi demolido em 2006, para construção de um novo edifício que foi inaugurado a 9 de Dezembro de 2009. (2)
O edifício do novo mercado de S. Lourenço tem sete pisos, três dos quais subterrâneos, dedicados a estacionamento. O mercado ocupa dois andares, tendo ainda uma biblioteca, um centro de actividades sociais, uma área de restauração e no topo do edifício, uma zona verde.
(1) http://umquartocomvista.blogspot.pt/2006/07/mercado-de-s-loureno-provisrio.html
(2) Artigo da jornalista Raquel Carvalho em:
http://arquivo.jtm.com.mo/view.asp?dT=333803012
Foto de MACAU Boletim Informativo, 1954.

Postais da Colecção “MACAU ANTIGO” (1), emitidos pelo Instituto Cultural de Macau na década de 90 (século XX), a preto e branco (fotografias antigas de Macau – finais do século IX e princípios do século XX). (2)
Hoje trago mais dois postais, referentes ao Mercado Vermelho e à Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida.

MACAU ANTIGO -Mercado Vermelho

O Edifício do Mercado Vermelho ou Mercado do Almirante Lacerda, mais conhecido por Mercado Vermelho (紅街市大樓) foi construído em 1936 tendo sido projectado pelo 3.º Conde de Senna Fernandes (3). Fica no cruzamento da Avenida Almirante Lacerda e  Avenida Horta e Costa. Foi traçada em 1930 e tem três pisos. Revestido de tijolos vermelhos daí o seu nome. Faz parte da lista do Património Cultural de Macau, como edifício de interesse arquitectónico (Decreto Lei n.º 83/92/M de 31 de Dezembro) (4)

MACAU ANTIGO -Av Conselheiro FerreiraPavimentação da Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida

A Avenida terá sido iniciada cerca de 1895 juntamente com as obras de  saneamento da área de S. Lázaro e a construção das casas da Rua de Volong, afim de conter a epidemia – peste bubónica em Macau, Hong Kong e Cantão iniciada em 10-04-1895 (5) e que durou até 1896 com casos esporádicos em 1897 e 1898. Esta foto no entanto será já do princípio da década de XX .
Recorda-se que foi em 1919 que a Santa Casa da Misericórdia teve autorização para construção de dois prédios na Avenida e de outros dois na Rua de Tap Seac (hoje património classificado),  bem como proceder ás obras do prédio n. 89 no antigo Asilo dos Órfãos (iniciado em 1900), depois transformado em Liceu Central de Macau ( 1924) (hoje Instituto Cultural do Governo da  RAEM) (5)

(1) Adquiridos na Plaza Cultural Macau Lda. (Av. Conselheiro Ferreira de Almeida, n.º 32 G). A colecção tem 20 postais.
(2) Muitas destas fotografias encontram-se publicadas em muitas publicações (livros, revistas, jornais, etc) e na web.
(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XIX, Volume 3. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1995, 467 p (ISBN 972-8091-10-9). Há outras fontes que indicam o arquitecto macaense Júlio Alberto Basto
(4) Uma descrição do Mercado poderá ler-se  em “Às compras no Mercado Vermelho” em:
http://oriente-adicta.blogspot.pt/2010/07/as-compras-no-mercado-vermelho.html
e uma descrição mais pormenorizada do edifício, no “site” “H.P.I.P. – Património de Influência Portuguesa – Equipamentos e Infraestruturas
http://www.hpip.org/def/pt/Homepage/Obra?a=923
(5) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)

Foto antiga, reproduzida em postal, da série “MACAU POST CARD” (10 postais intitulados “十九世 (1)/Macau do Século XIX / The 19th Century of Macau”) (2), publicados por Kong Iat Cheong e Ho Weng Hong,  com o título “Macao, Pig Market”
Conforme afirmei em anterior postagem, referente a um outro postal da mesma série “PORTA DO CERCO“(3),  em que este já era de 1900, portanto do século XX, também o presente postal será de “cerca 1910”, segundo algumas opiniões.
(1) 十九世 (pinyin: shí jiu shì jí; cantonense jyutping: sap6 gau2 sai3 gei2)
(2) Adquirida na Livraria Portuguesa
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/portas-do-cerco/