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D. Alexandre Pedrosa Guimarães (1) publica uma Pastoral contra o traje feminino usado em Macau desde 1557: “ … He a primeira que as mulheres de qualquer condição, e estado nunca mais tornem a entrar nos templos com condes, que são estes trapos sujos e porcos, que amarrão na testa …”

Senhora macaense (e outras figuras) com saraça e bioco (2) armado Pena sobre papel – Esboço de George Chinnery (1825-1852)

No dia 8 de Abril, o povo de Macau protesta contra esta Pastoral e a 30 de Junho de 1780, os pais e mães de família de Macau, apresentam apresenta ao vigário-geral do Bispado, uma exposição de mais de 100 páginas, cujo resumo, segundo Mons. Teixeira, é o seguinte: (3)

“I. Em Goa as mulheres usam o sari, que se envolve pela cabeça e é diferente do trajo português.

II. Idem, em Diu e Damão.

III. As mulheres usam também os seus trajos tradicionais em Bombaim, Ceilão S. Tomé, Costa de Coromandel e Bengala.

IV. Nos domínios portugueses da América as mulheres envolvem-se numas toalhas, cobrindo a cabeça com um pano.

V. Na Europa, incluindo Lamego, Coimbra e Porto, usam mantilhas. (4)

Este uso é legítimo e necessário:

1.º Por ser denominado conde (5) forrado de papel, fingindo um bró (6) de fronte agudo de altura de três dedos sobre que se amarra um pano branco de três pontas para segurar a tal forma de bró de fronte, e nele se possa segurar o pano ou saraça (7) com uma fita. 2.º Também porque este uso é imemorial de dois para três séculos sem contradição nem ter havido no dito uso escândalo nem ocasião de pecado.

3.º E sim porque o Exmo. Sr. D. Bartolomeu, Bispo (8) que foi desta cidade mais de dez anos e que nela teve geral aprovação por suas pias e virtuosas demonstrações de muita caridade; e com a mesma repartia as mulheres pobres os panos de segurar os denominados condes para que as mesmas pudessem ir às Igrejas gozar os ofícios e Santos Sacramentos.

4.º Logo, porque pela proibição feita por Sr. D. Alexandre, Bispo desta Cidade, se tem seguido escandalosas murmurações, procedimentos irregulares, descomposturas pelos adros das Igrejas, e muitas tem deixado de frequentar os Santos Sacramentos pelo pejo e vergonha de não irem compostas conforme a sua criação (…)” e seguia-se o protesto.

Apesar desta Pastoral, as mulheres continuaram com o seu vestido tradicional, que ainda usavam em meados do século XIX.”

Senhora de Macau com saraça, com o seu criado Pena sobre papel – Esboço de George Chinnery (1825-1852)

(1) D. Alexandre da Silva Pedrosa Guimarães (1727-1799) foi eleito Bispo de Macau a 13 de Julho de 1772. Chegou a Macau a 23-08-1774, tomando posse a 04-09-1774. Tomou posse do cargo de Governador e capitão-Geral de Macau, interinamente, a 25-06-1777. Adepto incondicional da política pombalina, e acérrimo inimigo dos jesuítas, deixou de ser governador a 1 de Agosto de 1778, (3) com a queda do Marquês de Pombal, e falecimento do Rei D. José em 1777. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-alexandre-da-silva-pedrosa-guimaraes/

(2) Bioco – Véu, rodeandoo rosto, em forma de coca (do castelhano, espécie de capuz). De tradição mourisca (9)

(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 303.

(4) Mantilha – espécie de manto de seda, ou de outro tecido, com que as mulheres cobrem a cabeça e parte do corpo geralmente até um pouco abaixo da cintura (9)

(5) Condê (do tâmul) – penteado que consiste em repuxar o cabelo e armá-lo em grande nó que se prende na nuca com ganchos geralmente de prata. Em Macau usou-se o termo para designar o pano branco com que se armava e prendia a saraça que servia de véu (9)

(6) Bró – palavra usada no Brasil para designar o penteado feminino constituído por um monte de cabelo repuxado e arrumado no alto da cabeça. (9)

(7) “Da análise do documento em estudo parece poder-se concluir que este nome era atribuído ao véu ou espécie de Mantilha com que as mulheres cobriam a cabeça e o busto. Supomos que, neste caso, se trate, apenas de ambiguidade no uso dos termos uma vez que as mulheres usariam além do baju ou do quimão, duas saraças ou panos-saraças: um para servir de saia e outro para mantilha – iguais, ou muito parecidos, nas dimensões e nos desenhos. Estes panos podiam ser de algodão estampado (provavelmente batik) ou em seda, por vezes bordada ou pintada, trazidas da Índia e, ao que parece, mais tarde também de Manila” (9)

Saraça (do malaio sarásah) – tecido de cor, geralmente de algodão, com que se enrolam da cintura para baixo as malaias e algumas índias cristãs (DALGADO, Sebastião R.  – Glossário Luso-Asiático , 1919, Vol. II, p. 293).

A saraça era um vestido fino de algodão que se usava por cima do baju ou quimão. Nos pés usavam chinelas, pouco dispendiosas, mas, com o manto, seria necessário calçar sapatos com as respectivas fivelas. (3) (9)

(8) D. Bartolomeu Manuel Mendes dos Reis (1720 – 1799), doutorado em Teologia pela Universidade de Coimbra em 29 de Novembro de 1752, foi nomeado Bispo de Macau, em Dezembro de 1752 (confirmado em 29 de Janeiro de 1753), tendo chegado a Macau e tomado posse em 1754. Durante o seu episcopado, por causa da perseguição promovida pelo Marquês de Pombal e supressão da Companhia de Jesus, em Portugal, os jesuítas foram expulsos de Macau e sequestrados os bens, ficando a Diocese de Macau gravemente prejudicada. O bispo, desgostoso com a expulsão dos jesuítas, partiu para Portugal em 1765. (3)

(9) AMARO, Ana Maria – O Traje da Mulher Macaense, 1989, pp. 124, 181, 183 e 185)

Extraído de «BGU», XLV 525 Março de 1969, p. 129/130

“Na parede do Gabinete do Conservador foi a 29 de Março de 1969 inaugurada uma placa de metal amarelo, encimada com o scudo nacional, a cores , com os seguintes dizeres em português e em inglês:

A placa é de cobre, encaixilhada em teca, sendo obra de Eurico Francisco do Rosário.

José Maria da Ponte e Horta, Governador de Macau (1866-1868) determinou pela Portaria n.º 14 de 26-06-1868 que o serviço de registo predial se iniciasse a partir de 1 de Julho de 1868. A Conservatória do Registo Predial ficou instalada no edifício do Tribunal, assistindo à inauguração o Governador Ponte e Horta, o Juiz João Maria Ferreira Pinto e o presidente do Senado. Foi só a 1 de Janeiro de 1869 que se fez o 1.º registo do prédio n.º 28 da Rua dos Mercadores; em todo esse ano registaram-se apenas 5 prédios e no dia seguinte 50.

O Dr. Diamantino de Oliveira Ferreira foi nomeado em Maio de 1964.

NOTA: Um dos conservadores foi o Dr. Camilo de Almeida Pessanha, professor do liceu, nomeado Conservador a 16-02-1899. Como a lei não permitia acumulação de cargos, foi chamado ao Ministro a Lisboa, onde se apresentou a 5-10-1899; regressando a Macau, deixou o professorado, tomando posse do cargo a 23-06-1900. A 16-04-1904 foi nomeado juiz, passando a Conservadoria ao delegado do procurador da Coroa e Fazenda, Dr. Luís Gonçalves Forte (17-05-1904 – ?) . Em 1905, Pessanha caiu doente e a 13 de Agosto regressou a Portugal; chegou de novo a Macau a 18-02-1909; e agora vai acumular os cargos de Conservador e de Professor, sendo nomeado a 13-03-1909, professor de Economia Política e Direito Comercial no Instituto Comercial, anexo ao Liceu. Em Agosto de 1915 foi exonerado do cargo de Conservador, que servira durante 6 anos de 179 dias; apesar disso, ainda continuou no ofício até 12 de Maio de 1919, em que pediu exoneração, continuando no cargo de juiz. (TEIXEIRA, P. Manuel – A Voz das Pedras de Macau. 1980, pp.127-128).

O mais antigo sino em Macau é o que se acha no campanário da igreja de S. Clara, cuja inscrição diz:

Em vez de ARO deve ser ORA; e significa: «Roga por nós, bem-aventurada Madre Clara. Ano do Senhor de 1674»

Francisco Tavares deve ser filho de Manuel Tavares Bocarro, (1) o grande fundidor de sinos e canhões em Macau por um quarto de século. Frei Manuel de Madalena de Lampreia, O. F. M., natural de Macau, foi várias vezes guardião ou superior do Convento de S. Francisco e em 1674 era comissário do Convento de S. Clara (2)

Segue-se o sino de N. Sra da Guia no qual se lê:

Foto de 1998

No outro lado do mesmo sino lê-se:

D. Diogo de Pinho Teixeira foi Capitão-Geral de Macau de 1706 (posse do cargo a 5 de agosto, dia da celebração anual à Nossa Senhora das Neves, celebrada na capela de Nossa Senhora da Guia) (3) a 1710. Posteriormente nomeado para a Capitania de Diu 1716 regressando a Goa em 1719.

Domingos Pio Marques (de Noronha e Castelo Branco) nasceu em Macau, a 06-05-1783 e faleceu a 8-02-1840; sepultado no jazigo de família no Cemitério de S. Miguel) sendo filho de Domingos Marques e de Maria Ribeiro Guimarães. (4) Domingos Pio Marques, proprietário e armador, cavaleiro, comendador da Ordem de Cristo, e comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (1825), foi ao Brasil em 1819, como representante do Leal Senado, para saudar D. João VI, que por decreto de 06-02-1818, outorgara ao Leal Senado o tratamento de «Senhoria».

D. Frei Francisco de N. Senhora da Luz Chacim, O. F. M., foi bispo de Macau de 1804 a 1828, falecendo a 31 de Janeiro de 1828. (5)

(1) Manuel Tavares Bocarro que possuía uma fundição de canhões em Macau de 1625 a 1664, informava que em 1635, o baluarte da Guia tinha 5 peças, i. é, uma colubrina, um pedreiro e 3 sagres, todas de metal; Marco d´Avalo afirmava que, em 1638, tinha 4 ou 5 peças.

(2) TEIXEIRA, P: Manuel – A Voz das Pedras de Macau, 1980, pp. 110-111.

(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/08/05/noticia-de-5-de-agosto-festa-de-nossa-senhora-das-neves-ii/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/08/05/5-de-agosto-festa-de-nossa-senhora-das-neves-i-2/

(4) Domingos Marques (1730-1787) e sua mulher estavam sepultados na Igreja de S. Agostinho. A lápide foi removida em 1960 para as ruínas de S. Paulo onde foi partida em dois pedaços em 1967, e depois depositada  na Fortaleza do Monte. (2)

(5) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-francisco-de-n-s-da-luz-chacim/

No dia 19 de Dezembro de 1909, realizou-se uma récita de caridade realizada no Teatro D. Pedro V, pelo «Grupo de Amadores», (1) sob a direcção de Constâncio José da Silva, em que se representaram 4 comédias. A Comissão do Grupo, compunha-se do coronel Fernando José Rodrigues, presidente (2); major Joaquim Augusto dos Santos, secretário (3); António A. Pacheco, tesoureiro; Aníbal C. Henriques, Conde de Sena Fernandes, (2) C. J. da Silva, Ernesto Álvares, Francisco Xavier Brandão, Gerardo J da Rocha, Henrique Manuel Vizeu Pinheiro (4), Dr. José Maria de Carvalho e Rego (director cénico dessa Academia) (5) e Cap. João de Sousa Carneiro Canavarro.

(1) Teve vários nomes: «Grupo de Amadores» no início, «Grupo de Amadores de Teatro e Música» em 1924, «Academia de Amadores de Teatro e Música» em 1934. (6) As suas récitas, concertos e saraus foram, com raras excepções, dados no Teatro D. Pedro V. Com o rebentar da guerra na Europa em 1939 e no Pacífico em 1941, a Academia entrou em agonia e extinguiu-se placidamente de morte natural. O último presidente foi o brigadeiro Temudo de Vera, gerente da Filial do Banco Nacional Ultramarino em Macau. (TEIXEIRA, P. Manuel – O Teatro D. Pedro V, pp. 33-34).

(2) Fernando José Rodrigues (Funchal 1863- Macau 1926). Assentou praça voluntária no Regimento de Infantaria nº 2, a 26 de Setembro de 1882; promovido a alferes para a guarnição de Macau e Timor a 12 de Maio de 1887; serviu em Timor de 1887 a 1890; transferido para a Guarda Policial de Macau em 1890; capitão em 1893, sendo novamente colocado em Timor; regressou a Macau em 1894; promovido a major em 1902; chefe do Estado Maior de Timor em 1903; chefe do Estado Maior de Macau em 1905; comandante do Corpo de Polícia de Macau em 1907; promovido a coronel em 1909 e passou à reserva em 1911 no posto de general de Brigada. Foi membro do Conselho do Governo de Macau, já reformado por vários anos provedor da Santa Casa da Misericórdia e presidente do Grémio Militar. Possuía várias condecorações. Casou em Macau a 16-06-1894, com Alina Clariza de Sena Fernandes (1868-1941), filha de Bernardino de Sena Fernandes e de Ana Teresa Vieira Ribeiro, condes de Sena Fernandes. Em sua homenagem o Leal Senado decidiu atribuir o nome “Rua do General Rodrigues” (7) a uma das artérias de Macau. (8) Ver:  https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/bernardino-de-senna-fernandes/

(3) Joaquim Augusto Tomé dos Santos 1867 – 1954, militar e administrador colonial português. Filho de Joaquim Tomé dos Santos, Cirurgião Ajudante do Regimento de Caçadores N.º 9, e de Angélica Monteiro, e neto paterno de Manuel Tomé dos Santos e de sua mulher Maria Joaquina de Jesus. Alferes da Guarda Policial de Macau na altura do seu primeiro casamento, em 2 de Outubro de 1890, e Alferes do Quadro Oriental do Ultramar na altura do seu segundo casamento, em 16 de Fevereiro de 1895, progrediu na carreira militar e passou à reforma no posto de Coronel. Foi Governador Interino de Macau por duas vezes (17 de Julho de 1919 a 23 de Agosto de 1919 e 16 de Julho de 1924 a 18 de Outubro de 1925) e era Comandante Militar de Macau quando se deram os graves distúrbios de 1922. (8) https://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Augusto_Tom%C3%A9_dos_Santos

(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/henrique-manuel-vizeu-pinheiro/

(5) José Maria Ernesto de Carvalho e Rego, (Porto 1860 – Macau 1917) – Bacharel em Direito, magistrado judicial em Quelimane, Beira, Timor e Macau. Em 1908 radicou-se defensivamente em Macau como procurador administrativo dos negócios sínicos e advogado. Foi também jornalista, redactor do jornal «A Verdade». Casado com Joana Alexandrina Palmeira de Carvalho e Rego (1860 – Macau, 1934). Pai de José da Conceição Ernesto de Carvalho e Rego (1890-1977) (um dos fundadores do Grupo de Amadores de Teatro e Música, em 1924), Fernando Ernesto Palmeira de Carvalho e Rego (1894-1957) e Francisco Ernesto Palmeira de Carvalho e Rego (1898-1960)

 (6) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/09/01/noticia-de-1-de-setembro-de-1934-academia-dos-amadores-de-teatro-e-musica/

(7) Rua do General Rodrigues – começa na Rua de Afonso de Albuquerque, entre o prédio n.º 16 e a Esquadra Policial n.º 3, e termina na Rua do Bispo Medeiros, ao lado do prédio. N.º 25.

(8) FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume III, Fundação Oriente, Macau, 1996, p. 255. TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Tomo II, 1997, pp. 414-415.

No dia 30 de Março de 1786, (1) chega a Macau, vindo de Cantão, o Padre João Baptista Marchini, procurador da sagrada congregação da Propaganda, (2) que transferiu para Macau a Procuradoria, fundada em 16-08 1705 , em Kuang-Chau pelo Patriarca Tournon.

O Padre Marchini (1758-1823)  além de Procurador da Propaganda, foi procurador das Missões Estrangeiras de Paris (3) de 1813 a 1816. Esta sociedade foi suprimida por Napoleão I em 1809, e o seu procurador expulso de Roma em 1812. De 1785 a 1803 foi procurador das M. E. P. em Macau Claude François  Letondal; sucedeu-lhe Marchini e a este, o Padre Jean Jacques Louis Baroudel (1816-1830). Marchini faleceu em Macau em 22-IV-1823, sendo sepultado na Igreja do Seminário, onde se encontra a sua lápide com a seguinte inscrição :

«A João Baptista Marchini, Dertonense, Protonoraio Apostolico, Procurador da Congregação da Propagação da Fé insigne pela piedade, doutrina e sabedoria; benemérito da Religião Cristã. O seu companheiro Carlos Vidua Conzani, italiano, dedicou (esta lápide) a um italiano. Viveu 65 anos. Faleceu em Macau no ano de 1823» (4)

Foto de José Neves Catela, publicado em 1940 (5)

 (1) O Padre João Baptista Marchini, da Congregação de São João Baptista, Companheiro encarregado das missões da China, partiu de Lisboa em Abril de 1780, acompanhando o padre Francisco José da Torre, da mesma Congregação que foi nomeado Procurador dessas missões.

20-05-1780Carta de Roma do Cardeal Antonelli, Prefeito [da Sagrada Congregação de Propaganda Fide], para o Núncio Apostólico e Arcebispo de Petra, acusando a recepção da carta de 18 de Abril em que o informava do embarque do Padre Francisco José da Torre e do seu colega, Padre Marchini, para Macau. O autor recomenda a chamada dos ex-Jesuítas Espinha e Loureiro, residentes, respectivamente, em Pequim e Cantão, para que regressem a Portugal.” (Arquivo Secreto do Vaticano-Expansão Portuguesa, Tomo II – Oriente, 2011) http://www.lusosofia.net/textos/20121207-arqsecretovaticano_tomo_ii.pdf

Ensaio sobre o Padroado Portuguez. Dissertação Inaugural Para o Acto de Conclusões Magnas de J. Lopes Praça, Coimbra, 1869, p. 127 https://www.fd.unl.pt/Anexos/Investigacao/1484.pdf

(2) Com a “Bula Inscrutabili Divinae”, do dia 22 de junho de 1622, o Papa Gregório XV criava a Congregação, com o nome de “Propaganda Fide”. A tarefa primordial da Congregação é missionária, propagação da Fé pelo mundo inteiro, com a específica competência de coordenar todas as forças missionárias, de proporcionar directivas para as missões, de promover a formação do clero e das hierarquias locais, de incentivar a fundação de novos Institutos missionários e de prover às ajudas materiais para as actividades missionárias. A recém-criada Congregação se transformara, deste modo, o instrumento ordinário e exclusivo do Santo Padre e da Santa Sé, para o exercício da jurisdição sobre todas as missões e a cooperação missionária. Com o tempo foi-se acrescentando outros documentos pontifícios fundamentais como: “Romanum decet” (com a mesma data), “Cum inter multíplices” (14 de Dezembro de 1622), “Cum nuper” (13 de Junho de 1623), e por fim “Immortalis Dei” (1 de Agosto de 1627)

(3) A Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris (em francês, La Société des Missions Étrangères, outrora chamado de Séminaire des Missions Étrangères; em latim, Societas Parisiensis missionum ad exteras gentes), fundada em 1660 (outras fontes: 1658-1663), é uma sociedade de vida apostólica e de direito pontifício, católica romana, constituída por padres seculares e leigos dedicados à evangelização em terras estrangeiras. Logo, não é uma ordem religiosa. Seu acrónimo é M.E.P. Os dois fundadores da Sociedade, os padres franceses Pierre Lambert de La Motte (1624 – 1679) e François Pallu (陸方濟) (1626 – 1684), foram respectivamente nomeados vigários apostólicos da Cochinchina e do Tonkin pelo Papa Alexandre VII, em 1658. Estas nomeações entraram em directo confronto com o Padroado português, que naquela altura era o principal responsável pela evangelização da Ásia e do Extremo Oriente (excepto as Filipinas). https://en.wikipedia.org/wiki/Paris_Foreign_Missions_Society

(4) SILVA, Beatriz de – Cronologia da História de Macau, Vol. 2, 1997

(5) Sobre José Neves Catela, ver anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-neves-catela/ Foto extraído de TEIXEIRA, P. Manuel – Macau e a sua Diocese, 1940

Os Negociantes de Macau, F. J. de Paiva, (1) J. V. Jorge (2) e B. Barretto (3) deram  no dia 11 de Abril de 1837, o último dos três dias sucessivos dos festejos pelo casamento da rainha D. Maria II (4) com o príncipe Fernando de Saxe- Coburgo-Gotha (1816- 1885) – rei consorte Fernando II, em Lisboa na Sé patriarcal no dia 19 de Abril de 1836.

O chá começou às nove horas, o baile às dez e a ceia depois das duas e a função acabou na manhã seguinte, ou para melhor dizer ao meio-dia; por quanto, depois de saírem os primeiros convidados, entraram os segundos, que eram os mendigos, pelos quais se repartiu tudo, quanto restou da lauta ceia, que tudo poderia fartar a mil pessoas

Extraído do « O Macaista Imparcial»,  I-88 de 13 de Abril de 1837

 (1) Francisco José de Paiva (1801-1849) – próspero comerciante, juiz ordinário do Senado (1831), encarregado dos Negócios Sínicos e major comandante do Batalhão do Senado (1847). Foi o 1.º cônsul geral de Portugal em Hong Kong nomeado em 21-01-1847, comendador da Ordem de Cristo e presidente (1835-1842) da comissão liquidatária da Casa «Casa de Seguros de Macau», extinta em 1825 e da qual tinha 6 acções.  Existe em Macau uma rua com o seu nome “Travessa do Paiva”. (5) Anteriores referências em:https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-jose-de-paiva/

(2) José Vicente Jorge (1803/1857) – negociante e exportador, em navios próprios, ligado ao negócio de emigração de trabalhadores chineses, almotacé da Câmara em 1831, procurador do concelho em 1840 e 1845 e provedor da Santa Casa da Misericórdia. (5) Mais informações em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-vicente-jorge-1803-1857/

(3) Bartolomeu Barretto (1784 – 1845) – natural de Bombaim (21-07-1784), estabeleceu-se como comerciante e classificador de chá em Macau. Casou pela 1.ª vez ,em Macau, com Antónia Maria Francisca Gonçalves Pereira na Igreja de S. Lourenço a 14-05-1816 e a 2.ª vez, a 18-07-1821, com a sua cunhada Angélica Rosa Gonçalves Pereira Foi director da Casa de Seguros de Macau que se estabeleceu novamente em Macau em 1822, da qual tinha 9 acções. Em 1825, foi eleito almotacé da Câmara. Faleceu em Macau a 25-02-1845. Pai de João António Gonçalves Barreto (1824-1881), , um dos fundadores do Clube Lusitano de Hong Kong. (5) Ver anterior citação de J. A. Barreto em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/j-a-barreto/

(4) Dona Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga (Rio de Janeiro, 1819 – Lisboa, 1853), foi a Rainha de Portugal e dos Algarves – D. Maria II, em dois períodos diferentes: primeiro de 1826 a 1828, quando foi deposta por seu tio Miguel, e depois de 1834 até à sua morte em 1853. Era a filha mais velha do imperador Pedro I do Brasil, que também reinou em Portugal brevemente como Pedro IV, e da sua primeira esposa, a imperatriz consorte do Brasil, Rainha Consorte de Portugal e dos Algarves e Arquiduquesa da Áustria, Maria Leopoldina da Áustria. Maria da Glória foi a única monarca da Europa a nascer fora de terras europeias

Retrato de D.Maria II, por John Simpson, c. 1837. https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_II_de_Portugal

D. Maria II, casou três vezes. Em 1826 casou com o seu tio o infante D. Miguel mas foi considerado nulo e dissolvido em 1834. Casou pela 2.ª vez, em Munique com príncipe Augusto de Bauhamais (1810-1835) em Janeiro de 1835 mas este faleceu em Março de 1835 de difteria. Casou então, com príncipe Fernando de Saxe- Coburgo-Gotha (1816- 1885) – rei consorte Fernando II, em Lisboa na Sé patriarcal em 19 de Abril de 1836. D. Maria II de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, esteve grávida 12 vezes, sendo que deu à luz 11 vezes, e só 7 dos seus filhos sobreviveram, e acabou por morrer no seu 11º parto.

(5) FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume I, 1996.

Poesia de J. M. da Fonseca datada de Novembro de 1854 e publicada no «Boletim do Governo da Província de Macau, Timor e Solor», de Dezembro desse ano (1) com o título “A AMASONA” (lorcha de guerra «Amazona») e dedicado ao 1.º Tenente J. E. Scarnichia (2) que em 10 de Novembro de 1854, passou a comandar já no posto de 2.º tenente, a lorcha de guerra Amazona.(1) Extraído de «BGPMTS» I-7 de 2 de Dezembro de 1854, p. 27
(2) João Eduardo Scarnichia (1832- 1888) guarda marinha em 1841, colocado na corveta D. João I em 1853 e em 10 de Novembro de 1854, passou a comandar no posto de 2.º tenente, a lorcha de guerra Amazona. Por esta brilhante acção de 12 de Novembro de 1854, foi promovido por distinção em 12-11-1854, a 1.º Tenente. Do comando da Amazona passou a desempenhar o cargo de Capitão do Porto de 1861 a 1876. Depois foi comandante da Polícia Marítima durante 8 anos (1868-1876) e posteriormente em 1877 foi eleito deputado pelo círculo de Macau. Reeleito, exerceu o cargo de deputado até à morte. (TEIXEIRA, Mons. Manuel – Marinheiros Ilustres Relacionados com Macau)
Anteriores referências em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-eduardo-scarnichia/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/lorcha-amazona/

Extraído de «O Independente» XVII de 3 de Outubro de 1897, p. 3
Recorda-se que anteriormente houve um desabamento de uma parte do tecto acompanhado de vigas na Igreja de S. Lourenço no dia 24 de Abril de 1892, (domingo) quando os fiéis assistiam à missa conventual celebrando a novena de Nossa Senhora dos Remédios.
Anteriormente, deram-se três novas reconstruções nesta Igreja: uma, de 1801 – 1803; a segunda de 1844 a 1846 e a terceira (a que se refere esta notícia) em 1897 -1898, sob a supervisão do engenheiro Augusto de Abreu Nunes, director das Obras Públicas, sendo inaugurada e benzida pelo pároco o Cónego Francisco António de Almeida em 30 de Abril de 1898.
Foi depois novamete renovada em 1954.

Notícia publicada em «O Oriente Português» de 26 de Abril de 1892: desabamento de uma parte do tecto acompanhado de vigas na Igreja de S. Lourenço no dia 24 de Abril, (domingo) quando os fieis assistiam à missa conventual celebrando a novena de Nossa Senhora dos Remédios. Felizmente não houve vítimas pois os devotos logo que se começaram a cair o estuque, correram para fora da igreja.

“O Oriente Português”, Abril 26, 1892.

A Igreja de S. Lourenço cuja data de construção precisa se ignora, mas segundo o Padre Teixeira: (1)
Ao tempo da criação da Diocese de Macau, em 23 de Janeiro de 1576, existiam já nesta cidade, segundo se lê na bula “Super Specula”, algumas capelas e outros lugares sagrados. É provável que entre êssas capelas e lugares sagrados esteja indicada a igreja de S. Lourenço, que no seu início devia ser uma pequena igreja de S. Lourenço. Nos preciosos manuscrito intitulado «Asia Sinica, e Japonica: Macao conseguido, e perseguido, obra pósthuma  do R.Pe. Fr. Jozé de Jesus Maria Arrabino»,  missionário nos Estados da India, escrito entre 1744 e 1745, livro IV, e I, p.76 lê-se « em o seguinte anno de 1558 até o de 69, achando-se já aqui alguns Padres da Sagrada Companhia de Jesus, como nos Memoriaes se acha descrito, com sua boa assistencia e idéa entrarão a formar duas ou três pequenas Igrejas de S. Lázaro, S. Lourenço e S. António…» (…)
…Ljungstedt em «Historical Sketch, diz: «a julgar por uma inscrição, esta igreja foi reconstruía em 1618.». mas não fala em construção; contudo, noutro lugar do mesmo livro, p. 155, escreve êle: « em 1593, o Senado comunicou a Filipe, Rei de Portugal, que Macau tinha uma Catedral com duas freguesias, uma misericórdia com dois hospitais e quatro congregações  religiosas, isto é, Agostinhos, Dominicanos, Jesuítas e Capuchinhos»; daqui se conclui que, segundo o mesmo Ljungstedt, a Igreja de S. Lourenço já existia muito antes de 1618… (…)”
De certeza sabe-se que a Igreja foi reconstruída pela primeira vez em 1618, de novo reedificada de Novembro de 1801 a 1 Novembro de 1803, e de Março de 1844 a 1846 e da última vez, em 1892 (após este desabamento), à custa das Obras Públicas de Macau (arquitecto Abreu Nunes), sendo bispo desta Diocese D. António Joaquim de Medeiros. (2)
(1) TEIXEIRA, P. Manuel – Macau e a Sua Diocese, I, 1940, p. 166-
(2) Sobre a a Igreja de S. Lourenço, ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/igreja-de-s-lourenco/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/10/noticia-de-10-de-agosto-de-258-morte-de-s-lourenco-e-leitura-paroquia-de-s-lourenco/

Mais dois ”slides” digitalizados da colecção “MACAU COLOR SLIDES – KODAK EASTMAN COLOR”, comprados na década de 60 (século XX), se não me engano, na Foto PRINCESA (1)
Dois slides referentes ao Templo de Kun Iam (Kun Iam Tong -觀音堂)

“Um dia, dois pastorinhos da aldeia de Mong Há (Mong Há Tchun- aldeia do Vestíbulo ou aldeia que contempla Há Mun, ou aldeia que contempla Casa Grande ou Palácio) viram boiar nas águas do rio que banhava os pés da Colina de Mong Há (outrora chamada Kam Kok Lam – Colina do Cume de Oiro), uma estatueta de madeira da Kun Iam , deusa; colocaram-na num nicho, que mais tarde se transformou num templo; este foi ampliado nos fins do sec. XVII. No reinado de Man Lek (1572-1620) (2) foi construída a bonzaria Pou Tchai Sin Un, junto do templo. Esta bonzaria foi-se ampliando com novos pavilhões, que vieram a dar o actual Kung Iam Tong; este ofuscou o primitivo santuário que ficou sendo conhecido pelo nome de Kun Iam Ku Miu -觀音古廟 (Antigo Templo de Kun Iam)” (3) (6)

O actual edifício de Kun Iam Tong data de 1627, sendo o templo restaurado durante os reinos de Chia Ching (1795-1821) (4) e de Tong Chih (1862-1875) (5) (6)
(1) Ver anteriores slides desta colecção em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/category/artes/
(2) Imperador Wanli (Man Lek) – 萬曆; mandarin pinyin:: Wàn Lì; cantonense jyutping: maan6 lik6
(3) O Kun Iam Ku Miu 觀音古廟 (Antigo Templo de Kun Iam) também chamado Kun Iam Tchai ( Pequeno Kun Iam) fica ao sul da colina de Mong Há, perto do Kung Iam Tong, fora do alinhamento da Avenida Coronel Mesquita, em frente da Rua Madre Terezinha. Reconstruído em 1867.
觀音古廟 – mandarin pinyin: guān yīn gǔ miào; cantonense jyutping: gun3 jam1 gu2 miu6
(4) Imperador Jiaqing (Chia ching ) – 嘉慶帝: mandarin pinyin: Jiāqìng Dì; cantonense jyutping: Gaa1 hing3 dai3
(5) Imperador Tongzhi (Tong chih) – 同治帝 – mandarin pinyin: Tóng zhì Dì; cantonense jyutping: Tung4 ci4 dai3
(6) TEIXEIRA, Padre Manuel – Pagodes de Macau, 1982.
Anteriores referências ao Templo de Kun Iam
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/templo-de-kun-iam/