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Ofício enviado de Lisboa por D. Diogo de Costa ao Vice-Rei da Índia em 27 de Março de 1626, (1) sobre o direito de Caldeirão (2) e conservação do Colégio de S. Paulo.

“Conde VRei Amigo Eu ElRey etc. O anno de 1624 apliquey as despezas da obra da fortificação da Cidade Macao a renda do direito de Caldeirão daquela Cidade, e que fortificada ella se trataria depois da conceruação, e sostento do Collegio a mesma Cidade que pertende consignar se lhe o necessário naquele drt.º p se ter p conveniente conseruarse o dito Collegio, pella boa criação e ensino, que ali tem os filhos dos moradores da dita Cidade, e vendo o que em reposta disso me escrevestes na via do anno passado, me pareceo encomendarnos me avizeis do que montara cada anno passado o rendimento daquele direito de Caldeirão, e o que importara a despeza, que será nescessario fazerse com o Collegio de Macao, e que do dito dinheiro do Caldeirão se não faça nelle agua sem primeiro saberem e julgarem os efeitos para que he mais necessário. Escrita em Lisboa a 27 de Março de 1626. Dom Diogo da Siua. Diogo de Costa.” (3)

(1) Em 1626, Portugal estava sob o domínio filipino, Filipe IV de Espanha (de 1621 a 1640), o Vice-Rei e Governador da Índia era D. Francisco da Gama (Conde de Vidigueira) (de 1622 a 1628). Em Macau, governava o Capitão-Geral de Macau D. Filipe Lobo (de 19-07-1626 a 1630): o Bispo era D Diogo Correa Valente, S. J (de 1626 a 1633) e o reitor do Colégio de S. Paulo, Manuel Lopes (de 1626 a 1627).

Nesse ano de 1626, concluía-se a Fortaleza de S. Paulo “conforme inscrição epigráfica, sobre a porta de acesso” e já existia a Capela na Guia (quando os holandeses tentaram invadir Macau, em 24 de Junho de 1622, já existia uma ermida) e o Forte da Guia (rudimentar sistema defensivo) que seria reconstruída como Fortaleza entre 1637-38, pelo Capitão de Artilharia António Ribeiro, a expensas da cidade, sendo Capitão-Geral Domingos da Câmara de Noronha

(2) Sobre o direito de Caldeirão – dinheiro das rendas dos cidadãos de Macau que patrocinavam as obras das fortalezas e outras do sistema defensivo da cidade:

“Toda a dita artelharia que tem esta cidade e obras de muros e fortes fez ella a sua custa sem a fazenda Real entrar nisso com couza algua em tempo que a viagem de Japão corria quasi por sua conta e particularmente os direitos que chamavam o caldeirão que são oje a oito por cento de todas as fazendas que vão pera Japão, e antigamente erão a tres e a quatro, e ainda assy lhe rendião muito», como explica António Bocarro no seu «Livro do Estado da índia Oriental», de 1635 reproduzido em C. R. Boxer, em “Macau na época da Restauração”, p. 34 da edição de 1993, da Fundação Oriente.

(3) “Arquivos de Macau”, 2.ª série –Vol I. n.º 2 de Fev-Março de 1941, p. 123

(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume IV, 2015, pp 10, 33, 46, e 49; Volume I, pp. 139.

O mais antigo sino em Macau é o que se acha no campanário da igreja de S. Clara, cuja inscrição diz:

Em vez de ARO deve ser ORA; e significa: «Roga por nós, bem-aventurada Madre Clara. Ano do Senhor de 1674»

Francisco Tavares deve ser filho de Manuel Tavares Bocarro, (1) o grande fundidor de sinos e canhões em Macau por um quarto de século. Frei Manuel de Madalena de Lampreia, O. F. M., natural de Macau, foi várias vezes guardião ou superior do Convento de S. Francisco e em 1674 era comissário do Convento de S. Clara (2)

Segue-se o sino de N. Sra da Guia no qual se lê:

Foto de 1998

No outro lado do mesmo sino lê-se:

D. Diogo de Pinho Teixeira foi Capitão-Geral de Macau de 1706 (posse do cargo a 5 de agosto, dia da celebração anual à Nossa Senhora das Neves, celebrada na capela de Nossa Senhora da Guia) (3) a 1710. Posteriormente nomeado para a Capitania de Diu 1716 regressando a Goa em 1719.

Domingos Pio Marques (de Noronha e Castelo Branco) nasceu em Macau, a 06-05-1783 e faleceu a 8-02-1840; sepultado no jazigo de família no Cemitério de S. Miguel) sendo filho de Domingos Marques e de Maria Ribeiro Guimarães. (4) Domingos Pio Marques, proprietário e armador, cavaleiro, comendador da Ordem de Cristo, e comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (1825), foi ao Brasil em 1819, como representante do Leal Senado, para saudar D. João VI, que por decreto de 06-02-1818, outorgara ao Leal Senado o tratamento de «Senhoria».

D. Frei Francisco de N. Senhora da Luz Chacim, O. F. M., foi bispo de Macau de 1804 a 1828, falecendo a 31 de Janeiro de 1828. (5)

(1) Manuel Tavares Bocarro que possuía uma fundição de canhões em Macau de 1625 a 1664, informava que em 1635, o baluarte da Guia tinha 5 peças, i. é, uma colubrina, um pedreiro e 3 sagres, todas de metal; Marco d´Avalo afirmava que, em 1638, tinha 4 ou 5 peças.

(2) TEIXEIRA, P: Manuel – A Voz das Pedras de Macau, 1980, pp. 110-111.

(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/08/05/noticia-de-5-de-agosto-festa-de-nossa-senhora-das-neves-ii/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/08/05/5-de-agosto-festa-de-nossa-senhora-das-neves-i-2/

(4) Domingos Marques (1730-1787) e sua mulher estavam sepultados na Igreja de S. Agostinho. A lápide foi removida em 1960 para as ruínas de S. Paulo onde foi partida em dois pedaços em 1967, e depois depositada  na Fortaleza do Monte. (2)

(5) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-francisco-de-n-s-da-luz-chacim/

Nesse terreno firme – a colina da Guia – argamassado com o suor de tantos valentes guerreiros e, por isso, mais consistentes, calcado com as rodas pesadas que deslocavam as grossas peças de artilharia, ajoelham anualmente novas fardas e novos cidadãos, envolvidos no sentimento patriótico e de devota homenagem da alma portuguesa, no dia 5 de Agosto, aos pés da Senhora das Neves. Vestida de seu gracioso manto azul, tapetado de estrelas doiradas, a todos recebe com o mesmo carinho de outrora, quando os marinheiros, singrando os mares para trazerem novas do reino distante, iam à sua capelinha cumprir os votos feitos em horas de tormenta e de aflição.

Foto de 1955

Cenário rico de natureza, mas também cenário abundante de recordações históricas e de terna devoção patriótica. Muitos calcorrearam os caminhos que conduziam ao cima da Guia; mas cremos que foi a Fé dos que subiram essas encostas em peregrinação que manteve desfraldada a bandeira lusa a flutuar ao vento mesmo ao lado da capelinha branca da Senhora.

No dia 5, logo pela manhãzinha, o sino velhinho, religiosamente conservado na pequena torre, fez ouvir a sua voz pela encosta e pela cidade, a despertar a população e a relembrar a data que mais uma vez se repetia.” (1)

Foto de 2005

A capela apresenta uma fachada simples, com um frontão triangular assente sobre pilastras pintadas de amarelo sobre um fundo branco. A nave mede 16 por 4,7 m e as suas grossas paredes suportam a abóbada interior. As paredes da capela estão ainda reforçadas por contrafortes ao longo do perímetro do edifício. Os frescos que hoje se vêm nas paredes e que estavam escondidos pelo caiado, foram recuperados em 1996. A sacristia situa-se do lado esquerdo e existe um pequeno coro-alto por cima da zona de entrada. O telhado está coberto com telhas cerâmicas tradicionais vermelhas. (2)

(1) Sem indicação de autor, MBI, III-41 de 15 de Agosto de 1955, pp. 8-10.

(2) http://www.wh.mo/pt/site/detail/25

Ver anteriores referências à Capela da Guia/Capela de Nossa Senhora das Neves, em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/01/10/1898-os-postais-do-jornal-unico-iv-pharol-da-guia/

Seis moedas de Macau dentro de uma embalagem de plástico compartimentado: 10 avos- 1993; 20 avos – 1993; 50 avos – 1993; 1 pataca – 1998; 5 patacas 1992; 10 patacas 1997. Foram compradas numa das bancas de venda de artigos variados para turistas, em 1998/1999, que existiam na Rua de S. Paulo /Largo Companhia de Jesus, junto às Ruínas de S. Paulo. Preço: 25 patacas.

Frente
Trás
Anverso das moedas –澳MACAU門
Reverso das moedas

10 Avos – 1993 – Dança Leão – redonda, latão, bordo liso, 1,38 gr, 17 mm de diâmetro e 1 mm de espessura; 壹毫: (yī háo, jat1hou4) 20 Avos – 1993 – Barco dragão – formato:12 lados, latão. Bordo liso, 2,8 gr, 20 mm de diâmetro e 1,28 mm de espessura; 贰 毫(èr háo/ji6 hou4) 50 Avos – 1993 – Dança do dragão – redonda, latão, bordo liso, 4,59 gr., 23 mm de diâmetro e 1,55 mm de espessura; 伍毫  (wǔ háo / ng5 hou4) 1 Pataca – 1998 – Farol e Capela da Guia – redonda, cupro-níquel, serrilhado, 9 gr, 26 mm de diâmetro e 2,25 mm de espessura; 壹圓 (yī yuán /jat1 jyun4) 5 Patacas – 1992 – Ruínas de S. Paulo e Junco chinês – formato: 12 lados, cupro-níquel, bordo liso, 10,1 gr; 27,5 mm de diâmetro e 2 mm de espessura. 伍圓 (wǔ yuán/ng5 jyun4) 10 Patacas – 1997 – Ruínas de S. Paulo – redonda, bimetálica: centro de cupro-níquel, anel de Latão, bordo serrilhado intermitente, 12 gr., 28 mm de diâmetro e 2,7 mm de espessura; 十圓 (shíyuán/ sap6 jyun4)

Continuação da publicação dos postais de Macau digitalizados do «Jornal Único» de 1898 (1)
NOTA:Os chichés das vistas photographicoas foram tirados pelo photographo amador Carlos Cabral. Todos os trabalhos respeitantes a este «Jornal Único» foram executados em Macau
Extractos do artigo de E. C. Lourenço “Pharol da Guia”, publicado no «Jornal Único».
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jornal-unico/
http://purl.pt/32511/3/html/index.html#/1

Em postagem anterior (1) publiquei o lançamento pelos Correios e Telecomunicação de Macau, do bloco filatélico com o tema: “FORTALEZAS DE MACAU”, no dia 3 de Outubro de 1986, a propósito do 10.º aniversário das Forças de Segurança de Macau.
Apresentei então cópia da capa e contracapa (Dados Técnicos) da pagela/brochura n.º 23.
Hoje apresento a caracterização dos quatro selos todos do mesmo valor (2 patacas) emitidos nessa data, desenhados por Luís Duran e descritos pelo Coronel José Eduardo C. de Paiva Morão (na altura 2.º Comandante das Forças de Segurança de Macau) (1)

Fortaleza de S. Paulo do Monte
Foi a mais importante fortificação de Macau quer pela sua localização, quer pelo domínio de observação e de fogo que disfrutava sobre toda a península.
Teria surgido, desde a fixação dos primeiros residentes ainda no século XVI, como local de refúgio, tornando-se posteriormente no bastião principal do sistema defensivo da Cidade. Ali se instalaram as mais importantes posições de combate e os principais órgãos de comando, constituindo desde o século XVII uma autêntica cidadela, onde foram criadas condições que permitissem resistir a cercos prolongados.
Com a forma de quadrilátero irregular, com cerca de 90 m de lado, dispunha além de bastiões, de uma torre com três andares, instalações para a tropa, paióis e inúmeros reservatórios e cisternas.
Fortaleza da Taipa
Situada na ponta ocidental da Ilha da Taipa, esta fortaleza controlava o canal de navegação entre esta Ilha e a de D. João e protegia a baía onde então se localizava a povoação.
Com a construção iniciada em meados do século passado, foi a edificação custeada pelos habitantes da Ilha.
Com a frente amuralhada virada ao mar, tem ainda muralhas de alvenaria em toda a volta que abrigam algumas plataformas de posicionamento de armas, paios e instalações de pessoal.
Fortaleza de S. Francisco
Situada na base da colina onde hoje se encontra o Hospital Central Conde de S. Januário, tinha por primeiro objectivo a defesa costeira, pois nessa altura a baía da Praia Grande colidia com os seus limites, sendo a principal fortaleza para protecção contra ataques navais.
A sua construção efectuou-se no fim do 2.º Quartel do Século XVII, tendo sido posteriormente reconstruída em 1864. Incluía além de 6 aberturas para armas de bronze, uma abertura situada no reduto, para a maior peça de Artilharia de Macau. Aquando da sua construção possuía alojamentos e depósitos de munições, bem como uma Igreja.
A sua forma primitiva era irregular, pois rodeava a base da colina. Posteriormente, em 1864, já apresentava dois bastiões circulares nas muralhas de Leste e Oeste com um revestimento triangular.
Aquando da sua reconstrução (1864) foram utilizados pesados blocos de alvenaria, sendo as armas montadas em parapeitos baixos, assentes em carruagens de madeira.
Fortaleza de N-ª S.ª da Guia
Teria sido concluída na primeira metade do século XVII e emborainicialmente não constituísse um local de grande importância defensiva, foi desde sempre uma posição privilegiada para a observação, alerta e aviso aos movimentos marítimos.
Com uma missão de bateria auxiliar no rpimeiro sistema defensivo da cidade, foi posteriormente valorizada, constituindo finalmente um aposição fundamental no domínio militar do Território.
Nela se encontra instalado desde 1865 o Farol da Guia, a primeira instalação do género em toda a costa chinesa.
Com uma forma irregular teria inicialmente apresentado a configuração de um trapézio, sendo rodeada de muralhas de alvenaria com cerca de 6 metros, de altura, no interior das quais se encontram instalações para a tropa, paios e cisterna e além do farol, uma expressiva capela que remonta ao século XVII.

(1)Tenente-general José Eduardo Carvalho de Paiva Morão (1936-2015)
Ingressou na EE em 1953, onde concluiu o curso de Cavalaria, sendo promovido a Alferes em 1958; e depois, sucessivamente, a Tenente (1959), Capitão (1961), Major (1970), Tenente Coronel (1976) e Coronel (1983).
Cumpriu 4 comissões em África: Moçambique (1961-63), Comandante da CCAV 182;Moçambique (1964-67) Ajudante de Campo do Comandante-Chefe; Angola (1967-69),Comandante da CCAV 1777; e Guiné (1974), Subchefe e Chefe da Repartição de Operações do CCFAG; e uma comissão em Macau (1982-86), nas Forças de Segurança, como Chefe de Estado-Maior, 2.º Comandante e Comandante interino.
Promovido a General (1994), foi Juiz Vogal do STM (1994-95), Comandante da RMS (1996), Quartel-Mestre General (1996-97) e Vice-Chefe do EME (1997-98).Tem averbado 24 louvores, sendo 2 de Ministro e 16 (mais 2 citações) de oficial-general; foi agraciado com Ordem Militar de Avis (Grã-Cruz e Cavaleiro), condecorado com 4 medalhas de Serviços Distintos (Prata com palma e 3 de Ouro), Mérito Militar (Grã-Cruz e 2.ª classe), Comportamento Exemplar (Ouro e Prata), Comemorativas das Campanhas (Angola e Guiné) e das Expedições (Moçambique e Macau); e com a Ordem de Mérito Militar do Brasil (grau Comendador). Passou à Reforma em 2002, sendo designado Tenente-General pelo novo EMFAR (DL 236/99 de 25 de Junho)
http://www.socgeografialisboa.pt/wp/wp-content/uploads/2012/09/LISTA-DOS-CURRICULA-DE-VOGAIS-DA-SCM-1-1.pdf
http://ultramar.terraweb.biz/TGenJoseEduardoCarvalhodePaivaMorao.htm

Continuação da anterior postagem, com a publicação da terceira parte do primeiro desenho referido em (1)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/08/15/leitura-desenhos-de-macau-1840-description-of-a-view-of-macao-in-china-i/

Extraído de «BGC»,  XXI-244, 1945.

Mais dois “slides”, estes referentes à Fortaleza de Guia / Farol da Guia / Capela de Nossa Senhora das Neves ou da Guia / Colina da Guia.

macau-color-slides-iii-guia

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Fortaleza da Guia -1885Fortaleza da Guia em 1885

“01-09-1637 – Principiou a construção da Fortaleza de Nossa Senhora da Guia tendo terminado um ano depois.” (1)
A fortaleza encontra-se no mesmo sítio onde havia uma bateria pois  desde 1622 (2) foram feitos reparos defensivos a um “rudimentar sistema anterior” (bateria), junto da ermida. (3) A fortaleza sofreu várias alterações ao longo do tempo tendo sido ampliada e prolongada dando origem à actual fortaleza.

Planta de Macau final s. XVII chinês - pormenor fortalezasPormenor da Planta de Macau em finais do século XVII
pertencente ao Arquivo Nacional n.º1 da China,  onde se vê três fortalezas,
a Fortaleza de Nossa Senhora da Guia (no topo, com dois canhões),
a Fortaleza do Monte (à esquerda, com 11 canhões) e
a Fortaleza de S. Francisco (à direita, com 4 canhões)

Esta Fortaleza de Nossa Senhora da Guia ou Fortaleza da Guia encontra-se  a Nordeste da Fortaleza de S. Paulo do Monte, e está situada na colina de Nossa Senhora da Guia, com uma altitude de 94 metros, o ponto mais alto da Península de Macau. As cartas desta parte da costa da China indicam que o farol (4) existentes no seu recinto tem as coordenadas de 22° 11´ 51´´ de latitude Norte e 113° 32´48´´.
Esta fortaleza colocada fora das muralhas defensivas da cidade antiga mas em situação dominante foi edificada como defesa contra a ameaça do continente Chinês. Funcionava também como aviso e posto de observação (5) tem um sino (6) que tocava sempre que se avistava um navio ou  se esperava um tufão“. (7)
ESQUEMA Fortaleza da Guia

Compreende uma área de cerca 800 metros quadrados. O seu plano primitivo era mais regular, com a forma de trapézio de área ligeiramente inferior à presente. Possuía um quartel para uma companhia de soldados e uma cisterna de água assim como uma ermida dentro do seu recinto. O portão de entrada ficava na muralha Norte, com casa da guarda por cima. Tinha também armazéns para equipamento e pólvora e uma casa para o Comandante da guarnição. Tinha de início quatro pequenas torres mas restam apenas duas. A torre no cato Norte não é original, é de construção recente em cimento armado.(7)
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954
(2) A  laje de pedra encaixada sobre o portão de entrada da fortaleza tem gravada uma inscrição que regista que a fortaleza foi erigida e concluída nos anos de 1637-1638.

Fortaleza da Guia - Laje portãoESTE FORTE MANDOV FAZER A CIDADE A SVA
CYSTA PELO CAPITAO DA ARTILHARIA ANT RIBR
RAIA COMESOVSE EN SETEBRO DE 1637 ACABOVSE
EN MARÇO D 1638 SENDO GERAL DA CAMARA
DE NORONHA

A fortaleza de N.ª Senhora da Guia teve princípio em Setembro de 1637 e terminou em Março de 1638. (PEREIRA, J. F. Marques – Ta-Ssi-Yang-Kuo, 1984.)
Padre Manuel Teixeira refere que “vários historiadores, que se limitam a copiar Marques Pereira, afirmam erradamente que a fortaleza da Guia foi construída em 1637 mas afirma que segundo documentos de Bocarro (8) ” Manuel da Câmara Noronha, Capitão-Geral de Macau (1631-1636), demoliu o forte mas, em 1636, foi substituído no governo por seu irmão Domingos da Câmara Noronha, que tinha ideias muito diferentes; este reconstruiu-o com maior perímetro em 1637- 1638, segundo reza a inscrição da fortaleza.” (TEIXEIRA, P.e Manuel – Os Militares e Macau, 1975)
Domingos da Câmara de Noronha foi Capitão-geral de Macau de 1636 a 1638.
(3) No relato da invasão dos holandeses em 22 de Junho de 1622 … Tendo pois o inimigo de passar ao lado d´este bambual, temeu alguma emboscada, e pelo facto de não ver pessoa alguma e estar soffrendo não só os tiros do Monte como tambem descargas successivas do lado da Guia; assim mudou de plano, e diligenciou subir ao alto do oiteiro, sobre o qual já existia uma ermida… (Boletim do Governo de Macau, n.º 30 de 28-06-1862).
(4) O farol é posterior, foi construída por ordem do Governador José Rodrigues Coelho do Amaral em 1864/1865. Acendeu-se pela primeira vez a 24 de Setembro de 1865.
(5) A fortaleza da Guia (e antes a Ermida da Guia) servia durante o dia de guia para os navios  que se dirigiam para Macau e Cantão. Quando aparecia um navio um navio, o governador era avisado da sua aproximação por sinais, e quando se descobre a bandeira, o comandante participava-o por escrito. Se era um a navio português, tocava-se o sino.
(6) O sino que se encontra ao lado da Capela, (mas ali colocada somente em 1707), tem a seguinte inscrição:

ESTE SINO
FOI FEITO PARA UZO DE
STA ERMIDA DE N.S DA GUIA
EM O ANO DE 1707 SENDO
PREZIDENTE DELLA E CAPI
TÃO GERAL DESTA CIDADE
DIOGO DO PINHO TEIXEIRA
Fortaleza da Guia - SINO - 1998Foto de 1998

O italiano Marco d´Avalo diz na «Descrição da Cidade de Macau»: ” Deste último forte recebe a cidade aviso dos navios que se avistam no mar, quer venham do Norte ou do Sul, do Japão ou de Manila, para entrar no seu porto. Logo que se avista qualquer , toca-se o sino na montanha e, segundo as maneiras como for tocado, indica de qual lado eles apparecem”  in  (Ta-Ssi-Yang-Kuo, Vol II).
(7) GRAÇA, Jorge –Fortificações de Macau.
(8) Manuel Tavares Bocarro que possuía uma fundição de canhões em Macau de 1625 a 1664,  informava que em 1635, o baluarte da Guia tinha 5 peças, i. é, uma colubrina, um pedreiro e 3 sagres, todas de metal; Marco d´Avalo afirmava que, em 1638, tinha 4 ou 5 peças.
Anteriores referência à Fortaleza da Guia em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/fortaleza-da-guia/page/4/