Do «Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas», no n-º especial comemorativo do Tricentenário da «Gazeta», n.º4, Out/Nov/ Dez de 1941, pp. 143-144; 169-170. (1), extraí o seguinte texto sobre a evolução da imprensa escrita em Macau.
“SEXTA feira passada 31 de Março principiaraõ as chuvas, e pela madrugada houve huma de pedra, acompanhada com grandes trovões e raios, que prejudicaraõ a alguas propriedades, e no Mahá (Mong Há) foraõ mortos por hum raio hum china, e hum caõ. O tempo continua chuvoso e Thermometro 70 graos.”
Notícia da visita da corveta francesa “La Bonite”, comandada elo capitão Vaillant, que chegou a Macau em 31 de Dezembro de 1836, vindo de Manila. (1) O comandante da “Corvette” francesa “La Bonite” Auguste Nicolas Vaillant (1793-1858), depois da viagem publicou o livro “Voyage Autour du Monde Executé Pendant les Années 1836 et 1837 sur la Corvette “La Bonite” (2)
“Com início em 1836 e duração até 1837 realiza-se a Viagem científica de Auguste-Nicolas Vaillant, publicada em dois volumes e três fólios por A. Bertrand em Paris (1841-1852). Contém três gravuras sobre Macau e uma de um pagode nos arredores de Macau no conjunto de cem gravuras que integram o Álbum Histórico em fólio de grande formato.” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 76)
(1) Anterior referência a este comandante em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/auguste-nicolas-vaillant/
(2) VAILLANT, Auguste Nicolas, 1793-1858 –“Voyage autour du monde exécuté pendant les années 1836 et 1837 sur la corvette la Bonite, commandée par M. Vaillant, capitaine de vaisseau : pub. par ordre du roi sous les auspices du Département de la Marine. Paris: Arthus Bertrand, éditeur 1840-66. Leitura disponível em: https://catalog.hathitrust.org/Record/001876493
Extracto da Chapa do Mandarim Cso-tam sobre os Servidores Chinas nas Casas do Portuguezes em Macao
O Mandarim Cso-tam por apelido Pom faz saber ao Sr. Procurador, que sendo evidente, que as Cazas Portuguezas em Macao quando allugão servidores Chinas, o fazem à sua vontade , sem ser por introdução de fiadores, nem por via de compradores capazes; donde procede portarem-se esses servidores sem temor, nem respeito, concebendo logo ideas sinistras, já espreitando qualquer couza para furtar, e fugir, já abusando da confiança que os ditos Portuguezes deles fazem a respeito de dinheiro, ou fazendas, cometendo faltas, e se auzentão: e quando sobem queixas do Sr. Procurador nos Mandarins, só vem apontado o nome do individuo, ou indivíduos por não se saber o seu cognome, nem o de seus Irmaons, filhos, e parentes, nem o nome dos lugares de suas moradias; … (…)
… (…) quando os Estrangeiros alugarem servidores Chinas, deverão estes ser inculcados por compradores. E em Macao quando não há compradores, deverá haver fiadores seguros para então se assegurarem os descuidos…
NOTA: Neste ano (1837) o governador e capitão-geral de Macau era Adrião Acácio de Silveira Pinto que tomou posse a 22 de Fevereiro de 1837 (nomeado para o cargo em 4 de Março de 1836). O Procurador do Senado era Francisco António Seabra (1837-1843) e por isso o vereador encarregado dos negócios sínicos, com o título de “mandarim intendente do distrito” perante o mandarim da Casa Branca. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/adriao-a-silveira-pinto/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-antonio-seabra/
Em 7 de Agosto de 1898, celebraram os 60 anos de casados, (1) Lourenço Caetano Cortela Marques e sua prima Maria Ana Josefa Cortela Pereira, com uma grande festa a que compareceram muitos amigos e conhecidos tanto de Macau como de Hong Kong; nesse dia celebrava também o Comendador Lourenço Marques o seu 87º aniversário natalício. Um dos sues amigos Demétrio de Araújo e Silva (2) que viera de Hong Kong assistir a essa festa sentiu-se de repente indisposto, vindo a falecer em 21 de Agosto de 1898, vitimado por uma lesão cardíaca, contando 60 anos e 10 meses de vida, em casa do mesmo Comendador, sendo inúteis todos os esforços empregados pelo Lourenço Pereira Marques para o salvar.
Maria Ana Josefa Cortela Pereira veio a falecer em Macau, em 23 de Agosto de 1901, com 76 anos de idade e o Comendador Lourenço Marques faleceu no ano seguinte, a 14 de Dezembro, na sua casa do Largo Luís de Camões.com 91 anos.
(1) Lourenço Caetano Cortela Marques, (1811-1902) em 7 de Agosto de 1838, precisamente no dia que completava 27 anos de idade, casou com sua prima, Maria Ana Josefa Cortela Pereira, a qual contava apenas 13 anos de idade, pois nascera, em Macau a 21 de Abril de 1825.
Conta-se até que, quando ela teve o primeiro filho, fazia-se mister andar a chamá-la constantemente para dar o peito à criança, pois que ela – pouco menos que criança – se entretinha a brincar no jardim com outras meninas da sua idade.
(2) Demétrio de Araújo e Silva nasceu em Macau em 21 de Outubro de 1837 e era filho de Demétrio de Araújo e Silva, natural de Lisboa, último Administrador da Alfândega Portuguesa em Macau, desde 1838 até 1845, e de Maria Micaela de Rosa Pereira, natural de Macau, casados em S. Lourenço em 31 de Agosto de 1823. Tendo falecido Maria Micaela de Rosa Pereira, em 19 de Junho de 1842, Demétrio de Araújo e Silva casou, em segunda núpcias, em 19 de Junho de 1842 com Francisca Maria Antónia de Arriaga, nascida em 28 de Outubro de 1812 e falecida em 11 de Dezembro de 1899.
Com a decadência do comércio de Macau, devido ao estabelecimento dos ingleses em Hong Kong e à abertura de alguns portos da China ao comércio estrangeiro, começouo êxodo dos macaenses para vários portos do extremo Oriente, com o fim de angariarem meios de vida. Demétrio de Araújo e Silva (filho) peregrinou por Cantão e Xangai, até que se estabeleceu em Hong Kong em 1877.
Informações recolhidas de TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX, 1942 p. 180-181
Ver anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/comendador-lourenco-marques/
Extraído de «A Aurora Macaense», I-12 de 1 de Abril de 1843, p. 55
A notícia saiu na “A Revolução de Setembro “ (1) no dia 15 (e não a 16) de Novembro de 1842. Este jornal citando “O Pregoeiro de Bombaim” (2) de 16 de Julho (pressupõe-se de 1842) (notícia no entanto originária do periódico “O Farol Macaense” de 1 de Julho) (3) refere que “o governador major Adrião Accacio da Silveira Pinto (4) convocara o Senado “fazendo um discurso insultante ao governo da Mãi Patria”, resignou a autoridade, e publicou à tropa esta sua deliberação”
Extraído de “A Revolução de Setembro”, n.º 589 de 15 de Novembro de 1842, p. 3
Tomou posse a 23 de Fevereiro de 1837, na Fortaleza do Monte e governou até Outubro de 1843, (1) tenho-lhe sucedido, Joze Gregório Pegado que tomou posse a 3 de Outubro de 1843.
Extraído de «O Macaista Imparcial», I- 72 de 13 de Fevereiro de 1837, p. 288
“Teve pela frente o Senado (o governador equiparou a mera câmara municipal o “Leal Senado”) e o Ouvidor unidos e, por influência externa (Ingleses), e sentiu em Macau as implicações da I Guerra do Ópio (1840-1842) ” (4) (5)
(1) O jornal “A Revolução de Setembro” ,editor responsável: J.F.S.Castro foi publicada em Lisboa de 1840 a 1901, na tipografia de J. B. da A. Gouveia.
(2) “O Pregoeiro da Liberdade”, jornal publicado em Bombaim desde 1840 até 21 de Agosto de 1844. (Annaes Marítimos e Coloniaes, 1845, p.222)
(3) Mas “O Farol Macaense”, jornal macaense, teve inicio a sua publicação em 23 de Julho de 1841, e terminou a 14 de Janeiro de 1842. O editor e redactor era Félix Feliciano da Cruz e também era proprietário da Tipografia Arménia onde era impressa o jornal. O mesmo editou na sua tipografia, um novo jornal, o semanário “ A Aurora Macaense “ que circulou de 14-01-1843 a Maio de 1844. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/felix-feliciano-da-cruz/
(4) Adrião Acácio da Silveira Pinto nomeado Governador e Capitão Geral de Macau em 4 de Março de 1836, só chegou a Macau em 14 de Fevereiro de 1837. Desembarcou na Praia Grande (com a esposa e família) tendo vindo no navio “Resolução” que saiu de Lisboa em 18 de Junho de 1836, passando por Baía (Brasil) onde esteve dois meses e por Timor onde esteve quase duas semanas.
Extraído de «O Macaista Imparcial», I- 72 de 13 de Fevereiro de 1837, p. 288
Após o seu mandato, em 2 de Outubro de 1843 Adrião Acácio da Silveira Pinto, foi nomeado pelo Governador José Gregório Pegado, em sessão do Senado de 10 de Outubro de 1843, para tratar com os comissários chineses, no sentido de se melhorarem as condições da existência política deste estabelecimento. Seguiu para Cantão no brigue de guerra «Tejo», do comando do capitão-Tenente Domingos Fortunato de Vale. Agregaram-se a esta missão, o Procurador da Cidade João Damasceno Coelho dos Santos e o intérprete interino José Martinho Marques. (6) Em 23 de Março de 1868, foi nomeado embaixador de Portugal para tratar com os plenipotenciários chineses sobre o estabelecimento de Macau. Faleceu em Lisboa, no dia 10-10-1868, no posto de Marechal de Campo. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II,2015, pp.79, 93, 94 e 99)
Ver anteriores postagens em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/adriao-a-silveira-pinto/
(5) Em 26 de Janeiro de 1841, os ingleses ocuparam a Ilha de Hong Kong e a 29 de Janeiro, C. Elliot proclamou os direitos de S.M. Britânica sobre Hong Kong. Em 1842 com o nascimento de Hong Kong e a abertura dos cinco portos chineses nos termos do Tratado de Namquim (29 de Agosto) Macau entrou numa gradual e acelerada decadência (4)
Na tarde do dia 27 de Maio de 1836, chegou a Macau a armada americana composta pela corveta “Peacock” comandada pelo capitão C. K. Stribbling, e onde vinha o comodoro E. P. Kennedy, e a escuna “Enterprize” comandada pelo capitão Archibald S. Camphell (o nome do comandante no jornal não está correcta)
O comandante do “Entreprize”, Archibald S. Camphell vinha já doente e faleceu no dia 3 de Junho, vítima de uma disenteria.
No dia 4 de Junho, pelas 5 horas da tarde, foi o funeral tendo assistido o Governador Bernardo Joze de Sousa Soares Andrea (governo: 1833-1837) tenho o Batalhão de Príncipe Regente prestado as honras fúnebres. Ficou sepultado na campa n.º 49 do Cemitério Protestante.
CAMPA N.º 49 : “The remains of Archibald S. Campbell Esq. who died at Macao in command of the Schooner Enterprize June 3d 1836. AET: 40. Erected to the memory of Lieutenant Commandant Archibald S. Campbell by the Officers of the U. S. Ship Peacock and Schooner Enterprize 1836”
(TEIXEIRA, P. Manuel – A Voz das Pedras de Macau, 1980, p. 286)