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Relatos dos inícios dos festejos públicos em Macau no dia 9 de Abril de 1837, pelo casamento da Rainha D. Maria II (em segunda núpcias) com o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, depois Rei Consorte de Portugal, como D. Fernando II, (1) realizado presencialmente na Sé Patriarcal de Lisboa em 9 de Abril de 1836 (casamento em Coburgo por procuração em 1 de janeiro de 1836). Os festejos públicos prolongaram-se até 11 de Abril, merecendo também uma notícia no mesmo jornal, (já foi postado em 11-04-2020). (2)

Extraído de «O Macaísta Imparcial», I- 87 de 10 de Abril de 1837, p. 350
Dona Maria II (1835) por John Zephaniah Bell (3)

(1) D. Maria II, em 1836 casou em segunda núpcias com o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, baptizado Fernando Augusto Francisco António de Saxe-Coburgo-Gotha e Koháry, nascido em Viena em 29 de Outubro de 1816 e falecido em Lisboa a 15 de Dezembro de 1885, no Paço Real das Necessidades, estando sepultado no mosteiro de São Vicente de Fora. O contrato matrimonial foi assinado no fim de 1835. Meses depois, chegou o marido. Haviam casado em Coburgo por procuração em 1 de janeiro de 1836 e, em Lisboa, em pessoa, na Sé Patriarcal em 9 de Abril de 1836. O casamento formal deu origem à Casa Real de Bragança-Saxe-Coburgo-Gotha e o príncipe alemão passou a Rei Consorte de Portugal, como D. Fernando II, em 16 de setembro de 1837, após o nascimento de um filho varão. Regente do reino (entre 1853 e 1855) durante a menoridade do filho D. Pedro V e, depois da morte deste, até à chegada a Portugal do filho D. Luís I. Tiveram 11 filhos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_II_de_Portugal

D. Fernando II, Rei Consorte de Portugal, em 1861. (4)

(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/04/11/noticia-de-11-de-abril-de-1837-festejos-pelo-consorcio-da-rainha/

(3) Por Joannes Paulus – Obra do próprio, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=63969447

(4) https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_II_de_Portugal

Os Negociantes de Macau, F. J. de Paiva, (1) J. V. Jorge (2) e B. Barretto (3) deram  no dia 11 de Abril de 1837, o último dos três dias sucessivos dos festejos pelo casamento da rainha D. Maria II (4) com o príncipe Fernando de Saxe- Coburgo-Gotha (1816- 1885) – rei consorte Fernando II, em Lisboa na Sé patriarcal no dia 19 de Abril de 1836.

O chá começou às nove horas, o baile às dez e a ceia depois das duas e a função acabou na manhã seguinte, ou para melhor dizer ao meio-dia; por quanto, depois de saírem os primeiros convidados, entraram os segundos, que eram os mendigos, pelos quais se repartiu tudo, quanto restou da lauta ceia, que tudo poderia fartar a mil pessoas

Extraído do « O Macaista Imparcial»,  I-88 de 13 de Abril de 1837

 (1) Francisco José de Paiva (1801-1849) – próspero comerciante, juiz ordinário do Senado (1831), encarregado dos Negócios Sínicos e major comandante do Batalhão do Senado (1847). Foi o 1.º cônsul geral de Portugal em Hong Kong nomeado em 21-01-1847, comendador da Ordem de Cristo e presidente (1835-1842) da comissão liquidatária da Casa «Casa de Seguros de Macau», extinta em 1825 e da qual tinha 6 acções.  Existe em Macau uma rua com o seu nome “Travessa do Paiva”. (5) Anteriores referências em:https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-jose-de-paiva/

(2) José Vicente Jorge (1803/1857) – negociante e exportador, em navios próprios, ligado ao negócio de emigração de trabalhadores chineses, almotacé da Câmara em 1831, procurador do concelho em 1840 e 1845 e provedor da Santa Casa da Misericórdia. (5) Mais informações em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-vicente-jorge-1803-1857/

(3) Bartolomeu Barretto (1784 – 1845) – natural de Bombaim (21-07-1784), estabeleceu-se como comerciante e classificador de chá em Macau. Casou pela 1.ª vez ,em Macau, com Antónia Maria Francisca Gonçalves Pereira na Igreja de S. Lourenço a 14-05-1816 e a 2.ª vez, a 18-07-1821, com a sua cunhada Angélica Rosa Gonçalves Pereira Foi director da Casa de Seguros de Macau que se estabeleceu novamente em Macau em 1822, da qual tinha 9 acções. Em 1825, foi eleito almotacé da Câmara. Faleceu em Macau a 25-02-1845. Pai de João António Gonçalves Barreto (1824-1881), , um dos fundadores do Clube Lusitano de Hong Kong. (5) Ver anterior citação de J. A. Barreto em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/j-a-barreto/

(4) Dona Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga (Rio de Janeiro, 1819 – Lisboa, 1853), foi a Rainha de Portugal e dos Algarves – D. Maria II, em dois períodos diferentes: primeiro de 1826 a 1828, quando foi deposta por seu tio Miguel, e depois de 1834 até à sua morte em 1853. Era a filha mais velha do imperador Pedro I do Brasil, que também reinou em Portugal brevemente como Pedro IV, e da sua primeira esposa, a imperatriz consorte do Brasil, Rainha Consorte de Portugal e dos Algarves e Arquiduquesa da Áustria, Maria Leopoldina da Áustria. Maria da Glória foi a única monarca da Europa a nascer fora de terras europeias

Retrato de D.Maria II, por John Simpson, c. 1837. https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_II_de_Portugal

D. Maria II, casou três vezes. Em 1826 casou com o seu tio o infante D. Miguel mas foi considerado nulo e dissolvido em 1834. Casou pela 2.ª vez, em Munique com príncipe Augusto de Bauhamais (1810-1835) em Janeiro de 1835 mas este faleceu em Março de 1835 de difteria. Casou então, com príncipe Fernando de Saxe- Coburgo-Gotha (1816- 1885) – rei consorte Fernando II, em Lisboa na Sé patriarcal em 19 de Abril de 1836. D. Maria II de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, esteve grávida 12 vezes, sendo que deu à luz 11 vezes, e só 7 dos seus filhos sobreviveram, e acabou por morrer no seu 11º parto.

(5) FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume I, 1996.

Duas notícias publicadas no mesmo dia, (uma datada de 4 de Outubro de 1872, de Madrid) ambas publicadas no «Diário Illustrado» de 5 de Outubro de 1872,, (1) anunciavam o seguinte:
“O Visconde de Paiva, filho do antigo ministro de Portugal em Paris, primeiro marido da condessa prussiana Hendel-Donnermark, suicidou.se hontem Foi levado morimbundo para o hospital”
1:º Notíca:
2.ª Notícia:
Trata-se da notícia do suicídio do macaense Albino Francisco da Paiva Araújo (2) em «Ile de France», Paris. As fontes consultadas não coincidem com a data da morte (mesmo na postagem anterior, citei: 08.11.1872) mas com esta notícia publicada no dia 5 de Outubro de 1872 (2) conclui-se que a morte tenha sido a 3 de Outubro de 1872.
Não era “um mancebo de 30 e tantos anos apenas” (como vem publicado) mas tinha 48 anos quando se suicidou.
No entanto, Albino de Araújo de Paiva, que se auto intitulava marquês ou visconde, em Paris, não era aristocrata nem possuía qualquer título nobiliário e não é filho de Francisco José da Paiva Pereira (3),1.º Visconde de Paiva “cavalheiro muito estimado tanto em Portugal como no estrangeiro, por largos anos amigo de Napoleão II” que foi embaixador português em Paris na década de 50 (séc. XIX). Talvez por ser “Paiva”, Albino Francisco da Paiva Araújo assumiu-se ser parente de Francisco José da Paiva Pereira, daí a notícia errada.
(1) O «Diário Illustrado» (1872-1911), n.º 97 – Sábado 5 de Outubro de 1872.
(2) Albino Francisco Araújo de Paiva, nasceu em Macau 18.05.1824, filho de Albino José Gonçalves de Araújo (1797 – 1832) (negociante abastado em Macau, relacionado com o comércio do ópio) e de Mariana Vicência de Paiva (22.07.1802). Casou em Paris (Ile de France) em 05.06.1851 com Pauline Thérèse Blanche Lachmann (nascida Esther Lachmann)  (07.05.1819 -21.01.1884) Não houve descendência deste casamento.
Pauline Thérese Blanche Laschmann que em Paris ficaria conhecida como “La Paiva” obteve anulamento do seu casamento com Albino Paiva Araújo em 16-08-1871 e em 28.10.1871 casaria com Guido Georg Friedrich Erdmann Heinrich Adalbert, Conde Henckel von Donnersmark.
Albino Paiva Araújo é sobrinho de Francisco José de Paiva, referenciado anteriormente em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-jose-de-paiva/
Ver anteriores referências a este boémio ”visconde” bem como o de sua família e a “ Senhora La Paiva” em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/albino-f-paiva-araujo/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/mariana-vivencia-de-paiva/
https://en.wikipedia.org/wiki/La_Pa%C3%AFva
NOTA: sobre a vida deste malogrado “visconde” aconselho ainda a leitura do artigo de José Simões Morais em:
https://hojemacau.com.mo/2017/03/10/o-macaense-albino-de-paiva-de-araujo-na-europa/
e outras referências:
https://issuu.com/hojemacau/docs/hm-17-3-17/14
https://www.sabado.pt/social/internacional/detalhe/a-prostituta-que-casou-com-o-marques-de-paiva
(3) Francisco José da Paiva Pereira (12.11.1819 – 25.12.1868) – 1.º Barão (1853) e depois 1.º Visconde de Paiva (1858). Foi ministro de Portugal em Paris e depois em Berlim. Este embaixador que casou com Carlota de Oliveira Maia em 19.12.1838,  teve  descendente Adolfo de Paiva Pereira ( 9.10.1839 – ????), 2.º visconde de Paiva, que adido da legação Portuguesa em Bruxelas. Em 1872, Adolfo de Paiva Pereira tinha 33 anos, daí a notícia “um mancebo de 30 e tantos anos apenas”
Francisco José da Paiva Pereira suicidou-se em “Ile de France,” (Paris) a 25.12.1868; daí a notícia final incorrecta: “Tanto o pae como o filho suicidaram-se! Notável coincidencia esta!”

A 22 de Julho de 1828, o procurador do Senado, Joaquim José Ferreira da Veiga publicou um edital, proibindo a abertura de uma casa de despejo para o negócio, no chalé de Matapau, (1) pertencente a António Pereira, (2) por ser chamariz de vadios com prejuízo para todos os vizinhos.
A 5 de Novembro de 1834, arderam todas essas barracas, segundo consta do ofício do procurador de Macau, António Pereira, do dia seguinte, aos mandarins do distrito: «Verificou-se no incêndio de ontem à noite, tudo o que eu e meus antecessores disseram ao Snr. Mandarim, de que as barracas da Praia Pequena e outras deram ocasião ao incêndio, pelo qual perigavam a existência do estabelecimento, as vidas e os bens; e com efeito os haos (lojas) chinas de muitas e valiosas fazendas, os matapaus e todas as propriedades chinas da beira-mar incendiaram-se; a e a minha própria casa principiou a incendiar-se, sendo de tudo a causa as barracas do mar».
Pedia que não se construíssem ali mais.
A 17 de Mesmo mês, o procurador insistia com o mandarim Tsó-tang que os matapaus, que estavam dentro da cidade, se mudassem para Patane.
A 19 de Janeiro de 1835, novamente  o procurador João de Deus Castro chamava a atenção do mandarim para o perigo de incêndio dessas barracas; e a 8 de Janeiro de 1936, o Procurador Francisco José de Paiva insistia no mesmo assunto, dizendo que os chinas estavam construindo barracas junto à propriedade de António Pereira no Matapau. (3)
(1) Matapau é uma planta da família das gutíferas – tangerinas como indica o nome chinês da Rua do Matapau (1)- Kat Chai Kai ( 桔仔街 ), isto é, Rua da Tangerina. Aos vendedores de tangerinas dava-se o nome de Matapáus, os quais estabeleceram nesse local as suas lojas ou barracas.
A Rua do Matapau fica situada entre a Avenida de Almeida Ribeiro e a Rua da Barca da Lenha, começando um pouco antes da Travessa de Hó Ló Quai, junto do tardoz do prédio n.º 63 da Avenida Almeida Ribeiro  e terminando entre o prédio n.º 106-B da Rua dos Mercadores e o prédio n.º 2 da Travessa do Aterro Novo.
(2) António Vicente Pereira, filho do Conselheiro Manuel Pereira e de Ana Pereira Viana (3) ou Rosa Pires Viana (4) era casado com Aurélia Susana Viana Mendes, filha de Mateus Mendes e de Maria Mendes (3) ou Mónica Viana (4), de quem teve onze filhos. O Conselheiro Manuel Pereira (1757 – 1826) chegou a Macau entre 1772 e 1780, grande negociante da praça de Macau, fundador, tesoureiro e vice-presidente da «Casa de Seguros de Macau», provedor da Santa Casa da Misericórdia (1798-1806) juiz ordinário da Câmara de Macau (1798) , procurador do conselho 81801, 1804 e 1808) e vereador durante muitos anos. Fidalgo cavaleiro da Casa Real, conselheiro de Sua Magestade entre outros títulos da nobreza, comprou a propriedade onde se encontrava a Gruta de Camões e comprou e colocou aí o primeiro busto do poeta.(4)
(3) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997.
(4) FORJAZ Jorge, Famílias Macaenses, Volume II, 1996.
NOTA: Embora os caracteres chineses da Rua do Matapau sejam: 桔仔街mandarim pīnyīn: xié zǐ jié; cantonense jyutping: gat1 zai2  gaai1, os caracteres de “tangerina” são 橘子mandarim pīnyīn: jú zǐ,; cantonense jyutping:qwat1 zi2

Livro do Padre Manuel Teixeira,  publicado em 1942, (1) preparado no rescaldo das celebrações festivas dos Centenários da Fundação e Restauração, 1940. Justifica  o autor na Introdução:
Galeria de Macenses Ilustres Séc XIX 1942 CAPARessoam ainda aos nossos ouvidos os ecos das festas centenárias, em que comemorámos o oitavo centenário da fundação da nossa nacionalidade (1140) e o terceiro centenário da restauração (1640), após 60 longos anos de sujeição ao domínio castelhano…(…)
A avaliar  pelo filme “Documentário da Exposição Histórica da Ocupação do Século XIX“, exibido nesta cidade no Ano Áureo Português de 1940 (11 e 12 de Maio) a resposta parece que deveria ser negativa, pois que Macau não figurava nesse aliás interessante Documentário. E, no entanto, Macau pode orgulhar-se de ter também os seus heróis que, pela sua virtude, bravura, ciência, arte e entranhado patriotismo , honraram Portugal nestas remotas paragens do Extremo Oriente…”
Estão biografados 16 ilustres macaenses:
José Baptista de Miranda e Lima (1782-1848)
Francisco José de Paiva (1801-1849)
Guilherme José Dias Pegado (1801-1885)
João Rodrigues Gonçalves (1810-1885)
José Martinho Marques (1810-1867)
Lourenço Caetano Cortela Marques (1811-1902)
Vicente Nicolau de Mesquita (1818-1880)
António Alexandrino de Melo (1837-1885)
Pedro Nolasco da Silva (1842-1912)
José Augusto Ferreira da Veiga (1838-1903)
António Joaquim Bastos (1848-1912) (2)
Leôncio Alfredo Ferreira ( 1849-1920)
Alfredo Pereira (1815-19..) (3)
João Feliciano Marques Pereira (1863-1909)
Vitor Hugo de Azevedo Coutinho (1871 – ….) (4)
José Tomaz de Aquino (1804-1852)
Galeria de Macenses Ilustres Séc XIX 1942 CONTRACAPADos biografados há os que embora nascendo em Macau, nunca exerceram a sua profissão em Macau ou viveram pouco tempo em Macau, nomeadamente:
Vitor Hugo de Azevedo Coutinho, filho de Manuel de Azevedo Coutinho e Leonor Stuart Mendonça de Azevedo Coutinho (comissão em Macau comandante de artilharia e de material de guerra. nomeação do governador José Maria da Ponte e Horta   (1866 a 1868. Antes tinha sido escolhido pelo governador Januário Correia de Almeida, (1872 a 1874) na escolha de armamento e artilharia para a defesa do território dirigindo a montagem da bateria da artilharia  Conde de S. Januário. Terá regressado a Europa em 1890 onde  assentou praça na Armada Portuguesa, sendo admitido como aspirante em 5 de Novembro de 1888. Concluído o curso da Escola Naval, foi promovido a guarda-marinha em 1892, iniciando uma carreira militar naval multifacetada até 1933 – quadro de reserva em 1933 no posto de capitão de mar e guerra. Professor da Universidade de Coimbra e da Escola Naval. Político ligado ao Partido Democrático, exerceu as funções de Ministro da Marinha  em 1914-1915. Presidente do Ministério de um dos governos da Primeira República Portuguesa, tendo governado entre 12 de Dezembro de 1914 e 25 de Janeiro de 1915. Novamente Ministro da Marinha em 1915-1917 e pela terceira vez (1922-1923)
Alfredo Pereira, filho de Manuel Pereira e Guilhermina Pereira, aos 6 anos de idade  veio para Lisboa  onde estudou para engenheiro agrónomo-silvicultor. Ingressou nos C.T.T. em 1875; em 1881 nomeado professor do Curso Prático de Correios e Telégrafos, Inspector-Geral em 1886 e Administrador  Geral dos Correios e Telégrafos em 1900. Secretário interino do Ministério das Obras Públicas Político do Partido Regenerador Deputado eleito pelo círculo de Penafiel.
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira Volume 21.
José Augusto Ferreira da Veiga, 1.º visconde de Arneiro concedido por el-rei D. Luiz  em 1870, oficial da ordem de S. Tiago, importante proprietário e de Joana Ulmann Veiga. Matriculou-se na Universidade de Coimbra em 1855 e bacharel em Direito em 1859. Deputado por Sabugal 1861 a 1864. Estudou música em Lisboa.

Galeria de Macenses Ilustres Séc XIX 1942 LOGOTIPOReprodução do logótipo dos “Centenários da Fundação e da Restauração” em Macau, na 1.ª página

(1) TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX. Imprensa Nacional, Macau, 1942, 659 p.
(2) Filho de António Joaquim da Costa Basto (1823-1889) que foi baptizado com o apelido «Bastos», mas usou sempre a versão «Basto» que transmitiu definitivamente aos seus descendentes (FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume I, 1996)
(3) O Padre Teixeira refere ignorar a data do seu falecimento. Terá falecido a 29 de Março de 1925 segundo:
http://toponimiaparatotos.blogspot.pt/2011/07/ruas-com-historia-alfredo-pereira.html
(4) O Padre Teixeira não refere, mas faleceu em 27 de Junho de 1955, em Lisboa segundo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Victor_Hugo_de_Azevedo_Coutinho

Foi aprovada, por Decreto Régio de 12 de Março de 1847  e publicado no Boletim do Governo da Província de Macau, Timor e Solor de 10 de Dezembro de 1847,  a criação do Batalhão Provisório de Macau, em 17 de Outubro de 1846, pelo Governador João Maria Ferreira de Amaral,  destinado a auxiliar a Força de 1.ª linha.
Este batalhão foi criado pelo Governador Ferreira de Amaral  (e organizado com os moradores), após a revolta dos faitiões de 8 de Outubro desse ano, (1) para reforçar a força armada da Colónia que então o governador reconheceu ser insuficiente para defender a Colónia de possíveis ataques futuros.(2)(3)
A criação deste Batalhão não foi do agrado do Leal Senado que contrariava a política do Governador Amaral mas este proclamava em 22 de Dezembro de 1847 “ha de conservar-se o Batalhão Provisorio no pé em que está, porque o mui disciplinado batalhão d´Artilharia apenas pode suprir para o serviço ordinario, e só serão punidos os Cidadãos, que ou por mandrice, ou por pouco respeito à lei faltarem às reuniões.” (2)
O seu primeiro Major-comandante foi o macaense Francisco José de Paiva, que comandou o Batalhão até 13 de Dezembro de 1849, data do seu falecimento, aos 48 anos de idade. (4) O Batalhão ficou aquartelado no extinto Convento de S. Domingos.
A Relação dos Oficiais do batalhão que era composta por 4 Companhias, todos elas chefiadas por um Capitão,foi aprovado por Decreto de 13 de Dezembro de 1847.

O Estado Maior era formado por:
Major Comandante: Francisco José da Paiva
Tenente  Ajudante: Pedro Marques
Cirurgião-Mór: Joaquim C. da S. Telles
Alferes Porta bandeira: Luiz João da Silva

O Batalhão Provisório de 2.ª linha foi depois reorganizado em Dezembro de 1857 e passou designar-se Batalhão Nacional. Este Batalhão foi extinto em 1876, tendo os militares passado para o Regimento de Infantaria do Ultramar que se manteve até à sua extinção 1893.(5)
Francisco José da Paiva, nascido a 4 de Janeiro de 1801, na freguesia de S. Lourenço era filho de Francisco José de Paiva (natural de Vila do Mato, freguesia de Milhões, do Bispado de Coimbra) (6) e de Inácia Vicência Marques.
Joaquim José de Paiva, avô de Francisco, também natural de Vila do Mato viera de Portugal para Macau no século XVII tornando-se em breve um dos mais ricos comerciantes desta cidade, vindo a família Paiva a ser uma das mais poderosas de Macau. Estava casado com Maria Nunes também natural da Vila do Mato.
Francisco José da Paiva, foi nomeado Juiz ordinário de Senado em 1831, e Encarregado dos Negócios Sínicos, em 1836.(7)
Francisco José de Paiva andou envolvido nas lutas que se travaram em Macau entre constitucionais e absolutistas. Recebida em Macau a nova da revolução de 24 de Agosto de 1820, que proclamara a Constituição em Lisboa, apressaram-se alguns elementos a jurar aqui a Constituição, o que se realizou em 15 de Fevereiro de 1822.
Em 19 de Agosto de 1822, é eleita pelos constitucionais a nova Câmara, sendo escolhido Francisco José da Paiva para Procurador com 87 votos; esta Câmara cessou em 23 de Setembro de 1823 dia em que tomaram posse do Governo de Macau,  o Bispo Fr. Francisco de N. Sra. da Luz Chacim, o Major João Cabral de Estefique e o vereador do senado Inácio Baptista Cortela.
Francisco José de Paiva  foi nomeado em 1846,  o primeiro Cônsul de Portugal em Hong Kong. Foi agraciado com a comenda da Ordem de Cristo.
Fora das suas actividades como grande Homem Público, Francisco José de Paiva tomou parte importante na fundação da antiga «Casa de Seguros de Macau» de que foi, entre as pessoas particulares, o segundo maior accionista. (8)
Francisco José de Paiva casou com Aurélia Pereira (neta paterna do conselheiro Manuel Pereira) e tiveram 3 filhos: Francisco José de Plácido de Paiva (1836) Carolina Maria de Paiva (1839) e António Aurélio de Paiva (1843).

Seminário S. José 1929Igreja do Seminário 1929

Faleceu a 13 de Dezembro de 1849, sendo sepultado no Cemitério de S. Paulo. A lápide sepulcral  de Francisco José de Paiva foi depois transladada para a igreja do Seminário de S. José, onde está na parede debaixo do coro, à esquerda de quem entra do lado do Evangelho.(2)

Seminário S. José -Lápide de Francisco José PaivaTRADUÇÃO
Cristo, alfa e ómega, i. é. princípio e fim

“Aurélia Pereira de Paiva, viúva, com os seus filhos, Francisco José Plácido de Paiva, da Ordem de S. bento, e Carolina Maria de Paiva, pede, aflita, luz e descanso para Francisco José de Paiva, caritativo para com os pobres de Cristo, o qual nasceu em Macau, em 4 de Janeiro de 1801, e aqui faleceu em 13 de Dezembro de 1849, confortado com os sacramentos da Igreja”.

NOTA: Francisco José de Paiva tem o seu nome na toponímia de Macau: Travessa do Paiva (擺華巷), construída pelo Eng. Abreu Nunes em 1896, que começa entre a Rua Central e a Rua de S. Lourenço e termina na Rua da Praia Grande, ao lado do Palácio do Governo.
(1) “08-10-1846 – O Governador João Maria Ferreira do Amaral sufocou, prontamente a revolta dos faitiões (embarcações chinesas de passageiros e carga) que se tinham revoltado por ter sido lançado o imposto de uma pataca sobre essas embarcações, o qual fora proposto ao governo pelo Procurador da Cidade Manuel Pereira. “(GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)
(2) TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX, 1942.
(3) E não tardou muito que os acontecimentos viessem demonstrar a veracidade desta afirmação, pois que, assassinado o Governador Amaral, em 22 de Agosto de 1849, e vendo-se a cidade ameaçada pela invasão china, o batalhão Provisório concorreu bastante para a memorável vitória de 25 de Agosto, segundo se vê, das seguintes palavras do Capitão Ricardo de Melo Sampaio (Boletim do Governo n.º 80 de 5 de Setembro de 1849) : “As forças do batalhão Provisório que me foram enviadas durante a acção concorreram bastante pela sua actividade e disciplina par que o resultado da luta nos fosse favorável, e sem algum acontecimento funesto a não ser um só ferido, não gravemente.(2)
(4) Boletim do Governo da Província de Macau, Timor e Solor, Ano V, n.º 89, de 10 de Janeiro de 1850:

NECROLOGIA

«Um dos golpes mais severos, que tem soffrido ultimamente esta nossa Cidade, é pela voz geral de todos, a falta do nosso mui digno, e mui chorado concidadão o Ilmo. Sr Francisco Jozé de Paiva, Commendador da Ordem de Christo, nomeado por sua Majestade Fidelíssima, Consul Portuguez em Hong Kong, e Commandante do Batalhão Provisório de Macao. – Elle já não é comnosco! No Cemiterio de Sm. Paulo, onde jaz, está esperando, como os outros que alli moram, o dia final dos seculos …(…)
…Alem d´outras prendas estimaveis, que possuia, fallava a sua lingua materna com pureza, e correcção , assim coomo diversas outras d´Europa, não ignorava o latim, sabia a Historia, e a Geographia, amava e cultivava a Musica e a literatura nacional e estrangeira, de que tinha bom conhecimento. Sua enfermidade foi longa; mas supportada com paciencia…
(5) CAÇÃO, Armando António Azenha – Unidades Militares de Macau, 1999.
(6) Francisco José de Paiva (pai do biografado, com o mesmo nome) nascido em 1758, em Midões,  faleceu em Macau (27-11-1822) sendo sepultado na Igreja do Convento de S. Francisco. Casado com Inácia Vicência Marques (faleceu a 2 -11-1848) que era proprietária do mato/monte do Bom-Jesus onde estava instalado o Carmelo de Bom Jesus. Tiveram  oito filhos.
Uma das filhas Maria Vivência da Paiva (irmã do biografado, Francisco José de Paiva que era o terceiro na linhagem mas varão) nascida em Macau a 22 de Julho de 1802.
casou com Albino Gonçalves de araújo proprietário do navio Conde de Rio Pardo de quem teve um filho, Albino Francisco de Araújo que nasceu em Macau na freguesia de S. Lourenço a 19-05-1824 e se suicidou em paris em 1873 com 51 anos de idade. este episódio relatei em:
“OUTRAS LEITURAS – 365 Dias com histórias da HISTÓRIA DE PORTUGAL (I)”
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/05/02/outras-leituras-365-dias-com-historias-da-historia-de-portugal-i/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/albino-f-paiva-araujo/
(7) “07-10-1836 -O Procurador Francisco José da Paiva escreve ao Mandarim da Casa Branca, pedindo para autorizar o restauro da Fortaleza da Barra, destruída com o último tufão e chuvas, alegando ser obra pública de grande necessidade.” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995)
(8) “29-11-1817 -Foi instalada a Casa de Seguros de Macau que devido ao seu poderio, era conhecido por Casa Forte. A sua primeira direcção, nomeada a 23 de Dezembro de 1817 ficou  assim constituída: Presidente, o Barão de São José de Porto Alegre; Vogais, Francisco José da Paiva e João de Deus Castro ....” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995)

Falecimento de Francisco José de Paiva (irmão de Mariana Vicência de Paiva) (1)   (nascido a  04-01-1801). Nomeado em 1846, Cônsul de Portugal em Hong Kong, foi o primeiro cônsul português nessa colónia britânica. Foi ele que deu o nome à Travessa do Paiva, que começa entre a Rua Central e a Rua de S. Lourenço e termina na Avenida Praia Grande, ao lado do Palácio do Governo (2)

NOTA: em 1846, num dos primeiros recenseamentos publicados em Hong Kong, são indicados cerca de 50 portugueses com actividade profissional, um terço dos quais funcionários do governo. A maioria, no entanto desempenhava tarefas de escriturário ou de contabilista em companhias de comércio, em bancos, em agências de navegação, registando-se desde logo uma tendência para um número significativo de portugueses abraçar o sector gráfico e de impressão (3)

(1) Mariana Vicência de Paiva foi mãe de Albino Francisco de Paiva Araújo, referido em “OUTRAS LEITURAS – 365 Dias com histórias da HISTÓRIA DE PORTUGAL (I)”
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(2) TEIXEIRA, Monsenhor M. – A tragédia de Albino Gonçalves de Araújo, boémio macaense in NAM VAN n.º 16, 1989, pp. 47-51
(3) , Luís Andrade de – The Boys From Macau/Portugueses em Hong Kong. Fundação Oriente/Instituto Cultural de Macau, 1999, 202 p., ISBN 972-9440-93-X