Extraído de «BPMT», XIII-22 de 3 de Junho de 1867, p. 127
No dia 20 de Maio de 1999, a Marinha Portuguesa deixou a sua “última Capitania de além-mar”, criada e desenvolvida nas costas da China pela dedicação, pela inteligência e pelo profissionalismo de muitos marinheiros.
Foi um dia que fica na História da Marinha e muitos daqueles que com o seu esforço contribuíram para que esse dia fosse possível, como no seu discurso de posse afirmou a nova Directora da Capitania, não tiveram o privilégio de partilhar os emocionantes momentos proporcionados por um escasso grupo de homens que ostentando a farda do botão de âncora deram “volta à sua faina” e que nos seus rostos mostravam a satisfação pelo dever Macau em finais do século XX (vista da parte sul da península e da ponte que desde 1974 a liga à ilha da Taipa). cumprido.
REVISTA DA ARMADA • AGOSTO 99 7 pág. 262 https://www.marinha.pt/conteudos_externos/Revista_Armada/1999/files/basic-html/page262.html
As Forças Militares e Militarizadas da Província ofereceram ao Governador Nobre de Carvalho, as estrelas de general, posto supremo da hierarquia militar a que recentemente foi promovido.

A cerimónia que se realizou no dia 14 de Novembro de 1970, na sala verde do Palácio da Praia Grande caracterizou-se pela entrega das estrelas que se encontravam dentro dum artístico estojo, com uma inscrição alusiva ao acontecimento. Em nome de todos usou da palavra, o Comandante Militar, coronel Póvoas Janeiro, que proferiu um discurso apresentando um extracto da brilhante folha de serviços prestados pelo novo general e as distinções honoríficas com que os mesmos foram assinalados pelo Governo ou pelos competentes superiores hierárquicos. Em resposta à homenagem que lhe era prestada com a oferta das estrelas de general, o Governador proferiu um breve discurso.


Informação e fotos extraídos de «MBIT»,VI-8/9, de Outubro/Novembro de 1970, pp. 23-24
Em 2 de Novembro de 1849, foi exonerado, por decreto, o Capitão Feliciano António Marques Pereira (1) do governo interino de Macau, para o qual havia sido nomeado, pelo decreto de 22 de Outubro de 1849, em substituição do Conselheiro e Capitão de Mar-e-Guerra, João Maria Ferreira do Amaral, que fora assassinado. (2) Nesta mesma data foi publicado o Decreto que nomeava o Capitão de Mar-e-Guerra, Pedro Alexandrino da Cunha, para o cargo de Governador de Macau. (3) (4)
(1) Feliciano António Marques Pereira (1803-1864) casado com Maria Catarina Damasio Ferreira. (5) Assentou praça na Armada como aspirante em Fevereiro de 1821 e foi despachado guarda marinha em 1823. Subiu os diversos postos até ser promovido a capitão de fragata em 1859. Foi intendente da Marinha de Goa, comandante da corveta «D. João I» e da nau «Vasco da Gama», cargo que exercia quando faleceu. Comendador da Ordem de Aviz e cavaleiro da Ordem de N.ª Sr.ª da Conceição de Vila Viçosa. (Jorge Forjaz, Vol II, p.617)
Capitão de fragata, assumiu o comando da corveta D. João I a 1 de Agosto de 1859 e saiu de Lisboa a 28 de Agosto de 1859 e chegou a Macau em 15 de Março de 1860, Em 29, foi embarcar na corveta o Governador de Macau, capitão-de-mar-e-guerra Isidoro Francisco Guimarães que seguia para o Japão na qualidade de ministro plenipotenciário a negociar um tratado de paz e comércio com os japoneses. A corveta em 5 de Agosto largou para Yokohama a fim de se abastecer. Chegou a Macau a 9 de Setembro de 1860.
Desta viagem fez uma descrição e publicou-a em livro: PEREIRA, Feliciano António Marques – Viagem da Corveta Dom João I à Capital do Japão no anno de 1860. Imprensa Nacional, 1863, 222 p. https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/09/09/noticia-de-9-de-setembro-de-1860-chegada-do-governador-no-regresso-do-japao/
Referências anteriores do capitão de fragata Feliciano António Marques Pereira e sobre a Corveta «D. João I» ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/feliciano-antonio-marques-pereira/
PEREIRA, Feliciano António Marques. [Relatório do Cônsul Geral de Portugal no Sião, Março de 1881] In: Boletim da Província de Macau e Timor. – Macau. – N.º 31 (30 de Julho 1881), p. 207-209.
(2) Recorda-se que o assassinato do Governador João Maria Ferreira do Amaral foi a 22 de Agosto deste ano. Sucedeu-lhe, na administração da colónia, o Conselho do Governo, composto pelo Bispo da Diocese Jerónimo José da Mata, Juiz de Direito da Comarca Joaquim António de Morais Carneiro, Ludgero Joaquim de Faria Neves, Miguel Pereira Simões, José Bernardo Goularte e o procurador da cidade Manuel Pereira.
(3) 25-05-1850 – Desembarcou em Macau o Governador Capitão-de-mar-e-guerra, Pedro Alexandrino da Cunha que tomou posse, no dia 30 deste mês, vindo a falecer nesta cidade semanas depois (vítima da cólera) (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954). Padre Teixeira refere desembarque a 28-05-1850, falecendo a 6 de Julho do mesmo ano (Toponímia de Macau, Vol I, p. 16). Carlos José Caldeira em “Macau em 1850”, p.98 refere chegada do dito governador a 26 de Maio, tomada de posse a 30 e morte a 6 de Julho. António Marques Pereira nas “ Efemérides Comemorativas da História de Macau” refere tomada de posse em 29-05-1850. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/pedro-alexandrino-da-cunha/
(4)GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954
(5) O único filho, António Feliciano Marques Pereira nasceu em Lisboa, a 06-1839 e faleceu em Bombaim (India) a 11 de Setembro 1881). Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-feliciano-marques-pereira/
A 9 de Setembro de 1847, foi arvorada pela primeira vez nessa ilha (Taipa) a bandeira portuguesa e essa data figura ainda na fortaleza, sob o escudo português encimando pela coroa da monarquia. (1) (2)
NOTAS: “03-10-1843 – Início do Governo de José Gregório Pegado, (3) durante o qual se iniciou a ocupação da ilha da Taipa, depois de uma memorável visita de cortesia ao vice-rei Ki-Yin, alto comissário de Cantão que prometeu «fechar os olhos» ao nosso estabelecimento na mencionada ilha. Na Taipa Pequena mandou depois Ferreira do Amaral fazer um pequeno forte (terminado em Setembro de 1847). Em 20 de Agosto de 1851, o Governador Francisco António Gonçalves Cardoso procedeu à ocupação da Taipa Grande. Só mais tarde as duas Taipas (outrora três) se uniram geograficamente. Pegado faleceu em Adem no seu regresso a Portugal de 1846, tendo embarcado em Macau, em 28 de Maio desse ano.” (2)
“1847 – O Governador Ferreira do Amaral, na sequência de conversações diplomáticas encetadas com a China pelo seu antecessor resolve ocupar a Ilha da Taipa. De resto são mesmo os comerciantes que ali habitam que pedem protecção portuguesa contra os frequentes ataques de piratas que não só atacam do mar como se açoitam em grutas do litoral, de onde organizam investidas e roubos à população. O tenente Pedro José da Silva Loureiro constrói, no actual espaço da esquadra das Forças de Segurança, uma fortaleza, tendo em vista maior eficiência da defesa. Ali se ergue pela primeira vez a bandeira portuguesa, em Setembro deste ano. Pedro Loureiro (1792-1855) natural de S. Miguel (Açores), Oficial da Marinha de Goa foi também proprietário do brigue Genoneva e Capitão do Porto de Macau.” (2)
(1) TEIXEIRA, Padre Manuel – Taipa e Coloane, p. 5
2) (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, pp. 99,109 e 113.
(3) “03-10-1843 – Toma posse do governo d´esta cidade o chefe de divisão da armada José Gregório Pegado.” (PEREIRA, A. Marques – Ephemerides Commemorativas…1868)
“21-08-1873 – A escuna Príncipe D. Carlos era um navio mercante inglês que fora adquirido em Hong Kong pelo Governador de Macau a fim de substituir a lorcha de guerra Amazona que se encontrava em muito mau estado. (MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, Vol VIII)
21-08-1873 – Em consequência da informação prestada por Bessard, comandante duma canhoneira chinesa, o comandante da escuna Príncipe Carlos, 1.º tenente Vicente Silveira Maciel, foi atacar uma lorcha fundeada um pouco ao norte a escuna que, durante a noite deveria largar do porto de Macau com numerosos piratas, alguns dos quais pertencentes à equipagem da embarcação que apresara próximo de Lintin e uma outra de comércio, depois de terem cometido revoltantes atrocidades. Travou-se combate, conseguindo prender-se 51 piratas, tendo fugido alguns a nado e a coberto da escuridão. (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)
No dia 12 de Agosto de 1853 , teve lugar no mar da China um combate entre a lorcha (1) portuguesa de guerra «Tristão» e uma esquadra de piratas chinesas (2)
(1) “Lorcha é o nome dado pelos portugueses à embarcação chinesa também conhecida como junco. Trata-se de uma embarcação de formas finas e elevado castelo de popa, que dispõe de dois mastros onde larga velas de esteira. De acordo com vários autores, a lorcha parece ainda ter resultado de várias modificações introduzidas no tradicional junco chinês pelos portugueses, com o objectivo de melhorar a sua velocidade, a capacidade de carga e as acomodações da respectiva guarnição”. (GONÇALVES, António – Navios Orientais Usados pelos Portugueses in pp.142-143 da «História da Marinha Portuguesa; Navios, marinheiros e arte de navegar 1669-1823» (coordenador: José Manuel Malhão Pereira), Lisboa, 2012). https://academia.marinha.pt/pt/academiademarinha/Edies/HistoriaMarinhaPortuguesa_1669-1823.pdf
(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau,1954