NOTA: o ano novo chinês em 1996 iniciou-se a 19 de Fevereiro – ANO RATO de FOGO
Texto e fotos retirados de «Leal Senado – uma experiência municipal (1989.1997)», edição do Leal Senado de Macau, 1997, p. 71
ANO DO COELHO
KONG HEI FAT CHOI
POSTAL – Dragon Dance – Foto de Wong Wai Hong, n.º 1 da colecção “Festividades Orientais em Macau” (1)
Verso do postal com legenda em chinês e inglês
Sobre as festividades do ano novo chinês que no ano de 1955 foi a 24 de Janeiro, retirei parte dum artigo não assinado (1)
“Munidos de estalinhos e petardos vão-nos lançando a cada passo, produzido à sua volta um ambiente festivo e uma sensação de pretensa felicidade, proporcionando às crianças motivo de verdadeira alegria.” (2)
(1) Ver anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2022/06/03/noticia-de-3-de-junho-de-2022-festival-tun-ng-postal-barcos-dragao/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/wong-wai-hong/
(2) Artigo não assinado, extraído de «MACAU B. I.» da R. C. dos Serviços Económicos – Secção de Propaganda e Turismo, Ano II de 31 de Janeiro de 1955, n.º 36, pp. 8-12.
KONG HEI FAT CHOI
FELIZ ANO NOVO LUNAR
新年快樂
Ano do Coelho – Água
Este envelope vermelho/LAI SI (1) foi emitido pelo CTM (Companhia de Telecomunicações de Macau S.A.R.L., inaugurada em Outubro de 1981) no ano do coelho que não consegui precisar (1999? 2011?) e tem as seguintes dimensões: 12,2 cm x 8,3 cm.
(1) Sobre envelopes vermelhos, 利是 / 利市 / 利事 ver em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/envelopes-vermelhos-%E5%88%A9%E6%98%AF-%E5%88%A9%E5%B8%82-%E5%88%A9%E4%BA%8B/
恭喜發財 – Kong Hei Fat Choi – Gōng Xǐ Fā Cái
Esta quadra como as seis que seguirão foram escolhidas de “Áno-Nôvo-China”, poéma (35 quadras) de José dos Santos Ferreira, publicado no jornal «Gazeta Macaense» de 19.02.1983 e inserida depois nas pp.197-202, do livro do autor “Poéma di Macau”, edição do Leal Senado de Macau, 1983.
Ordem às forças de segurança (praças dos corpos da guarnição), nesta época do ano novo china (1) (prevenção de roubos que por esta ocasião se praticavam), para andarem armadas mesmo fora do serviço ordinário e não andassem isoladas (mínimo de três); aviso especial para a polícia de mar “vigiasse a rua marginal do porto interior”.
(1) O Ano Novo Chinês, em 1873, iniciou-se a 29 de Janeiro – Ano do Galo/Água
A noite do primeiro dia do ano novo lunar (continuação da postaem anterior) (1) foi assinalada com um deslumbrante festival de fogo de artifício, fornecido pelos conhecidos pirotécnicos de Lanhelas (em Caminha) «António Fernandes e Filhos» (2) e «Libório Joaquim Fernandes Sucessores, Lda» (ainda em actividade) (3) tendo para esse fim vindo especialmente da metrópole os pirotécnicos Rolando José Fiuza e Manuel Barreiro, que procederam à queima, auxiliados por alguns conhecedores do ofício, aqui residentes. Calcula-se que tenham presenciado o grandioso espectáculo, inédito para muitos habitantes desta Província, algumas dezenas de milhar de pessoas.
Junto da estátua de Ferreira do Amaral foi construído um palanque e ao longo da Avenida Dr. Oliveira Salazar foram colocados suportes para foguetes de girândola. O festival foi dividido em duas sessões, sendo uma de fogo e outro de fogo aquático, sendo este último lançado dum batelão fundeado na Baía da Praia Grande, em frente do Palácio do Governo. Na primeira sessão foram queimados 3.500 foguetes de «bouquet», 380 foguetões de fantasia e 60 balonas de cauda, de variadas cores. (…). Foi sobremaneira impressionante o desfecho desta sessão com grandioso e deslumbrante «bouquet» final, que dava impressão de que o céu caiam torrentes de luz em forma de estrelas estonteantes.
Na sessão de fogo aquático, que devido à acentuada ondulação das vagas, foi menos espectaculosa, queimaram-se 1.300 peças de fogo. Não obstante as más condições que o mar oferecia, o público pôde apreciar constelações de estrelas de cores bizarras e cintilantes saindo da água em cachões.
(1) «Macau B. I.» da R.P.S.E.E.G. ano III-61 de 15 de Fevereiro de 1956, p. 7.
(2) “Das 3 fábricas que ali existiam já todas fecharam portas. O que existe são empresas a laborar no setor, como é o caso da «Pirolanhelas», propriedade de Bernardo Fernandes, filho e bisneto de dois dos maiores fogueteiros que existiram na freguesia de Lanhelas. O bisavô era António J. Fernandes que em 1853 fundou a primeira pirotecnia em Lanhelas e o pai, falecido no ano passado, era Benjamim Fernandes que, com o irmão Gaspar Fernandes fundou nos anos 60 a “Gaspar Fernandes e Irmão Ldª , empresa que ao longo de mais de meio século conquistou inúmeros prémios nacionais e internacionais na arte da pirotecnia.” A empresa por diversas vezes esteve em Macau nos concursos de fogo de artifício, salientando-se nos anos de 1989 (2º lugar); 1990 (2º lugar), 2004 (3º lugar) e 2011 (4º lugar). (ALDEIA, Cidália, 19Maio2016) in https://jornalc.pt/pirotecnia-arte-milenar/?v=35357b9c8fe4
(3) ”Nove feridos, um deles em estado grave, quatro casas destruídas e dezenas de habitações danificadas – eis o resultado da violenta explosão que, ao princípio da tarde de ontem, destruiu a Fábrica de Fogos de Artificio Libório Joaquim Fernandes, localizada em Lanhelas, concelho de Caminha. As quatro casas destruídas encontravam-se a pouco mais de 50 metros da fábrica e não resistiram à força da deslocação de ar provocada pelo rebentamento”. (Jornal «Público», 3Junho2000) in https://www.publico.pt/2000/06/03/jornal/explosao-arrasa-fabrica-pirotecnica-144754
Propício para as festividades do ano novo chinês, apresento três envelopes vermelhos – Lai Si (1), emitidos pelo Banco Comercial de Macau, (BCM), todos com o mesmo tamanho (10,2 cm x 7 cm) mas com imagens diferentes. Provavelmente da década de 90 (século XX)
De interessante, o logo do BCM nos três envelopes, no canto inferior esquerdo com a brasão de Macau.
(2) Anteriores referências ao Banco Comercial de Macau: https://nenotavaiconta.wordpress.com/?s=banco+comercial+de+Macau
恭喜發財 – Kong Hei Fat Choi – Gōng Xǐ Fā Cái
Hoje festeja-se a entrada do novo ano chinês, ano do Búfalo 牛, de Metal 金 O elemento Metal na sua forma Yin , será o elemento principal deste ano, a principal fonte de energia.
Precisamente há 65 anos atrás, este dia 12 de Fevereiro, do ano de 1956, festejou- se a entrada do ano do Macaco /Fogo. Do «Macau Boletim Informativo» (1) retiro parte do artigo (não assinado) sobre as festividades do ano novo chinês desse ano.
“ … Houve feriados nas escolas e dispensas de serviço nas repartições pública s, desde a véspera do primeiro dia até ao terceiro da primeira Lua. A passagem do ano foi, desta vez, assinalada não só com os tradicionais festejos, como também com grandioso espectáculo de arte e folclore chinês e deslumbrante festival de fogo de artifício português. Desde os derradeiros dias da última Lua do ano findo, notava-se já, principalmente nos bairros chineses, extraordinário movimento de transeuntes, uns recém-chegados de Hong Kong e dos vizinhos portos chineses e outros aqui residentes, azafamados nos preparativos que precedem sempre esta festiva data, sem dúvida a mais importante do velho calendário chinês.
Segundo noticiou a imprensa desta cidade subiu a mais de 12.000 o número dos forasteiros vindos da colónia britânica, nesses dias, sendo de calcular que tenha também atingido cifra igual ou maior o número das vizinhas regiões chinesas que aqui vieram passar os feriados da quadra, dadas as recentes facilidades concedidas pelas respectivas autoridades.
Nos três últimos dias que imediatamente antecederam o dealbar do ano novo, realizou-se no Largo do Senado, em barracas construídas ad hoc, a tradicional venda de flores, que foi notavelmente concorrida, não obstante a crise que, presentemente, atravessa esta cidade.- É que, arreigado aos seus velhos usos e costumes, não há chinês, por mais pobre que seja, que não compre, nesta data, ou um ramo de pessegueiro ou um ramo de «tiu chong» (árvore de flores de campainha) ou ainda, um ramalhete de jacintos, crisântemos ou outras flores da estação. A venda prolongou-se até alta madrugada do primeiro dia do ano novo Desde o amanhecer do primeiro dia e durante os dias seguintes, ouviu-se, por toda a cidade, um incessante estralejar de panchões, número obrigatório nas grandes e pequenas demonstrações quer de alegria quer de tristeza, entre os chineses. Nunca nas ruas da cidade, em todo o ano, estiveram tão movimentadas.
Os salões de divertimentos do Hotel Central, os restaurantes e casas de pasto, os salões de dança, os cinemas e teatros e outros recintos de diversão ou de reuniões ou de reuniões sociais apresentavam o mesmo aspecto festivo e animadíssimo. Nos lares, nos pagodes e nos clubes, notava-se igualmente desusado movimento de gente. Já a afluência de forasteiros, já com o abandono das habituais fainas dos marítimos, dir-se-ia que a população citadina triplicara nesses dias. Por toda a parte se ouvia o permutar da clássica saudação «Kong Hei Fat Choi» (Parabéns, boa sorte), geralmente acompanhada do tradicional «lai si» (dinheiro envolto em papel encarnado)
No primeiro dia do novo ano, houve festiva recepção na sede da Associação Comercial de Macau, tendo, segundo uma velha praxe, na véspera a Companhia «Tai Heng», proprietária do Hotel Central, oferecido, no Restaurante «Golden City» do mesmo Hotel, um banquete chinês em honra do Governador da Província, assistindo também diversos funcionários e suas esposas..
(1) «Macau B. I.», III-61 de 15 de Fevereiro de 1956, p. 6.