Mais um trecho dos apontamentos que o Governador Álvaro de Mello de Machado deixou escrito no seu livro “Coisas de Macau” (1913), nas pp. 131 e 132, (1) sobre os monumentos (com valor artístico) existentes até esse ano em Macau.
“ A despeito da sua antiguidade. Macau quasi não tem monumentos históricos, e é desprovido de qualquer obra que possa ter designação de artística. As próprias egrejas, que em todas as terras portuguezas costumam dar um bom contingente para os spcimens de arte, são n´esta colonia de uma probreza e simplicidade mais do que vulgares. Apenas, a fachada de uma egreja que se arruinou, (S. Paulo), erguendo-se ainda altiva e dominadora, por cima da extensa escadaria de pedra que lhe dá acesso, merece as atenções dos visitantes e é classificada como uma das curiosidades a observar.
De facto, alguma architectura existe n´essa fachada, que completamente desamparada se mantem erguida, desafiando os mais fortes vendavaes, como se mãos ocultas de gigantes a sustentassem. No entanto, o recinto da egreja está mal cuidado, servindo de logar preferido às reuniões da garotada da vizinhança, e de recipiente aos lixos e outras immundices, mostrando assim o pouco cuidado com que tratamos essas relíquias do passado, que em outros paizes merecem sempre as mais disveladas atenções.
O busto de Vasco da Gama, o pequeno monumento da batalha contra os hollandezes. O mausoleu que distingue o tumulo do coronel Mesquita, uma pequena lapide que marca o logar onde foi assassinado o governador Amaral, nada valem como arte e teem apenas utilidade histórica.”
(1) MACHADO, Álvaro de Mello – Coisas de Macau. Livraria Ferreira, 1913, 153 p. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/alvaro-de-melo-machado/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2021/02/19/leitura-coisas-de-macau-de-alvaro-de-mello-machado/