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Revista de Artelharia, Ano XV, n.º 175-177 – Janeiro-Março de 1919, p. 334

O Armistício de Compiègne, foi assinado em 11 de novembro de 1918 entre os Aliados e a Alemanha, dentro de um vagão-restaurante na floresta de Compiègne, com o objetivo de encerrar as hostilidades na frente ocidental da Primeira Guerra Mundial.

Os principais signatários foram o Marechal Ferdinand Foch, comandante-em-chefe das forças da Tríplice Entente, e Matthias Erzberger, o representante alemão.

Junto ao vagão, após a assinatura do armistício: em primeiro plano, o marechal Ferdinand Foch, ladeado pelos almirantes britânicos Hope e Rosslyn Wemyss. (1)

Apesar do armistício ter acabado com as hostilidades na frente ocidental, foi necessário prolongar o armistício três vezes até que as negociações do Tratado de Versalhes fossem concluídas e formalizadas no dia 10 de Janeiro de 1920. O Tratado de Versalhes, assinado em 28 de junho de 1919, foi o tratado de paz assinado pelas potências europeias que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial.Foram nomeados delegados portugueses à Conferência de Paz, Norton de Matos, Afonso Costa, Augusto Soares, João Chagas e Teixeira Gomes.

João José Soares Zilhão (1887 – 1979) – Alferes para a arma de Artilharia em 1910.Em 1913, já tenente, passou ao serviço do Ministério das Colónias, como ajudante de campo do Governador Geral Interino de Moçambique e esteve depois ao serviço da Direcção de Agrimensura onde executou serviços de triangulação e cadastro na região de Goba; De 1914 a 1916 efectuou diversos trabalhos em Moçambique, nomeadamente o cadastro predial de Moçambique e o cadastro geométrico dos terrenos da cidade de Lourenço Marques. Foi também comandante da Bateria Mista de Artilharia de Montanha e Guarnição de Moçambique.

Em 1917, foi nomeado comandante da Bateria Europeia de Artilharia de Montanha e Guarnição de Macau. Em 1918 foi chefe da Brigada de Triangulação e Topografia para a visão dos azimutes da base da cidade de Macau e determinação dos pontos trignométricos das ilhas da Taipa e Coloane; estudou ainda o projecto de Artilharia e defesa do porto de Macau. Em 1925 foi comandante do 1º Grupo do 1º Batalhão de Artilharia.

Regressou a Portugal em 1927 onde prosseguiu diversas missões em que foi incumbido (entre eles: comandante da Escola de Defesa Contra Aeronaves,  a chefia da Missão de Rectificação de Fronteiras da colónia da Guiné com o Senegal (1928),  Governador Interino da colónia da Guiné (1931), director dos Serviços de Agrimensura da Colónia de Moçambique (1932), encarregado do Governo Geral da colónia de Moçambique e também do governo interino da província do Sul do Save (1936). De novo em Portugal, foi comandante do Regimento de Artilharia Ligeira nº 3 (1937), comandante da Escola Prática de Artilharia (1942), inspector interino da 2ª Inspecção de Artilharia e director dos cursos para a promoção a major e coronel das diversas armas e serviços. Em 1946 foi nomeado comandante militar de Moçambique. Passou à reserva em 1949. Nos anos 50, foi director da Companhia do Açúcar de Angola. Faleceu a 25 de Fevereiro de 1979. https://arqhist.exercito.pt/details?id=64265

(1) https://pt.wikipedia.org/wiki/Armist%C3%ADcio_de_Compi%C3%A8gne

NOTA INTRODUTÓRIA: retomo, ao fim de quatro dias sem “postar” , simplesmente (e felizmente) por motivos técnicos – sem acesso á rede internet. Agradeço aos que detectaram essa interrupção e me desejaram rápidas melhoras. Para compensar irei colocar duas postagens por dia recuperando as postagens prontas para os dias faltosos.

 Notícia de 6 de Novembro de 1917, dava conta do desaparecimento do vapor «Hitachi-Maru» que transportava passageiros portugueses para Moçambique (1)

Não consegui mais informações sobre o número de passageiros portugueses. Sabe-se que 5 tripulantes que trabalhavam como oficiais no navio, eram portugueses. Desconheço o destino destes portugueses.

Quando o vapor “Hitachi Maru” não chegou ao seu destino, o governo japonês deu-o como desaparecido, e em Outubro de 1917, o cruzador da armada imperial japonês Tsuhima e o cruzador francês D´Estreess ainda fizeram buscas á procura do barco e ou sobreviventes tendo finalmente concluído que deveria ter-se afundado.

No entanto a história do navio foi diferente: estava-se na “ I Guerra Mundial”, o navio estava armado com um só canhão de 10.5 cm no convés para defesa. Quando em 26 de Setembro de 1917 navegava ao sul das ilhas Maldivas, avistou o navio alemão «SMS Wolf’s Wolfchen (Wolf IV)». O capitão Tominaga ao ter conhecimento da identidade do navio e ignorando os tiros de aviso deste para parar, preparou-se para abrir fogo mas o navio alemão mais rápido atingiu-o com 4 tiros matando 14 membros japoneses mortos e seis feridos 14 e após curta batalha entre os dois navios o capitão Tomonaga rendeu-se. Os restantes tripulantes (oficiais entre eles cinco portugueses, marinheiros japoneses e empregados chineses)) e passageiros (entre eles Frederic Trayers e esposa) foram considerados prisioneiros de guerra. Depois da sua captura o comandante Tomonaga suicidou-se. Depois da rendição, os dois barcos foram para o Atol Suvadiva onde a carga toda do navio chinês (carvão, seda, cobre e provisões alimentares) foram transferidos para o navio alemão. Em 7 de Novembro de 1917, o navio japonês foi afundado pelos alemães com cargas explosivas, entre as ilhas do atol de Cargados/Carajos. (2)

Características do navio Hitachi Maru – construído em 1906 pela empresa: “Nippon Yusen Kaisha – NYK, Tokyo”, para uso de transporte de passageiros e carga, comandado pelo capitão Tomonaga; 6557 toneladas; dimensões 135,6 x 15,8 x 10,2 m; potência 5475 i.h.p.; velocidade: 15 nós; afundado em 16-11-1917.

(1) Processo n.º 517 -Série P. in Arquivos de Macau – Boletim do Arquivo Histórico de Macau – Tomo I Janeiro/Junho de 1985, p. 258.

(2) Notícia no jornal neozelandês “THE EVENING- POST, Saturday, March 2. 1918,  p. 8” com o título:  “SOUTH SEAS PIRATE CRUISE OP THE WOLF RESISTANCE BY JAPANESE”

THE EVENING- POST, Saturday, March 2. 1918,  p. 8

“Further details “obtained from the Igotz Mendi prisoners show that after the Wairuna was captured, the Wolf cruised for weeks hunting between the Kermadecs and Australia, capturing and sinking a number of vessels. The raider seized a benzine schooner off the coast of New Guinea, replenishing her sea- planes’ stores. The capture of the Matunga gave great quantities of food. The Wolf then went towards Java, laying a train of mines. She encountered and attacked the Hitachi Maru, carrying a cargo of copper and rubber, valued at nearly three millions sterling. The Japanese vessel fought the raider, but unfortunately lost twelve seamen before she surrendered.” https://paperspast.natlib.govt.nz/imageserver/newspapers/P29pZD1FUDE5MTgwMzAyJmdldHBkZj10cnVl

(3) Jean Lettens (06-02-2012) https://www.wrecksite.eu/wreck.aspx?172414

Dois artigos surgidos na imprensa estrangeira, no jornal “The Sun” (NZ), a primeira com o título “MACAO SOLD PURCHASED BY JAPAN” (1) datado de 20 de Março de 1917, e a segunda “MACAO ISLAND. SALE TO JAPAN QUESTIONED” datado de 28 de Março de 1917, (2) ambas referentes às notícias sobre a “compra de Macau” pelos japoneses. Neste último número, surge o desmentido do Governo Português, datado de 30 de Março com o título “AN OFFICIAL DENIAL. ENEMY INTRIGUE
(1) “SUN”, Volume IV, ISSUE 971, 22 MARCH 1917, p. 7
(2) “SUN”, VOLUME IV, ISSUE 978, 30 MARCH 1917, p. 7
NOTA: O jornal “The Sun” publicou-se na Nova Zelândia (Canterbury) de 1914-1920.
https://paperspast.natlib.govt.nz/newspapers/sun

No dia 18 de Julho de 1916, foi assaltada pelos piratas, a lancha «Shun Fat» que efectuava a carreira entre Macau e a Taipa. A canhoneira «Macau» interveio e salvou os passageiros da lancha. (1)
Estava-se num período da I Grande Guerra Mundial, com a declaração de guerra da Alemanha a Portugal em 9 de Março de 1916 (2) e instabilidade política na China devida à queda da Monarquia em 1910. (3) O governador de Macau receava a invasão de Macau. (4) Cerca de 400 alemães viviam em Cantão e com uma propaganda anti estrangeiros cada vez mais acentuada em Guangdong, muitos macaenses e mesmos chineses refugiaram-se nesta província em 1916.
A guarnição da lancha-canhoneira «Macau» foi louvada pelo governador José Carlos da Maia (5) pelo auxílio prestado aos passageiros da lancha.

Portaria n.º 143, louvando a guarnição da lancha canhoneira Macau pelos serviços prestados no salvamento dos passageiros da lancha Shun Fat.
«Boletim Oficial do Governo da Província de Macau» Vol. XVI, n.º 30 de 22 de Julho de 1916.

(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.
(2) “11-03-1916 – Telegrama do Governo da República Portuguesa, dando conta da declaração de guerra da Alemanha a Portugal, em 9 de Março, pelas seis horas da tarde”. (1)
(3) Instabilidade porque ninguém tina poder para, sozinho, governar a China.
“7-04-1916 – Carta do General Long Chai Kwong ao Governo de Macau, anunciando a sua eleição para Tuc Toc da Província de Cantão, assim como a proclamação da independência da mesma Província.” (1)
“6-06-1916 – Morre Yuan Shi K´ai e com ela a última monarquia da China. Começa a Era dos Senhores da Guerra, época de instabilidade que se prolonga até 1927″ (Chiang Kai Shek) (1)
(4) Em 31 de Março de 1916, em virtude da guerra com a Alemanha, foram convocados as companhias de voluntários para prestarem serviço militar (P.P.n-º 51 – ). Em Junho de 1916 o governador nomeou uma Comissão de Censura postal e telegráfica, antevendo o agravamento da situação.” (1)…………(BBS
(5) O capitão-tenente José Carlos da Maia tomou posse do cargo em 10-06-1914 e foi exonerado em 19-06-1917 (embora desde 5-09-1916 o governador interino fosse Manuel Ferreira da Rocha) com a nomeação de um Conselho Governativo (Juiz de Direito da Comarca, Dr. Américo Guilherme Botelho de Souza, oficial mais graduado, coronel José David Freire Garcia e o secretário-geral do governo, Manuel Ferreira da Rocha). A nomeação do próximo governador só foi a 2 de Agosto de 1918 – nomeação e posse de Artur Tamagnini de Souza Barbosa. (1)

Sedder Street

A revista portuguesa “Ilustração Portugueza” de 1919 (1) publica em meia página, uma notícia com o título “As festas da paz em Hong Kong”, ilustrado com quatro fotos:
“ Foram deslumbrantíssimos os festejos feitos em Hong Kong, para comemorar a vitória dos aliados. Nas ruas engalanadas viam-se muitas bandeiras portuguezas. As nossas gravuras representam Sedder Street olhando para o Pico Vitória e a cidade alta. O edifício Príncipe na Rua Chater. Ao fundo o edifício Jardine.”

A cidade alta
Aspectos do edifício Príncipe
Praça das Estátuas (Statue Square)

 (1) «Ilustração Portugueza», II série, n.º 711 de 6 de Outubro de 1919.

(2) A I Guerra Mundial iniciada em 28 de Julho de 1914, terminou a 11 de Novembro de1918. A República Chinesa entrou na 1.ª Grande Guerra em 1917 ao lado dos aliados. Terá participado com 200000 homens para os campos da batalha tendo falecidos 2000 (informação que fixei há muitos anos, não me recordando da fonte).

HMS Triumph firing at German positions at Tsingtao, China, in October 1914” (4)

A armada Naval germânica na China (comandada por Maximilian Graf Spee) estava sediada em Tsingtao (3) e em 1914, com o início da guerra, os navios do esquadrão do leste asiático estavam espalhados em diversas colónias  do Pacífico pelo que reagruparam-se nas nas Ilhas Mariana do Norte com destino ao Atlântico mas o esquadrão foi  destruído na Batalha das Malvinas.  em Agosto de 1914, pela a armada anglo-japonesa (4) no extremo sul do continente americano  A mesma armada anglo-japonesa, participou depois após passar por Hong Kong no chamado “Cerco de Tsingtao” entre 31 de Outubro e 7 de Novembro de 1914.
(3) Qingdao ou Tsingtao (青岛) é uma cidade na província de Shandong, na República Popular da China. É um porto no mar Amarelo, na península de Shandong.

(4) O navio “HMS Triumph” construído em 1902 e que foi destacado para a Estação Naval Britânica na China em 1913 participou neste batalha naval. Em 1915 foi transferido para o Mediterrâneo tendo participado na «Campanha de Dardanelos» contra o Império Otomano e em 25 de Maio de 1915 foi torpedeado e afundado pelo célebre submarino  alemão U-21. (https://en.wikipedia.org/wiki/HMS_Triumph_(1903))

Duas cédulas de DEZ AVOS e uma de UM AVO emitidos pelo Banco Nacional Ultramarino, (1) não datadas (2) e manualmente assinadas (3)

大西洋國海外滙理銀行 (4)

As duas cédulas de DEZ AVOS foram emitidas em 1920 (esverdeada) e a outra com a mesma tonalidade, entre 1941 – 1945 dado que a emissão de 1946 já apresentava a assinatura do Gerente do banco e do Director.

Cédula – DEZ AVOS N.º 122262 (9,8 cm x 5,5 cm) de 1920
Razoável estado de conservação
Cédula – DEZ AVOS N.º 122262 (9,8 cm x 5,5 cm) – verso
Cédula – DEZ AVOS N.º 147788 (9,8 cm x 5,5 cm) de
Razoável estado de conservação, com manchas
Cédula – DEZ AVOS N.º 147788 (9,8 cm x 5,5 cm) – verso
Cédula – UM AVO N.º 707244 (7,4 cm x 4,1 cm)
De cor castanha com assinatura do mesmo gerente (não legível) do publicado em (1), de 1942
Razoável estado de conservação.
Cédula  – UM AVO N.º 707244 (7,4 cm x 4,1 cm) – verso

(1) Denominam-se cédulas os documentos de papel emitidos em representação das moedas metálicas divisionária e de trocos. Na cunhagem destas moedas eram utilizados metais inferiores como o cobre, o níquel ou ligas destes metais tendo geralmente um valor nominal inferior ao real ou intrínseco.
Quando o custo destes metais subiu demasiadamente, como aconteceu durante e depois da I Grande Guerra Mundial (1914-1918) a fim de se evitarem as despesas da cunhagem daquelas moedas recorreu-se, em Portugal, à estampagem de cédulas às quais foi conferido curso legal.
Em 1919, a falta de moeda para trocos provocou em Macau uma situação crítica que levou o Governo do Território a introduzir pela primeira vez, no meio circundante local, este instrumento monetário – as cédulas. Foi então decidido emitir cédulas de 5, 10 e 50 Avos.
As cédulas deixaram de ser emitidas com o aparecimento em 1952 das primeiras moedas privativas de Macau e assim progressivamente foram recolhidas todas até 1953.
(Emissões de Papel-Moeda do banco Nacional Ultramarino Para Macau. Banco Nacional Ultramarino SA e Chaves Ferreira, Publicações, SA, 1997, 270 p., ISBN 972-9402-33-7)
(2) Inicialmente as emissões de cédulas não eram datadas, só a partir de 1946 passaram a apresentar data impressa.
(3) As primeiras emissões de cédulas  assinadas pelo Gerente da Filial do Banco Nacional Ultramarino em Macau, foram as de 1920 manuscrita e as seguintes com chancela, como estes exemplares.
(4) – 大西洋國海外滙理銀行 – Daxiyangguo (大西洋國- Grande Reino do Mar do Ocidente); 海外–Haiwai (ultramarino); 滙理- Huili (câmbio);   銀行- Yinghang ou mais conhecido como 大西洋銀行 – Daxiyang Yinghang ( Banco do Grande Reino do Mar do Ocidente)
Em cantonense jyutping: Daai6 sai1 joeng4 gwok3 hoi2 ngoi6 wui6 lei5 ngan2 hong4
Sobre Banco Nacional Ultramarino e um outra nota de UM AVO (N.º 360440) já publicado ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/banco-nacional-ultramarino/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/07/10/papel-moeda-macau-i/

HANGAR Porto Exterior (1940)O hangar do Centro de Aviação Naval em construção no Porto Exterior. (1940)
Vê-se à esquerda, a casa do Alferes Luís na Estrada de Cacilhas. Ao fundo e no alto, o Farol da Guia.

O Centro de Aviação Naval (ou Marítima) de Macau (1) foi extinta a 11 de Abril de 1933. Foi depois reactivada em 1937 (2) ou 1938 (3) (4) como Centro de Aviação Naval da Colónia de Macau. Desta vez, com aviões OSPREY, dois embarcados nos navios «Afonso de Albuquerque» e «Bartolomeu Dias», a que se juntaram mais tarde quatro aviões também OSPREY, comprados ao governo inglês.
Em 1942, em plena II Guerra Mundial, o Centro de Aviação Naval, foi definitivamente extinta. O hangar inaugurado em 1940, foi bombardeado  por cinco  bombardeiros americanos pertencentes à esquadrilha sino-americana a 16 de Janeiro (duas vezes), a 25 de Fevereiro e a 11 de Junho de 1945. Depois da Guerra, foi reconstruído mas serviu mais para depósitos de materiais e residência para família de militares.

Inauguração Hangar Porto Exterior 1940Inauguração do interior do Hangar do Centro da Aviação Naval de Macau (1940)

Efectivos da Aviação Naval 1940/1941 (5)
1.º Comandante – Capitão-tenente aviador, António Gomes Namorado.
2.º Comandante – 1.º tenente aviador, José de Freitas Ribeiro
1.º tenente aviador – Pedro Correia de Barros
2.º tenente aviador – Rodrigo Henriques Silveirinha
1.º sargento mecânico aviação – Joaquim Macedo Girão
2.º sargentos artífice de aviação – Rafael Afonso de Sousa e João dos Santos Loureiro

Inauguração Hangar Porto Exterior II 1940Inauguração do Hangar do Centro da Aviação Naval de Macau (1940)

(1) Em 1927, havia apenas três centros de Aviação Naval dependentes da Marinha de Guerra: Lisboa, Aveiro e Macau. Em 1928 o Governo aprovou a transferência, para a Marinha privativa da colónia de Macau, do material pessoal e equipamento do anterior centro de Aviação Naval.

HANGAR DA AVIAÇÃO TAIPANa primeira praia, a leste da Taipa Grande, onde é hoje a Avenida da Praia, esteve até 1940, estabelecida a base da aviação naval da Colónia.

O primeiro tenente, José Cabral ex-combatente da I Grande Guerra, foi apresentado voluntariamente em Macau para dirigir o Centro de Aviação Naval.
Esteve três anos no território e escreveu no relatório o que fora a sua actividade na Colónia: quase 500 voos, num total  de 218 horas e 15 minutos. Os aviões , só podiam ser usados em certas condições, com a maré cheia ou quando a água tivesse pelo menos sete pés de profundidade; o pessoal europeu da Aviação Naval não ultrapassava a meia dúzia  com ele e com o sargento, ajudante de carpinteiro, Joaquim Carpeta; havia ainda seis  loucanes e um guarda africano, um cavalo e algumas cabras que querendo em liberdade, insistiam em destruir as árvores e plantas do jardim da Taipa, perante o desespero e indignação da Comissão Municipal das Ilhas e a bonomia do comandante da Aviação Naval que não via como pôr termo a tal abuso ( SÁ, Luís Andrade de – Aviação em Macau, um Século de Aventuras, 1990)

Outro Aspecto da InauguraçãoOutro aspecto da inauguração do interior do Hangar

(2) “1937 – É Criado o Centro de Aviação Naval da Colónia de Macau pelo artigo 144.º do Decreto n.º 28 263, de 8 de Dezembro de 1937, publicado no Suplemento ao B. O. N,º 4 de 26-I-1938. Fica fazendo parte da marinha privativa, nos termos do decreto n.º 28 641 de 9 de Maio de 1938, publicado no B.O. n.º 26, de 25 de Junho de 1938. Logo no início de 1938 é nomeado o capitão-tenente piloto aviador José Cabral para ira Inglaterra receber e verificar o material de aviação destinado a Macau” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4.)
(3) 1938 – Reactivado o Centro de Aviação Naval desta vez com aviões OSPREY, primeiro os n.ºs 71 e 72, aviões que tinham embarcado nos navios «Afonso de Albuquerque» e «Bartolomeu Dias», a que se juntam mais tarde quatro aviões também OSPREY. Em 1942, em plena II Guerra Mundial, o Centro de Aviação Naval, é definitivamente extinta. (VILARINHO, Manuel – entrevista à Revista «MACAU», n.º18, 1989, p.50)
(4) “Só em 1938, quando o conflito sino-nipónico, assinalava o agravamento da situação no continente chinês, o Governo da República decidiu enviar para a colónia de Macau o aviso Afonso de Albuquerque com dois aparelhos Osprey e elementos da aeronáutica. O navio chegou a Macau no dia 22 de Outubro de 1937 e na colónia encontrou um hangar desactivado,  com dois aviões de tela apodrecida, guardado por uma companhia indígena, cujas portas, baixas, eram demasiadas pequenas para que um dos Osprey pudesse ficar abrigado do mau tempo. Em Dezembro desse ano comprou-se ao Governo inglês mais quatro aviões Osprey, além de peças e motores sobresselentes. (, Luís Andrade de – Aviação em Macau, um Século de Aventuras, 1990).
(5) Anuário de Macau 1940/1941

Também os nossos compatriotas residentes em Macau quizeram testemunhar o seu acedrado patriotismo e patentear o preito que dedicam aos soldados portuguezes que, em luta com os inimigos da civilização honram as gloriosas tradições herdadas.(1)

Batalha das Flores 1918 I“Carro do Governador da província de Macau, capitão-tenente sr. Vieira de Matos, com a sua esposa a sr.ª D. Raquel Swart Vieira de Matos, promotora da festa e sua filha

            Por inicitaiva da sr.ª D. Raquel de Matos, esposa do distinto capitão-tenente sr. Vieira de Matos (2),  governador interino d´aquela florescente colonia, realisaram-se ali varias festas a favor dos nossos mobilisados e da indingencia local, entre elas uma batalha de flores (3), em que tomaram parte 60 carros, ornamentados com fino gosto, e a que ocorreu quanto ha de mais distinto na nossa província ultramarina do Extremo-Oriente.

Batalha das Flores 1918 II“Menina Ondine Vieira de Matos, filha do governador da província de Macau

Batalha das Flores 1918 III“Batalha de flôres em Macau – Na Avenida Vasco da Gama onde se realisou a festa, alguns dos carros que n´ela tomaram parte. No primeiro plano o submarino «23», de Mr. Gellion, (4) tripulado por senhoras de sua família, vestidos de oficiaes de marinha, vendo-se entre elas Mrs. Gellion, trajando um vestido que simbolisava a Inglaterra”

            O produto d´estas festas, que, levadas a efeito com manifesto entusiasmo, decorreram com grande brilhantismo, atingiu uma soma  consideravel, para o que contribuiu devéras o muito prestígio de que gosa o sr. Vieira de Matos, cujas excelentes qualidades de caracter e esclarecida inteligencia, são justamente apreciadas por todos que anceiam o desenvolvimento d´aquela nossa possessão, no que ele acha devéras empenhado.

Batalha das Flores 1918 IVCarro do sr. Americo de Sousa, juiz de direito, e a sua família

          Sua esposa, que com grande devotamento se desobrigou da espinhosa missão, a que se propoz, de minorar a sorte dos nossos soldados e dos que o infortunio  avassala, tem recebido inumeros testemunhos de homenagem e de gratidão. E, nunca foram melhor e mais justificadamente merecidos.” (5)

 Batalha das Flores 1918 VCarro de Madame Ricou” (4)

Batalha das Flores 1918 VI Um aspecto da Avenida Vasco da Gama, onde se realisou a batalha de flôres, vendo-se ao primeiro plano a nau »S. Gabriel». Recorte da Revista (5)

(1) Outras manifestações a favor dos soldados portugueses  na I Guerra Mundial, já foram relatados em anteriores post´s:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/01/30/noticia-de-30-de-janeiro-de-1915-i-guerra-mundial/ 
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/07/noticia-sarau-dos-marinheiros-do-patria/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/04/noticia-de-uma-quermesse-a-favor-dos-soldados-da-guerra-em-1918/
(2) Fernando Augusto Vieira de Matos foi nomeado governador interino a 21-12-1917. O próximo Governador seria Artur Tamagnini de Sousa Barbosa que tomou posse a 12-10-1918 (6)
(3) “Em Celorico de Bastos efectuou com todos os requintes de galantaria uma «Batalha de Flores». O combate tornou-se por vezes renhidissimo sendo abundante o número dos deliciosos projécteis que as jovens senhoras, que tomaram parte na liça, recebiam sorridentes e alegres, retribuindo os seus adversários com flores que antes pendiam do seus colos e que d´eles levavam os seus deliciosos e estonteantes perfumes.” (“Ilustração Portugueza”, n.º 661, 1918)
(4) A «Société Électrique d´Extreme Orient» em 1907 transferiu o seu contrato de concessão de iluminação eléctrica da cidade de Macau para Charles E. W. Ricou que passou a ser o  Gerente da «The Macao Electric Ligting Company Limited» (MELCO) de 1907 a 1915.  Após esta data, este negociante aparece como Gerente da «Macao Ice Cold Storage» que existiu até 1922 (6).
Frederik Johnson Gellion era nesse ano (1917/1918) o gerente da The Macao Electric Ligting Company Limited» (MELCO).
(5) Artigo e fotos retirados da “Ilustração Portugueza” n.º 642, 1918
(6) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)

Marinheiros do PátriaGrupo de marinheiros da guarnição portuguesa «Pátria», surta em Macau, que sob a direcção do 1.º tenente de marinha sr. Henrique Travassos Valdez – sentado no segundo plano – organizou um sarau a favor dos soldados portugueses que se batiam em França e na África. (1)

NOTA: sobre o apoio  de Macau, aos soldados portugueses na 1.ª Guerra Mundial, ver anteriores “posts”:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/04/noticia-de-uma-quermesse-a-favor-dos-soldados-da-guerra-em-1918/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/01/30/noticia-de-30-de-janeiro-de-1915-i-guerra-mundial/

(1) Notícia da “Ilustração Portugueza” n.º 623, 1918.

Também os nossos compatriotas de Macau quizeram patentear o seu apreço pelo denodo dos nossos soldados que se encontram em França, Uma comissão composta das individualidades mais ou em destaque na sociedade macaense levou a efeito, com o auxílio d´um grupo de meninas e da corporação dos escoteiros, uma interessante «Kermesse», cujo resultado, destinado ao  «Cigarro do soldado», compensou a energia dispendida.” (1)
Queremesse 1918

Conforme  publiquei em anterior “post” (2)  realizaram-se, em Macau, várias quermesses (3) a favor dos soldados da 1.ª Guerra Mundial , de  1915 até ao final da guerra. A Dra. Beatriz Basto da Silva na sua “Cronologia” refere várias destas manifestações para angariação de fundos:
“30 -04- 1917 – Subsídio de Libras 1000 000, oferecido à Metrópole por Macau, para os Serviços Hospitalares dos feridos de guerra e para as famílias dos mobilizados.
24-05-1917 – Remessa de objectos destinados aos soldados portugueses em campanha, durante a Guerra de 1914.
18 a 20-02-1919 – Recolha de fundos a favor dos feridos e mutilados da Guerra Europeia.”
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
(1) “Ilustração Portugueza“, n.º 629, 1918.
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/01/30/noticia-de-30-de-janeiro-de-1915-i-guerra-mundial/
(3) Quermesses são festas realizadas em diversas épocas, de acordo com cada paróquia. Geralmente são compostas por várias manifestações como barracas de sorteios, jogos com prêmios, bebidas e “pratos” (acepipes, aperitivos, guloseima, etc) típicos de cada região.
O termo “quermesse” é derivado da palavra “kerkmesse“, da língua flamenga, que em francês passou a ser “kermesse“, de onde se originou o termo em português. Sua origem está ligada à religião católica. Era a festa do santo padroeiro da paróquia ou aniversário da igreja.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Quermesse