Continuação das anteriores postagens, (1) (2) referentes às comemorações do tricentenário da proclamação da Imaculada Conceição como Padroeira de Portugal, com a consagração de Portugal à Virgem Maria, Mãe de Deus. Em Macau no dia 25 de Março de 1946, realizou-se a coroação da imagem da Imaculada Virgem de Fátima no Largo da Sé (2) , seguida da procissão.
(2)https://nenotavaiconta.wordpress.com/2022/03/26/tricentenario-da-proclamacao-da-imaculada-conceicao-1646-1946-em-macau-coroacao-da-imagem-da-imaculada-virgem-de-fatima-ii/
Continuação da anterior postagem, (1), referente às comemorações do tricentenário da proclamação da Imaculada Conceição como Padroeira de Portugal, com a consagração de Portugal à Virgem Maria, Mãe de Deus. Em Macau no dia 25 de Março de 1946, realizou-se a coroação da imagem da Imaculada Virgem de Fátima no Largo da Sé.
No dia 25 de Março de 1946, comemorou-se o tricentenário da proclamação da Imaculada Conceição como Padroeira de Portugal, com a consagração de Portugal à Virgem Maria, Mãe de Deus. Em Macau realizou-se a coroação da imagem da Imaculada Virgem de Fátima e aos festejos (procissão) em honra da padroeira. Para comemorar essa data, coroação da imagem e procissão, foi impresso um pequeno opusculo (15 p.) intitulado “1646-1946” sem outra indicação. Penso tratar-se duma edição da Diocese de Macau, através do jornal católico “O Clarim”
Durante as Cortes de Lisboa de 1645-1646, declarou el-Rei D. João IV que a Virgem Nossa Senhora da Conceição seria doravante a Rainha e Padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe, em seu nome e dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro. Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Actualmente, a solenidade da Imaculada Conceição de Maria (8 de Dezembro) é festa de guarda em toda a Igreja Católica. (1)
(1) https://pt.wikipedia.org/wiki/Imaculada_Concei%C3%A7%C3%A3o
Em 9 de Fevereiro de 1946, no fim da tarde, a seita de Lei Peng Su rapta FuTak Iam, (1) que estava no templo de Kun Iam, a conversar com o bonzo do Pagode e mantem-no sequestrado cerca de cinquenta dias, numa casa da Rua Bispo de Medeiros, à espera que a sua família pague o resgate. Foram seis os pistoleiros comandados por Mak Va Ian, “bem vestidos, de cabelo cortado à escovinha e fortemente armados “ (segundo o bonzo que foi testemunha do rapto) (2)
Para demonstrar que se tratava de um rapto espectacular e sujeito a todas as consequências, os raptores cortaram uma orelha a Fu e enviaram-na à família, que cedeu à pressão fazendo a entrega de uma elevada quantia em notas do BNU (3) (4)
As investigações apontaram para uma enorme cabala de que foram mentores agentes e graduado da PSP. “Segundo as declarações feitas mais tarde por alguns dos arguidos, do «bolo» couberam duzentas mil patacas a Sebastião Voltaire Morais, chefe da P.S.P., e cem mil a Lei Pung Su, chefe da quadrilha – os restantes negam ter recebido algum dinheiro.” (5)
(1) Fu Tak Iam 傅德蔭 (1895-1960) foi o maior acionista da sociedade Tai-Heng Limitada (também referida como Tai Hing) concessionária do jogo no Hotel Central, constituída em 20 de Abril de 1937 (ano que chegou a Macau, proveniente de Cantão) com o capital social de um milhão de patacas, das quais seiscentas e trinta e nove mil foram por ele subscritas. Era dono da ponte cais n.º 16 e do navio Tai Loy, de estabelecimentos comerciais e industriais e de prédios urbanos. A partir de 1947, principal sócio do banco Tai Fung. (3)
Foi condecorado em nome do Presidente República (general Craveiro Lopes) com o grau de Oficial da Ordem Militar de Cristo, em 27 de Junho de 1952 aquando da visita do Ministro do Ultramar, Sarmento Rodrigues a Macau. Morreu em Hong Kong em Novembro de 1960.
Anteriores referências neste blogue em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/fu-tak-iam-fu-laorong/
Aconselho leituras de: a) Programa da TDM – Canal Macau, 17 Outubro 2019 – Livros com João Guedes – The Fu Tak Iam Story , disponível em https://www.youtube.com/watch?v=OMFpG4h0kbI b)ttps://hojemacau.com.mo/2018/02/02/casinos-familia-de-fu-tak-iam-primeiro-magnata-do-jogo-cria-fundacao-em-macau/
(2) “A acção do rapto é tão rocambolesca que um dos automóveis utilizados se avaria na Rua Horta e Costa, tendo os raptores tempo para o reparar sem que ninguém se aperceba do que acontece” (5).
(3) JORGE, Cecília; COELHO, Rogério Beltrão – Roque Choi Um Homem dois sistemas. Livros do Oriente, 2015, pp. 44-49)
(4) “As exigências dos raptores vão mais longe. Obrigam Fu, ainda em cativeiro, a escrever uma carta ao Governador propondo medidas para facilitar a vida das seitas e, já em liberdade, exigem mais dinheiro, sob pena de correr perigo a vida de Ho Yin, na altura sócio de Fu, que também tinham em seu poder” (3)
“Os raptores obrigam Fu a escrever uma carta ao governador dando-lhe «sugestões» para o comportamento dos polícias. Segundo a missiva, o governador não deveria autorizar rusga na cidade apoiada por soldados africanos, os únicos temidos pela quadrilha” ” (5)
(5) SÁ, Luís Andrade de – A História na Bagagem, Crónicas dos Velhos Hotéis de Macau, ICM, 1989, pp. 135-139

https://actd.iict.pt/view/actd:AHUD21581
A escola infantil (1) que estava na Rua Central até 1933, (2) começou a funcionar no novo edifício construído no Jardim da Flora, no dia 2 de Outubro de 1933, segunda-feira. O projecto foi delineado pelo engenheiro Luís Miranda, (3) que tomou a direcção das obras, sendo estas confiadas ao empreiteiro Choi Lok. Porém a 5 de Maio de 1933, o engenheiro Luís Miranda oficiou à Câmara, dizendo que não sabia a quem entregar a direcção e fiscalização das obras, visto Gastão Borges não querer assumir essa fiscalização e não pretender ele, Miranda, continuar à testa das mesmas, pois estava desligado desse serviço desde 8 de Abril. A Câmara, a 17 de Maio, incumbiu o Dr. José Pereira, (4) da direcção e fiscalização dessas obras com a remuneração mensal de $100,00. Foi este que fez o projecto do muro da vedação.
Após a II Guerra Mundial, foi-lhe dado o nome de Escola Infantil “D. José da Costa Nunes”. Em 1946 (Diploma Legislativo n.º 925 de 1946) torou obrigatório o ensino infantil e primário para todas as crianças desde os 5 aos 14 anos. Em 1997, a Escola sofreu remodelação e ampliação com o projecto de arquitectura de Mário Duque, com o nome de «Jardim de Infância D. José da Costa Nunes», instituição de educação pré-escolar privada sob a tutela da antiga e prestigiada “Associação Promotora da Instrução dos Macaenses”.

(1) O 1.º Regulamento do ensino Primário das Escolas de Macau (B.O. n.º 27 de 06-07-1918) estabeleceu no seu art.º 2, duas categorias do ensino; infantil e primário. As classes infantis, eram destinadas à educação e ensino das crianças de 5 a 7 anos.


Há uma mesma informação, datada de 27-07-1918 (5) e outra de 1 -11-1923 (6) em que o Leal Senado solicitava ao Governador a cedência temporária do Palacete da Flora e Jardim da Flora para nele se instalar a Escola Infantil até que o Senado mandasse construir um edifício próprio. Mas o Governador Rodrigo Rodrigues em 1923, respondeu não ser possível prever quando o edifício poderia ter aplicação, em virtude de não terem ainda principiado as obras de adaptação do mesmo a Jardim de Infância (criado em Macau – Boletim Oficial n.º 6 de 10-02-1923) que seria instalado no Palácio e Jardim da Flora.
NOTA I – A 26 de Abril de 1923, foi aprovada com 15 valores D. Laura Castelo Branco da Costa Mesquitela no exame de concurso para a vaga de professora da Escola Infantil a cargo do Leal Senado, que instalou a escola na Rua Central.

Chamo a atenção para este digníssimo júri: Manuel da Silva Mendes, Camilo de Almeida Pessanha, Alfredo Rodrigues dos Santos, Constâncio José da Silva e Carlos Borges Delgado

No ano lectivo de 1923 a 1924 matricularam-se nesta escola 63 crianças e em 1924-25, 105, sendo o ensino ministrado por 3 professoras. (6)
(2) Padre Teixeira refere que a Escola Infantil funcionava em 1923 provisoriamente na Escola de S. Rosa de Lima, esperando que se realizasse a transferência das escolas centrais (5)
(3) Luís Xavier Correia da Graça e Miranda era engenheiro Adjunto da Direcção dos Serviços das Obras Públicas

(4) Extraído de «B. O. C.M», n.º 21 de 27 de Maio de 1933, p. 547

(5) A.H.M. – F.A. C. P. n.º 247 – S-E in SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997)
(6) TEIXEIRA, Padre Manuel – A Educação em Macau, 1982,p.66
Anteriores referências em https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/01/27/leitura-a-educacao-em-macau-em-1940
Sobre este mesmo tema, aconselho leitura de: SOUSA, Ivo Carneiro de – Jardim de Infância D. José da Costa Nunes 2010-1020 Um Projecto educativo https://www.academia.edu/25549352/Jardim_de_Inf%C3%A2ncia_D_Jos%C3%A9_da_Costa_Nunes_Projecto_Educativo_uma_escola_inclusiva_cooperativa_e_multicultural
Conferência do ainda governador de Macau, Gabriel Maurício Teixeira, que infelizmente, deixou poucos testemunhos sobre o seu governo em Macau, (1) com os representantes da imprensa em Portugal no dia 3 de Setembro de 1946 na antiga sala do conselho do Império, no Ministério das Colónias, reproduzida no «Boletim Geral das Colónias» (2)
(1) Oficialmente foi governador de Macau entre 5-10-1940 e 23-06-1947, mas o comandante Gabriel Maurício Teixeira, findo o período de guerra, saiu de Macau em 05-08-1946 data em que assumiu funções de encarregado do governo, o comandante do «Afonso de Albuquerque» Samuel Conceição Vieira. O novo governador, Albano Rodrigues de Oliveira tomou só tomaria posse a 7 de Agosto de 1947 no Ministério das Colónias e chegou a Macau a 01-09-1947.
(2) « BGC», XXII Agosto de 1946, n.º 254/255.
Continuação da leitura da conferência realizada na Sociedade de Geografia de Lisboa, em 5 de Junho de 1946, pelo tenente-coronel de engenharia Sanches da Gama e publicada no Boletim Geral das Colónias de 1946. (1) (2)
………………………………………………………………………………..continua
(1) Ver anterior postagem em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/06/05/noticia-de-5-de-junho-de-1946-leitura-macau-e-o-seu-porto-i/
(2) «BGC» XXII -253, 1946.
O Comandante do “Afonso de Albuquerque”, Samuel Conceição Vieira assumiu as funções de encarregado do Governo – função que apenas existia na ausência prolongada de um governador – a 5 de Agosto de 1946, no rescaldo da segunda guerra mundial, por um período de treze meses, em substituição de Gabriel Maurício Teixeira. (1)
Foi nessa qualidade que recebeu a 20 e 21 de Agosto de 1947 a visita de Sun Fo, (2) vice-presidente da República da China, filho de Suan Yat-Sen o fundador da República Chinesa em 1911. Uma visita destacada na primeira página do Diário de Notícias (Portugal) que titula “Macau visitada pelo vice-presidente da República da China A continuação ds amistosas relações entre portugueses e chineses foi enaltecida num discurso que ali proferiu“. (3)
Extraído do «BCG» XXIII, 1947.
O Vice-Presidente da República Chinesa Dr. Sun F, ao chegar a Macau, junto da guarda de honra feita por soldados portugueses. À esquerda, o encarregado do Governo, Comandante Samuel Vieira.
(1) 05-10-1940— No B. O. N.º 40 é nomeado o novo Governador, capitão de fragata, Gabriel Maurício Teixeira, por falecimento do Governador Artur Tamagnini Barbosa, tendo tomado posse a 29 de Outubro.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/gabriel-mauricio-teixeira/
05-08-1946 – O Comandante do “Afonso de Albuquerque” Samuel Conceição Vieira assumiu as funções de encarregado do Governo
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/samuel-da-conceicao-vieira/
1-09-1947 – O Comandante Albano Rodrigues de Oliveira chega a Macau e é empossado Governador de Macau no dia 1 de Setembro de 1947, substituindo o comandante Gabriel Maurício Teixeira que tinha exercido o cargo desde 1940.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/albano-rodrigues-de-oliveira/
O jovem Sun Fo junto ao pai Sun Yat-sem
(2) Sun Fo ou Sun Ke (孫科) (1891-1973), nascido em Xianshan (hoje Zhongshan – Guangdong) e falecido em Taipei, filho de Sun Yat-sen (1866-1925) e Lu Muzhen (1885-1915. Licenciado em “Master of Science”, pela Universidade de Columbia (USA) em 1917.
Vice-presidente em 1947-1948 do Governo Nacionalista, foi o 2.º Presidente da República Chinesa de 16 de Novembro de 1948 a 12 de Março de 1949. Exilado após a Guerra Civil Chinesa em 1949, fixou-se em Hong Kong até 1951. Depois esteve na Europa (1951-1952) e nos Estados Unidos até 1965, data que voltou a Formosa/Taiwan, após reconciliação com Chiang Kai-shek.
https://en.wikipedia.org/wiki/Sun_Fo
(3) Ver anterior referência a esta visita em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/10/13/noticia-de-13-de-outubro-de-1947-macau-sera-respeitada/