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“11-03-1929 – Nesta data, no Tanque do Mainato, perante uma comissão de pessoas nomeadas pelo Governo, queimaram-se os exemplares apreendidos da 2.ª edição do livro “Historic Macao” de Montalto de Jesus, por ter advogado, no último capítulo, que a colónia de Macau fosse administrada pela Sociedade das Nações” (1)

C. A. Montalto de Jesus (Hong Kong 1863- Hong Kong 1927) publicou o livro «Historic Macao», em Hong Kong no ano de 1902, tornando-se desde logo num livro de leitura obrigatória para quem quisesse estudar e compreender a História de Macau. (1)

A apreensão e destruição do livro, em Macau, em 1926, por decisão judicial foi devido à publicação da 2.ª edição, publicada em Macau (2) em que o autor incluiu três capítulos finais sobre a situação de Macau (muito crítico à governação do Território), (3) advogando uma “autodeterminação de Macau”, sob a tutela da Liga das Nações.

(1) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia da Macau, volume I, 1997, p. 420

(2) JESUS, C. A. Montalto de – Historic Macau. International Traits in China old and New. Second Edition, revised and enlarged, nineteen illustrations. Macao, Salesian Printing Press and Tipografia Mercantil, 1926.

(3) ”15-06-1926 – Apreensão do livro «Macao Historic» da autoria Montalto de Jesus (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume , 2015, p. 184.) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/06/15/noticia-de-15-de-junho-de-1926-historic-macao/

Referências anteriores a Montalto de Jesus: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/c-montalto-de-jesus/

NOTA: “CARLOS MONTALTO DE JESUS (1863-1927), um grande e injustiçado historiador de Macau, nas palavras do investigador António Aresta, foi o autor de Historic Macau (1902), uma das mais conhecidas obras sobre a História do território. Montalto de Jesus, que viveu em Hong Kong e em Xangai, escreveu, entre outras obras, The Rise of Shangai (1906) e Historic Shangai (1909). Homem culto, tornou-se sócio correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa a 9 de Novembro de 1896 e foi um activo militante do Partido Republicano.

Na introdução à versão portuguesa, com o título de Macau Histórico, o historiador Carlos Estorninho classificou-a como a glória e o martírio de Montalto de Jesus. Glória, porque constituiu a sua consagração como historiador e como macaense, granjeando-lhe o respeito da crítica e das autoridades de Macau, que consideraram o livro como o melhor trabalho de conjunto sobre o estabelecimento português na China Meridional. Em versão inglesa para garantir uma maior divulgação internacional e o conhecimento do seu conteúdo pelas numerosas comunidades portuguesas de Hong Kong, Xangai e de outras cidades portuárias da região, o livro foi um best-seller e a edição esgotou-se em pouco tempo. Martírio, porque a 2.ª edição, publicada em Macau em 1926 e igualmente em inglês, incluía uns capítulos com críticas a um regime colonial míope e alusões à trágica situação em Portugal, defendendo o autor que Macau fosse colocado sob a tutela providencial da Liga das Nações como salvaguarda contra mais ruína, o que provocou o repúdio dos que consideraram esta proposta como uma grave ofensa aos valores pátrios. As autoridades de Macau ordenaram a apreensão e a destruição pelo fogo dos exemplares existentes no território. Outros ventos, que não os da República que ele tanto prezava – apesar da decepção que sentiu quanto ao rumo que este regime tomou em Portugal e na China -, sopravam então em Macau, como consequência do novo quadro político saído da revolução de 28 de Maio de 1926.”

OLIVEIRA, Celina Veiga de – Macau e o Povo em Diáspora. Administração n.º 111, vol. XXIX, 2016-1.º, 189-197 pp 194-195

C. A. MONTALTO DE JESUS

FELLOW OF THE GEOGRAPHICAL SOCIETY OF LISBON

MEMBER OF THE CHINA BRANCH OF ROYAL ASIATIC SOCIETY

HONG KONG

KELLY & WALSH, LIMITED

PRINTERS & PUBLISHERS

1902

Leitura sugerida: RICARDI, Alexandre – Glória e danação: quando o fazer história torna-se a ruína de um cientista in http://www.snh2015.anpuh.org/resources/anais/39/1437620228_ARQUIVO_ApresentacaoAlexandreRicardi.pdf

10-01-1667 – Chegaram, pela tarde, acompanhadas pelos mandarins de Hèong-Sán e da Casa Branca, três das dez ou quinze autoridades superiores da fiscalização do litoral, que vieram de Cantão, para se certificarem do cumprimento da ordem imperial, que mandava retirar as populações do litoral para o interior, estando Macau abrangida nessa ordem. Estas autoridades partiram logo, no dia seguinte. Durante a sua breve estadia visitaram a Fortaleza do Monte, que salvou com 5 peças, o mesmo fazendo a Fortaleza da Nossa Senhora da Guia, quando elas se foram pelo Campo, para a Porta do Cerco. (1)  

15-02-1667 – O mandarim de Heong San intimou a cidade de Macau a cumprir a ordem de Pequim (2)de transferir a cidade para o interior, prometendo, no entanto, tratar de conseguir a sua reabertura comercial, no caso de lhe serem dados 250 000 taéis. Dias antes, chegaram 12 barcos para porem o cerco à cidade da banda de Oitem (Lapa) e da Taipa, impedindo a saída das lorchas para a pesca e para buscar lenha, fechando-se também a Porta do Cerco, por onde já era impedida a vinda do arroz há 20 dias. Feita a promessa, reabriu-se a Porta do Cerco três dias depois, retirando-se também a flotilha. (1)

31-03-1667 – Chegaram cartas de Cantão dando a notícia de que o Vice-Rei dessa cidade tinha ordenado o envio de barcas a Macau a fim de transportar os habitantes com todos os seus bens para o interior, em conformidade com a ordem imperial da transferência das populações do litoral para as terras de dentro, devido aos ataques do pirata Coxinga., adversário dos Manchus. (1) (3). A embaixada de Saldanha conseguiria demover o Imperador. (4)

7-04-1667 – O Mandarim de Casa Branca oficiou aos moradores de Macau, ordenando que preparassem as suas bagagens a fim de serem transportados para Cantão, onde fora já escolhido o sítio com casas para sua residência, devendo entretanto ser feita a concentração na vila de Hèong-Sán, onde algumas barcas estavam esperando para transportar para Cantão, em consequência da ordem imperial que mandava transferir todas as populações do litoral para o interior, devido aos ataques do pirata Coxinga. (1)

18-04-1667- O mandarim de Hèong Sán comunicou que viria a Macau, estando a Porta do Cerco estava fechada há 39 dias mas, no dia seguinte, informou que não poderia vir e convidou o Senado a avistar-se com ele na Casa Branca. O Senado, receando alguma armadilha, mandou-lhe dizer que não era costume sair do lugar em que sempre têm sido tratados os negócios desta cidade e que, querendo, viesse ele, portanto a Macau. (1)

Todos os anos os chineses exerceram pressão sobre Macau, invocando serem ordens do Imperador. Mas não eram. O Suntó ou Vice Rei de Cantão provou as suas culpas acabando por se enforcar (4)

(1) GOMES. Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

(2) Devido aos ataques constantes do pirata Coxinga, sediado na Formosa, o Imperador chinês decidiu pôr em prática um decreto obrigando ao recuo de quatro léguas para o interior nas cinco províncias d Sul da China ((A.N.M. – DITEMA, Volume IV, 2011 p.1323

(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/zheng-chenggong-%E9%84%AD%E6%88%90%E5%8A%9F-coxinga/

(4)) Manuel Pereira Saldanha, que foi enviado como Embaixador de Portugal à corte de K´ang Hsi (Kangxi), não conseguiu resolver as pendências que levava (aspirava libertar Macau e restituir-lhe a continuidade como intermediária entre o comércio interno e externo nos mares da China) e faleceu na cidade de Uai-On-Fu (Huaiyin) no dia 21 de Outubro de 1670, no regresso da sua embaixada a Pequim. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp. 181-182, 187)

Mais uma vez, em 12 de Maio de 1836, o Vice-Rei de Cantão (Suntó de Cantão)  e o mandarim da Casa Branca comunicaram ao Procurador de Macau que era permitido fazerem-se as reparações das fortalezas do Monte e Guia, desde que nada fosse acrescentado ao que já existia e ordenaram que fosse desfeita e entulhada uma estrada nova que fora aberta atrás da Guia.

PEREIRA, António Marques – Ephemérides Commemorativas da História de Macau, 1868

“10-04-1822 – O coronel José de Aquino Guimarães e Freitas foi nomeado, pelo Governador José Osório de Castro Cabral e Albuquerque e Leal Senado da Câmara, para ir a Lisboa felicitar, em nome da cidade de Macau, el-rei D. João VI pelo seu regresso do Brasil, e o Soberano Congresso pela sua instalação. José de Aquino partiu de Macau para esse fim em 14 de Abril a bordo do navio “Scaleby Castle” da Companhia das Índias.” (1)

“Ephemerides Commemorativas da Historia de Macau; Das Relações da China com os Povos Christãos” (1867) (p.34) por António Marques Pereira

(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954, p.72

(2) Sobre o coronel José de Aquino Guimarães e Freitas, ver em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/09/29/leitura-memoria-sobre-macao-de-1828/

Ao fim de uma semana de estadia britânica em Macau, a 31 de Janeiro de 1840, o novo Procurador José Vicente Jorge (1) tem uma entrevista com o Tou-T’ói, (2) pelas 15.30 horas, no Hopu (alfândega chinesa) de Macau. 

O Tou-T´ói veio com o fim de exigir a expulsão do capitão Elliot e dos ingleses residentes em Macau, (3) apoiado com mil homens que, a pedido dos mandarins, ficaram retidos na Casa Branca, dizendo que tal tropa se destinava a proteger os portugueses. Ofereceu-se, porém, para prorrogar a publicação do edital dos Suntós dos dois Kuongs e de Cantão, que ordenava a ele, Tou T´ói, que viesse, à testa da tropa, prender os ingleses, e ao ajudante-geral Kuam-Chon-Hiac que seguisse com mais mil homens para se juntarem aos mil de Tou T´ói, a fim de promover o encerramento das alfândegas, a suspensão do comércio português e o isolamento de Macau, bem como a retirada de todos os chineses, dentro de cinco dias, pois a cidade seria invadida. O procurador não cedeu ante a intimidação do enviado chinês. (3) A 1 de Fevereiro, fez- se uma proclamação imperial onde se procurava sossegar as comunidades chinesa e estrangeiras em Macau, afirmando que se pretendia apenas cercar e prender os ingleses. (4)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-vicente-jorge-1803-1857/

23-01-1840 – Os súbitos britânicos expulsos da China desembarcam e passam a  viver em Macau, o que desencadeou a reacção das autoridades chinesas, que se apresentaram , na pessoa do Tou T´oi a 31 do mesmo mês, na cidade portuguesa, dando um prazo de 5 dias para a limpar dos ingleses. O Governador Adrião Acácio da Silveira Pinto reuniu com o Senado e, na sequência da correspondência trocada com o Comandante H. Smith, da corveta Hyacinth , este acabou por retirar, o mesmo fazendo as forças chinesas estacionadas junto do Templo da Barra. Macau procurou, como em tantas outras vezes estribar-se na neutralidade.. (4) (5)  

(2) Tou T´oi (intendente Militar chinês) fez do templo Lian Feng (Lin Fong) sua residência em Macau O templo já servira de cenário a importantes conversações entre as autoridades portuguesa e o comissário imperial Lin Zexu depois de iniciada a guerra do ópio (1839-1842 – Duração da Guerra do ópio; 26-11-1839 – Édito de Cantão proibindo o comercio com os navios ingleses).

(3) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume IIII, 2015, pp. 86, 89-90

(5) 24-05-1839 – Capitão Elliot e todos os negociantes ingleses saíram de Cantão para Macau até receber ordens de Londres onde chega a 26-05-1839. Os súbditos ingleses retiram-se para Hong Kong (que não era colónia inglesa ainda) dado a neutralidade anunciada pelo Governo de Macau na disputa entre Inglaterra e a China. Daí em 1-09-1839 Elliot propôs que os ingleses regressassem a Macau pondo a disposição do Governador Silveira Pinto o navio de guerra inglês Volage e mais 800 homens para cooperarem na defesa da Cidade, mas o governador recusa. O Senado ordena e proíbe a aproximação de navios com ópio (episódio do incêndio espanhol «Bilbaino»  fundeado na Taipa, por engano foi tomada por embarcação inglesa por ordem do Comissário Imperial Chinês (4)

NOTA I: sobre este assunto, o jornal das ocorrências do «Chinese Repository» vol. VIII, May 1839-April 1840), afirmava na sua p. 239, o seguinte:

NOTA II: sugiro ainda a leitura de «Declínio do porto de Macau» de José Simões Morais publicado a 13 de Maio de 2016 no jornal “hojemacau” e acessível em: https://hojemacau.com.mo/2016/05/13/declinio-do-porto-de-macau/

«O Portuguez na China», II-20 de 14 de janeiro de 1841

No dia 10 de Outubro de 1744, o Senado a propósito do “luxo” fez-se anunciar através dum bando (1) publicado a rufo de tambor pelas ruas da cidade, sendo lido pelo porteiro nos lugares públicos em alta voz:

“Considerando este Nobre Senado a conservação do comum, pretendeu divertir o luxo deste povo, introduzido na superfluidade do trato em que ele se pos, estando tão decadente pelo contínuo atraso do comércio – remédio único de que se mantém, e de poucos anos a esta parte a gente ordinária desta Cidade, abraçando a vaidade de  ornar com luxuosos tratamento, sem reparar no excesso das despesas que faz, gastando uns mais do que ganham e outros mais do que tem, para se sustentarem na aparência iguais e melhores, fazendo-se diferentes dos seus semelhantes. Para que mais não fosse, tomou este Nobre Senado o expediente de proibir o uso de cabeleiras e sombreiros a todos os que não fossem europeus de nação ou geração

Os naturais de Macau – “a gente ordinária desta Cidade” – recorreram ao V. Rei de Goa, alegando que durante várias gerações se achavam relacionados com portugueses pelo casamento e que eles pagavam sempre as taxas e os impostos e em todas as crises financeiras tinham socorrido a cidade; eles não eram uma raça de súbditos, pois nem eles nem os seus antepassados tinham sido subjugados pelos portugueses; acrescia que os nativos de Goa podiam usar esses adornos.

O Vice-rei (2) atendeu o protesto dos naturais de Macau e pela portaria de 13 de Maio de 1745 ordenou à Câmara que revogasse esse édito, visto ser ilógico e injusto. (3)

(1) Anúncio que se faz publicamente; proclamação.

(2) D. Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos (1688 – 1756), 3.° Conde de Assumar, 1.º Marquês de Castelo Novo e 1.° Marquês de Alorna foi o 44.º Vice-rei e Governador da Índia (vice-rei de capitão-geral do Estado da Índia) de 1744 – 1750. Foi 3.° Governador e Capitão-mor da Capitania de São Paulo e Minas do Ouro em Mariana Minas Gerais, no Brasil de 1717 a 1721. (4)

(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. I, 2015, p 263; Vol. IV, p. 50

(4) https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Miguel_de_Almeida_Portugal_e_Vasconcelos

Uma outra visão dos acontecimentos do “Ano da Greve” ou “Os Tumultos de 1922” (1) “Um landim (soldado africano assediou sexualmente uma mulher chinesa na entrada da Companhia Sun Kuong, na Avenida Almeida Ribeiro, o que originou uma vaga de protestos públicos, dai resultando a detenção de um indivíduo chinês pelas autoridades. Coloniais. Uma grande multidão aglomerou-se então frente ao posto policial (Posto policial da Caldeira) (2) exigindo a libertação do detido, mas sem êxito. Já na madrugada do dia 29 de maio, os polícias portugueses abriram fogo contra os manifestantes que se recusavam a abandonar o local, o que ficou conhecido  por «Incidente de 29 de Maio» (3)

A versão apresentada por Beatriz Basto da Silva : (4) “1 de Maio de 1922 – As associações operárias de Macau promovem uma manifestação. Os ânimos opondo patrão e operário estão exaltados e, como é comum nestas circunstâncias, as manifestações multiplicam-se. Um acidente entre um soldado moçambicano e uma prostituta chinesa, a 28 de Maio, (4) desencadeia um tiroteio grave, que conduz a troca de explicações entre governo de Macau e a autoridade de Cantão, levando ao castigo de militares envolvidos bem como à retirada de Macau do contingente de forças africanas.”

(1) As Ruas Antigas de Macau, IACM, 2016 p. 159.

(2) No Largo da Caldeira, no local onde esteve o Teatro Ship Seng que durou pouco tempo pois as instalações eram deficientes

(3) “29-05-1922 – Cerco à esquadra de Ship Seng e resposta policial. São mandadas encerrar todas as associações de classe cujos estatutos não sejam autorizados ou requeridos. A população chinesa abandona Macau. Foi nesse dia que foi proclamada o estado de sítio em todo o Território (B.O. n.º 21-S). Facto graves contra soberania nacional, o prestígio das autoridades e a segurança da população” (4)

 (4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.

NOTA: ainda sobre este episódio bem como outros relacionados, ver anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/12/13/noticia-de-13-de-dezembro-de-1922-atentados-bombistas/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/05/29/noticias-de-28-e-29-de-maio-de-1922-leitura-a-revolta-dos-chinezes-de-macau/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/10/23/os-tumultos-de-macau-em-1922i/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/12/13/noticia-de-13-de-dezembro-de-1922-atentado-bombista/

Livro publicado em 1897, impresso na Imprensa Nacional “MACAU E SO SEUS HABITANTES – RELAÇÕES COM TIMOR” de Bento da França, autor já citado em anteriores postagens (1) (2) (3)

Exemplar com encadernação de época de lombada de pele e papel que preserva as capas de brochura. Restauros marginais na capa.

Com carimbo “Companhia de Alumnos da Escola de Exército” na página 5, onde se encontra a “Dedicatória – A minha mulher, solicita companheira das minhas longínquas peregrinações, como lembrança dos primeiros tempos de casados e tributo de gratidão. – O. D. e C – O auctor” (p. 5)

O livro é uma visão de Macau baseada nas vivências e observações do autor, conforme afirma na “Advertência “, p. 7:

A obra que apresento a publico é filha das observações feitas e apontamentos tirados durante cerca de quatro anos de permanência nas nossas possessões junto da China e da Oceania.

Não tem grandes pretensões o trabalho, mas afianço que foi elaborado com amor e consciência, e creio achar-se aqui compendiado tudo de mais interessante e útil que possa importar aos que tenham interesse, ou tão sómente curiosidade, em conhecer os nossos recursos e vida na antiga Cathay, ao que acresce fornecer bastas noticias sobre Timor, districto que, com o de Macau, constitue a nossa província ultramarina mais oriental.

Estive em terras portuguezas de alem mar, dou conta do que vi e das sensações experimentadas; d’est´arte julgo concorrer para que nos vamos todos familiarizando com os dominios coloniaes. Se vi mal e falseei as conclusões, talvez que os bons desejos de elucidar o publico dêem azo a que penna mais auctorisada me corrija os erros, estabelecendo a verdade”

O plano do livro está dividido em quatro partes:

Primeira parte (com três capítulos): Epitome Historico de Macau (pp. 9 – 40)

            “ A primeira parte é extraída de outra obra do auctor, Subsídios para a história de Macau, mandada publicar a expensas do ministério da marinha e ultramar em 1888” (Advertência do autor nas pp. 7-8)

Segunda parte (com 4 capítulos): Dados Geográficos, Administrativos e Políticos (pp- 41 -122)

            “A segunda foi compilada de informações officiaes e varias rebuscas; contém um documento curioso para os camoneanos” (Advertência do autor na p. 8)

Terceira parte (com 24 capítulos): Raças, Usos e Costumes (pp. 123-209)

            “A terceira nasceu, principalmente, de observações de visu. … (…) Devo também prevenir os leitores de que, na terceira parte não tenho em vista descrever os costumes chinezes em toda a sua interessante e complicada contextura, apresento apenas um pllido escorço do viver dos que habitam Macau.” (Advertência do autor na p.8)

A última parte (a quarta, com 6 capítulos)) refere-se a Timor: Relações entre Macau e Timor (pp. 210-278)

            “A quarta consta da matéria contida n´um folheto escripto por mim para a Bibliotheca do povo e das escolas, acrescentada com vários artigos que publiquei em defferentes jornaes” (Advertência do autor na p. 8)

O livro apresenta três estampas:

Planta de Macau, entre as páginas 42 e 43
Macau e Ilhas próximas entre as páginas 98 e 99

E um mapa de Timor entre as páginas 216 e 217. Apesar de ter um governador próprio, a colónia de Timor dependia directamente da administração portuguesa de Macau.

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/bento-da-franca-1833-1889/

(2) Bento da França Pinto d’Oliveira Salema (1859-1906), filho de Salvador d´Oliveira Pinto da França (1822-1866 – tenente coronel do estado Maior do Exército e irmão (2.º) de Bento da França Pinto de Oliveira, que foi Governador de Timor, em 1882-83) (1), terceiro conde de Fonte Nova; major da cavalaria, “tenente de cavallaria e ajudante de campo honorário de Sua Alteza o senhor Infante D. Augusto” na altura da publicação do seu anterior livro ““Subsídios para a Historia de Macau” publicado pela Imprensa Nacional em 1888, 231 páginas.

(3) FRANÇA, Bento da – Macau e os seus habitantes,- Relações com Timor. Lisboa, Imprensa Nacional, 1897, 286 p., 25 cm x 15 cm. Disponível para leitura em: https://archive.org/details/macaueosseushab00frangoog/page/n7/mode/2up:

Livro do Dr. J. António Filippe de Moraes Palha, (1) de 1929, “De Portugal a Macau Através da Historia”  (2) que segundo o autor é:
Ensaio de uma narração historica por factos concatenados e raciocinados na sucessão dos tempos e nas suas relações com os factos gerais, mais particularmente os que se referem à China

CAPA: 20,5 cm x 13,5 cm
LOMBADA (gasta): 1.5 cm

As primeiras páginas com o título “A Propósito” datado de 3 de Janeiro de 1930, refere o autor:
Não é um trabalho histórico, no sentido rigoroso da palavra, o que apresentamos aqui; apenas uma compilação de factos históricos correntes, sobre alguns dos quais se vem discreteando aqui e ali, nas cavaqueiras amenas, e, por vezes, em apaixonadas discussões, que se sucedem interminavelmente desde quando esses factos como tais surgiram. Outros há que, por sua natureza, são tão claros, evidentes e incontroversos que em si encerram um poder mágico de convicção imediata; não se prestam sequer a que possam ser alterados ou adulterados na sua essência e quando o fossem, apenas de tudo, provocariam pelo menos o silêncio de quem presenciasse a um tal propósito, para não contrariar por cortesia a quem a isso se dispusesse….
Índice dos temas:
Fundação de Portugal, continental e colonial – pp. 3 –32
Macau através dos tempos – pp. 33-111
A guerra de opio – pp- 111-120
A China e o ópio – pp. 120-123
A China abatida no seu secular prestígio que vem opondo – pp. 123-166
O Clima de Macau – pp. 166 – 172
Sanidade em Macau – pp 172 – 212
Situação económica de Macau – pp. 212-223
O documento – em fac-simile – apresentado pelo autor (pp.187-188) – um ofício do Cartório da Santa Casa de 20 de Janeiro de 1902 (assinado: Albino António Pedruco) de reconhecimento e manifestação do alto apreço que a meza da Santa Casa lhi tributa. Foi aprovada por unanimidade esta moção”.
Este documento foi apresentado face à insinuação e acusação infamante que então lhe foi assacada aproveitando-se da circunstância de o autor se encontrar em Timor em cumprimento da sua missão, e somente tendo conhecimento posterior quando estava em Portugal. Então promoveu à sua conta o apuramento da verdade (já que não encontrou o devido apoio oficial) tendo: “ levou o sumisso o autor ou os autores da acusação, como sucede sempre em casos tais com os da sua laia que só nas trevas se acoitam”
(1) PALHA, J. António Filippe de Moraes – De Portugal a Macau Através da Historia, 1929, Impresso naTyp: – Mercantil de N.T.Fernandes e Filhos. 223 p., 20,5 cm x 13,5 cm x 1.5 cm
NOTA: Este meu exemplar tem algumas folhas mal paginadas: pp. 151-154 “metidas” entre pp.146 -147 e depois da p.150 segue a p.159 em diante.
Ver a biografia do Dr. J. António Filippe de Moraes Palha em anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-a-f-de-moraes-palha/