Continuação da postagem anterior (1) sobre um suplemento de 80 páginas dedicado ao Império Colonial Português e às comemorações nas Províncias Ultramarinas dos Centenários da Fundação e da Restauração de Portugal, nomeadamente à parte referente a Macau. (2)
MACAU – Parte sul da península macaísta, p. 63.
Macau, sentinela lusitana às portas da China, p. 64
Portugal Ultramarino 1940- MACAU – Edifício do Liceu , p. 54
Portugal Ultramarino 1940 – MACAU-Condução de hortaliças para o mercado , p. 57
A noite do primeiro dia do ano novo lunar (continuação da postaem anterior) (1) foi assinalada com um deslumbrante festival de fogo de artifício, fornecido pelos conhecidos pirotécnicos de Lanhelas (em Caminha) «António Fernandes e Filhos» (2) e «Libório Joaquim Fernandes Sucessores, Lda» (ainda em actividade) (3) tendo para esse fim vindo especialmente da metrópole os pirotécnicos Rolando José Fiuza e Manuel Barreiro, que procederam à queima, auxiliados por alguns conhecedores do ofício, aqui residentes. Calcula-se que tenham presenciado o grandioso espectáculo, inédito para muitos habitantes desta Província, algumas dezenas de milhar de pessoas.
Junto da estátua de Ferreira do Amaral foi construído um palanque e ao longo da Avenida Dr. Oliveira Salazar foram colocados suportes para foguetes de girândola. O festival foi dividido em duas sessões, sendo uma de fogo e outro de fogo aquático, sendo este último lançado dum batelão fundeado na Baía da Praia Grande, em frente do Palácio do Governo. Na primeira sessão foram queimados 3.500 foguetes de «bouquet», 380 foguetões de fantasia e 60 balonas de cauda, de variadas cores. (…). Foi sobremaneira impressionante o desfecho desta sessão com grandioso e deslumbrante «bouquet» final, que dava impressão de que o céu caiam torrentes de luz em forma de estrelas estonteantes.
Na sessão de fogo aquático, que devido à acentuada ondulação das vagas, foi menos espectaculosa, queimaram-se 1.300 peças de fogo. Não obstante as más condições que o mar oferecia, o público pôde apreciar constelações de estrelas de cores bizarras e cintilantes saindo da água em cachões.
«Macau B. I.» da R.P.S.E.E.G. ano III-61 de 15 de Fevereiro de 1956, p. 7.
(1) «Macau B. I.» da R.P.S.E.E.G. ano III-61 de 15 de Fevereiro de 1956, p. 7.
(2) “Das 3 fábricas que ali existiam já todas fecharam portas. O que existe são empresas a laborar no setor, como é o caso da «Pirolanhelas», propriedade de Bernardo Fernandes, filho e bisneto de dois dos maiores fogueteiros que existiram na freguesia de Lanhelas. O bisavô era António J. Fernandes que em 1853 fundou a primeira pirotecnia em Lanhelas e o pai, falecido no ano passado, era Benjamim Fernandes que, com o irmão Gaspar Fernandes fundou nos anos 60 a “Gaspar Fernandes e Irmão Ldª , empresa que ao longo de mais de meio século conquistou inúmeros prémios nacionais e internacionais na arte da pirotecnia.” A empresa por diversas vezes esteve em Macau nos concursos de fogo de artifício, salientando-se nos anos de 1989 (2º lugar); 1990 (2º lugar), 2004 (3º lugar) e 2011 (4º lugar). (ALDEIA, Cidália, 19Maio2016) in https://jornalc.pt/pirotecnia-arte-milenar/?v=35357b9c8fe4
(3) ”Nove feridos, um deles em estado grave, quatro casas destruídas e dezenas de habitações danificadas – eis o resultado da violenta explosão que, ao princípio da tarde de ontem, destruiu a Fábrica de Fogos de Artificio Libório Joaquim Fernandes, localizada em Lanhelas, concelho de Caminha. As quatro casas destruídas encontravam-se a pouco mais de 50 metros da fábrica e não resistiram à força da deslocação de ar provocada pelo rebentamento”. (Jornal «Público», 3Junho2000) in https://www.publico.pt/2000/06/03/jornal/explosao-arrasa-fabrica-pirotecnica-144754
Continuação da leitura do número especial do “Diário Popular” dedicado ao Ultramar Português, em 1961 (1)
Os artigos com referência mais específica a Macau estão nas páginas 5 a 21 na sessão “Índia, Macau e Timor” – IMT.
Página 5 (IMT): uma pequena coluna sobre o governador Comandante Marques Esparteiro e dois artigos:
– “Uma Província que atesta em terras do extremo oriente”
– “O Comercio e a indústria tem excepcional importância e deles vive a população da cidade”
Na página 6 (IMT):
– “A Santa Casa da Misericórdia tem nobres tradições de intensa obra assistencial”
– “A pesca e a cultura do arroz constituem as principais actividades dos habitantes das ilhas da Taipa e de Coloane”
– “Comércio intenso com os territórios limítrofes”
Na página 7 (IMT):
– Usos e costumes da cidade do Santo Nome de Deus onde se conserva o que a China possui de mais típico
– Macau terra de sonho
Nas páginas 8/9 (IMT)
– “A Polícia de Segurança Pública admiravelmente organizada vela pela população e desempenha um importante papel no equilíbrio político e no bem-estar da província”
Sobre este assunto “Monumento à memória do Governador Amaral e do Coronel Mesquita”, já abordados anteriormente (1) também a «Revista Colonial», já em 1918 (2) fazia referência a um crédito votado no Parlamento, em 1917, de 30 000 escudos, (3) para ser levantado em Macau aos dois monumentos (ambos da autoria do escultor Maximiliano Alves). O artigo com notícias vindas dos periódicos macaenses “A Colónia” e “O Progresso”, referia-se às solenidades, realizadas no dia 9 de Julho de 1918, comemorativas do centenário do nascimento do coronel Vicente Nicolau de Mesquita. Nesse dia, foi deposta uma coroa de bronze no túmulo de herói de Passaleão e colocada a pedra fundamental do monumento ao coronel.
As solenidades foram programadas por uma comissão composta pelos generais António Joaquim Garcia, Fernando José Rodrigues e tenente-coronel José Luiz Marques. Este último fez o discurso no túmulo do coronel Mesquita.
(2) «Revista Colonial», 6.º Ano, n.º 70, 25 de Outubro de 1918, p. 168.
(3) O Governo da Colónia de Macau foi autorizada pelo Decreto n.º3:367 de 15 de Outubro de 1917, a dispender 30 000$00, fornecendo o Arsenal do Exército o material necessário. (TEIXEIRA, P. Manuel – Vicente Nicolau de Mesquita, 1958, p.68)
Artigo publicado na «Gazeta das Colónias» (1), a propósito dos “MONUMENTOS COLONIAIS”, nomeia os monumentos a Ferreira do Amaral e Nicolau Mesquita. “Desde 1917 que o Governo de Macau está autorizado a dispender uma determinada verba, a que naturalmente for julgada suficiente, com a construção dum monumento à memória dos dois heroicos defensores de Macau, o malogrado governador Ferreira do Amaral e o bravo Nicolau de Mesquita. Várias vezes a imprensa local tem tratado o assunto, insistindo pela realização dessa justa homenagem. Passados 7 anos ainda nada há feito. O nosso brilhante colega «O Combate» voltando mais uma vês a lembrar essa sagrada dívida de gratidão, regista o seguinte contraste: «Na colonia inglesa de Hong Kong, foi em 1919 aberta uma subscrição para um monumento a Sir Henry May, que naquele ano «deixára o Governo da Colonia; pois em abril ou princípio de Maio de 1923, isto é, quatro anos depois, fez-se a inauguração do monumento» Não estranhe colega; talvez que Sir Henry May tivesse morrido ainda não tivesse feito o monumento. A gratidão humana, raras vezes é despida duma esperança em futuros benefíios. Ferreira do Amaral e Nicolau de Mesquita foram dois Portugueses, mas … morreram.” (1) «Gazeta das Colónias» I n.º 12 de 30 Outubro de 1924, p. 20 http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetadasColonias/N12/N12_master/N12.pdf
Sobre estas duas estátuas, ver anteriores referências: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estatua-ferreira-do-amaral/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estatua-coronel-mesquita/
Mais dois “slides” digitalizados da colecção “MACAU COLOR SLIDES – KODAK EASTMAN COLOR” (1) comprados na década de 70 (século XX), se não me engano, na Foto PRINCESA. Monumento (2) que se erguia nos aterros das Praia Grande, em homenagem ao Governador João Maria Ferreira do Amaral foi inaugurado em 24 de Junho de 1940, por ocasião das festas comemorativas do duplo centenário e por oferta do Leal Senado., A Estátua é de autoria do escultor Maximiliano Alves e, na sua base quadrangular, existia em faces opostas, dois baixos-relevos das armas reais e duas lápides com inscrições. “Este monumento (3) com o busto do grande e intrépido navegador e descobridor do caminho marítimo para a Índia, encontra-se erguido no centro da Alameda Vasco da Gama. Foi projectado em 1890, como homenagem da cidade de Macau ao grande navegador, para comemorar o 4.º Centenário do descobrimento do caminho marítimo para a Índia, mas só se iniciou a sua construção em 1907 e, em 31 de Janeiro de 1911, foi inaugurado pela Direcção das Obras Públicas. (4) O busto teve como escultor, Tomás Costa, servindo-lhe de modelo um retrato existente no Museu Nacional de Arte Antiga… (…) O monumento é formado por um busto de bronze assente num forte pedestral de granito. Na face anterior do plinto está embutido um baixo-relevo em mármore, representando o episódio do Adamastor, conforme ´e descrito nos Lusíadas.“ (5)
(1) Ver anteriores “slides” desta colecção: https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNSn7Rmv6jkuR-8RXyab3nyp4y78NQ:1567866434430&q=nenotavaiconta+slides+coloridos+de+Macau+tur%C3%ADstico&tbm=isch&source=univ&sxsrf=ACYBGNSn7Rmv6jkuR-8RXyab3nyp4y78NQ:1567866434430&sa=X&ved=2ahUKEwiSmYTP9b7kAhUVHcAKHZdNCtkQsAR6BAgJEAE&biw=1093&bih=500&dpr=1.25
(2) Ver anteriores referências ao Governador Ferreira do Amaral e ao monumento em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-m-ferreira-do-amaral/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estatua-ferreira-do-amaral/
(3) Ver anteriores referências a este busto em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jardim-de-vasco-da-gama/
(4) Inaugurado pelo Governador interino o segundo-tenente da Armada Álvaro Cardoso de Melo Machado.
(5) HENRIQUES, Major Acácio Cabreira – Monumentos Nacionais Existentes na Província de Macau. Círculo Cultural de Macau, 1956, 58 p.
Com a minha bengala passeio pela margem da Praia Grande A rua ziguezagueante estende entre salgueiros verdejantes Contemplo uma parte do céu através da folhagem do arvoredo Respiro o ar puro da madrugada na colina da Guia
As gaivotas voam sobre o mar que parece um espelho Os barcos à vela voltam em ondas calmas De manhã, compra-se peixe fresco no mercado Esqueço os perigos da navegação
Aprendo a plantar flores nos vãos da varanda Orquídeas e crisântemos brotam dia a dia Aconselho a brisa primaveril que vem à janela: Não arranques as flores para pintar os arrebóis do crepúsculo.
Versos de Liang Beiyun – 梁北云 (1907 – 2001) de 1968
Tradução de Wei Ling / Luís Rebelo in (1)
Postal (20 cm x 13,3 cm) – Fotografia de Lei Chiu Vang (2)
A Praia Grande, o hotel Lisboa, a estátua Ferreira do Amaral e a Penha
Século XX, anos 80
Liang Beiyun nasceu na província de Fujian. Estudou em Wuhan, Xangai e no Japão. Activista cultural, dedicou grande parte da sua vida à criação de escolas na China e entre as comunidades chinesas do sudeste asiático. Calígrafo, pedagogo, poeta viveu em Macau nos últimos anos da sua vida (1) 梁北云 – mandarim pīnyīn: liáng běi yún; cantonense jyutping: loeng4bak1 wan4
(1) ABREU, António Graça de; JOSÉ, Carlos Morais (coordenadores) – Quinhentos Poemas Chineses. Nova Veja, 2014, 390 p.
(2) Postal da Colecção “Memória Colectiva dos Residentes de Macau – Imagens Antigas de Macau, n.º 2”
Publicado na «Gazeta das Colónias» (1), a propósito dos monumentos a Ferreira do Amaral e Nicolau Mesquita. “Desde 1917 que o Governo de Macau está autorizado a dispender uma determinada verba, a que naturalmente for julgada suficiente, com a construção dum monumento à memória dos dois heroicos defensores de Macau, o malogrado governador Ferreira do Amaral e o bravo Nicolau de Mesquita. Várias vezes a imprensa local tem tratado o assunto, insistindo pela realização dessa justa homenagem. Passados 7 anos ainda nada há feito. O nosso brilhante colega «O Combate» voltando mais uma vês a lembrar essa sagrada dívida de gratidão, regista o seguinte contraste: «Na colonia ingleza de Hong Kong, foi em 1949 aberta uma subscrição para um monumento a Sir Henry May, que naquele ano deixará o Governo da Colonia; pois em abril ou principio de Maio de 1923, isto é, quatro anos depois, fez-se a inauguração do monumento» Não estranhe colega; talvez que Sir Henry May tivesse morrido ainda não tivesse feito o monumento. A gratidão humana, rara vezes é despida duma esperança em futuros benefícios. Ferreira do Amaral e Nicolau de Mesquita foram dois Portugueses, mas … morreram.“ (1) «Gazeta das Colónias» I n.º 12 de 30 Outubro de 1924.
Disponível em: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/GazetadasColonias/N12/N12_master/N12.pdf
Baixo-relevo do governador Ferreira do Amaral do escultor Maximiano Alves, (1) autor da estátua de bronze do mesmo governador, assente sobre pedestal em pedra, inaugurada em Macau, em 24 de Junho de 1940.
Este baixo-relevo esteve exposta em 1937, na Sala Militar durante a Exposição Histórica de Ocupação e I Congresso de História de Ocupação Portuguesa no Mundo. (2)
Estátua do Governador Ferreira do Amaral, em Macau (década de 60-século XX)
Slide da colecção “MACAU COLOR SLIDES” (3)
A estátua que representava Ferreira do Amaral, Governador de Macau no momento de luta contra os assassinos (realizada pelo escultor Maximiano Alves em 1935) foi transferida para Lisboa, e colocada, sem o plinto original da autoria de Carlos Rebelo de Andrade , no Bairro da Encarnação, em Dezembro de 1999.
Mesma estátua (sem o plinto) no Jardim da Encarnação, em Lisboa