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Continuação dos apontamentos que o Governador Álvaro de Mello de Machado deixou escrito no seu livro “Coisas de Macau” (1913), nas pp. 115-117, (1) neste caso a descrição dos “Edifícios públicos” existentes nessa época.

“ Os edifícios públicos, que teem em geral a apparencia grandiosa das casas portuguezas antigas, enfermam do mal geral das habitações da colonia «a velhice»; e muitos d´elles deveriam ser substituídos por construções modernas apropriadas ao clima e ao papel que desempenham.

A residência do governador tem bom aspecto e um pouco de architectura; está porém mal situada, porque a rodeiam de muito perto habitações particulares, que a abafam e lhe tiram as qualidades que poderia ter, se estivesse colocada n´um terreno mais amplo.

Estes defeitos, agravados com a existência no rez-do-chão do edifício de varias repartições publicas, são em parte compensados pela proximidade do mar, para onde deita a sua fachada principal.

O edifício das repartições publicas, primitivamente a residência do governador, é uma vasta construção, onde se encontram instalados, o tribunal, a delegacia da procuradoria da Republica, a conservatória, a procuratura da dos negócios sínicos, a repartição do expediente sínico e ainda a agencia do Banco Nacional Ultramarino. Este edifício, embora muito velho, não é de todo improprio ao fim a que está servindo; sómente alli foram instaladas damasiadas repartições, de fórma que algumas há acanhadíssimas e não correspondendo ao aspecto exterior.”

(1) MACHADO, Álvaro de Mello – Coisas de Macau. Livraria Ferreira, 1913, 153 p. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/alvaro-de-melo-machado/

https://nenotavaiconta.wordpress.com/2021/02/19/leitura-coisas-de-macau-de-alvaro-de-mello-machado/

Extraído de «BPMT», XIII-27 de 8 de Julho de 1867, p. 157

José Martinho Marques (S. Lourenço 20-03-1810 – S. Lourenço 4-7-1867; sepultado no dia seguinte no Cemitério de S. Miguel) estudou no Colégio de S. José, onde se especializou em chinês, e foi aluno do Padre Joaquim Afonso Gonçalves. (1) Seguiu depois a carreira de intérprete do Governo de Macau e de várias legações estrangeiras Casou com Vicência Maria Baptista (1811-1885), em 1835. Tiveram 12 filhos. Publicou um “Tratado de Geografia” (em chinês) e “Princípios elementares da Música ao alcance de todos” (Macau, 1852), deixando inédito um “Dicionário china- portuguez”. Em prémio dos serviços prestados à legação francesa, foi condecorado com o grau de cavaleiro da Legião de Honra de França (2)

Anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-martinho-marques/

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/padre-joaquim-afonso-goncalves/

(2) TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria de Macaenses Ilustres do Século Dezanove”, 1942, pp.153-156

Alfredo Pinto Lelo, (1864 (?) – ?) – advogado e tabelião público de notas, advogado privativo da Filial do Banco Nacional Ultramarino, foi Secretário-geral em Macau e Encarregado da Legação.(1) Foi eleito, em 25-09-1918 deputado pelo círculo de Macau (2)

(1) Apesar da sugestão e insistência de Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa, nada foi feito e o Boletim Oficial continuou a ser impresso na Mercantil, até que uma desavença entre o Dr. Alfredo Pinto Lelo (Secretário Geral em Macau e Encarregado da Legação) e Jorge Fernandes levou avante a ideia de Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa.

– Uma das suas últimas providências legislativas do governador Álvaro de Melo Machado até ao dia 14 de Julho de 1912- foi a Portaria de 21 de Fevereiro de 1912, que nomeia uma comissão composta por Alfredo Pinto Lelo, Carlos Melo Leitão, Manuel da Silva Mendes, José Maria de Carvalho e Rêgo e Luís Gonzaga Nolasco da Silva para estudar e dar parecer sobre a possível adaptação do decreto acerca da liberdade de imprensa e, ainda, saber se convirá que “o editor de qualquer periódico possa ser indivíduo de nacionalidade estrangeira”. A República precisava de saber com quem tinha de lidar. (Anuário de Macau 1921, p. 100)

(2) “25-09 -1918 – O Dr. Alfredo Pinto Lelo é eleito deputado pelo círculo de Macau. Viaja para Lisboa. É feita a entrega do cartório de tabelionato ao ajudante, Damião Rodrigues, nomeado por Decreto de 13-07-1918. (A. H. M. – F- A. C. P. n.º 552 –S-P)  (SILVA , Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, p. 112)

João Mariano Gracias (1861-1942 (faleceu na sua casa na Rua Central n.º 1), proprietário e advogado provisionário. Gomes da Costa nas sua Memórias, diz que brincou com ele e que ele era «um verdadeiro diabo». Casou em 1889, com Carolina Ana Pereira Colaço

Filho de Vicente Miguel José Gracias (1819-1887), proprietário e vereador do Leal Senado e de Eufrosina Esmeralda dos Reis  (? – 1900) e pai de Vicente José Gracias (1893-1954),  interprete tradutor da Repartição do Expediente Sínico. FERRAZ, Jorge – Famílias Macaenses, II Volume, p. 135

Anuário de Macau 1921, pp II –III- IV

Edição Fac-similada da “Amplificação do Santo Decreto” (1) do Imperador Yongzheng, (2) versão portuguesa e compilação de  Pedro Nolasco da Silva ( Chefe da Repartição Técnica do Expediente Sínico de 1885 a 1892) inserido no 2.º volume do seu livro (edição de Autor, 1903, Tipografia Mercantil, Macau) “Manual da Língua Sinica Escripta e Fallada. Primeira Parte – Língua Sínica Escripta”
Do “PREFÁCIO” assinado por António Aresta, transcrevo:
Sob a capa de um manual escolar de língua sínica escrita, anódino e igual a tantos outros, podem encontrar-se inesperadas surpresas.
É o que sucede com a “Amplificação do Santo Decreto”, onde a para de um didactismo exemplar se empreende a pedagogia de uma ideologia, a pedagogia do neo-confucionismo, cujo remoçado fascínio permanece até à actualidade.
A “Amplificação do Santo Decreto” é um verdadeiro manual de instrução cívica, ética e política, obedecendo aos parâmetros da mais pura ortodoxia confuciana, destinado ao povo chinês (…)
O “ Santo Decreto”, santo com o significado de sábio, foi originalmente redigido prelo imperador Shunzhi, (3) o fundador da dinastia Qing, tendo sido sucessivamente amplificado ou desenvolvido por seu filho Kangxi (4) e por seu neto Yongzheng . Assim, o mesmo corpo doutrinal, o “Santo Decreto”, manteve-se em vigor durante dois séculos. (…)”
Da “INTRODUCÇÃO” de Pedro Nolasco da Silva, retiro o seguinte:
Em 1671, KANG-HSI, segundo imperador da actual dynastia tartara-manchú, publicou um decreto contendo 16 máximas, sendo cada uma escripta com 7 carateres chinezes; e em 1724, YUNG-CHÂNG, filho e sucessor de KANG-HSI, publicou um comentario d´essas 16 máximas, sob o título de Amplificação do Santo Decreto (Xâng-Iu Kuang-hsun).
É este o livro que escolhemos para exercício de traducção, não só porque está escripto em estylo moderno, elegante e claro, mas também porque n´elle se contém um esboço interessante e instructivo dos princípios da moral chineza. (…) “
(1) Amplificação do Santo Decreto do Imperador Yongzh:eng, edição fac-similada da versão portuguesa e organização de Pedro Nolasco da Silva. Prefácio de António Aresta, Fundação Macau, 1995, 145 p., 26,5 cm x 18,5 cm x 1 cm, ISBN: 972-8147-47-3
(2) Imperador Yongzheng (1678-1735) Imperador de 1723 a 1735 – 雍正帝mandarim pinyin: yōngzhèngdì; cantonense jyutping: jung1 zeng3 dai3.

(3) Imperador Shunzhi (1638-1661) Imperador de 1644 a 1661. 治帝mandarim pinyin: shùn chí dì; cantonense jyutping: seon6 ci4 dai3.

4) Imperador Kangxi, (1654-1722) – Imperador de 1661 a 1722. 熙帝帝– mandarim pinyin: Kāngxīdì; cantonense jyutping: hong1 hei1 dai3.

Ver anteriores postagens com as “Máximas do Imperador Kangxi” extraídas deste livro em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/imperador-kangxi/
NOTA: sobre Pedro Nolasco da Silva ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/pedro-nolasco-da-silva/

Extraído de «BGC» X, Janeiro 1934, n.º 103.

Extraído de «BGC III -27, 1927»

Os leitores desta notícia (em Portugal de 1927) terão tomado conhecimento que não haveria biblioteca pública em Macau até esse ano. Mas “oficialmente” em 29-11-1895, o Governando José Maria de Souza Horta e Costa criou uma comissão de professores do Liceu para fazer um Regulamento para a «Biblioteca Pública de Macau» a qual teve como primeiro bibliotecário o macaense Matheus António de Lima. (1) Há, no entanto, outras notícias anteriores de tentativas de se estabelecer em Macau uma biblioteca pública.
Em 16-07-1838, é recomendado, em portaria régia, a formação de um jardim botânico, destinado à cultura de plantas medicinais, usadas pelos chineses, e bem assim a fundação de uma biblioteca, composta principalmente de livros e mapas chineses, japoneses ou escritos em outras línguas orientais e em 27-12-1873, o Governador Visconde de S. Januário aprovou os Estatutos da Sociedade chamada «Biblioteca Macaense», que, no entanto, não se sabe se existiu na prática. (2)
(1) Em 1898, o bibliotecário, Matheus de Lima, apresentava o número de utilizadores, em Boletim Oficial. Como amostra mensal, em Fevereiro, 34 leitores e 36 volumes consultados; em Maio, 24 leitores e obras consultadas. Não estavam descriminadas se eram consultas locais ou domiciliárias. A Biblioteca Nacional de Macau estava aberta das 9 horas da manhã às 4 da tarde (2)
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.

Notícia publicada no jornal “A Voz de Macau” no dia 5 de Julho de 1937 e republicada no BGC (1)
NOTA 1 – O Governador era Artur Tamagnini de Sousa (1880-1940), no seu terceiro mandato como governador de Macau: 11 de Abril de 1937 a 1940. (substituiu A. Bernardes de Miranda – B.O. n.º 15/1937)
NOTA 2 – Portaria de 30 de Janeiro de 1937 : o  capitão Afonso da Veiga Cardoso que foi nomeado, a partir de 26 de Dezembro do ano de 1936, para exercer interinamente o cargo de Administrador do Concelho das Ilhas, foi substituído pelo capitão de artilharia, Alexandre dos Santos Majer (B. O. n.º 4)
Quatro fotografias respeitantes a obras de construção e melhoramentos realizadas durante o ano de 1939 nas ilhas de Taipa e Coloane.

ILHA DA TAIPA – represa de água em construção
ILHA DA TAIPA – represa para abastecimento de água
ILHA DE COLOANE – abertura de novas estradas
ILHA DE COLOANE – abertura de novas estradas pelos militares africanos

(1) BGC XIII-146/147 , 1937.

Faleceu no dia 31 de Março de 1856, (1) com 53 anos de idade, o acreditado comerciante desta praça José Vicente Jorge, que ocupou por várias vezes o cargo de Procurador do Senado, tendo sido agraciado pelos relevantes serviços prestados ao governo, com várias condecorações (2)
Trata-se de José Vicente Caetano Jorge nascido em S. Lourenço a 17-03-1803 e falecido a 31.03.1857. Terceiro filho de Emídio Jorge e Ana Maria Baptista Suriano. Estudou ciência náutica no Colégio do Seminário de S. José, após o que enveredou por uma bem sucedida carreira de negociante e exportador, em navios próprios, granjeando uma sólida fortuna. Esteve também ligado ao negócio da emigração de trabalhadores chineses para as colónias espanholas da América Central e do Sul. Foi almotacé da Câmara em 1831, procurador do concelho em 1840 e 1845 e provedor da Santa Casa da Misericórdia.(1)
O primeiro filho do seu 2.º casamento chamava-se Francisco José Vicente Jorge (nascido em Macau a 1-11-1847 e falecido em Hong Kong a 2-04-1920). E é avô de José Vicente Jorge (nascido a 27-12-1872 e falecido em Lisboa a 22-11-1948) que foi chefe da Repartição Técnica do Expediente Sínico (autor de “San-Tok-Pun – Novo Método de Leitura”) (3), professor de inglês no Liceu e coleccionador de arte chinesa (autor do livro: “Notas sobre a Arte Chinesa”, 1940). (4)
(1) Jorge Forjaz na sua “Famílias Macaenses”, Vol. II (1996) refere a data do falecimento no dia 31 de Março de 1857.
(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
A mesma data encontra-se registada por Luís G. Gomes na Revista «MOSAICO» (n.º 7, 1951) e Beatriz Basto da Silva na sua “Cronologia da História de Macau”, Vol. 3, 1995.
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/07/07/leitura-novo-methodo-de-leitura-ii/
(4) Anteriores referências “deste” José Vicente Jorge em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-vicente-jorge/

Dicionário Português – Chinês / 葡中字典 (1), mandado elaborar pelo Governo da Província e impresso na  Imprensa Oficial de Macau, em 1969, com 1864 páginas. (20 cm x 14 cm x 7 cm ).
Dicionário Português-Chinês 1969 CAPANo Prefácio, a Comissão (2),  encarregada na elaboração deste dicionário, salienta:
“… Este dicionário didáctico foi baseado nos dicionários português-inglês, da autoria do Padre Júlio Albino Ferreira, e inglês-chinês  «A Comprehensive English-Chinese Dictitionary», editado pela «The Commercial Press, Limited Shanghai, China». Servimo-nos igualmente para consulta e selecção de vocábulos, do Dicionário Prático Ilustrado português, do «Chinese-English Dictitionary», de Mathew´s, e de várias outras obras auxiliares.
Dicionário Português-Chinês 1969 LOMBADA

É de fácil manuseamento e essencialmente prático, contendo mais de 50 000 vocábulos em português, e seus correspondentes, em caracteres sínicos, com diversos significados, além das expressões e frases mais usuais em ambas as línguas.
Seríamos injustos se deixássemos de mencionar a pessoa de Rolando Agostinho dos Reis Ângelo que primeiro teve a honra de presidir a esta Comissão, no início deste seu trabalho, e que tão incansavelmente se houve no exercício do seu mister…”
A romanização dos caracteres chineses baseia-se em dialecto cantonense e os caracteres chineses são em formato tradicional.
(1) 葡中字典mandarim  pinyin: pú zhōng zì  diǎn;  cantonense jyutping: pou4  zung1 zi6 din2
(2) Comissão : Armando Maria de Sequeira Basto, Carlos Maria de Siqueira e António T. G. Dias.Armando Maria de Sequeira Basto (1918-?) foi intérprete tradutor oficial e solicitador judicial, filho de Abílio Maria da Silva Basto (1889-1976) que foi sub-chefe da Repartição Técnica do Expediente Sínico e intérprete do Consulado de Portugal em Cantão.)

No ano de 1902, foi celebrado um contrato entre o Governo Português e o Banco Nacional Ultramarino (BNU) autorizando a emissão de notas no Ultramar; a 19-06-1902, são publicados no B.O. n.º 24-S, os Estatutos da BNU e a 20-09-1902, a  data da inauguração da filial do Banco Nacional Ultramarino, em Macau ( neste território, o BNU passou a ser Caixa do Estado em 1906) e durante 71 anos, foi o único banco europeu no Território.
As primeiras notas de 1 e 5 patacas (por uma questão programática, de melhor aceitação, seguindo de perto os modelos das notas  de 1 e 5 dólares de Hong Kong), entraram em circulação em Macau, a 19 de Janeiro de 1906 e as notas de 10, 25 e 100 patacas, em 1907 (1)
ANUÁRIO de 1927 - BNU em construçãoOcupava instalações provisórias (uma delas, no antigo Palácio das Repartições) (2)  e com a conclusão das obras de construção  da sua própria sede, no ano de 1925, a filial do  Banco Nacional Ultramarino em Macau fica sediado no topo Sul da Avenida Almeida Ribeiro, no local onde antes (até 1918) ficava uma velha e rica mansão, já muito deteriorada que pertencera ao chinês Lian. O edifício da sede bancária deve-se ao industrial de construções, de Hong Kong, He Guang.(1)
O edifício foi inaugurado a 1 de Março de 1926.

ANUÁRIO de 1927 - BNU em 1927Banco Nacional Ultramarino em 1927

Nesse ano de 1927, o Gerente da Filial do Banco Nacional Ultramarino de Macau era João F. Lopes do Rosário, nomeado em 31 de Abril de 1927. (1).

CALENDÁRIO 1989 - BNUBanco Nacional Ultramarino na década de 80 (século XX)
Calendário do ano 1989 (3)

(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.
(2) “11-12-1925 – Instalação definitiva da Repartição do Expediente Sínico na Palácio das Repartições, no compartimento onde se acha instalado o Banco Nacional Ultramarino“.(1)
(3) Calendário semelhante ao apresentado em 14/04/2014 – tamanho: 19 cm x 12 cm.
CALENDÁRIO 1989 - BNU versohttps://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/04/14/calendario-banco-nacional-ultramari-no-1985/
Referências anteriores do Banco Nacional Ultramarino ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/banco-nacional-ultramarino/