Archives for category: Monarcas e Presidentes da República

18 de Setembro de 1708 – “Neste dia se fes na Se Cathedral desta Cidade as Exequias  funebres pela morte do Sr Rey D. Pedro 2.º na forma e modo seguinte –Sahirão da Caza do Senado os Ministros e Officiaes do mesmo com varas alçadas acompanhados da nobresa e povo desta cidade todos vestidos de luto, e se dirigirão a Sé para assistirem as Vesperas do seu Officio. Ao Sahirem da Caza do Senado fóra da porta se quebrou o primeiro Escudo que levava no braço o primeiro Vereador que era o mais velho, dizendo – Chorai povo a morte do nosso Rey D. Pedro. 2.º – Ao pé de S.m Domingos se quebrou o segundo que levava o segundo Vereador com as mesmas ceremonias e ao pé da Se se quebrou o 3.º que levava o 3.º Vereador também na forma do primeiro.”(1)

19 de Setembro de 1708 – “ Se fes o Officio com Missa Cantada achando-se huma Eça no Corpo da Igreja magestozamente coberta de preto e illuminada por todos os lados: assistirão a esta função fúnebre o Gov. Diogo Teixeira Pinto, o Cap.º do Senado – O sr. Bispo D. João do Cazal e todos os lugares próprios de representação que tinhão. Os Conegos e Clero na Capella-mor cantando com muzica todas as partes do Officio – Fez a orção fúnebre com toda a Eloquencia própria deste acto o P.e João Mourão da Cp.ª de Jesus.” (1)

NOTA: Quebra dos Escudos – cerimónia praticada desde a morte de D. João I. Consistia em quebrar os escudos do rei falecido para os substituir pelos do novo monarca. O Regimento do Senado, feito na época de D. Manuel I, regulamentou esta cerimónia

D. Pedro II faleceu de apoplexia em 9 de Dezembro de 1706. Reinou de 1683 a 1706. Sucedeu a Afonso VI e foi sucedido por João V.

Retrato de D. Pedro II, autor desconhecido (séc. XVII).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_II_de_Portugal

OUTRAS FONTES: “18-09-1708 – Effectuou-se n´este dia, em Macau, a quebra de escudos pela morte de el-rei D. Pedro II, sendo esta cerimonia feita pelos tres vereadores, com grande acompanhamento do povo. Foi quebrado á porta do palácio do senado o escudo, defronte da igreja se S. Domingos o segundo, e o terceiro junto á sé catedral, onde o préstito assistiu a vésperas. No dia seguinte se celebraram, também na sé, as exéquias, com missa e officio, estando erguida ao meio do templo uma eça, magnificamente odornada e allumiada. Foram presentes a este acto o governador Diogo de Pinho Teixeira, o senado, o bispo D. João do Cazal, e as mais pessoas notáveis da cidade. Orou o padre João Mourão da Companhia de Jesus. (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954) (PEREIRA, A. M. – Ephemerides Commemorativas, 1868, p. 85)

Beatriz Basto da Silva na sua Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 215, data este acontecimento a 17 de Setembro de 1708 – Quebra de escudos por morte de D. Pedro II.      

(1) BRAGA, Jack M. Braga – A Voz do Passado, 1987, p. 25)

Notícia publicada na imprensa estrangeira (1) sobre os festejos da aclamação (2) do rei D. João VI (3) realizados em Macau, no dia 26 de Dezembro (4) que começou com uma salva real e assistindo o Senado a uma Missa pontifical. Às 15 horas foi inaugurado o retrato do Rei, no salão nobre do Senado.

(1)«The Asiatic Journal and Monthly Register for British India and its Dependencies»,  VOL V – From July to December 1819, p. 396.

Retrato de D. Joao VI por Albertus Jacob Frans Gregorius.

(2) A aclamação do rei de Portugal era a cerimónia em que o herdeiro ao trono ascendia a monarca de Portugal. Em Portugal, após a coroação de D. João IV que se tornou rei de Portugal em 1640, este colocou a sua coroa aos pés de uma estátua de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, declarando-a “a verdadeira Rainha de Portugal” , nunca mais existiu uma coroação, existindo no seu lugar uma aclamação. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_VI_de_Portugal

 (3) Em 20 de Março de 1816, faleceu a rainha Dona Maria I, subindo ao trono seu filho e já regente (por demência de D. Maria I), o futuro João VI de Portugal (1767-1826). A sagração não se realizou de imediato, sendo aclamado somente em 6 de fevereiro de 1818, dois anos depois, com grandes festividades. Sua aclamação realizou-se no Rio de Janeiro (Brasil) onde estava o reino. D. João VI (O Clemente) foi rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves de 1816 a 1822 (ano da independência do Brasil) e depois, de 1822 até à sua morte, em 1826, rei de Portugal e Algarves.

(4) O “Bando” do Senado, de 18 de Dezembro de 1818 anunciava para as 15 horas do dia 26 de Dezembro, a aclamação de D. João VI, no lugar das Casas do Leal Senado, com festejos nos dois dias seguintes. SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 20165 p. 30

Retrato oficial (póstumo) do Presidente Sidónio Pais (1937), por Henrique Medina. Museu da Presidência da República.

O Presidente da República Portuguesa, Dr. Sidónio Pais, 3.º Presidente eleito (primeiro e único eleito por sufrágio directo na 1.ª República) (Presidente – Rei como lhe chamou Fernando Pessoa), foi assassinado em Lisboa, vítima de um atentado, na Estação do Rossio, em 14 de Dezembro de 1918. (1)

Já em 5 de Dezembro, Sidónio Pais sofrera um primeiro atentado, durante a cerimónia da condecoração dos sobreviventes do Augusto de Castilho, do qual conseguiu escapar ileso. Não conseguiu escapar ao segundo, levado a cabo com dois tiros de pistola pelo ex-sargento José Júlio da Costa, (1893-1946) (republicano radica) na Estação do Rossio, acabando por falecer no Hospital de São José (Lisboa) (2)

Bilhete-Postal de 1919, (de autor desconhecido) retratando o assassinato do Presidente Sidónio Pais na Estação Ferroviária de Lisboa-Rossio, no dia 14 de Dezembro de 1918.

No Boletim Oficial (suplemento ao n.º 50), (n.º 11), de 15 de Dezembro, publicava-se ainda o telegrama enviado de Lisboa de 14-XII-1918 ao Governador de Macau, informando-o do malogro da primeira tentativa de assassinato “ … não teve consequências, assassino disparou de entre o povo que aclamava tendo falhado cartuxo…”

O conhecimento da morte foi publicado no 2.º suplemento ao N.º 50 do Boletim Oficial (N.º 12), de 18 de Dezembro. Telegrama de Lisboa do Ministro das Colónias, de 16-12-1918: “Sidónio Pais agredido tiros revolver estação Rocio ao embarcar para Porto falecendo momentos depois. …”

Um terceiro suplemento ao N.º 50 do Boletim Oficial (n.º 13) foi publicado no dia 19 de Dezembro, o Ministro das Colónias comunicava ao Governador Artur Tamagnini Barbosa, com a data de 17 de Dezembro da eleição por unanimidade de João de Canto e Castro da Silva Antunes (1862-1934) para Presidente (de 16 de Dezembro de 1918 a 5 de Outubro de 1919)

O Governador Artur Tamagnini Barbosa em 8 de Janeiro de 1919, tomou a resolução para que a Estrada da Flora passasse a denominar-se Avenida Sidónio Pais embora em chinês continuasse a ser conhecida pela fonte que aí se encontrava: “I Long Hao” (3)

(1) Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais (1872-1918), militar, professor universitário (formado em matemática) e político foi empossado Presidente da República a 9 de Maio de 1918, mas já liderava o Governo desde 12 de Dezembro de 1917 (por ausência de um presidente da República) após a “vitória” das forças revolucionarias” por si comandadas, a 8 de Dezembro de 1917.  Em 1966, os seus restos mortais foram trasladados solenemente para o Panteão Nacional, na Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa, aquando da sua inauguração. A cerimónia ocorreu no dia 5 de dezembro e homenageou igualmente com estas honras outros ilustres portugueses. Antes disso, o seu corpo encontrava-se na Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos.

Ver anterior referência em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/12/14/noticia-de-14-de-dezembro-de-1918-morte-de-sidonio-pais/

(2) Segundo algumas versões, as duas balas foram disparadas de duas direcções. O primeiro projéctil alojou-se junto do braço direito do Presidente, e o segundo, fatalmente, no ventre, fazendo com que a vítima caísse de imediato por terra. José Júlio da Costa faleceu em 1946, com 52 anos de idade, internado no Hospital Miguel Bombarda, depois de 28 anos de prisão sem direito a julgamento.

(3) “8-01-1919 – Resolução tomada pelo Governador para que a Estrada da Flora passe a denominar-se Avenida de Sidónio Pais. “ (A.H. M. – F.A.C., P. n.º 578 – S-R) .

Ver anterior referência em:https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estrada-da-flora/

No dia 28 de Novembro de 1735, em Macau, grandes demonstrações de pesar ordenadas pelo Vice-Rei de Cantão, pela morte do Imperador Iông-Tcheng, ou Yung Cheng (雍正 Yongzheng) (1) com tiros de ampulheta, por espaço de 24 horas, salva no fim, pela Fortaleza do Monte e luto pelos homens bons da governança (2)

PEREIRA, A. Marques – Ephemerides Commemorativas da Historia de Macau e …  1868, pp. 118-11

 (1) Yongzheng 雍正 (13-12-1678/8-10-1735) (nome de nascimento: Yinzhen 胤禛) foi o quarto imperador da Dinastia Manchu, e terceiro imperador Qing, tendo reinado de 1722 a 1735. Embora com um reinado de menor duração (13 anos) comparado ao do seu pai (imperador Kangxi) e do seu filho (imperador  Qianlong) governou a China num período de paz e prosperidade, embora se conste que era muito cruel nas punições e castigos aos seus inimigos.

(2) GOMES, Luís G.  – Efemérides da História de Macau, 1954.

NOTA – Governava Macau, Cosme Damião Pereira Pinto que chegou da Índia a 4 de Agosto e tomou posse a 24 de Agosto e governará Macau no seu 1.º mandato de 24-08-1735 a 27-08-1738; o 2.º mandato seria de 25-08- 1743 a 29-08-1747. O 4.º bispo de Macau, D. João do Casal que lhe entregou o Governo, faleceria a 20 de Setembro de 1735, com 94 anos de idade e 43 anos e três meses de governo do bispado. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015 p. 253) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/cosme-d-pinto-pereira/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-joao-do-casal/

NOTÍCIA DA VIAGEM, Que fez do Rio de Lisboa na Nau Europa a 23 de Fevereiro de 1752 até à Praça de Macau, onde chegou a 5 de Agosto, o Doutor FRANCISCO XAVIER DE ASSIS PACHECO, E SAM PAYO, Cavaleiro da Ordem e Cristo, Ministro do Concelho Ultramarino E Embayxador Extraordinario de Sua Magestade Fidelissima ao Imperador da China. Dada em huma carta por huma pessoa da sua comitiva” (1)

Título dum livro escrito em Macau a 20 de Novembro de 1752, publicado no ano de 1753, com 16 páginas em que narra a viagem do embaixador Francisco de Assis Pacheco e Sampaio, do Rio de Janeiro à Praça de Macau (a data de chegada sendo outras fontes é a 11-08-1752) (2) e depois à corte do Imperador Chinês Qianlong 乾隆 (reinado: 1735-1796)

Extraí deste livro as páginas referentes a Macau (7-9)

(1) http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_obrasraras/bndigital0418/bndigital0418.pdf

Ainda sobre esta embaixada, está disponível para leitura “Carta ao muito Reverendo Padre Procurador em Roma pela Congregação Provincial do Japão”, escrito em Macau no dia 11 de Novembro de 1753, pelo jesuíta francês J. S. de Newietelhe (assistente do Colégio de Macau) http://purl.pt/12029/5/hg-5911-12-p_PDF/hg-5911-12-p_PDF_24-C-R0150/hg-5911-12-p_0000_rosto-16_t24-C-R0150.pdf

(2) 11-08-1752Chegou a Macau a embaixada de Francisco de Assis Pacheco de Sampaio. (Luís G. Gomes – Efemérides da História de Macau; Beatriz Basto da Silva – Cronologia da História de Macau; Bento da França – Macau e os seus habitantes)

“A chegada da nau N.ª Sr.ª da Conceição e Lusitânia com o embaixador Francisco de Assis Pacheco de Sampaio deu novos ânimos aos moradores, Ao entrar na barra a cidade saudou o acontecimento com entusiasmo e tiros de canhão da fortaleza do Monte.” (Maria Helena do Carmo – Os Mercadores do Ópio, p. 132)

Outras datas marcantes desta embaixada em Macau.

23-02-1752 – D. José mandou à China Francisco Xavier Assis Pacheco de Sampaio que embarcou em Lisboa na Nau N. Srª da Conceição e Lusitânia, nesta data. Chegou a Macau a 11 de Agosto, mas só desembarcou a 15. O fim da embaixada era «cultivar por este modo a amizade do Imperador actual, promover a conservação e aumento das missões do mesmo império, restabelecimento do Real padroado e outros interesses políticos». (3)

20-08-1752 – Foi lida uma carta régia trazida pelo Embaixador Francisco Xavier Assis Pacheco de Sampaio sobre as fragatas de Goa fazerem a s viagens de Timor e Goa; como isto era contra os interesses dos barcos de Macau, o Senado reclamou contra esta medida (3)

14-11-1752 – Chapa mandarínica publicada em Macau, declarando que Assis Pacheco de Sampaio não é embaixador Tributário da China, devendo-se-lhe todas as cortezias. (3)

20-12-1752 – Parte de Macau a embaixada de Francisco de Assis Pacheco de Sampaio. (3)

20-12-1752 – O Embaixador trouxe de Lisboa uma carta de recomendação da Rainha Ana de Áustria para o Padre Agostinho Hallerstein, que veio de Pequim a Macau esperá-lo para depois o acompanhar. O Embaixador saiu de Macau em 20 de Dezembro de 1752. Sampaio confessa que a prudência o aconselhou a não falar ao Imperador sobre as Missões: «mandei para este fim pedir a cada um dos padres o seu parecer por escrito sobre o que prudentemente poderia tratar-se nesta embaixada em benefício da Santa lei: recebi os votos, e nelles o desengano que já premeditava ao tempo que os pedia». Pode dizer-se que foi uma embaixada simpática … mas Macau gastou com ela 22 000 taeis arrancados à miséria em que, na altura, se vivia. (3)

 (3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 2, 1997)          

No dia 26 de Maio de 1673, (um dia depois do seu quadragésimo aniversário) faleceu em Beijing, o primeiro jesuíta chinês, Manoel de Siqueira, natural de Macau e ordenado em Coimbra.

Retiro alguns extractos da biografia deste jesuíta descrito pelo Padre Manuel Teixeira (1):

“Nasceu em Macau a 25 de Maio de 1633; foi baptizado com o nome de Manoel ou Emmanuel de Siqueira, sendo filho de António de Siqueira, chinês, e de mãe também chinesa. Em chinês chamava–se Cheng Ma-no Wei-hsin. A 20 de Dezembro de 1645, com 12 anos de idade, o missionário da Cochinchina, P.e Alexandre de Rhodes, S. J., levou–o consigo de Macau para Roma por via terrestre. Ao passar pela Pérsia, os tártaros que iam na mesma caravana, julgando que Siqueira era um moiro turco disfarçado, planearam raptá-lo ao atravessar a Turquia. Ao saber disto, Rhodes meteu-o secretamente num convento dominicano de Erevan, na Arménia, onde aprendeu a língua arménia em seis meses que ali esteve. Só chegou a Roma a l de Janeiro de 1650, levado por outro missionário da Cochinchina, P.e Francesco della Roca, S. J. Ali começou os seus estudos e, em 17 de Outubro de 1651, ali ingressou no Noviciado Jesuítico de Santo André…. (…) Foi para Portugal, em fins de 1661, para o Colégio jesuítico de Coimbra. Ali foi ordenado sacerdote, provavelmente no fim do seu terceiro ano de Teologia, no primeiro semestre de 1667… (…)

REGRESSO À CHINA – O P.e Giovanni Filippo Marini, S. J., missionário na China, tinha ido à Europa recrutar padres para esta Missão. Conseguiu o que queria e, a 13 de Abril de 1666, partiram de Lisboa, na nau Capitânia “Nossa Senhora da Ajuda”, em companhia de João Nunes da Cunha, vice-rei da Índia, os seguintes jesuítas: Marini, Manuel de Siqueira e Nicolau da Fonseca, ambos chineses; Jean Baptiste Maldonado, de Tournai, Bélgica; seis italianos: Ludovico Azzi, de Luca, Cláudio Filippo Grimaldi e Filippo Fieschi, de Génova, e três de Palermo: Giuseppe Candone, Datio Algiata e Francesco Castiglia; e ainda quatro portugueses: Francisco da Veiga e Reinaldo Borges (padres) e os escolásticos Tomás Pereira e António Duarte. Eram 14, mas dois morreram na viagem; os outros 12 chegaram a Goa a 13 de Outubro. Demoraram-se ali perto de dois anos. É que as missões da China e da Cochinchina estavam sob a perseguição, não podendo lá entrar os missionários. … (…) Siqueira estudou a língua canarim e missionou em Chaúl.

Finalmente, ele pode partir para Macau com os seguintes companheiros: Filippo Fieschi, Ludovico Azzi, Giuseppe Candone, Manuel Ferreira, Francisco da Veiga e Jean de Haynin; embarcaram em Goa, a 14 de Maio de 1668, na nau “Nossa Senhora da Penha de França”, que chegou a Malaca dois meses depois; após uma demora de nove dias, aportaram a Macau a 19 de Agosto, três meses e seis dias após a partida de Goa (4).

EM MACAU voltou a estudar o chinês que já havia esquecido, juntando-se aos estudantes do Colégio de S. Paulo. O P.e Maldonado, que chegara um ano antes, escrevia acerca dos dois cursos que se devam nesse famoso Colégio: Fervet in duplici academia linguarum studium, alterius sinicae, alterius annamiticae: “ferve em duas academias o estudo das línguas, uma chinesa, outra anamita“. Oito padres estudam a língua anamita e seis, incluindo Siqueira, a chinesa.

NA CHINA – Depois de ter estudado o chinês, Siqueira partiu para Cantão disfarçado em fim de 1669, acompanhado provavelmente pelo irmão coadjutor António Fernandes. A religião católica havia sido proscrita pelos Quatro Regentes a 4 de Janeiro de 1665; os missionários foram exilados para Cantão em 1666. Só o dominicano chinês Gregório Ló circulava pelas províncias. Agora era a vez do jesuíta chinês Siqueira que escolheu, não as províncias do Norte, como o dominicano, mas a de Kwangtung. A Província Jesuítica do Japão, a que pertencia Siqueira, havia criado em 1665 as missões de Kwangtung e Hainan. Foi, pois, em Kwangtung que exerceu ele o seu apostolado nos anos de 1669 e 1670. Trabalhavam ali mais dois jesuítas sob a perseguição. A esse trio se deveu o baptismo de 500 crianças, expostas pelos pais na margem do rio. Batizaram também vários adultos, tendo-se convertido 150 em 1670.

Durante a viagem no barco especial em que iam para Beijing, na companhia do italiano Cláudio Filippo Grimaldi e do austríaco Christian Wolfang Henriques Herdtricht que foram destinados a Pequim, no dia 8 de Setembro de 1671, por ordem do imperador recém eleito Kang-hi, Manuel Siqueira ia já gravemente doente, pois o Inverno era extremamente rigoroso; Grimaldi também adoeceu e foi o austríaco que tratou dos dois. Siqueira estava tuberculoso e só saiu do hospício depois da Primavera. Apenas durou um ano, vindo a falecer a 26 de Maio de 1673.

A sua pedra sepulcral no Cemitério de Chala, em Beijing, tem o seguinte epitáfio:

“P.e Manuel Siqueira, de nacionalidade chinesa e pátria macaense; jovem foi para Roma e aí ingressou na Companhia de Jesus, primeiro chinês da mesma Companhia que recebeu o sacerdócio; terminados com louvor os estudos de Filosofia e Teologia, regressou aos seus para pregar o Evangelho. Faleceu em Pequim no Ano da Salvação de 1673, a 26 de maio, na idade de 38” (1) (2)

(1) TEIXEIRA, Manuel – O primeiro padre jesuíta chinês in “RC: Revista de Cultura”, Macau, n-º 10 – Abril – Junho, 1990, p. 25-29. Este artigo está disponível para leitura em: http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30010/1555

(2) Ele não tinha 38, mas 40 anos de idade, pois nasceu a 25 de Maio de 1633.

Anualmente, no dia 23.º dia da 2.ª lua, celebra.se um pouco por todo o mundo chinês o festival de Cheng Meng (Pura Claridade).

Este culto ancestral está ligado à chegada da Primavera. Antigamente, nas grandes cidades da China, a florida estação do ano era celebrada com um ricamente cortejo pelas ruas em que se destacava a imagem de um boi, em barro, ricamente enfeitado com flores e ramos de salgueiro. Durante o cortejo as mulheres e crianças traziam nas mãos um pequeno ramo de salgueiro com a finalidade de não serem vítimas de picadas de insectos nocivos, como o mosquito, a centopeia, o escorpião, etc. Acreditava-se que, se tal precaução não fosse tomada, as pessoas estavam sujeitas a reencarnar num animal quadrúpede., como é o caso do boi, por ocasião da transmigração das almas.

A tradição do ramo de salgueiro vem do tempo do Imperador Kao Sung, (1)da dinastia Tang, que reinou de 650 a 683 A. C. Os chineses do antigamente tinham também o costume de prender, na véspera desta festividade, um ramo de pessegueiro no umbral da porta principal das suas habitações, com o propósito de se protegerem de todos os males.

É durante a celebração de Cheng Meng que as famílias chinesas vão depositar pivetes e velas aromáticas em frente das campas dos seus antepassados, onde são colocadas também pequenas malgas de arroz e pratinhos com guloseimas várias. Sobre o túmulo dos defuntos queimam-se diversos objectos de papel, incluindo o tradicional “Dinheiro do Inferno”

Em vésperas da data do ritual as famílias retiram das sepulturas as ervas daninhas que crescem durante o ano e mandam pintar de novo as inscrições que nelas figuram. No final das cerimónias em honra dos mortos, os familiares realizam uma espécie de piquenique em pleno cemitério, junto à campa dos seus entes desaparecidos, regressando a casa ao final da tarde.

Manda ainda esta tradição que, durante o período em que decorre o festival, as mulheres são utilizem agulhas de costura nem lavem os cabelos”

Retirado de BARROS, Leonel – Templos e Lendas e Rituais – Macau. APIM, 2003.

Ver anteriores referências a esta festividade em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/cheng-mengqingming/

(1) O Imperador Gaozong (唐高宗 – pinyin: Táng Gāozōng;cantonense jyutping: gou1 zung1) (628—683, nascido Li Zhi – 李治), foi o terceiro imperador da Dinastia Tang (618 a 906, considerado o período dourado para as artes e cultura  na China).

Gaozong governou entre 649/650 e 683. embora incapacitado em 665, por ter tido em um acidente vascular cerebral,  o governo ficou praticamente entregue  à  sua segunda esposa, a imperatriz Wu Zetian (武則天 – pinyin: Wǔ Zétiān;cantonense jyutping: mou5 zak1 tin1) (624- 705) e que fora anteriormente uma das concubinas do pai de Gaozong, o imperador  Taizong.

Gaozong faleceu em 683 e embora tivesse dois filhos, Wu Zétian manteve o controle do governo e em 690. proclamou-se Imperatriz (a única mulher na história da China que ocupou o trono imperial) e iniciou uma nova dinastia, Zhōu – 周 – que somente durou até 705., ano em que foi restaurada a dinastia Tang.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Imperador_Gaozong_de_Tang https://pt.wikipedia.org/wiki/Wu_Zetian

Neste dia de 24 de Dezembro de 1708, morre em Pequim um dos mais célebres jesuítas portugueses, que prestou grandes serviços à Igreja e à China e que, como Presidente do Tribunal das Matemáticas, honrou Portugal e a ciência europeia. Trata-se do Padre Tomás Pereira também chamado Tomé Pereira., tenho inicialmente o nome de “Sanctos” Pereira (1), nascido a 1 de Novembro de 1645, em S. Martinho do Vale, diocese de Braga. Ao chegar a Macau em 1672, o Padre Fernando Verbiest, S. J., então altamente conceituado em Pequim, elogiou os seus predicados perante o Imperador, que imediatamente mandou a Macau dois mandarins para o levarem à corte; para lá foi transportado em cadeirinha, chegando à capital chinesa em Janeiro de 1673. (2)
Padre Tomás Pereira foi matemático, astrónomo, geógrafo e diplomata. (3) Em 25 de Setembro de 1663 entrou para a Companhia de Jesus. Em 15 de Abril de 1666 embarcou para a Índia, continuando os seus estudos em Goa, chegando a Macau em 1672, onde aprendeu na língua e cultura chinesa Tomás Pereira viveu na China até à sua morte em 1708 (4) no antigo Observatório Astronómico de Pequim. Foi também músico, (5) sendo autor de um tratado sobre a música europeia que foi traduzido para Chinês, e também construtor de um órgão e de um carrilhão que foram instalados numa igreja de Pequim. É considerado o introdutor da música europeia na China. (6)

OBSERVATÓRIO DE PEQUIM (gravura do século XVIII)

Sobre Tomás Pereira, ver anteriores referências em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/padre-tomas-pereira/
e
https://www.revistamacau.com/2014/04/16/tomas-pereira-e-o-imperador/
(1) https://orientalistasdelinguaportuguesa.wordpress.com/tomas-pereira/
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 2, 1997.
(3) Tomás Pereira participou nas negociações do Tratado de Nerchinsk (1689), que é considerado o primeiro tratado subscrito pela China com uma potência da Europa, neste caso o Grão-Principado de Moscou.
(4) Sobre a sua morte escreve o Padre Miguel de Amaral, S. J.: «Depois de sofridos grandíssimos trabalhos (por causa da malfadada questão dos ritos), (7) no dia 23 de Dezembro de 1708, na tarde do Domingo em que tinha cumprido todos os requisitos para ganhar o jubileu do papa Clemente para alcançar de Deus a paz entre os príncipes cristãos, foi a segunda vez acometido com o acidente de apoplexia que pôs fim à sua vida pela uma hora depois da meia noite de 24 de Dezembro do dito ano» (1)
(5) “Quando foi recebido pelo Imperador Kangxi, este tocou no su clavicórdio algumas canções chinesas que sabia de cor; acto contínuo, o Padre Pereira reproduziu-as em música, executando-as no seu clavicímbalo com tal perfeição que o Imperador exclamou: «Estas ciências dos europeus são verdadeiramente admiráveis, Estas ciências dos europeus são verdadeiramente admiráveis. Este homem é um génio maravilhoso!». Mandou-lhe dar 24 peças de seda, dizendo: «Estes vossos vestidos não prestam; aí tendes com que vos vestir». (1)
Aconselho leitura “Os jesuítas e a música em Macau e Pequim” de Ana Luísa Balmori_Padesca em
file:///C:/Users/ASUS/Documents/PARA%20ELIMINAR%20-%20DOWNLOADS/Os%20jesu%C3%ADtas%20e%20a%20M%C3%BAsica.pdf
(6) https://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_Pereira
(7) O episódio da Controvérsia dos Ritos em que após a proibição das missões na China, graças aos seus argumentos, Tomás Pereira conseguiu junto do imperador, que o Édito de Tolerância ao Cristianismo fosse publicado.

Continuação das postagens sobre “MACAU RETROSPECTIVA” (filatelia e postais) (1), emissão autorizada pela Portaria n.º 387/99/M de 25 de Outubro (2)
Do documento dos CTT explicativo da emissão (pagela), retiro as referências iconográficas da autoria de Luís Sá da Cunha, aos 4 selos desta emissão extraordinária de 19 de Dezembro de 1999. “Design” dos selos de Carlos Marreiros.
SELO I – 1 pataca

Para simbolizar o conhecimento geográfico do mundo, dois dos mais representativos momentos da cartografia jesuíta na China:
– O mapa-mundo chinês de Mateus Ricci – Kunyu Wanguo / Quantu, mapa dos dez mil países da terra. Detalhe do exemplar da Royal Geographic, Londres, reproduzida da R.C., n.º 21, ICM, Macau.
– O primeiro globo terrestre chinês (1623) executado por Manuel Dias Júnior e Nicolau Longobardi. Reprodução do globo da British Library, publicado na R.C., n.º 21, ICM, Macau.
SELO II – 1.50 patacas

Para simbolizar o movimento da apresentação e compenetração cultural, escolheu-se um aspecto do Observatório Astronómico de Pequim, imediatamente à refundição dos aparelhos coordenada pelo jesuíta Ferdinand Verbiest.
E projecção da cruz da Ordem de Cristo, (instituição portuguesa que concebeu e desencadeou a aventura marítima) símbolo com que o Ocidente ficou identificado em todo o Oriente. A Cruz de Cristo foram as armas atribuídas a Macau imediatamente ao seu estabelecimento.
SELO III – 2.00 patacas

Para simbolizar a tolerância e o convívio e miscigenação antropológica e cultural, selecionou-se um pormenor do “Quadro dos Tributários” do Imperador Xianlong, livro-harmónio com memória descritiva de todos os tipos humanos do Império chinês. Na estampa, como no envelope, uma sequência da galeria de tipos humanos observada e retratada em Macau (Séc. XVIII)
SELO IV – 3.50 patacas

Sobre a volumetria dos novos edifícios do fecho da Baía da Praia Grande, o Farol da Guia como símbolo de um passado que persiste.
Foi pela primeira vez aceso nas costas da China em 24 de Setembro de 1865.
O maquinismo primitivo, que funcionava a petrópelo, foi concebido pelo industrioso macaense Carlos Vicente da Rocha.
Em Junho de 1910 o melhor mecanismo foi substituído por aparelhagem mais moderna de rotação, importada de França.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/12/19/noticia-de-19-de-dezembro-de-1999-filatelia-macau-retrospectiva-i/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/01/09/postal-i-filatelia-macau-retrospectiva-ii/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/01/12/postais-ii-filatelia-macau-retrospectiva-iii/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/01/15/postais-iii-filatelia-macau-retrospectiva-iv/21
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/02/01/postais-iv-filatelia-macau-retrospectiva-v/
(2) Portaria n.º 387/99/M de 25 de Outubro.

O Embaixador Alexandre Metelo de Sousa e Meneses que chegou a Macau, na nau Nossa Senhora da Oliveira, no dia 10 de Junho de 1726, vindo do Rio de Janeiro, (1) desembarcou a 12 de Junho para ir hospedar-se na casa de Francisco Leite (2)
O embaixador de El-Rei D. João V à corte de Pequim, D. Alexandre Metelo de Sousa Meneses, partiu no dia 18 de Novembro de 1726, para Pequim pelo caminho interior, via Cantão); foi acompanhado de todos os moradores desta cidade até à Casa Branca, fazendo-se por seu respeito as maiores finezas, não se poupando a gastos ou despesa alguma. «Levou comitiva de 64 pessoas» (3) (4). Saiu de Cantão (Guangzhou) a 9 de Dezembro de 1726, com chegada à cidade de Kan-tcheu-fu a 9 de Janeiro de 1727 “onde entrou com uma comitiva de 761 pessoas” (5)
No dia 18 de Maio de 1727, a comitiva entrou oficialmente em Pequim, Aguardava-a uma receção preparada pelo imperador Yongzheng, formada por uma guarda de honra de 200 soldados.
Apesar da pompa, ostentação e magnificência da embaixada apenas a parte diplomática da missão foi bem-sucedida, mas a verdadeira missão do embaixador que era a de tentar influenciar Yongzheng no sentido de reabrir a China à missionação católica, nem foi falada.(6)
A embaixada regressou a Macau a 8 de Dezembro de 1727 e partiu para o reino no dia 17 de Janeiro de 1728 (7)
Chegou a Lisboa em 21 de Novembro de 1728 ao fim de três anos e sete meses de missão diplomática. (8)
(1) “10-06-1726Chegou a Macau, por via do Rio de Janeiro, desembarcando a 12 de Junho da nau Nossa Senhora de Oliveira, o Embaixador de El-Rei D. João V à corte de Pequim, D. Alexandre Metelo de Sousa Meneses. A seu respeito se fizeram as maiores demonstrações que foi possível e que outro algum jamais recebera nesta Cidade, além de muitas salvas em todas as fortalezas e navios, tendo a guarda à sua porta três Companhias de soldados com os seus oficiais. O diplomata trouxe como conselheiro o P.e António de Magalhães, S. J., como secretário o P.e Francisco Xavier da Rua, proto notário apostólico e advogado do número da casa da Suplicação, e por familiar o leigo secular António José Henriques. O pessoal era numeroso: além da comitiva trazia 50 soldados para a sua guarda; o comandante da nau era o capitão de mar-e-guerra Duarte Pereira. O embaixador trazia 30 caixotes de presentes em retribuição do rico presente que K´ang-hsi (Imperador Kangxi) remetera a D. João V.” (9)
(2) A casa de Francisco Leite veio a ser Palácio do Governo e depois Palácio das Repartições.(9)
(3) “10-08-1726 – O Senado ofereceu quatro mil taéis, que era quanto havia no cofre de São Paulo para as despesas da embaixada de Alexandre de Metelo de Sousa e Meneses.” (10)
14-09-1726O Senado, a muito custo, conseguiu arranjar entre os moradores mais de dez mil taéis, para o embaixador Alexandre Metelo de Sousa e Meneses, importando o donativo total da cidade em 18 500 taéis; a Companhia de Jesus da Vice-Província da China, com 500 taéis; e o Senado com mais 3 000 taéis, além dos 4 000 que entregou, em 10 de Agosto“..(10)
(4) “18-11-1726Neste dia partiu o Embaixador Metelo para Pequim; foi acompanhado de todos os moradores desta cidade até à Casa Branca, fazendo-se por seu respeito as maiores finezas, não se poupando a gastos ou despesa alguma. «Levou comitiva de 64 pessoas»“. (9)
(5) “09-01-1727O embaixador Alexandre Metello de Sousa e Menezes, enviado por el-rei D. João V ao imperador Yunchiu, (imperador Yongzheng) tendo saído de Cantão em 9 de Dezembro com destino a Pekim (Beijng) pelo caminho interior, chega neste dia à cidade de Kan-tcheu-fu, onde entrou com uma comitiva de 761 pessoas. Ahi se encontrou com dois conductores que o imperador mandara a recebê-lo e eram o padre António se Magalhães e a um alto funcionário tartaro do appellido Cham” (Ephemerides da semana in B.G.M., XIII-2, 1867.
(6) “18-05-1727- Chegou a Pequim, sendo recebido na corte a 28, o embaixador Metelo de Sousa, que levava uma carta de D. João V para o Imperador, e sua comitiva. O Padre António Magalhães partira para Pequim antes do Embaixador, chegando lá a 19 de Novembro (mas veio ao encontro do nosso embaixador a mando do Imperador, como sinal de deferência); e bem necessária era a sua presença ali, pois que Yung Cheng ardia em desejos de saber se o Embaixador ia tratar de assuntos missionários. Foi logo  ao Palácio, onde o 13.º Príncipe, irmão de Yongzheng, o interrogou sobre o fim da embaixada. O Padre Magalhães respondeu apenas que o Embaixador vinha cumprimentar o Imperador, dar-lhe os pêsames pela morte de seu pai e felicitá-lo a ele pela subida ao trono e rogar-lhe que tomasse sob a sua protecção os habitantes de Macau e os outros súbditos residentes na China. Ele não ficou satisfeito e preguntou se não estaria encarregado de outra comissão importante ou não teria que tratar de algum assunto difícil ou desagradável. Encurtando razões, mais uma vez foi nulo o resultado da Embaixada. O Imperador continuou a perseguição religiosa, tornando-se Macau o refúgio de todos os missionários; para qui vieram nada menos que 40, incluindo alguns bispos. Teve ainda mais um efeito negativo: o de agravar e quase esgotar o erário público de Macau pelas grandes despesas feitas com a Embaixada.” (9)
(7) Luís Gonzaga Gomes na sua “Efemérides da História de Macau” índica a data de 24 de Novembro de 1727 para o regresso da embaixada. (10)
08-12-1727O embaixador português D. Alexandre Metelo de Sousa e Meneses regressou a Macau, vindo de Pequim, de onde saíra a 18 de Julho, sendo recebido com grandes festejos”. (9)
17-01-1728O Dr. Alexandre Metelo de Sousa e Meneses embarcou na Praia Pequena, acompanhado pelo Governador e grande número de cidadãos e moradores Com ele ainda as três companhias, guarda e pessoal do séquito da luzida embaixada que D. João V enviou à China; utilizou a mesma vistosa ponte que fora armada quando veio de Cantão, para seguir para nau Madre de Deus, que o deveria conduzir ao reino. O Senado de Macau despendeu trinta mil taeis com esta embaixada. Ao chegar a Lisboa a 21-11-1728, foi nomeado conselheiro do Conselho Ultramarino.”. (9)

Ephemerides da semana in B. G. M. XIII-3 de 21-01-1867.

(8) “21-11- 1728Chegou de regresso a Lisboa, o doutor Alexandre Metelo de Sousa e Menezes que durante três anos sete meses e alguns dias desempenhou o cargo de embaixador no Império da China sendo depois agraciado com a nomeação de Conselheiro do Conselho Ultramarino.“(10)
(9) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol.2, 1997)
(10) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)
NOTA 1 – Sobre este assunto a RTP2 apresentou em 2017, o programa “Ensina, Rádio e Televisão de Portugal: “Os Dias da História – chegada da embaixada de D. João V a Pequim”, por Paulo Sousa Pinto, que está disponível em:
http://ensina.rtp.pt/artigo/embaixada-de-d-joao-v-chega-a-pequim/
NOTA 2 – Aconselho leitura do trabalho de Huang Qichen “A Embaixada de Alexandre Metello de Souza à China no Contexto das Relações LusoChinesas “ publicado em “Administração, n.° 40, vol. XI, 1998-2.°, 285-297”, disponível em:
file:///C:/Users/ASUS/Documents/PARA%20ELIMINAR%20-%20DOWNLOADS/A%20embaixada%20de%20Alexandre%20Metello%20de%20Souza%20e%20Menezes%20%C3%A0%20China%20no%20contexto%20das%20rela%C3%A7%C3%B5es%20Luso-Chinesas.pdf
NOTA 3: Outro trabalho, de João de Deus Ramos, publicado na “Política Internacional, n.º 2, Vol 1, Junho 1990” , “A embaixada de Alexandre Metelo de Sousa e Meneses: Negociações coma China do século XVIII”, disponível em :
http://www.ipris.org/files/2/10_A_embaixada_de_Alexandre.pdf
NOTA 4: Papeis de Alexandre Metello de Sousa e Menezes, Embaixador de D. João V ao Imperador da China] [1726-1727]. em:
http://purl.pt/32967