Archives for posts with tag: Edifício / Palácio das Repartições Públicas

Continuação da leitura do número especial do “Diário Popular” dedicado ao Ultramar Português, em 1961 (1)

Os artigos com referência mais específica a Macau estão nas páginas 5 a 21 na sessão “Índia, Macau e Timor” IMT.

Página 5 (IMT): uma pequena coluna sobre o governador Comandante Marques Esparteiro e dois artigos:

– “Uma Província que atesta em terras do extremo oriente”

– “O Comercio e a indústria tem excepcional importância e deles vive a população da cidade”

Na página 6 (IMT):

– “A Santa Casa da Misericórdia tem nobres tradições de intensa obra assistencial”

– “A pesca e a cultura do arroz constituem as principais actividades dos habitantes das ilhas da Taipa e de Coloane”

– “Comércio intenso com os territórios limítrofes”

Na página 7 (IMT):

– Usos e costumes da cidade do Santo Nome de Deus onde se conserva o que a China possui de mais típico

 – Macau terra de sonho

Nas páginas 8/9 (IMT)

– “A Polícia de Segurança Pública admiravelmente organizada vela pela população e desempenha um importante papel no equilíbrio político e no bem-estar da província”

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/10/20/noticia-de-20-de-outubro-de-1961-diario-popular-dedicado-ao-ultramar-portugues-i/

“Slide”digitalizado da colecção “MACAU COLOR SLIDES  KODAK EASTMAN COLOR” comprado em finais da década de 60 ou princípio de 70 (séculoXX), se não me engano, na Foto Princesa (1) Foi inaugurada a 16 de Setembro de 1954, em Macau, no então recente aterro da Praia Grande, em frente do antigo Palácio das Repartições Públicas o pedestal e a estátua que foi feita em pedra liós, da autoria do escultor Euclides Vaz, ao primeiro português que veio à China, Jorge Álvares. (2) (3)
O Engenheiro José dos Santos Baptista, Chefe da Repartição Técnica da Obras Públicas discursou, tendo salientado:
“ … após abertura do concurso promulgado pelo Ministro do Ultramar , o júri do concurso classificou , em primeiro lugar, o trabalho do escultor Euclides Vaz, a quem, em Setembro de 1953 , foi feita a adjudicação da obra. Em Maio deste ano (1954) chegaram a Macau, no paquete «Índia», todas as peças do monumento.
Elaborado o projecto da sua localização e montagem pela Repartição Técnica das Obras Públicas, é a respectiva execução posta a concurso e, depois, adjudicada ao empreiteiro Vá San. A montagem foi iniciada em fins de Julho e ficou concluída em fins de Agosto…. (…)
Falou de seguida, o Presidente do Leal Senado, António de Magalhães Coutinho, que traçou resumidamente a biografia de Jorge Àlvares.
Finalmente o Governador, Almirante Joaquim Marques Esparteiro usou da palavra, enaltecendo profundamente o acto. Saliento uma pequena passagem:
“A viagem de Jorge Álvares e a documentação que lhe confirma o lugar de pioneiro nos contactos do Ocidente com o Imperio Celeste não foram completamente esclarecidos senão há cerca de 20 anos, conservando-se o seu nome injustamente esquecido durante mais de quatro séculos. Diversas causas para tal contribuíram, salientando-se dentre elas os terramotos de Janeiro de 1531 e de Novembro de 1755 que destruíram boa parte dos arquivos de Lisboa sobre os nossos feitos na ìndia e terras do Oriente e que dificultaram consequentemente trabalho de estudiosos e investigadores.
Por sua vez, o autor Ljungstedt, que escreveu o «Esboço histórico dos Estabelecimentos Portugueses na China» – obra editada em Boston em 1836 – prestou-nos muito mau serviço pelos erros e incorrecções que deixou escrito a nosso respeito que infelizmente fizeram escola por esse mundo fora. Segundo Ljungstedt fora o português Rafael Perestrelo quem primeiramente tinha chegado à China embora se saiba que só aqui esteve pelo menos um ano mais tarde… (…)”
Findo os discursos, a esposa do Governador, D. Laurinda Marques Esparteiro puxou o laço que prendia a Bandeira Nacional descerrando assim a estátua de Jorge Álvares.
Numa das faces de pedestal estão gravadas a profecia que sobre Jorge Álvares nos deixou o cronista João de Barros:
«E peró que aquela região de idolatria coma o seu corpo, pois por honra de sua pátria em os fins da terra pôs aquele padrão e seu descobrimento, não comerá a memória da sua sepultura, enquanto esta nossa escritura durara»
Recorda-se que em 1513, Jorge Álvares que largara algum tempo antes de Malaca num junco tendo a bordo o seu filho, aportava ao largo da barra do Rio cantão e lançava ferro no ancoradouro da Ilha de Tamão (Jack Braga identificou-a como a Ilha de Lintin) que nessa época era o centro de todo o comércio da China com o exterior.
Faleceu na Ilha de Tamão na sua quarta viagem para estas paragens, tendo desembarcado em Cantão onde ficou pouco tempo, no regresso à Ilha de Tamão faleceu, a 8 de Julho de m 1521, oito anos depois de ali ter aportado, ficando ali sepultado junto do padrão que ele havia levantado e ao lado do filho que aí falecera em 1513.
NOTA: A cerimónia da inauguração da estátua Jorge Álvares foi filmada por uma equipa técnica da empresa cinematográfica «Eurásia Filmes, Limitada» (4) sob a direcção de Eurico Ferreira para um documentário, que não sei se foi exibido mas que se perdeu a cópia.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/foto-princesa/
(2) «MACAU Boletim Informativo», Ano II, n.º 28 de 30-09-1954.
(3) Ver referências anteriores a este navegador, nomeadamente à inauguração da estátua:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jorge-alvares/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estatua-de-jorge-alvares/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/06/22/leitura-caminhos-do-futuro-dos-horizontes-da-nacao-ii/
(4) Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/23/noticias-23-11-1955-caminhos-longos-uma-iniciativa-arrojada-da-eurasia-filmes/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/09/03/filme-caminhos-longos-de-1955-artistas-chineses-de-cinema/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/07/noticia-filme-caminhos-longos/

Postais de Macau publicados no «Jornal Único» de 1898 (1)

NOTA:Os chichés das vistas photographicoas foram tirados pelo photographo amador Carlos Cabral. Todos os trabalhos respeitantes a este «Jornal Único» foram executados em Macau

Praia Grande
Palácio do governo – Edifício das repartições públicas

Extractos do artigo publicado neste mesmo jornal, “Praia Grande” de António Joaquim Basto

Porto Interior

Extractos do artigo publicado neste jornal, “O Porto Interior de Macau” de A. Talone da Costa e Silva
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jornal-unico/
http://purl.pt/32511/3/html/index.html#/1

Mais dois “slides” digitalizado da colecção  “MACAU COLOR SLIDES  – KODAK EASTMAN COLOR)”comprado na década de 60 (século XX), se não me engano , na Foto PRINCESA (1)

O edifício das Repartições Públicas, na Praia Grande, inaugurado no dia 21 de Maio de 1952 (2) e a estátua de Jorge Álvares, do escultor Euclides Vaz, inaugurada a 16 de Setembro de 1954. (3)

O Ministro do Ultramar Sarmento Rodrigues na sua deslocação a Macau em Junho de 1952, acompanhado pelo Governador da província, visitou no dia 20 de Junho de 1952, o Palácio das Repartições Públicas que tinha sido inaugurado no dia 21 de Maio de 1952 e presidiu à inauguração do Tribunal Judicial da Comarca.
Com a progressiva saída das repartições que aí estavam instaladas (Serviços de Fazenda e Contabilidade, Serviços de Administração Cívil e Administração do Concelho), em finais da década de 70 o edifício passou a ter os serviços dos vários tribunais, pelo que normalmente era referido como “O Tribunal” , na década de 80.

O Palácio das Repartições à esquerda (foto tirada provavelmente do edifício D. Leonor), a Avenida Almeida Ribeiro à direita (o Hotel Central, o edifício mais alto).

(1) Ver anteriores slides desta colecção em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/category/artes/
(2) Este edifício denominado Palácio das Repartições Públicas substituiu o antigo Palácio das Repartições que tinha sido construído entre 1872-1874, no mesmo lugar (começou por ser residência de governadores, depois diversos  serviços públicos e mesmo o início do Banco Nacional Ultramarino). Como foi construído de tijolo e madeira, com o tempo, devido à formiga branca e tufões, degradou-se e foi necessário demoli-lo em 1946.O projecto do novo edifício foi de António Lei , de 1949  e conforme regime da altura, estilo monumental com colunas altas em pedra. (4)
Anteriores referências ao Palácio das Repartições
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/06/20/noticia-de-20-de-junho-de-1952-o-palacio-das-reparticoes-publicas-e-o-tribunal-judicial/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/05/21/noticia-de-21-de-maio-de-1951-edificio-das-reparticoes/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/12/10/noticia-de-10-de-dezembro-de-1862-visconde-da-praia-grande/
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jorge-alvares/
(4) Descrição mais pormenorizada, aconselho consulta em:
http://www.hpip.org/def/pt/Homepage/Obra?a=499

O Governador Nobre de Carvalho visitou as obras da Ponte Macau Taipa e outros empreendimentos de fomento em execução no concelho das Ilhas no dia 30 de Outubro de 1972, acompanhado pelos vogais dos Conselhos Legislativo e de Governo e ainda de outras individualidades ligadas às obras em curso. Começou pela obra de construção da Ponte Macau-Taipa nomeadamente nos estaleiros, em frente do edifício das Repartições Públicas onde o Coronel Mesquita Borges, Chefe de Gabinete da fiscalização do empreendimento expôs, em síntese, aos visitantes o programa da visita. Depois de observarem as operações de transporte duma viga de betão armado e a colocação duma outra na barcaça para ser colocada na obra, foi-lhes mostrado os moldes para os embasamentos dos pilares e as armaduras das vigas de 25 metros, bem como as cofragens para pré-fabricação das peças constituintes dos pilares correntes da ponte.
macau-b-i-t-viii-9-10-nov-dez-1972-visita-governador-obras-iSeguidamente, no Gabinete de trabalho dos serviços da Empresa construtora, os engenheiros Aureliano Jorge e Vong Cheok Keong apresentaram aos visitantes os modelos das diversas partes da Ponte, informando-os sobre os processos utilizados para a sua montagem, o que despertou muito interesse nos presentes… (…)
macau-b-i-t-viii-9-10-nov-dez-1972-visita-governador-obras-iiiDaqui deslocaram-se através do viaduto, tendo assistido à colocação duma peça pré-fabricada num dos pilares da ponte por meio duma barcaça. Embarcados para o lado da Taipa, em lanchas da Empresa, observaram, os trabalhos da construção do viaduto deste lado. Depois a visita prossegui com a deslocação à Estrada dos Sete Tanques e local de armazenagem dos inertes.
macau-b-i-t-viii-9-10-nov-dez-1972-visita-governador-obras-iiContinuando os visitantes pela Estrada dos Sete Tanques, apreciaram os trabalhos da construção de acessos para a abertura da estrada marginal na costa oeste da Taipa, tendo-se depois dirigido até ao istmo de ligação Taipa-Coloane, onde observaram as obras que estão a realizadas nas pracetas de ambos os lados da referida ligação e ainda o reservatório de água em Coloane.
Fotos e reportagem no MACAU B.I.T., 1972.

O Ministro do Ultramar Sarmento Rodrigues na sua deslocação a Macau em Junho de 1952, (1) acompanhado pelo Governador da província, visitou neste dia, 20 de Junho de 1952, o Palácio das Repartições Públicas que tinha sido inaugurado no dia 21 de Maio de 1952 e presidiu à inauguração do Tribunal Judicial da Comarca.

A Visita do Ministro do Ultramar 1952 - Palácio das RepartiçõesO Palácio das Repartições Públicas (1952)

No rés-do-chão do edifício estavam instalados os Serviços de Fazenda e Contabilidade; no primeiro andar os Serviços de Justiça e no segundo os Serviços de Administração Civil, Administração  do Concelho e Tribunal Administrativo.
O Ministro a seguir à visita às Repartições acompanhado pelo Governador e outras altas individualidades, dirigiu-se ao primeiro andar afim de inaugurar as novas instalações do Tribunal Judicial da Comarca.

A Visita do Ministro do Ultramar 1952 - Sala de audiênciasUm aspecto da sala de audiências

A entrada do átrio estava vedada com uma fita simbólica com as cores nacionais e, a convite do Meritíssimo Juiz da Comarca (Dr. Alberto Marques Mano)  a Senhora D. Margarida Sarmento Rodrigues cortou a referida fita.

A Visita do Ministro do Ultramar 1952 - Juiz Marques ManoAberta a sessão, o Meritíssimo Juiz de Direito da Comarca Dr. Alberto Rafael Marques Mano no discurso

A sala de audiências encheu-se completamente de inúmeras pessoas tomando os seus lugares os convidados. O mobiliário de pau preto contrastava harmoniosamente com os cortinados, reposteiros e estofos encarnados. Naquele dia, quatro lustres de cristal de muitas luzes e as ventoinhas indispensáveis nos climas tropicais não prejudicavam o aspecto solene do Tribunal) aumentavam o ambiente de solenidade. (2)

A Visita do Ministro do Ultramar 1952 - Discurso do Ministro do UltramarO Ministro do Ultramar no uso da palavra.

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/05/21/noticia-de-21-de-maio-de-1951-edificio-das-reparticoes/
(2) A Visita do Ministro do Ultramar a Macau em Junho de 1952. Editada pela R. C. S. E., 1952.

Continuação da publicação das fotografias deste pequeno álbum (1)

“SOUVENIR DE MACAU” 

Souvenir de Macau 1910 Praia GrandePRAIA GRANDE

“One of the most enchanting scenes in Macao is that of this beautiful bay, quiet and graceful sweep of sea wall and rows of houses rising up the gentle slopes and the ancient forts and modern public buildings dotted here and there, while behind all rise the Mountains of Lappa and to the right those beyond the Barrier. All descriptions are imperfect; some fail from an attempt to liken this beautiful little gem with another world-renowned spot, the Bay of Naples.” (2)

Souvenir de Macau 1910 Palácio das RepartiçõesO PALÁCIO DAS REPARTIÇÕES

“About the centre of the Praya Grande is situated the building now occupied as Government Offices. It is one of the finest and largest buildings on the Praya Grande; and was for many years the residence of the Governors. Sr. Roza transferred his gubernatorial dwelling to the fine Cercal Palace, further along, which is now the Government House of Macao; and the Judicial Department and that of the Junta de Tazenda were moved into the former head-quarters of the Governor. As sufficient space room for the department of the Procurator of Chinese Affairs was found in this same building, it was moved from its old office, a house belonging to the old convent of Santa Clara.” (2)

 Souvenir de Macau 1910 Palácio do GovernoO PALÁCIO DO GOVERNO

“The Governor’s town residence is on the Praya Grande and is a fine building. One of the most striking features about the public buildings in Macao is the clean state in which they are kept, affording often a striking contrast to those in Hongkong: it is a pleasure to the eye to rest on the former. The Chinese even note the difference and animadvert on those in Hongkong. This building was bought from the Baron do Cercal” (2)
(1)  https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/04/29/macau-de-1910-souvenir-de-macau-i/ 
(2) BALL, J. Dyer – Macao: the Holy City,  the Gem of the Orient Earth, 1905.

“Ergue-se no centro da cidade o majestoso edifício dos Paços de Concelho ou Leal Senado, sede do município macaense.
O Senado de Macau foi instituído, em 1583, vinte e seis anos após a data da fundação da Povoação de Macau (1557). Nasceu duma assembleia dos moradores, convocada por iniciativa do bispo D. Melchior Carneiro, a qual escolheu para sua administração a forma senatorial, baseada nas franquias municipais outorgadas pelo rei a algumas cidades de Portugal.
No ano seguinte, foi adoptado o nome de “Senado da Câmara”, sendo este composto de dois juízes ordinários, três vencedores e um procurador da cidade, escolhidos, anualmente, por eleição popular.
Em 10 de Abril de 1585, o vice-rei da Índia, D. Duarte de Meneses, concedeu, em nome de Filipe I, a carta de privilégio com que este rei fez mercê, à Cidade do Nome de Deus do Povo de Macau, na China, e aos seus moradores, dos privilégios da cidade de Évora, carta essa que foi confirmada em 3 de Março de 1595.

Não existe nenhum documento iconográfico respeitante à traça e delineamento arquitectónicos do primitivo edifício, a não ser uma gravura chinesa, na obra «Ou-Mun-Kei-Leok», publicada no século XVIII, que mostra um pavilhão no estilo colonial fantasiosamente concebido pelo artista chinês, seu autor.
MOSAICO I.3, 1950 Leal Senado OU-MUN-KEI-LOK

O risco do actual edifício data de 1783, pois, como se verifica dum documento que se encontra nos arquivos do Senado em 6 de Dezembro desse ano, o juiz-sindicante, Joaquim José Mendes da Cunha, oficiara, remetendo a planta da reconstrução dos Paços do Concelho e da Cadeia, que lhe estava anexa, e comunicando ter ajustado com o senhorio a compra das casas e do terreno necessários para esse fim.

MOSAICO I.3, 1950 Leal Senado 1940Em 1940, fez-se a restauração completa do edifício, sendo respeitada a nobreza e a sobriedade das suas linhas tão características das antigas construções apalaçadas e, em 2 de Junho desse ano, foi reaberta a benzida a capela dedicada a Santa Catarina de Sena, patrona desta cidade, desde 2 de Maio de 1646.

MOSAICO I.3, 1950 Leal Senado dísticoNo átrio, encimando o primeiro lanço de escadaria de granito, lê-se o seguinte dístico:

“CIDADE DO NOME DE DEUS, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL.
EM NOME D´EL REI NOSSO SENHOR DOM JOÃO IV MANDOU O CAPITÃO GERAL D´ESTA PRAÇA JOÃO DE SOUZA
PEREIRA PÔR ESTE LETREIRO EM FÈ DA MUITA LEALDADE QUE CONHECEU NOS CIDADÃOS D´ELLA EM 1654”

A atestar, eternamente, o fervoroso culto ao qual, com nunca desmentida lealdade, se entregaram sempre os moradores desta cidade, pela Pátria distante, tanto nas angustiosas horas das maiores incertezas, como em épocas de despreocupadas e afortunadas bonanças.
Em recompensa dos esforços envidados no extermínio dos piratas, principalmente pela retumbante e decisiva derrota infligida pelo ouvidor Arriaga à esquadra de Cam-Pau-Sai bem como pelos importantes socorros pecuniários prestados em muitas ocasiões ao Estado da Índia, D. João VI concedeu, em 13 de Maio de 1810, ao Senado de Macau, o título de LEAL.
Quando se criou o Museu de Macau, instalando-o no edifício do Senado, foi resolvido colocarem-se no átrio, onde ainda hoje se encontram, todas as pedras com instruções, e de valor histórico, descobertas na cidade. Uma das mais antigas, e que foi encontrada no jardim de San Fá Un, diz, como se vê na gravura, o seguinte:

MOSAICO I.3, 1950 Leal Senado Pedra históricaREINAD FELIPE
4.º NOSSO SÔR E
SENDO CAPT.M DE
STA FORTALEZA
FRCº dE SOUZA
DE CASTRO, SE
FES ESTE BEL
VARTE NAERA
D 1633

Presume-se que esta pedra tivesse sido retirado do antigo fortim de S. Pedro, na Praia Grande, que estava construído mesmo em frente do antigo Palácio das Repartições, depois Tribunal Judicial da Comarca de Macau.

MOSAICO I.3, 1950 Frontaria Igreja MisericórdiaNo alto da parede que fica ao fundo do patamar da escadaria principal e em cima do arco que dá para um pequeno jardim interior, foi colocado um admirável baixo-relevo, em granito, que estava incrustado na frontaria da antiga igreja da Misericórdia, cuja demolição fora decidida em 21 de Setembro de 1883.
Representa esta obra-prima de escultura local a Virgem Mãe da Misericórdia, cujo manto protector e acolhedor dos crentes é assegurado em cada lado por um querubim. À sua direita, o cardial de Alpedrinha e o Papa Alexandre VI r; e, à sua esquerda, a rainha D. Leonor, D. Martinho da Costa e o frade Miguel Contreiras. Um pouco atrás, o rei D. Manuel.
MOSAICO I.3, 1950 Leal Senado Salão

Em 1940, ao mesmo tempo que se fez a restauração do edifício do Senado, tratou-se igualmente de provê-lo com recheio condigno, tendo assim sido encomendado à firma Lane Crawford, de Hong Kong, o rico mobiliário em estilo D. João V que enche o vasto salão nobre, de tão honrosas tradições onde se faziam as aclamações dos reis, tomavam e tomam posse os governadores e se decidiram os assuntos mais graves da acidentada existência desta cidade quadrissecular.

MOSAICO I.3, 1950 Leal Senado BibliotecaNo primeiro andar e na ala direita, está instalada a Biblioteca de Macau, que encerra nas estantes trabalhadas ao gosto das bibliotecas da época de D. Joaõ IV, alguns valiosos exemplares de obras respeitantes aos primeiros tempos da nossa expansão no Oriente.

Fotos e informação retirados de
O Leal Senado da Câmara de Macau. Reportagem fotográfica de José Neves Catela e comentários de Luís Gonzaga Gomes in MOSAICO,1950.

Estátua Jorge ÁlvaresMonumento a Jorge Álvares

 “Ergue-se em frente do palácio das Repartições, na Praia Grande a figura simpática e imponente de Jorge Álvares, o primeiro português que veio à China em 1513 e que faleceu em Taimão, perto de Cantão, em 1521.
Por iniciativa do ministro do Ultramar, almirante Manuel Maria Sarmento Rodrigues, foi-lhe levantado em Macau um monumento.” (1)
Foi mutilado nos acontecimentos de 1-2-3, a 3-12-1966, tendo sido posteriormente reparado.
Referências anteriores a Jorge Álvares e a esta estátua, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jorge-alvares/

Colégio D. BoscoColégio de D. Bosco, onde os salesianos constroem a sua obra de aprendizado e de Fé.

 “Em 1951, o Colégio de D. Bosco passou para o edifício próprio, sito na Estrada Ferreira do Amaral, tendo o respectivo terreno sido concedido gratuitamente pelo Governo `Associação dos Padres Salesianos portugueses, em 29 de Janeiro de 1940, para a erecção dum colégio e Oratório Festivo, para rapazes europeus e macaenses. A primeira pedra da erecção do actual edifício deste Colégio foi benzina e lançada pelo bispo D. José da Costa Nunes, em 1941, antes de deixar esta diocese, por ter sido eleito Patriarca das Índias Orientais. Com o rompimento das hostilidades no Pacífico, em Dezembro desse ano, os trabalhos não puderam continuar, tendo o ferro e o cimento para a obra sido vendidos para compra de arroz.
A 6 de Fevereiro de 1949, o então bispo desta diocese, D. João de Deus Ramalho, benzeu a nova pedra angular do edifício.“(2)

Av. Marginal Porto InteriorAvenida marginal, em Macau

 Esta foto abrange parte da Avenida Marginal do Porto Interior (que ia desde as Oficinas Navais até ao Canídromo) da Barra até à Ponte cais n.º 16. Era o local (em 1958) onde atracava os vapores de menor calado da carreira Macau-Hong Kong (“Fat-Shan”, “Tai-Lóy”, “Tak-Shing”, «Lee Hon» e «Golden City»), os barcos (pequenos) de carga e descarga e os juncos e sampanas.
Foi o Governador Januário de Almeida, Visconde de S. Januário quem ordenou a execução da primeira fase do alargamento do aterro marginal do Porto Interior (a aterragem da Barra até ao Patane tinham sido iniciadas em 1868) e simultaneamente regularização do regime da corrente do rio. (3). As obras de aterragem ficaram concluídas em 1881.
Fotogravuras do livro de:
GONÇALVES, Manuel Henriques – Roteiro do Ultramar. Lisboa, 1958, 131 p.
(1) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume II. Instituto Cultural de Macau, 1997, 560 p.
(2) Macau Boletim Informativo, 1956.
(3) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Jornal de Notícias, 1954, 267 p.

Nesta data ficou concluído o Edifício das Repartições. Foi construído ao longo de três anos, segundo os padrões arquitectónicos do Estado Novo, no local onde existira uma construção de traça clássica, (1) feita de tijolo e madeira e muito gasta devido à formiga branca, mas também a tufões e outras intempéries.

Trabalharam na nova obra o então Director das Obras Públicas, Eng. José Baptista e o Eng. Zhou Zifan (que tirou o curso nos Estados Unido). (2)

A Visita do Ministro - Palácio das Repartições 1951

O Ministro do Ultramar (3) visitou o Palácio das Repartições Públicas no dia 20 de Junho de 1952, aquando da sua visita a Macau. No rés-do-chão estavam instalados os Serviços de Fazenda e Contabilidade e no primeiro andar os Serviços de Justiça e e no segundo andar os Serviços de Administração Civil, Administração do Concelho e Tribunal Administrativo.

Foi nesta data que se inauguraram as novas instalações do Tribunal Judicial da Comarca , situadas no 1.º andar do mesmo edifício.

A Visita do Ministro - Palácio das Repartições Iluminado 1952

(1) Sobre este edifício ver anterior “post” em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/12/10/noticia-de-10-de-dezembro-de-1862-visconde-da-praia-grande/
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7).
3) Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/ministro-do-ultramar/