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Alfredo Pinto Lelo, (1864 (?) – ?) – advogado e tabelião público de notas, advogado privativo da Filial do Banco Nacional Ultramarino, foi Secretário-geral em Macau e Encarregado da Legação.(1) Foi eleito, em 25-09-1918 deputado pelo círculo de Macau (2)

(1) Apesar da sugestão e insistência de Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa, nada foi feito e o Boletim Oficial continuou a ser impresso na Mercantil, até que uma desavença entre o Dr. Alfredo Pinto Lelo (Secretário Geral em Macau e Encarregado da Legação) e Jorge Fernandes levou avante a ideia de Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa.

– Uma das suas últimas providências legislativas do governador Álvaro de Melo Machado até ao dia 14 de Julho de 1912- foi a Portaria de 21 de Fevereiro de 1912, que nomeia uma comissão composta por Alfredo Pinto Lelo, Carlos Melo Leitão, Manuel da Silva Mendes, José Maria de Carvalho e Rêgo e Luís Gonzaga Nolasco da Silva para estudar e dar parecer sobre a possível adaptação do decreto acerca da liberdade de imprensa e, ainda, saber se convirá que “o editor de qualquer periódico possa ser indivíduo de nacionalidade estrangeira”. A República precisava de saber com quem tinha de lidar. (Anuário de Macau 1921, p. 100)

(2) “25-09 -1918 – O Dr. Alfredo Pinto Lelo é eleito deputado pelo círculo de Macau. Viaja para Lisboa. É feita a entrega do cartório de tabelionato ao ajudante, Damião Rodrigues, nomeado por Decreto de 13-07-1918. (A. H. M. – F- A. C. P. n.º 552 –S-P)  (SILVA , Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, p. 112)

João Mariano Gracias (1861-1942 (faleceu na sua casa na Rua Central n.º 1), proprietário e advogado provisionário. Gomes da Costa nas sua Memórias, diz que brincou com ele e que ele era «um verdadeiro diabo». Casou em 1889, com Carolina Ana Pereira Colaço

Filho de Vicente Miguel José Gracias (1819-1887), proprietário e vereador do Leal Senado e de Eufrosina Esmeralda dos Reis  (? – 1900) e pai de Vicente José Gracias (1893-1954),  interprete tradutor da Repartição do Expediente Sínico. FERRAZ, Jorge – Famílias Macaenses, II Volume, p. 135

Anuário de Macau 1921, pp II –III- IV

Convite à População do Governador da Província de Macau, Manuel Firmino de Almeida Maia Gonçalves, de 3 de Abril de 1926,  (1) para a comemoração militar do oitavo aniversário da Batalha do Lys “data fixada para a comemoração do esforço de Portugal na Grande Guerra e para a prestação de homenagem àqueles que, ao serviço da Pátria, perderam as vidas”.
A cerimónia militar realizou-se de tarde pelas 15H00 no Campo Desportivo de Tap Seac com a presença das Unidades da Guarnição em parada (700 homens) e um minuto de silêncio, marcado por dois tiros que foram dados pela Fortaleza do Monte, além das alocações proferidas pelo Governador e o Bispo de Macau, D. José da Costa Nunes. Terminou o acto com uma salva de 21 tiros.
De manhã houve missa cantada na Sé Catedral. Sobre este mesmo acontecimento, ver ainda relato do Padre Teixeira, postado em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/04/09/historia-9-de-abril-de-1926/
Manuel Firmino de Almeida Maia Gonçalves, (2) oficial do estado maior, governador de 18-10-1925 a 22-07-1926, demitido do cargo pela ditadura militar Foi o último Governador da 1.ª república. Devido à revolução militar de 28 de Maio de 1926, com implantação da ditadura de Marechal Gomes da Costa, ficou o governo interino de 1-08-1926 a 8-12-1926 a cargo do Vice-Almirante e engenheiro hidrógrafo  Hugo Carvalho de Lacerda Castelo Branco, (3) até à nomeação do governador Artur Tamagnini de Sousa Barbosa (apoiante entusiasta do golpe), pela 2.ª vez,  em 8-12.1926.
Maia Magalhães era um democrata, esteve contra a “Monarquia do Norte”, tendo-se distinguido na defesa de Chaves contra as tropas de Paiva Couceiro e mais tarde esteve no “Corpo Expedicionário Português” que combateu em França na “Primeira Grande Guerra Mundial”. Participou, em 1931, na fracassada “revolta da Madeira” contra a ditadura, sendo então preso. Morreria no ano seguinte. (4)
(1) Publicado no «BOGPM» n.º 14 de 3 de Abril de 1926.
(2) Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/manuel-maia-magalhaes/
(3) Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hugo-lacerda-castelo-branco/
(4) Sobre essa época, aconselho leitura do artigo de João Guedes, no seu blogue «Tempos do Oriente» em:
https://temposdoriente.wordpress.com/2010/07/

No dia 12 de Maio de 1973, foi assinada a escritura da compra e venda do jardim de Lou Lim Ioc, também conhecido por jardim de Lu Cau, o único jardim de estilo chinês em Macau. Por Iniciativa do governador José Manuel Nobre de Carvalho, foi adquirido pelo governo, com todas as benfeitorias existentes pela quantia de 2, 7 milhões de patacas, (1) ao seu mais recente proprietário, «Sociedade de Fomento Predial Sei Iek Lda.», cujo gerente geral era o Ho Yin. Depois de muitos anos de abandono, a obra de renovação foi grande, englobando ajardinamento, construções, arruamentos, etc. Recuperado foi entregue ao Leal Senado para gestão e abriu ao público no dia 28 de Dezembro de 1974.
(1) Após a assinatura da escritura foi feito o pagamento de $ 1 000 000,00, o restante foi feito no prazo de 18 meses a contar da data da celebração do contrato. Para o pagamento da primeira prestação foi utilizada importância de $ 1 000 000,00, referida no parágrafo segundo da 16.ª cláusula do contrato com a S. T. D. M. e destinada a obras de fomento. Dado que a despesa total excedia a importância fixada na regra 23.ª do artigo 15.º do E. P. A. da província foi necessário obter a autorização ministerial. (Macau B.I.T., 1973)
Foto histórica à entrada do palacete do jardim Lou Lim Ioc de algumas individualidades portuguesas e o proprietário do jardim, com o general Gomes da Costa  (2)
(2) O General  Gomes da Costa chegou a Macau no dia 8 de Outubro de 1922, para inspeccionar os serviços militares de Macau. Ver esta notícia em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/manuel-gomes-da-costa/
Anteriores referências  do jardim em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jardim-lou-lim-ioc/

Publicação ordenada pelo Governo da Colónia para distribuir pelos quartéis “Soldados de Portugal!” que reproduz a alocução proferida pelo General Gomes da Costa na revista passada a todos as forças da Província de Macau, em 9 de Abril de 1923, na comemoração do 5.º aniversário da Batalha de Lys.
A BATALHA DO LYS
Soldados de Portugal!
Desde 30 de Janeiro de 1917, em que saí do Tejo à frente da 1.ª Brigada Portuguesa, nos achávamos, pràticamente, em guerra contra a Alemanha. Pouco mais de uma ano depois – a 9 de Abril de 1918 – tinha lugar o grande ataque alemão às tropas portuguesas, ao sul de Armentiéres, no vasto campo de Messines.
Mais de um ano havia que o inimigo se achava paralisado em frente do sector português, travando connosco repetidos combates; havia mais de um ano que nos mantínhamos no mesmo terreno apesar dos esforços do adversário para dêle nos desalojar… (…)
Como as vagas do Oceano, correndo encapeladas, umas após outras, engrossando sucessivamente, sucessivamente tomando mais corpo e mais violência, assim as vagas da infantaria alemã vão correndo, avançando, rolando impetuosas, com um fragor medonho, alagando todo o terreno, arrastando consigo os restos da guarnição portuguesa, indo espraiar-se por todo o terreno à retaguarda, até ao Lys. Os restos da Divisão Portuguesa que não foram esmagados pelo bombardeamento, conseguiram estabelecer-se à retaguarda daquele rio, e durante dias ali se mantiveram numa luta feroz, esperando os reforços, que a ofensiva de Somme forçara o Alto Comando a desviar para lá.
Mas o inimigo não passou !
Estava cumprida a missão que incumbia às tropas portuguesas naquele campo de batalha.
Sete mil e quinhentos homens, de entre os quais 327 oficiais, foi o preço por que pagamos a glória desta Batalha que se ficou chamado do Lys, por ter sido nas margens dêste rio que nos fixamos; 7:500 homens custou a Portugal esta vitória; 7:500 homens nos custou a última e uma das mais formidáveis ofensivas alemãs; ofensiva desesperada, ofensiva de quem se sente acabar, e luta com todo o desespero… (…) 
COSTA, General Gomes da – Soldados de Portugal!. Macau, Imprensa Oficial, 1923, 14 p., 18,5 cm x 13 cm.

No dia 8 de Outubro de 1922, chegava a Macau, o General Gomes da Costa, (1) acompanhado do seu filho Carlos Nunes Gomes da Costa, como Secretário, e o tenente Salgueiro Rego, seu ajudante de campo, para inspecionar os serviços militares de Macau (2) 
1922 – Conflitos no Oriente – Decretado o estado de sítio em Macau, depois de sangrentos conflitos com cerca de três dezena de mortes (29 de Maio). O Governo pensa nomear Gomes da Costa para governador de Timor, mas o grupo parlamentar dos democráticos opõe-se.
O general escreve, então, uma carta para o jornal A Capital a denunciar o facto e António Maria da Silva trata de mandá-lo dar uma grande volta de inspecção extraordinária às colónias do Oriente (15 de Julho). Parte em Agosto de 1922 e só regressa a Lisboa em Maio de 1924.” (3)

 Gomes da Costa em Xangai 1922Esta foto documenta a passagem do Marechal Gomes da Costa por Xangai (Shanghai) junto aos elementos da “Companhia Portuguesa CORONEL MESQUITA“. Da esquerda para a direita: Tenente F. Leitão; Tenente Coelho; Capitão Dinis; General Gomes da Costa; Tenente Brito; Tenente M. Leitão e Tenente Costa

 A Companhia Portuguesa Coronel Mesquita foi criada a 26 de Fevereiro de 1906, em resultado dos esforços e empenho de Fernando J. de Almeida, Joaquim F. das Chagas, José M Placé dos Remédios e João Frederico Nolasco da Silva. Este último foi o 1.º oficial e Comandante. Organizada a Companhia, começada a instrução, em breves dias conquistavam os seus rapazes os mais vivos aplausos nas paradas e marchas, ao lado das outras, mercê do aprumo e do garbo que a si mesmos se impuseram. Um ano depois, 1907, o Município de Xangai autorizava a Companhia a usar uniforme, vozes de comando, instrução e disciplina, segundo o padrão do Exército Português. Rapidamente vários membros da Companhia foram promovidos a oficiais, sendo-lhes dadas as patentes em sessão solene promovida pelo Município.

 Ano III Companhia Coronel Mesquita 1922O Ministro de Portugal na China, Dr. Armando Navarro que se deslocou de Pequim (Beijing) para esse efeito, condecora a bandeira da Companhia com a comenda de Cristo

 Esta Companhia foi constituída em consequência dos sucessivos ingressos de voluntários portugueses nas diversas companhias de Ingleses e Americanos (4), nomeadamente na formação de uma companhia designada «Companhia D», formada só por portugueses, em 1891, que durou até 1896 (5). Esta Companhia foi licenciada em 1897. Em 1900 novamente se tentou formar outra Companhia estritamente portuguesa para o que o Comando Militar de Macau enviou o tenente Lopes como instrutor e organizador mas por desinteligências entre os promotores, esse oficial e os recrutas não foi avante). Mais tarde, seis anos depois foi então criada a «Companhia Portuguesa Coronel Mesquita». (6)

Ano III Companhia Coronel Mesquita 1922 II Nas paradas militares em Xangai, a Companhia Portuguesa formava sempre em primeiro plano

Marechal Gomes da Costa(1) Manuel de Oliveira Gomes da Costa (1863-1929), militar (campanhas de pacificação das colónias em África e na Índia, I Grande Guerra Mundial, marechal em 1926), e político que liderou a revolução de 28 de Maio de 1926, com tomada do poder a 17 de Junho de 1926. Presidente do Ministério (10.º presidente da República) por pouco tempo. A 9 de Julho do mesmo ano,  o General Óscar Carmona fez a contra revolução.

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4, Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
(3) http://maltez.info/respublica/portugalpolitico/anuario/1922.pdf
(4 ) Na sequência das desordens, em fins de 1853, motivadas pelas hostes rebeldes dos Tai-pings (seita chinesa sanguinária e rebelde, com carácter religioso, que tentou estabelecer uma nova dinastia com carácter imperial e cuja política e comportamento tomava um caracter anti-estrangeiro), os representantes consulares e mercantis, na salvaguarda dos seus interesses dos seus compatriotas que nessa cidade se estabeleceram, Xangai, resolvem criar um Corpo de Voluntários para o policiamento dos seus súbditos pois até aí nenhuma polícia havia. Esses voluntários, juntamente com as forças de desembarque da Grã-Bretanha, França e América do Norte defendiam também as outras comunidades estrangeiras contra qualquer agressão vinda de fora, ocupando um círculo de defesa nos locais de concessões. A comunidade portuguesa era pequeníssima; existiam no entanto, as famosas lorchas portuguesas que comboiavam os juncos estrangeiros que faziam imenso tráfego mercantil no rio Yang-Tsé e seus afluentes.
(5) Teve como seu Comandante, o capitão português Capitolino Senha e como subalterno, o tenente, Pereira de Campos.
(6) MACAU Boletim Informativo, n.º 38, 1955

 … continuação do post  anterior (1)

“Então a tropa deu uma descarga contra os manifestantes. Um bom número d´eles caiu varado de balas, ao passo que os restantes, que subiam a mais de 4.000, se puzeram em fuga, deixando na sangueira, que cobria o solo, sapatos, leques, lanternas, varapaus e bandeiras.
Se não tomam esta resolução, eram todos varridos por uma metralhadora que pouco depois chegava ao local.
  No quartel de voluntários – Civis preparando-se para ir policiar a cidade

A deserção foi tão completa que nem se importaram com os mortos. Recolheram-nos, os nossos soldados, envolvendo-os em esteiras e removendo-os em «camions» para o cemitério.
                       Paisanos de guarda à fábrica de electricidade
 
Vinte e tantos dos fugitivos haviam-se refugiados n´uma casa em ruínas. Foram lá descobertos empilhados sobre os outros. Quando se sentiram descobertos saíram e puzeram-se de joelhos deante das nossas tropas pedindo misericórdia. No esconderijo ficara só em estendido, porque esse estava morto.
O governo chinez não julgou do seu direito o intervir” (2)

NOTA: Foi,  a pretexto destes conflitos em Macau, que o Governo de Lisboa decidiu enviar o General Manuel Gomes da Costa (1863-1929) ao Oriente para inspeccionar as tropas (Índia, Macau e passou por Xangai). Foi após o regresso que Gomes da Costa insatisfeito com a política do Governo, decidiu  aceitar chefiar o golpe militar em 28 de Maio de 1926.
Conflitos no Oriente – Decretado o estado de sítio em Macau, depois de sangrentos conflitos com cerca de três dezena de mortes (29 de Maio). Governo pensa nomear Gomes da Costa para governador de Timor, mas o grupo parlamentar dos democráticos opõe-se. O general escreve, então, uma carta para o jornal A Capital a denunciar o facto e António Maria da Silva (1872-1950, chefe do Governo em 1922) trata de mandá-lo dar uma grande volta de inspecção extraordinária às colónias do Oriente (15 de Julho). Parte em Agosto de 1922 e só regressa a Lisboa em Maio de 1924.” (3)                
8-10-1922 – Chegou o General Gomes da Costa, acompanhado  do seu filho Carlos Nunes Gomes da Costa, como Secretário, e o tenente Salgueiro Rego, seu ajudante de campo, para inspecionar os serviços militares de Macau” (4)
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/10/23/os-tumultos-de-macau-em-1922i/
(2) Artigo não assinado da Ilustração Portuguesa n.º 860, 1922
(3) http://maltez.info/respublica/portugalpolitico/anuario/1922.pdf
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)

Na 1.ª Exposição Colonial Portuguesa que se realizou em 1934 na cidade do Porto, o dia 30 de Agosto, foi dedicado ao “DIA DE MACAU“. O Capitão Rogério Ferreira proferiu uma  conferência, nesse dia,  no Palácio das Colónias intitulada “Os Portugueses na China e a fundação de Macau”. O  Capitão Rogério Ferreira, foi  chefe de Repartição do gabinete do Governo de Macau.
A conferência foi posteriormente reproduzida num pequeno opúsculo que apresento.
Foi publicada pelas «Edições da 1.ª Exposição Colonial Portuguesa – Pôrto – 1934». Tem 20 páginas e foi composto e impresso na Tipografia Leitão, de Anjos & C.ª, Limitada – R da Picaria, 73 – Telefone 5070 – Porto.(23 cm x 16 cm)
 

Do texto, retiro :
“…Quando, muitos anos mais tarde um violento incêndio destruiu o Seminário de S. Paulo, outro colégio semelhante foi estabelecido num lugar diferente da cidade. E tão grande era o prestígio e o respeito, quási supersticioso, que aos chinas inspirava o velho Colégio incendiado – do qual hoje só restam majestosas ruínas – que ao seu sucessor, o Seminário de S. José, ficaram chamando San-Pá-Chai – Filho de S. Paulo.
Foi lá que aprendeu as primeiras letras o heróico Marechal Gomes da Costa, no tempo em que seu pai foi Tenente-Quartel- Mestre em Macau; eu vi, em 1923, o velho cabo de guerra, escarnecido no serviço da Pátria e nos combates, atravessar, comovidíssimo, com os olhos marejados de lágrimas, por entre as alas admirativas dos rapazinhos que ali se educam, os sombrios corredores abobadados ponde, tantas vezes, havia passado, menino, sobraçando os seus livros de Macau… “
O Pavilhão Chinês no Stand de Macau na 1.ª Exposição Colonial Portuguesa no Porto apresentava paisagens e curiosos aspectos da vida em Macau; reconstituição da música, actos religiosos e tradicionais, um salão de chá, mostra de indústrias, artes, literatura. Já tinha havido feiras de amostras, no Ultramar (Macau, Angola e Moçambique), no Porto (1921 e 1923), no Estoril (1929) e uma Primeira Feira Industrial em Lisboa (1932) (1)
Para ocorrer às despesa com a sua representação na 1.ª Exposição Colonial, os governos coloniais foram autorizados a abrir no ano económico de 1933-1934 créditos que em relação a Macau foram 7.000 patacas, bem como foi permitida a importação temporária de mercadorias estrangeiras ou coloniais que se destinavam à Exposição (2)
 
“A 1.ª Exposição Colonial Portuguesa deu-se no Palácio de Cristal e nos seus jardins, no Porto, entre os dias 16 Junho a 30 de Setembro de 1934. Esta exposição teve em preparação desde 1931 pois o Estado Novo tinha como objectivo organizar um evento de dimensões nacionais. No meio de muitas dúvidas sobre o melhor lugar para decorrer esta exposição, chegou-se à conclusão que a melhor zona seria a do Palácio de Cristal, no Porto.
A exposição dividia-se em duas grandes secções: A secção oficial e a outra dedicada as iniciativas privadas. A secção oficial dispunha de quinze sub-secções: A secção da História, de forma a referir a história colonial desde 1415; outra destinava-se a apresentar os empreendimentos coloniais portugueses dos últimos quarenta anos; representação etnográfica; a demonstração do exército; os monumentos; o parque zoológico; outra mostrava o teatro e cinema oficiais; outra a livraria colonial; uma secção destinada a provas de produtos coloniais; um salão de conferências e congressos; uma outra de assistência médica e sanitária aos nativos. …(…) …O edifício principal do Palácio de Cristal estava transformado no Palácio das Colónias. Na zona central, encontrava-se a exposição oficial, que incluía referências aos portos marítimos, caminhos-de-ferro, missões religiosas, aspectos relacionados as colónias, entre outros, e que pretendia dar uma maior visão sobre todos os benefícios que a colonização tinha levado aos territórios de além-mar. Na ala direita, estavam expostos os participantes privados vindos das colónias e, na ala esquerda, foram colocados os participantes privados vindos da metrópole. …(…) … O final da exposição marcou-se com o Cortejo Colonial que percorreu algumas ruas da cidade… (3)

(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1997, 454 p, ISBN – 972-8091-11-7
(2) BO de 28 de Agosto de 1933.
http://www.dre.pt/pdf1s%5C1933%5C08%5C19400%5C15811581.pdf
(3) Partes do trecho (recomendo a sua leitura integral) retirado do blog: Cromos da História: 1.ª Exposição Colonial Portuguesa em
http://1exposcaocolonial-porto1934.blogspot.pt/2009/03/1-exposicao-colonial-portuguesa-porto.html
NOTA: Mais informações sobre a 1 .ª Exposição Colonial (e o impacto que teve no Porto), sugiro além do referenciado em (3) os seguintes:
http://doportoenaoso.blogspot.pt/2010/10/os-planos-para-o-porto-dos-almadas-aos.html
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2011/05/guine-6374-p8253-notas-de-leitura-237.html
http://macauantigo.blogspot.pt/2009/05/1-exposicao-colonial-portuguesa-1934.html