No dia 8 de Outubro de 1922, chegava a Macau, o General Gomes da Costa, (1) acompanhado do seu filho Carlos Nunes Gomes da Costa, como Secretário, e o tenente Salgueiro Rego, seu ajudante de campo, para inspecionar os serviços militares de Macau (2)
“1922 – Conflitos no Oriente – Decretado o estado de sítio em Macau, depois de sangrentos conflitos com cerca de três dezena de mortes (29 de Maio). O Governo pensa nomear Gomes da Costa para governador de Timor, mas o grupo parlamentar dos democráticos opõe-se.
O general escreve, então, uma carta para o jornal A Capital a denunciar o facto e António Maria da Silva trata de mandá-lo dar uma grande volta de inspecção extraordinária às colónias do Oriente (15 de Julho). Parte em Agosto de 1922 e só regressa a Lisboa em Maio de 1924.” (3)
Esta foto documenta a passagem do Marechal Gomes da Costa por Xangai (Shanghai) junto aos elementos da “Companhia Portuguesa CORONEL MESQUITA“. Da esquerda para a direita: Tenente F. Leitão; Tenente Coelho; Capitão Dinis; General Gomes da Costa; Tenente Brito; Tenente M. Leitão e Tenente Costa
A Companhia Portuguesa Coronel Mesquita foi criada a 26 de Fevereiro de 1906, em resultado dos esforços e empenho de Fernando J. de Almeida, Joaquim F. das Chagas, José M Placé dos Remédios e João Frederico Nolasco da Silva. Este último foi o 1.º oficial e Comandante. Organizada a Companhia, começada a instrução, em breves dias conquistavam os seus rapazes os mais vivos aplausos nas paradas e marchas, ao lado das outras, mercê do aprumo e do garbo que a si mesmos se impuseram. Um ano depois, 1907, o Município de Xangai autorizava a Companhia a usar uniforme, vozes de comando, instrução e disciplina, segundo o padrão do Exército Português. Rapidamente vários membros da Companhia foram promovidos a oficiais, sendo-lhes dadas as patentes em sessão solene promovida pelo Município.
O Ministro de Portugal na China, Dr. Armando Navarro que se deslocou de Pequim (Beijing) para esse efeito, condecora a bandeira da Companhia com a comenda de Cristo
Esta Companhia foi constituída em consequência dos sucessivos ingressos de voluntários portugueses nas diversas companhias de Ingleses e Americanos (4), nomeadamente na formação de uma companhia designada «Companhia D», formada só por portugueses, em 1891, que durou até 1896 (5). Esta Companhia foi licenciada em 1897. Em 1900 novamente se tentou formar outra Companhia estritamente portuguesa para o que o Comando Militar de Macau enviou o tenente Lopes como instrutor e organizador mas por desinteligências entre os promotores, esse oficial e os recrutas não foi avante). Mais tarde, seis anos depois foi então criada a «Companhia Portuguesa Coronel Mesquita». (6)
Nas paradas militares em Xangai, a Companhia Portuguesa formava sempre em primeiro plano
(1) Manuel de Oliveira Gomes da Costa (1863-1929), militar (campanhas de pacificação das colónias em África e na Índia, I Grande Guerra Mundial, marechal em 1926), e político que liderou a revolução de 28 de Maio de 1926, com tomada do poder a 17 de Junho de 1926. Presidente do Ministério (10.º presidente da República) por pouco tempo. A 9 de Julho do mesmo ano, o General Óscar Carmona fez a contra revolução.
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4, Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
(3) http://maltez.info/respublica/portugalpolitico/anuario/1922.pdf
(4 ) Na sequência das desordens, em fins de 1853, motivadas pelas hostes rebeldes dos Tai-pings (seita chinesa sanguinária e rebelde, com carácter religioso, que tentou estabelecer uma nova dinastia com carácter imperial e cuja política e comportamento tomava um caracter anti-estrangeiro), os representantes consulares e mercantis, na salvaguarda dos seus interesses dos seus compatriotas que nessa cidade se estabeleceram, Xangai, resolvem criar um Corpo de Voluntários para o policiamento dos seus súbditos pois até aí nenhuma polícia havia. Esses voluntários, juntamente com as forças de desembarque da Grã-Bretanha, França e América do Norte defendiam também as outras comunidades estrangeiras contra qualquer agressão vinda de fora, ocupando um círculo de defesa nos locais de concessões. A comunidade portuguesa era pequeníssima; existiam no entanto, as famosas lorchas portuguesas que comboiavam os juncos estrangeiros que faziam imenso tráfego mercantil no rio Yang-Tsé e seus afluentes.
(5) Teve como seu Comandante, o capitão português Capitolino Senha e como subalterno, o tenente, Pereira de Campos.
(6) MACAU Boletim Informativo, n.º 38, 1955