Archives for posts with tag: Imperador Yongzheng – 雍正帝 (1678-1735)

No dia 28 de Novembro de 1735, em Macau, grandes demonstrações de pesar ordenadas pelo Vice-Rei de Cantão, pela morte do Imperador Iông-Tcheng, ou Yung Cheng (雍正 Yongzheng) (1) com tiros de ampulheta, por espaço de 24 horas, salva no fim, pela Fortaleza do Monte e luto pelos homens bons da governança (2)

PEREIRA, A. Marques – Ephemerides Commemorativas da Historia de Macau e …  1868, pp. 118-11

 (1) Yongzheng 雍正 (13-12-1678/8-10-1735) (nome de nascimento: Yinzhen 胤禛) foi o quarto imperador da Dinastia Manchu, e terceiro imperador Qing, tendo reinado de 1722 a 1735. Embora com um reinado de menor duração (13 anos) comparado ao do seu pai (imperador Kangxi) e do seu filho (imperador  Qianlong) governou a China num período de paz e prosperidade, embora se conste que era muito cruel nas punições e castigos aos seus inimigos.

(2) GOMES, Luís G.  – Efemérides da História de Macau, 1954.

NOTA – Governava Macau, Cosme Damião Pereira Pinto que chegou da Índia a 4 de Agosto e tomou posse a 24 de Agosto e governará Macau no seu 1.º mandato de 24-08-1735 a 27-08-1738; o 2.º mandato seria de 25-08- 1743 a 29-08-1747. O 4.º bispo de Macau, D. João do Casal que lhe entregou o Governo, faleceria a 20 de Setembro de 1735, com 94 anos de idade e 43 anos e três meses de governo do bispado. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015 p. 253) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/cosme-d-pinto-pereira/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-joao-do-casal/

O Embaixador Alexandre Metelo de Sousa e Meneses que chegou a Macau, na nau Nossa Senhora da Oliveira, no dia 10 de Junho de 1726, vindo do Rio de Janeiro, (1) desembarcou a 12 de Junho para ir hospedar-se na casa de Francisco Leite (2)
O embaixador de El-Rei D. João V à corte de Pequim, D. Alexandre Metelo de Sousa Meneses, partiu no dia 18 de Novembro de 1726, para Pequim pelo caminho interior, via Cantão); foi acompanhado de todos os moradores desta cidade até à Casa Branca, fazendo-se por seu respeito as maiores finezas, não se poupando a gastos ou despesa alguma. «Levou comitiva de 64 pessoas» (3) (4). Saiu de Cantão (Guangzhou) a 9 de Dezembro de 1726, com chegada à cidade de Kan-tcheu-fu a 9 de Janeiro de 1727 “onde entrou com uma comitiva de 761 pessoas” (5)
No dia 18 de Maio de 1727, a comitiva entrou oficialmente em Pequim, Aguardava-a uma receção preparada pelo imperador Yongzheng, formada por uma guarda de honra de 200 soldados.
Apesar da pompa, ostentação e magnificência da embaixada apenas a parte diplomática da missão foi bem-sucedida, mas a verdadeira missão do embaixador que era a de tentar influenciar Yongzheng no sentido de reabrir a China à missionação católica, nem foi falada.(6)
A embaixada regressou a Macau a 8 de Dezembro de 1727 e partiu para o reino no dia 17 de Janeiro de 1728 (7)
Chegou a Lisboa em 21 de Novembro de 1728 ao fim de três anos e sete meses de missão diplomática. (8)
(1) “10-06-1726Chegou a Macau, por via do Rio de Janeiro, desembarcando a 12 de Junho da nau Nossa Senhora de Oliveira, o Embaixador de El-Rei D. João V à corte de Pequim, D. Alexandre Metelo de Sousa Meneses. A seu respeito se fizeram as maiores demonstrações que foi possível e que outro algum jamais recebera nesta Cidade, além de muitas salvas em todas as fortalezas e navios, tendo a guarda à sua porta três Companhias de soldados com os seus oficiais. O diplomata trouxe como conselheiro o P.e António de Magalhães, S. J., como secretário o P.e Francisco Xavier da Rua, proto notário apostólico e advogado do número da casa da Suplicação, e por familiar o leigo secular António José Henriques. O pessoal era numeroso: além da comitiva trazia 50 soldados para a sua guarda; o comandante da nau era o capitão de mar-e-guerra Duarte Pereira. O embaixador trazia 30 caixotes de presentes em retribuição do rico presente que K´ang-hsi (Imperador Kangxi) remetera a D. João V.” (9)
(2) A casa de Francisco Leite veio a ser Palácio do Governo e depois Palácio das Repartições.(9)
(3) “10-08-1726 – O Senado ofereceu quatro mil taéis, que era quanto havia no cofre de São Paulo para as despesas da embaixada de Alexandre de Metelo de Sousa e Meneses.” (10)
14-09-1726O Senado, a muito custo, conseguiu arranjar entre os moradores mais de dez mil taéis, para o embaixador Alexandre Metelo de Sousa e Meneses, importando o donativo total da cidade em 18 500 taéis; a Companhia de Jesus da Vice-Província da China, com 500 taéis; e o Senado com mais 3 000 taéis, além dos 4 000 que entregou, em 10 de Agosto“..(10)
(4) “18-11-1726Neste dia partiu o Embaixador Metelo para Pequim; foi acompanhado de todos os moradores desta cidade até à Casa Branca, fazendo-se por seu respeito as maiores finezas, não se poupando a gastos ou despesa alguma. «Levou comitiva de 64 pessoas»“. (9)
(5) “09-01-1727O embaixador Alexandre Metello de Sousa e Menezes, enviado por el-rei D. João V ao imperador Yunchiu, (imperador Yongzheng) tendo saído de Cantão em 9 de Dezembro com destino a Pekim (Beijng) pelo caminho interior, chega neste dia à cidade de Kan-tcheu-fu, onde entrou com uma comitiva de 761 pessoas. Ahi se encontrou com dois conductores que o imperador mandara a recebê-lo e eram o padre António se Magalhães e a um alto funcionário tartaro do appellido Cham” (Ephemerides da semana in B.G.M., XIII-2, 1867.
(6) “18-05-1727- Chegou a Pequim, sendo recebido na corte a 28, o embaixador Metelo de Sousa, que levava uma carta de D. João V para o Imperador, e sua comitiva. O Padre António Magalhães partira para Pequim antes do Embaixador, chegando lá a 19 de Novembro (mas veio ao encontro do nosso embaixador a mando do Imperador, como sinal de deferência); e bem necessária era a sua presença ali, pois que Yung Cheng ardia em desejos de saber se o Embaixador ia tratar de assuntos missionários. Foi logo  ao Palácio, onde o 13.º Príncipe, irmão de Yongzheng, o interrogou sobre o fim da embaixada. O Padre Magalhães respondeu apenas que o Embaixador vinha cumprimentar o Imperador, dar-lhe os pêsames pela morte de seu pai e felicitá-lo a ele pela subida ao trono e rogar-lhe que tomasse sob a sua protecção os habitantes de Macau e os outros súbditos residentes na China. Ele não ficou satisfeito e preguntou se não estaria encarregado de outra comissão importante ou não teria que tratar de algum assunto difícil ou desagradável. Encurtando razões, mais uma vez foi nulo o resultado da Embaixada. O Imperador continuou a perseguição religiosa, tornando-se Macau o refúgio de todos os missionários; para qui vieram nada menos que 40, incluindo alguns bispos. Teve ainda mais um efeito negativo: o de agravar e quase esgotar o erário público de Macau pelas grandes despesas feitas com a Embaixada.” (9)
(7) Luís Gonzaga Gomes na sua “Efemérides da História de Macau” índica a data de 24 de Novembro de 1727 para o regresso da embaixada. (10)
08-12-1727O embaixador português D. Alexandre Metelo de Sousa e Meneses regressou a Macau, vindo de Pequim, de onde saíra a 18 de Julho, sendo recebido com grandes festejos”. (9)
17-01-1728O Dr. Alexandre Metelo de Sousa e Meneses embarcou na Praia Pequena, acompanhado pelo Governador e grande número de cidadãos e moradores Com ele ainda as três companhias, guarda e pessoal do séquito da luzida embaixada que D. João V enviou à China; utilizou a mesma vistosa ponte que fora armada quando veio de Cantão, para seguir para nau Madre de Deus, que o deveria conduzir ao reino. O Senado de Macau despendeu trinta mil taeis com esta embaixada. Ao chegar a Lisboa a 21-11-1728, foi nomeado conselheiro do Conselho Ultramarino.”. (9)

Ephemerides da semana in B. G. M. XIII-3 de 21-01-1867.

(8) “21-11- 1728Chegou de regresso a Lisboa, o doutor Alexandre Metelo de Sousa e Menezes que durante três anos sete meses e alguns dias desempenhou o cargo de embaixador no Império da China sendo depois agraciado com a nomeação de Conselheiro do Conselho Ultramarino.“(10)
(9) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol.2, 1997)
(10) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)
NOTA 1 – Sobre este assunto a RTP2 apresentou em 2017, o programa “Ensina, Rádio e Televisão de Portugal: “Os Dias da História – chegada da embaixada de D. João V a Pequim”, por Paulo Sousa Pinto, que está disponível em:
http://ensina.rtp.pt/artigo/embaixada-de-d-joao-v-chega-a-pequim/
NOTA 2 – Aconselho leitura do trabalho de Huang Qichen “A Embaixada de Alexandre Metello de Souza à China no Contexto das Relações LusoChinesas “ publicado em “Administração, n.° 40, vol. XI, 1998-2.°, 285-297”, disponível em:
file:///C:/Users/ASUS/Documents/PARA%20ELIMINAR%20-%20DOWNLOADS/A%20embaixada%20de%20Alexandre%20Metello%20de%20Souza%20e%20Menezes%20%C3%A0%20China%20no%20contexto%20das%20rela%C3%A7%C3%B5es%20Luso-Chinesas.pdf
NOTA 3: Outro trabalho, de João de Deus Ramos, publicado na “Política Internacional, n.º 2, Vol 1, Junho 1990” , “A embaixada de Alexandre Metelo de Sousa e Meneses: Negociações coma China do século XVIII”, disponível em :
http://www.ipris.org/files/2/10_A_embaixada_de_Alexandre.pdf
NOTA 4: Papeis de Alexandre Metello de Sousa e Menezes, Embaixador de D. João V ao Imperador da China] [1726-1727]. em:
http://purl.pt/32967

Luís Gonzaga Gomes (1) apresenta a sua tradução dos 18 exemplos da Piedade Filial do “Clássico da Piedade Filial” (2) e dos “24 Exemplos da Piedade Filial” (3)
A cada exemplo o autor acrescentou a tradução de uma quadra pentâmetra de desconhecido autor e tal como aparece em certas edições chinesas.
PREFÁCIO
“Na China antiga, poucas eram as obras que podiam rivalizar em popularidade com o “Clássico da Piedade Filial” e, não gozava de menos estima dos leitores nativos, uma outra obra referente ao mesmo assunto, intitulada os “Vinte e Quatro Exemplos da Piedade Filial”.
Assim como se não é possível encontrar nas outras línguas têrmo que exprima o exacto significado da nossa palavra saudade também se não é possível abranger, em língua europeia, numa só palavra, a idea de todos os sentimentos e obrigações inerentes ao vocábulo háu (4) que os mais autorizados sinólogos convieram em traduzir por piedade filial.
Esta piedade não exprime nem dó, nem pena, nem tão pouco o amor às cousas religiosas, mas a devoção do filho para com os seus progenitores no sentido de veneração, à qual estão ligados os sentimentos de profundo respeito, de íntima dedicação, de acendrado afecto, de cega obediência, de completa submissão e de um amor capaz de o levar a sacrifícios dos mais estoicos como o de se oferecer para ser executado no lugar dum pai condenado à pena capital, ou o de talhar pedaços da carne do seu próprio corpo para, depois de cozinhados, serem ingeridos por um pai ou uma mai que se encontre doente e em perigo de vida.”

Exemplar que acusa algum uso, com rasgões (com fita-cola) e perda de papel  na capa

(1) GOMES, L. G. – A Piedade Filial. Macau 1944,39 p., 25,8 cm x 18,5 cm.
Sobre Luís G. Gomes há muita informação disponível na net. No meu blogue ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/luis-gonzaga-gomes/
(2) “Atribuído a Tchâng Tch´ám曾参 (505-437 A. C.) (5) um dos mais célebres discípulos de Confúcio. Julga-se também ter sido ele quem redigiu o Tái – Hók 大學 (O Grande Estudo), o segundo da mais importante obra da literatura chinesa conhecida por Si-Su 四書 (Os Quatro Livros). O texto do “Clássico da Piedade Filial” conseguiu chegar até aos nossos dias, graças ao imperador Mêng Uóng 明 皇 (685-762 A. D.) (6) que curou de o mandar gravar em lápides de pedra, na sua capital, em Tch´eong-On, 長 安 situada na actual província de Sán-Sâi 山西 (Shansi), (7) conjuntamente com um comentário da sua autoria, bem como mais onze escritos atribuídos a Confúcio. É desse valioso comentário que os parafrastes posteriores se têm socorrido para elaborarem os seus estudos sobre as passagens mais obscuras.
O preclaro imperador Hóng Hêi (1662-1723 A. D.) (8), dinastia Tch´êng, considerava tão importante a doutrina expendida no “Clássico da Piedade Filial” que fêz publicar um comentário seu à obra. (Prefácio do livro) (1)
(3) “Vinte e Quatro Exemplos da Piedade Filial”  é obra anónima, talvez escrita  durante a dinastia Mêng 明 (1368-1644 A. D.). (9) “Não é destituída de interesse, pois prende pela sua concisa exposição derivada da própria índole do terso estilo arcaico em que se encontra escrito e pela ingenuidade dos exemplos escolhidos. Esta obra é constituída por uma colecção de modelares actos de piedade filial praticados +pelas grandes celebridades que viveram nas remotas dinastias de Tch´âu, Tchân, Hón, T´õng e Sông.“ (Prefácio do livro) (1)
(4)  mandarim pīnyīn: xiào; cantonense jyutping: haau3
Zeng Shen , também conhecido como Zengzi, Mestre Zeng Tsang, Tsengtzu,, Tseng Tsu,

(5) Nascido Zeng Shen – 曾参 depois conhecido como Zengzi (Tsang) 曾子 (505-437 ou 436 A. C). Filósofo e um dos discípulos de Confúcio

 

 

Tang Xuanzong  – 唐玄宗 – Imperador da dinastia Tang

(6) Imperador Xuanzong de Tang (685- 762), também conhecido como Imperador Ming    明 皇. Reinado: Setembro de 713 – 756.
明 皇 – mandarim pīnyīn: míng huáng; cantonense jyutping: ming4 wong4
(7) Shanxi  – 山西; Hoje com a romanização em piyin Shānxī 陝西, 陕西
長 安 – mandarim pīnyīn: cháng ān; cantonense jyutping: coeng4 on1
Changan foi a capital de mais de dez dinastias na China, tendo sido uma das cidades mais populosas do mundo. Na dinastia Ming, o nome da cidade foi mudado para Xian, nome actual da cidad., capital da Província de Shaanxi/ Shānxī 陝西 – mandarim pīnyīn: shǎn xī; cantonense jyutping: sim2 sai1
(8) 康熙皇帝 Imperador Kangxi (1654 – 1722). Reinado: 1661 a 1722, 4.º imperador da dinastia Qing.
康熙皇帝 – mandarim pīnyīn: kāng xī huáng dì; cantonense jyutping: hong1 hei1 wong4 dai3
(9) 明朝, – Dinastia Mingmandarim pīnyīn: míng cháo; cantonense jyutping: ming4 ciu4
Sobre Luís Gonzaga Gomes e este seu trabalho, retiro do prefácio do trabalho académico de Maria Antónia Espadinha, o seguinte:
“Este é um dos mais importantes princípios de acordo com os quais os chineses orientam as suas vidas. Luís Gonzaga Gomes menciona pormenorizadamente a fundamentação destes preceitos no Lai Kei, código da pragmática chinesa, do qual cita: ‘há três mil faltas sobre as quais se podem aplicar as cinco penas capitais, porém, nenhuma excede em gravidade a da ausência do amor filial”. A prática destes deveres é também recomendada expressamente por Confúcio, e a leitura do Clássico da Piedade Filial9 é recorrente na formação dos jovens chineses. O culto dos antepassados, que os chineses prezam e observam, é também uma prática ligada à Piedade Filial. Luís Gonzaga Gomes cita, a propósito Mêncio, que dizia: ”se todos os homens estimassem os seus progenitores e respeitassem os seus superiores, o mundo viveria em sossego” e cita, do Lai Kei: “o nosso corpo foi-nos legado pelos nossos pais, atrever-se-á, portanto, alguém a ser irreverente no emprego de uma dádiva tão preciosa?”. Neste capítulo, Luís Gonzaga Gomes apresenta uma profunda reflexão sobre os vários aspectos da Piedade Filial.”
ESPADINHA, Maria Antónia – Tradições, mitos e costumes chineses na literatura de Macau em Língua portuguesa in DE Portugal a Macau – Filosofia e Literatura no Diálogo das Culturas. Universidade do Porto, 2017. ISBN: 978‐989‐99966‐9‐4
https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/15990.pdf
NOTA. Sugiro visualização duma anterior postagem sobre este tema:
Amplificação do Santo Decreto do Imperador Yongzhzeng, edição fac-similada da versão portuguesa e organização de Pedro Nolasco da Silva. Prefácio de António Aresta, Fundação Macau, 1995, 145 p., 26,5 cm x 18,5 cm x 1 cm, ISBN: 972-8147-47-3
Imperador Yongzheng  雍正帝 (1678-1735) Reinado: 1723 a 1735 –  mandarim pinyin: yōngzhèngdì; cantonense jyutping: jung1 zeng3 dai3.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/02/19/leitura-amplifica-cao-do-santo-decreto/

 O Imperador Kangxi (1) mandou como seu embaixador a D. João V, o Padre António de Magalhães, S. J., (2) com um rico presente e outro para o Papa Clemente XI. (3). A embaixada saiu da China a 3 de Março de 1721. Essa embaixada trazia presentes para o rei contidas em 60 caixas cuja avaliação foi de 300.000 cruzados. Só as 7 pérolas foram estimadas cada uma em 14.000 cruzados e entre outras coisas contavam-se flores artificiais feitas pelo próprio Imperador. A recepção à embaixada teve lugar no dia 22 de Dezembro.
(1) Imperador Kangxi – 康熙, (mandarim pinyin: Kāngxī, cantonense jyutping: Hong1 Hei1) (1654 — 1722; reinou de 1661 a 1722)) foi o terceiro imperador da dinastia Qing, a última dinastia imperial chinesa, de origem manchu e o segundo que reinou sobre a China toda.
Em 1692 decretou o Édito da Tolerância como prova de abertura e benevolência mas o as lutas intestinais entre ordens religiosas católicas apressaram o endurecimento da dinastia Qing já que “ a questão dos ritos” punha em causa o culto dos antepassados e a veneração a Confúcio.
(2) António de Magalhães – 張安多 (1677 – 1735),  missionário em Macau desde 1696 e em Pequim a partir de 1716. O Padre Magalhães foi depois embaixador de Portugal à China (1725); reentrou em Pequim a 19-11-1726 para preparar a embaixada de Alexandre Metelo de Sousa e Meneses e foi recebido em audiência no dia 24 desse mês pelo Imperador Yongzheng – 雍親 (mandarim pinyin: yōng qīn, cantonense jyutping: jung1 can1); (1678-1735: reinou de 1722-1735), filho do imperador Kangxi) que era menos flexível que o pai e logo revogou o Édito da Tolerância. António de Magalhães morreu em Pequim a 24 de Março de 1735. (4)
(3) “Visando aclarar a situação real, em 1701 Clemente XI tomou a decisão de enviar a Pequim uma delegação em representação da Santa Sé, que chegou a Pequim em Dezembro de 1705. Ali, os enviados do Papa chegaram a entrevistar-se com o próprio Imperador Kangxi, e discutiram com os jesuítas sobre as práticas litúrgicas seguidas pelos católicos chineses. A visão que se impôs finalmente em Roma foi contrária às teses defendidas pelos jesuítas. Clemente XI em 1712 publicou um documento no que proibia aos cristãos chineses, sob pena de excomunhão, a participação em rituais de culto aos antepassados e em muitas das formas rituais confucianas, bem como o uso do nome Shàngdì para se referir a Deus.
Kangxi mostrou-se escandalizado ao conhecer o documento, cuja linguagem considerou arrogante e irrespeitosa para a sua autoridade como imperador.Em 1721, Kangxi publicava o seu famoso decreto pelo qual se proibiam as missões cristãs na China.”
https://pt.wikipedia.org/wiki/Kangxi
(4) “1721/1726. – O Imperador K´ang-hsi mandou como seu embaixador a D. João V o Padre António de Magalhães, S. J., com um rico presente e outro para o Papa. O Padre Magalhães foi depois embaixador de Portugal à China (1725); reentrou em Pequim a 19-11-1726 para preparar a embaixada de Alexandre Metelo de Sousa e Meneses e foi recebido em audiência do Imperador Yung Cheng a 24 desse mês. Morreu em Pequim a  24 de Março de 1735”
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 2, 1997
NOTA: sobre a embaixada de Alexandre Metelo d Sousa e Meneses, aconselho a  leitura de “ A embaixada de Alexandre Metelo d Sousa e Meneses: Negociações com a China do século XVII” de João de Deus Ramos , disponível em:
http://www.ipris.org/files/2/10_A_embaixada_de_Alexandre.pdf

Edição Fac-similada da “Amplificação do Santo Decreto” (1) do Imperador Yongzheng, (2) versão portuguesa e compilação de  Pedro Nolasco da Silva ( Chefe da Repartição Técnica do Expediente Sínico de 1885 a 1892) inserido no 2.º volume do seu livro (edição de Autor, 1903, Tipografia Mercantil, Macau) “Manual da Língua Sinica Escripta e Fallada. Primeira Parte – Língua Sínica Escripta”
Do “PREFÁCIO” assinado por António Aresta, transcrevo:
Sob a capa de um manual escolar de língua sínica escrita, anódino e igual a tantos outros, podem encontrar-se inesperadas surpresas.
É o que sucede com a “Amplificação do Santo Decreto”, onde a para de um didactismo exemplar se empreende a pedagogia de uma ideologia, a pedagogia do neo-confucionismo, cujo remoçado fascínio permanece até à actualidade.
A “Amplificação do Santo Decreto” é um verdadeiro manual de instrução cívica, ética e política, obedecendo aos parâmetros da mais pura ortodoxia confuciana, destinado ao povo chinês (…)
O “ Santo Decreto”, santo com o significado de sábio, foi originalmente redigido prelo imperador Shunzhi, (3) o fundador da dinastia Qing, tendo sido sucessivamente amplificado ou desenvolvido por seu filho Kangxi (4) e por seu neto Yongzheng . Assim, o mesmo corpo doutrinal, o “Santo Decreto”, manteve-se em vigor durante dois séculos. (…)”
Da “INTRODUCÇÃO” de Pedro Nolasco da Silva, retiro o seguinte:
Em 1671, KANG-HSI, segundo imperador da actual dynastia tartara-manchú, publicou um decreto contendo 16 máximas, sendo cada uma escripta com 7 carateres chinezes; e em 1724, YUNG-CHÂNG, filho e sucessor de KANG-HSI, publicou um comentario d´essas 16 máximas, sob o título de Amplificação do Santo Decreto (Xâng-Iu Kuang-hsun).
É este o livro que escolhemos para exercício de traducção, não só porque está escripto em estylo moderno, elegante e claro, mas também porque n´elle se contém um esboço interessante e instructivo dos princípios da moral chineza. (…) “
(1) Amplificação do Santo Decreto do Imperador Yongzh:eng, edição fac-similada da versão portuguesa e organização de Pedro Nolasco da Silva. Prefácio de António Aresta, Fundação Macau, 1995, 145 p., 26,5 cm x 18,5 cm x 1 cm, ISBN: 972-8147-47-3
(2) Imperador Yongzheng (1678-1735) Imperador de 1723 a 1735 – 雍正帝mandarim pinyin: yōngzhèngdì; cantonense jyutping: jung1 zeng3 dai3.

(3) Imperador Shunzhi (1638-1661) Imperador de 1644 a 1661. 治帝mandarim pinyin: shùn chí dì; cantonense jyutping: seon6 ci4 dai3.

4) Imperador Kangxi, (1654-1722) – Imperador de 1661 a 1722. 熙帝帝– mandarim pinyin: Kāngxīdì; cantonense jyutping: hong1 hei1 dai3.

Ver anteriores postagens com as “Máximas do Imperador Kangxi” extraídas deste livro em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/imperador-kangxi/
NOTA: sobre Pedro Nolasco da Silva ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/pedro-nolasco-da-silva/

“O que se aprende em pequeno enraíza-se como um dom da natureza. O que se adquire por exercício e por hábito torna-se fácil como uma qualidade natural”

Comentário do Imperador Yongzheng (雍正帝 – pinyin: yōngzhèngdì; cantonense Jyutping jung1 zeng3 dai3; 1678-1735) (1) à 11.ª MÁXIMA do Imperador Kangxi, seu pai (康熙帝 – pinyin: Kāngxīdì; cantonense Jyutping: hong1 hei1 dai3 ; 1654-1722) (2):
As virtudes e os vícios, a perversidade e a rectidão de cada um, começam desde os dias da sua adolescência”
” Acontece que as práticas nocivas se infiltram pouco a pouco no povo tornando-se costumes com o tempo“.

Este provérbio e seu comentário encontram-se na p. 101 da Edição Fac-similada da “Amplificação do Santo Decreto” do Imperador Yongzheng, versão portuguesa de  Pedro Nolasco da Silva(3)

(1) http://en.wikipedia.org/wiki/Yongzheng_Emperor
(2) http://en.wikipedia.org/wiki/Kangxi_Emperor
(3) Amplificação do Santo Ofício  do Imperador Yongzheng. Versão Portuguesa e Organização de Pedro Nolasco da Silva. Edição Fac-similada. Fundação Macau, 1995, 145 p.

“Se alguém tiver cometido alguma falta, desculpai-lhe com bondade; e se alguém ofender sem intenção. releve segundo a boa razão”(1)

Comentário à 3.ª MÁXIMA  dos 16 constantes no  “Santo Decreto” promulgado pelo Imperador Kangxi, (康熙帝 – pinyin: Kāngxīdì; Wade–Giles: K’ang-hsi-ti ; 1654-1722)  (2), na forma de 16 máximas, sempre com a utilização de 7 caracteres chineses, feito pelo seu filho Yongzheng (雍正帝 – pinyin: yōngzhèngdì; Wade–Giles: Yung Cheng Ti; 1678-1735, com comentários e explicações.(3)
O Santo Decreto é uma compilação de instruções governamentais e morais promulgados pelo imperador para ser usado nos locais lido em todo o Império Qing.
O Santo Decreto era recitado regularmente nas aldeias como forma de instrução moral iniciado no reinado Ming.
(1) Amplificação do Santo Decreto  do Imperador Yongzheng. Versão Portuguesa e Organização de Pedro Nolasco da Silva. Edição Fac-similada. Fundação Macau, 1995, 145 p.
(2) http://en.wikipedia.org/wiki/Kangxi_Emperor
(3) http://en.wikipedia.org/wiki/Yongzheng_Emperor