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A propósito da notícia publicada em 19 de Janeiro de 2024, (1) acerca da igreja de Nossa Senhora do Amparo (e Rua de Nossa Senhora do Amparo) e referentes aos “Senadores”, estes eram, em 1747, Pedro Romano, Manuel Leite Pereira, João Antunes, Tomás dos Reis e Simão Vicente Rosa: O escrivão era Silva Martins.

É interresante notar que, sem ser paróquia, a Igreja tinha os livros de registos de baptismos e um padre encarregado da igreja e da instrução dos catecúmenos.

O Padre Videira Pires diz: «O bairro mais antigo de Macau é o que vai, desde a actual  Rua da Palha, através das Ruas de S. Paulo e Nossa Senhora do Amparo, até ao antigo cais do patane, no sopé da colina da gruta de Camões, lado noroeste. A Rua Nossa Senhora do Amparo era marginal e só tinha casas do lado do Monte»

Junto à Rua de Nossa Senhora do Amparo, existe com entrada pelo portal do prédio n.º 19 desta rua, de um estreito corredor coberto ou túnel (que ficou conhecido pelo nome de «Pátio da Mina»). Há uma lenda que diz que havia outrora um túnel entre o Colégio de S. Paulo e a Fortaleza do Monte com galerias subterrâneas e quartos secretos, onde os jesuítas escondiam os seus tesouros. Fez-se eco desta lenda o Cónego António Maria de Morais Sarmento afirmando: «Esta tradição tem algum fundamento»

No entanto, o Padre Benjamim Pires, S. J. e o Padre Manuel Teixeira refutam esta lenda.

A lenda fica para uma próxima postagem.

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2024/01/19/noticia-de-19-de-janeiro-de-1752-igreja-de-nossa-senhora-do-amparo-i/                                  (2) TEIXEIRA , P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, ICM, 1999, pp. 145 e 146

19-01-1752 – Pedido do P.e José da Silva para o Senado mandar «fazer Casa Forte junto a sua igreja (de St.º António) por ser muito conveniente, visto se pretender fazer hua Capella nas Cazas que forão de D. Paulla, e ser preciso tomar a traveça»

Foi deferido. No ano seguinte, Simão Vicente Rosa pediu ao Senado essa travessa, «que vai para a Casa Forte para fechar, visto na dita Caza de Donna Paulla querer fazer hua Capella, com o título de N. S. do Amparo (1) e que se faça a Caza Forte junto a igreja de St.º António.»

(1) A Igreja de Nossa Senhora do Amparo , que ficava onde está a Rua do mesmo nome (2) , foi edificada em 1633. Domingos da Câmara de Noronha, governador de Macau (1635-1638), em carta de 23-X-1635, informou o V. R. Da Índia: «haverá cousa de 2 annos que os mesmos religiosos (jesuítas) nesta cidade fizeram casa de cathecumenos

A Igreja do Amparo foi foi construída pelo Padre André Palmeiro, S.J., para instrução de catecúmenos e conversão de chineses (o primitivo Catecumenato, foi construído por volta de 1580 e esteve a cargo do P.e Ricci).  Foi mandada fechar em 1746 ou 1747, pelo governador de Cantão, Nhifúi,  como refere o Bispo de Macau D. Frei Hilário de S. Rosa, em carta de 13-1-1748, ao Cardeal Mota; vieram «a esta terra alguns mandarins para fecharem à ordem do Chuntó (governador de Cantão) huma Ermida de Nossa Sra. Do Amparo em que se baptizavão, e instruião  os novos christãos, não duvidão estes Senadores obedecer à ordem sem repararem no motivo tão abominável, e contrário à religião e à Fé por que se mandarão fechar, mas consegui com trabalho grande não o fazerem»

A Igreja de N. Senhora do Amparo sobreviveu, por imposição do Bispo D. Fr. Hilário de St.ª Rosa e outros religiosos, a essa dura prova e não foi demolida. Segundo alguns historiadores acabaria depois sendo destruída, opinião contrária à do P.e Manuel Teixeira. (3)

“16-01-1750 – D. Fr. Hilário de St.ª Rosa parte para Lisboa num navio francês, chegando  28 DE Julho. Em 31 de Julho morre D. João V e em 7 de Setembro é aclamado D. José I. O Bispo levava para o Rei uma representação do Senado de Macau que dizia que nenhuma das persiguições anteriores “… e nem ainda todas juntas se podem comparar com a que actualmente padecemos, e que realmente nos fere no mais intimo dos nossos corações por ser ofensiva da pureza da nossa Santa Lei e da propagação da Fé católica, em cujo ódio mandou o Imperador  Kien-Lung (11-12-1736 a 2-8-1796)  fechar nesta cidade a Igreja de N. Srª. Do Amparo”. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. I, 2015, pp. 149, 270 e 273.)

(2)  A Rua de Nossa Senhora do Amparo começa na Rua da Tercena, próximo do Pátio das Calhandras e termina na Rua dos Mercadores, ao lado da Rua dos Ervanários. Faz parte desta Rua o pequeno troço de ligação com a Rua dos Ervanários, situada quase em frente do Pátio da Adivinhação.

A Calçada do Amparo começa na Rua de S. Paulo entre os prédios n.ºs 34-F e 36, e termina na Rua de Nossa Senhora do Amparo, entre os prédios 5-D e 7. O acesso a esta calçada, do lado da Rua de S. Paulo, é feito através de uma escada de pedra.

O Pátio do Amparo está situado junto da da Calçada, em frente do átrio de Chôn Sau, e tem duas entradas e não tem saída.

(3) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, ICM, pp. 144, 145 e 158.

 Ver https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/simao-vicente-da-rosa/                    https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-frei-hilario-de-santa-rosa/    https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/igreja-de-s-antonio/    https://macauantigo.blogspot.com/2016/03/igreja-n-sra-do-amparo.html   https://caderno-do-oriente.blogspot.com/2009/11/rua-de-nossa-senhora-do-amparo.html

Autor desconhecido(1)

Neste dia, 24-02-1730, festa de S. Matias, é consagrado em Cantão (Guangdong) na Igreja dos Padres Franciscanos, o dominicano Pedro Mártir Sanz Y Jorda (1680-1747) com o título de Mauricastro; foi sagrante o franciscano português Frei Manuel de Jesus Maria José, Bispo de Nanquim, sendo assistentes D. João do Casal, Bispo de Macau e D. Frei Francisco da Purificação, agostiniano, Bispo de Pequim. Em 1732, Pedro Sanz foi desterrado para Macau onde viveu 6 anos no Convento de S. Domingos. Partiu daqui para a Missão na China, sendo preso em 30 de Junho de 1746 nos arredores de Moyang e levado a Fuchau (Fuzhou/Foochow), metrópole da província, onde, depois de tolerar fomes, bofetadas e outros tormentos, foi degolado pela fé em 26 de Maio de 1747. Foi beatificado por Leão XIII, a 18 de Abril de 1893 e canonizado a 1 de Outubro de 2000 pelo Papa João Paulo II (2)

(1) https://en.wikipedia.org/wiki/Peter Sanz

 (2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p.247.

No dia 28 de Novembro de 1735, em Macau, grandes demonstrações de pesar ordenadas pelo Vice-Rei de Cantão, pela morte do Imperador Iông-Tcheng, ou Yung Cheng (雍正 Yongzheng) (1) com tiros de ampulheta, por espaço de 24 horas, salva no fim, pela Fortaleza do Monte e luto pelos homens bons da governança (2)

PEREIRA, A. Marques – Ephemerides Commemorativas da Historia de Macau e …  1868, pp. 118-11

 (1) Yongzheng 雍正 (13-12-1678/8-10-1735) (nome de nascimento: Yinzhen 胤禛) foi o quarto imperador da Dinastia Manchu, e terceiro imperador Qing, tendo reinado de 1722 a 1735. Embora com um reinado de menor duração (13 anos) comparado ao do seu pai (imperador Kangxi) e do seu filho (imperador  Qianlong) governou a China num período de paz e prosperidade, embora se conste que era muito cruel nas punições e castigos aos seus inimigos.

(2) GOMES, Luís G.  – Efemérides da História de Macau, 1954.

NOTA – Governava Macau, Cosme Damião Pereira Pinto que chegou da Índia a 4 de Agosto e tomou posse a 24 de Agosto e governará Macau no seu 1.º mandato de 24-08-1735 a 27-08-1738; o 2.º mandato seria de 25-08- 1743 a 29-08-1747. O 4.º bispo de Macau, D. João do Casal que lhe entregou o Governo, faleceria a 20 de Setembro de 1735, com 94 anos de idade e 43 anos e três meses de governo do bispado. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015 p. 253) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/cosme-d-pinto-pereira/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-joao-do-casal/

(1) António José Teles de Meneses tomou posse do Governo de Macau em 30 de Agosto de 1747. Governou até 1749. Foi depois nomeado Governador de Timor e Solor entre 1768 e 1776. Em Timor , ficou conhecido o episódio de 11-08-1769: “As dificuldades de se conservar a capital de Timor Lifau, eram tais que o Governador António José Teles de Meneses, ali chegado em 1768, incendeia essa cidade e com o céu e o mar iluminados pelas chamas embarca, a 11 de Agosto em direcção a Dili onde fundeia a 10 de Outubro, ficando esta a capital de Timor. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 2, 1997.)
NOTAS:
POLÉ – antigo instrumento de tortura no qual se pendurava o punido pelas mãos com uma corda e se prendia pesos de ferro nos pés, deixando-o cair com violência.
CLAVINA – nome dado à carabina antiga – arma de fogo parecida com a espingarda de cano curto.
Ver anterior referência a este governador em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/06/21/noticias-de-21-de-junho-de-1748/