Saco comercial de plástico (44 cm x 31 cm) com uma pega de bordos de cor preta. O saco é de cor verde e o design a preto.
O centro comercial TAI PING´S 太平 時 奘 (1) estava situado na Rua da Palha –賣草地街, (2) n.º 7ª (Tel: 82460) na década de 80 (século XX).
(1) 太平時奘 – mandarim pīnyīn: tài píng shí zàng; cantonense jyutping: taai3 peng4/ping4 si4 zong1
(2) 賣草地街 – mandarim pīnyīn: mài cǎo dì jiē; cantonense jyutping: maai6 cou2 dei6 gaai1; tradução literal: rua do terreno ((sítio) venda palha/erva.
Uma das classificações mais frequentes para o registo das casas comerciais existentes em Macau nas décadas de 20 a 70 do século XX (vd «Anuários» e «Directórios de Macau»), era o item “Quinquilharia”. Tinha a sua razão já que as lojas (muitas delas pequenas) vendiam de tudo, brinquedos de crianças, roupas, bagatelas, bugigangas e outras miudezas.
Este saco comercial é duma dessas lojas duma empresa que existe ainda (?)
Saco de compras da quinquilharia TAT SAN COMPANY que está (ou estava) na Rua da Palha n.º 5 (Tel: 765445)
Com a mesma imagem nos dois lados do saco de plástico.
A “Tat San Co” está referenciada no “Macau Industries – Company Book” como
“Men´s Cloting Stores Industries” com sede na Rua de Palha n.º 5 G/F
https://www.companybooknetworking.com/industries/men-s-clothin
Em 23 de Outubro de 1587 foi fundado o Convento de S. Domingos, dedicado a Nossa Senhora do Rosário, pelos dominicanos António de Arcediano, Ildefonso Delgado e Bartolomeu Lopes. Os três dominicanos que vieram do México, e que partiram de Espanha em Setembro de 1585, chegaram no dia 1 de Setembro de 1587, no navio S. Martinho, com o capitão português Lopes de Palácio. (1)
Já anteriormente, em 3 de Abril de 1587, tinham embarcados do porto de Acapulco, no México, 40 dominicanos chefiados por João Volante, para Macau (1). Era a época da dominação dos Filipes.
Igreja, Convento e Praça de S. Domingos
George Chinnery
Tinta sobre papel (sem data)
1835-1838
Os dominicanos e agostinianos espanhóis (1) (2) tiveram de entregar os seus mosteiros aos missionários portugueses das mesmas ordens, por decisão do Vice-Rei da Índia, em Março de 1588. (1) Foi tal a influência dos dominicanos que, em 1604, foi nomeado bispo da China, com sede em Macau, D. Fr. João da Trindade. Este bispo foi chamado a Portugal em 1614, tendo deixado como governador do bispado, o Vigário do Convento de S. Domingos, Fr. António do Rosário, que governou muitos anos e foi nomeado bispo de Malaca em 1637.
Foi neste período que a Ordem Dominicana floresceu mais, e foi então organizada a festa de Nossa Senhora do Rosário, e por subscrição, aberta entre os devotos, fundou-se a confraria do Rosário que celebrava com solenidade a festa de Nossa Senhora do Rosário (desconheço se esta solenidade ainda é comemorada na Igreja de S. Domingos). (3)
Com a ordem de extinção e encerramento de todos os conventos, posta em execução em Macau, em Setembro de 1835, foram leiloados quase todos os bens da ordem Dominicana, salvando-se o convento e a igreja de S. Domingos por a autoridade eclesiástica ter solicitado a transferência da Sé Catedral provisoriamente para a Igreja de S. Domingos por o edifício da Sé ter ficado arruinado com um tufão (05-08-1835) (4) Assim em 29 de Fevereiro de 1844, foi autorizado, por Ordenança Régia, a reabertura da Igreja de S. Domingos ao culto público. (4)
POSTAL JV 016 – Igreja de S. Domingos – 1983
Edição de J. Victor do Rosário Jr.
Um dos primeiros actos públicos realizados na Igreja de S. Domingos como Sé Catedral, foi a consagração do Bispo D. Jerónimo José da Mata no ano de 1845. (5) Embora eleito em 19 de Junho de 1844, não foi consagrado nesse ano pois o Bispo das Filipinas, que veio a Macau para o sagrar, D. Thomas Badia, (6) faleceu no dia 1 de Setembro de 1844, enquanto se banhava na praia que ficava no sítio agora conhecido por Largo do Tarrafeiro, sendo sepultado naquela Igreja e hoje é dele a única lápide tumular que se encontra na capela-mor.
A Sé Catedral ficou reconstruída em 14 de Fevereiro 1850 pelo que a Igreja de S. Domingos deixou de funcionar como centro de culto.
Praça de S. Domingos (ao fundo a Igreja e o Convento de S. Domingos)
George Chinnery
Lápis e tinta sobre papel (sem data)
1836-1839
O convento que se encontrava junto á Igreja foi demolido e ocupava uma área enorme, incluindo as actuais Rua de S. Domingos, Rua da Palha, Travessa dos Algibebes e Rua dos Mercadores.
Depois da partida dos frades, em 1835, os seus alojamentos estiveram vazios e abandonados por bastante tempo e eventualmente serviram de quartel do famoso Batalhão Nacional de Macau, sendo as cavalariças do Batalhão instaladas em local espaçoso, situado atrás da Igreja.
Esteve instalada nestes edifícios do velho convento a Direcção das Obras Públicas, o Corpo de Bombeiros e a Estação Central dos Telefones, cabendo todos ao mesmo tempo no enorme edifício.
Do Convento existe ainda ao claustro com parte das escadas que dá para a sacristia, e os restos das dependências que ficam por cima dela, em que estavam instaladas as confrarias e congregações e vários objectos conservados como relíquias e que desde 1997 constitui o Tesouro de Arte Sacra (7)
É na Igreja de S. Domingos que desde 1928 se vem sendo festejado o dia 13 de Maio (Nossa Senhora de Fátima) com grande solenidade e pompa.
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) 1586 – Fundação do Convento de Sto Agostinho, por Fr. Francisco Manrique (1)
(3) Artigo não assinado em MACAU B.I.1956.
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
Ver referência anterior em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/08/05/noticia-de-5-de-agosto-de-1835-tufao-e-os-estragos-na-se-catedral/
(5) Ver anteriores referências neste blogue a D. Jerónimo José da Mata.
(6) Embora citado como Bispo das Filipinas, D. Thomas (Tomás) Badia (巴敵亞), era bispo filipino, Coadjutor do Vicariato Apostólico de Fo-Kien/ Fujian / 福建)de 19 de Janeiro de 1842 a 1 de Setembro de 1844 e Bispo titular de Isauropolis (cidade no sul da Turquia – antiga cidade romana e bizantina).
http://www.catholic-hierarchy.org/country/bph.html#b
(7) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/07/01/proposta-de-criacao-de-um-museu-de-arte-religiosa-em-1976/
Ver anteriores referências relacionados coma Igreja e Convento de S. Domingos em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/igreja-de-s-domingos/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/convento-de-s-domingos/
Da revista «Contemporrânea» , n.º 3 , Julho-Outubro de 1926, pp. 116-118 (1), retiro parte do artigo escrito por Camilo Pessanha em Macau no ano de 1924.
“DOS templos profanos portugueses dedicados ao culto do génio é sem dúvida um dos mais venerados os modestos jardim de Macau, chamado a Gruta de Camões. Nenhum português absolutamente, nenhum estrangeiro de mediana instrução vem a Macau, mesmo de passagem, cujo primeiro cuidado não seja o de irem em romagem a êsse recinto sôbre cujo solo é tradição que poisaram os pés do poeta máximo de Portugal- um dos máximos poetas de todo o mundo e de todos os tempos – em quanto o seu génio elaborava algumas das estrofes de bronze dos Lusíadas. E a nenhum deixa de invadir, apenas transposto o vulgaríssimo portal do quintalejo suburbano, que dá acesso ao local, um sentimento dominador de religiosidade, e todos impondo silêncio, como se do lado de dentro das duas insignificantes umbreiras de granito estivesse aquela tela que existiu à entrada de cartuxa do Bussaco, onde a pintura macerada de um frade fitava imperativa, com o seu olhar imovel, os que se aproximavam, erguendo verticalmente diante da bôca o indicador da mão direita.
Tem-se debatido desde há anos a questão de se Camões residiu ou não em Macau, se esteve ou não prêso no tronco da cidade, se aqui desempenhou ou pode ter desempenhado as apagadas funções de provedor dos defuntos e ausentes. A polémica ha-de de-certo renascer mais animada algum dia; e provável é que o problema venha a decidir-se finalmente pela negativa. …(…)
Quanto à grandeza gigantesca de Camões, e à da assombrosa epopeia marítima que culminou na formação do vasto império português do século XVI, estão acima de qualquer discussão. Resta apenas ponderar se Macau, esta exígua península portuguesa do Mar da China ligado ao distrito chinês de Heong·Shan, tem qualidades que a recomendem para assim andar associada à memória dessa epopeia e à biografia do poeta sublime que a cantou. Ora essas qualidades tem-nas Macau como nenhum outro ponto do globo. Macau é o mais remoto padrão da estupenda actividade portuguesa no Oriente, nesses tempos gloriosos. Note-se que digo padrão, padrão vivo: não digo relíquia.
Há, com efeito padrões mortos. São essas inscrições obliteradas em pedra, delidas pela 11 intempéries e de há muito esquecidas ou soterradas, que os arqueólogos vão pacientemente exumando e penivelmente decifrando, tão lamentavelmente melancolicas como as ressequidas múmias dos faraós. … (…)
Veio tôda esta. Divagação a propósito de dizer que ainda é Maocau a única terra de todo o ultramar português, em que se pode ter, até certo ponto, a ilusão de se estar em Portugal, essencial ao exercicio por portugueses da sua especial actividade imaginativa…
Para concluir contra toda a tradição e contra tõda a evidência histórica, que tenha sido escrita ou concebida em Macau uma parte considerável da vastíssima obra poética de Camões? Seria verdadeira loucura.”
Camilo Pessanha em 1921, na “Chácara do Leitão”, em Macau
(YUNG FONG Rua da Palha MACAO) (2)
Os parágrafos finais em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/06/02/macau-e-a-gruta-de-camoes-i/
(1) «Macau e a Gruta de Camões», foi publicado inicialmente no semanário “A Pátria”, em 7 de Junho de 1924.
(2) Postal da colecção «CAMILO PESSANHA no 70º aniversário da publicação do “CLEPSIDRA”». Edição do Instituto Português do Oriente, Macau, 1990.
SACO de compras de plástico, cor-de-rosa com letras pretas, em português e chinês.
Dos dois lados, a mesma apresentação:
澳 門 賣 草 地 街 十 四 號 (1)
14, RUA DA PALHA MACAU
(1) mandarim pinyin: Ào mén mài zào di jie shi sì hào; cantonense jyutping: Ou3 mun4 maai6 cou2 dei6 gaai1 sap6 sei3 hou4
“ Edital do mandarim Cso Tam (Tso-Tang) proibindo a venda de palha na rua que vai para S. Paulo, atrás de S. Domingos e em frente da casa de Manuel de Sousa por impedir o trânsito além do perigo de incêndio ” (1) (2)
Esta rua é por isso denominada Rua da Palha (3)
(1) “Eu Mandarim Cso Tam, faço saber, por este, a todos os Chinas que tendo por noticia, que na rua, q. vai para Sm Paulo atrz de S. Domingos, se está vendendo palha, empedindo-se desta maneira o caminho com perigo de fogo, deve-se por isso prohibir, por tanto mandei publicar este Edital, para q. todos os vendedores de palha saibão, e obedeção, e não vendão mais palha na dita rua, com a comunicação de serem agarrados, e castigados.”
7 da 5.ª Lua do anno 8.º de Tau-quam – 18 de Junho de 1828 – Arquivo da Procuratura dos Negócios Sínicos. (3)
(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954 / «Mosaico» VI-31-32, 1953.
(3) Rua da Palha; em chinês, 賣草地街, rua onde se vende a palha.
Começa na Rua de S. Paulo, ao cimo da Rua das Estalagens e da Travessa dos Algibebes;
e termina na Rua de S. Domingos, entre os prédios n.º 1 e 3, quase em frente da Travessa da Sé. (4)
賣草地街 – mandarim pinyin: mái cao di jié; cantonense jyutping: maai6 cou2 dei6 gaai1
4) In pp. 450-451 de TEIXEIRA, Padre Manuel – Toponímia de Macau. Volume I.
“Quanto ao de Tái-Pôu-Lám, que é o troço da Rua de S. Domingos que vai desde o ponto em que começa a Rua da Palha até ao Cinema Capitol, foi outrora uma via de prédios baixos. Por isso, era todo o dia batida por uma chapada de sol vivo, que arrancava chispas de fogo do seu piso escaldante, sufocando, queimando e cegando com a sua reverberação quem por lá passasse. Para evitar que as plantas dos seus pés fossem mordidas pela causticante brasa daquele abominável pavimento, os chineses de pés descalços, viam-se obrigados a atravessá-lo de corrida. Daí o nome de Tái-Pôu-Lám, como quem diz “a largos passos”. Vem a propósito dizer-se que a Rua de S. Domingos se chama em chinês, Pán-Tchéong-T´óng-Kái, isto é, a Rua do Templo de Tábuas; sendo a origem desta denominação causada pelo facto de o primitivo templo ter sido construído em madeira. Esta igreja é, porém, também conhecida entre os chineses, pelo nome de Mui-Kuâi-T´óng, o Templo das Rosas. (玫瑰堂 pinyin: méi gui táng;; cantonense jyutping: mui4 gwai1 tong4)
BILHETE POSTAL de 1983 – IGREJA de S. DOMINGOS
(Edição: J. Victor do Rosário Jr)
NOTA: sobre a Igreja de S. Domingos, ver anteriores postagens
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/igreja-de-s-domingos/
GOMES, Luís Gonzaga – Macau factos e Lendas, páginas escolhidas. Edição da Quinzena de Macau, 1979, 150 p.