O Governador António José Teles de Meneses (1) mandou dar três saltos de polé, na fortaleza do Monte, ao soldado macaense de apelido Franco, por se ter referido aos chineses, numa loja onde fora comprar tabaco, sobre o facto da morte de dois chineses pelo alferes Amaro da Cunha e Lobo e um soldado, criação deste, o que levou o mandarim de Héong-Sán a exigir a apresentação dos dois cadáveres, que o governador teimava sempre em dizer que não existiam. Entretanto, os jesuítas já tinha entregue algum dinheiro de peita (2) ao mandarim, que ainda não tinha mandado abrir as Portas do Cerco, para a entrada de víveres.(3)

(1) António José Teles de Meneses, capitão-tenente da Coroa, foi governador de Macau de 30-08-1747 a 2-08-1749. Foi depois Governador das ilhas de Timor e Solor,  entre 1768 e 1776.(4)
                    http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=552471
(2)Peita: tributo que pagavam os que não eram fidalgos. Dádiva com o fim de subornar.Suborno. (Dicionário de Cândido de Figueiredo)
(3) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau e da história dos Portugueses na China. Mosaico, vol. II, n.º 10, 1951
(4) Recorda-se que Timor só passou a ser Distrito Autônomo e não depender da Índia ou Macau, do ponto de vista administrativo, a partir de 15 de Outubro de 1898. Em 1769, aquando da primeira grande conquista holandesa na ilha de Timor, em 1769, o governador António José Teles de Menezes transferiu a capital para Dili, pois se viu sitiado em Lifau sem víveres e com comunicações marítimas cortadas por barcos de holandeses e de rebeldes aliciados por eles.
SANTOS, Maurício Aurélio dos – Motivações indonésias para a invasão do Timor-leste (1974-1975) in http://www.pph.uem.br/cih/anais/trabalhos/368.pdf
Referências a António José Teles de Menezes in
               http://www.library.gov.mo/macreturn/DATA/PP131/PP131B78.HTM
É certo que os governadores se preocupavam sobretudo por nada se resolver sobre os chineses sem a sua presença, e que o Senado mostrasse coesão e firmeza nos negócios, assentando as suas disposições antes de entabular conversas com os mandarins. Um deles, António José Teles de Meneses, escrevia-lhes em 7 de Agosto de 1748: «para crédito da Nação (devem) assentar no que hão-de fazer antes que chegue o Mandarim, pois não conheça ele incapacidade em nós para governar quatro gatos». E o mesmo governador, em face de certas hesitações, insistia em 16 de Novembro do mesmo ano: «eu só sirvo aqui para desfazer semelhantes absolutos e impedir não usurpem a terra ou caminho desta Praça, por ser de sua Magestade». Mas eles faziam orelhas moucas.”