Archives for posts with tag: Padre Benjamim Videira Pires

“27-09-1712 – O ouvidor Gaspar Franco da Silva (1) recebeu um recado do capitão-de-mar-e-guerra da fragata para soltar um marinheiro insolvente. Depois, o ouvidor e seus subalternos receberam vários agravos da gente da fragata, que o levaram a fazer um auto contra Gamboa (2) e remetê-lo à Relação de Goa. (3)

(1) Gaspar Francisco (Franco) da Silva – Procurador do Senado em 1707 (4), embarcou para Portugal no dia 14 de Janeiro de 1708, na nau N.ª Sr.ª de Mazagão conseguindo obter 26 privilégios da cidade de Macau, (4) cujos alvarás, de D. João V, se guardaram no Arquivo do Senado. (5)

“21-11-1707 – Decidiu-se dar ao Procurador Gaspar Francisco da Silva que ia para o Reino, 300 taeis e 10 peças de damasco para seus gastos; este partiu a 14 de Janeiro de 1708 e regressou a Macau a 16 de Julho de 1710 (4)

“16-07-1710 – Gaspar Francisco da Silva que fora a Lisboa, em 1708, como delegado do Senado, regressou na fragata Nossa Senhora da Visitação, tendo conseguido a confirmação dos privilégios da cidade (4)

Anterior referência em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2022/03/04/noticia-de-4-de-marco-de-1717-partida-dos-ministros-do-senado/

(2) Trata-se do capitão-de mar-e-guerra José de Andrade e Gamboa que partiu de Macau para Goa na fragata N. Sra. da Nazaré, em 14-01-1712

(3) PIRES, Benjamim Videira – A Vida Marítima de Macau no Século XVIII, pp. 27 e 31.

(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp. 60, 212, 218

(5) “16-10-1710 – Fragata Bom Jesus (ou N. S.) de Marzagão, que, aos 14-01-1708, levou a Lisboa o procurador do Senado, Gaspar Franco da Silva, trouxe este, a 16-07-1710, na fragata da Europa N.ª Sr.ª da Visitação, a confirmação, por D. João V, de 26 privilégios do mesmo Senado de Macau” (2)

PEREIRA, A. Marques – Ephemerides Commemorativas …, 1868, pp. 78-79

“Francisco Lopes Carrasco tomou posse, como Ouvidor r Capitão de Terra de Macau, cargo necessário e urgente para defesa face aos ataques holandeses. Não se deu com o capitão-mor Lopo Sarmento de Carvalho e regressou a Goa em 1617. Veio depois D. Francisco de Mascarenhas (17 de Julho de 1623) mas, antes da sua chegada, já os jesuítas tinham alargado a cerca da sua propriedade e construído quatro baluartes da nova cidadela, no Monte. (1)

Quanto a Francisco Lopes Carrasco, por nada ter feito para as obras da fortificação da cidade e por serem muitas as queixas contra ele como Ouvidor, o Vice-Rei da Índia mandou que regressasse preso para Goa, tanto mais que foram muitos os excessos e as desordens por ele cometidos. Terá, apesar de tudo, devido à sua prática como militar em África e na Índia (era natural de Goa), contribuído para o projecto da Fortaleza de S. Paulo do Monte, juntamente com o Pe. Jerónimo Rho, S.J.”(2)

(1) PIRES, B. Videira – Taprobana…, p. 235

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p.119

Ver anteriores postagens: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/31/noticia-de-31-de-agosto-de-1616-governador-francisco-lopes-carrasco/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/02/10/leitura-a-fortaleza-do-monte/

Hoje celebra-se o Festival de Outono, uma velha festa tradicional chinesa comemorado no 15.º dia de oitavo mês do ano que segundo historiadores chineses terá quatro mil anos, possivelmente na Dinastia Tang, mas outros afirmam ser de cerca 2000 anos, no Período da Primavera e Outono. Mais conhecida em Macau, entre os macaenses como a Festa do Bolo Lunar/ Bate Pau 月餅 ou das Lanternas. A origem do bolo lunar terá sido na dinastia Tang, mas mais popularizado na dinastia Ming (1)

Para celebrar este dia, recordo uma poesia do Padre Benjamim Videira Pires :

LUA DO «BATE-PAU»

Macau, 30 de Setembro de 1974 Benjamim Videira Pires (2)

(1) Anteriores referências a esta festa em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/bolo-lunar-bolo-de-bate-pau-%E6%9C%88%E9%A5%BC/

(2) PIRES, Benjamim Videira – Espelho do Mar. Instituto Cultural de Macau, 1986, 57 p. Anteriores referências ao Padre Videira Pires em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/padre-benjamim-videira-pires/

Entrou em Macau no dia 23 de Agosto de 1708, desgovernada e desmastreada por um tufão que a assaltara, a fragata Nossa Senhora das Neves que vinha de Goa, comandada pelo capitão-de-mar-e-guerra Jerónimo de Mello (Pereira), trazendo como passageiros, feitor por sua Magesta Miguel Pinto, Tenente D. Henrique de Noronha e o Capitão de Infantaria António de Albuquerque Coelho, (1) que mais tarde seria Governador de Macau. (2) (3)  

A fragata entrou no porto desarvorada, sem mastros nem leme, e a ré sem beque, (e, por isso, saracoteando-se) sendo precizo ir (outras) em embarcações rebocá-la para dentro, por cauza do grande temporal que apanhou na altura de 19 graos (golfo de Tonquim, junto à ilha de Hainão). Ficou em Macau, de invernada para se consertar” (4)

“A fragata N.ª Sra.ª das Neves, de Sua Majestade (ou do estado da Índia, a que Macau e Timor estavam sujeitos), chegou pela primeira vez à cidade do Nome de Deus, na primeira metade de Agosto de 1703 sob o comando do capitão-de-mar–e-guerra Luís Teixeira Pinto e trazendo o governador e capitão-geral desta cidade José da Gama Machado (tomou posse a 15-08-1703).  Recolheu a fragata a Goa, antes do Inverno, levando o governador cessante (Pedro Vaz de Sequeira). No dia 23 de Agosto de 1708, o mesmo barco de guerra chega de Goa… (…). A sua oficialidade, entretanto, causou grande inquietação na Cidade do Nome de Deus. Foi o caso do célebre romance amoroso entre António Albuquerque Coelho (1) e a órfã Maria de Moura. A infantaria da fragata, com o seu comandante, aquartelou na Casa de Campo de S. Francisco (que, por volta de 1780, era de Francisco Josué, natural de Vila do Mato, Beira, e seu pai; em 1801, de um filho do mesmo nome). Albuquerque demorou-se em Macau, com os seus soldados e a fragata, até ao 1.º de Agosto de 1714, dia do enterro, na Igreja de S. Francisco, de sua esposa, falecida do segundo parto. Em 13-11-1715, a Sr.ª das Neves já não existe por talvez nunca se ter recomposto do temporal que a colheu, em 1708, e da invernada seguinte em Macau.” (3)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-albuquerque-coelho/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/23/noticia-de-23-de-agosto-de-1708-fragata-nossa-senhora-das-neves/

(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1952

 (3) PIRES, Benjamim Videira – A Vida Marítima de Macau no Século XVIII, 1993, p. 26

(4) BRAGA, Jack  M.  – A Voz do Passado, 1987,p.25

No dia 2 de Julho de 1956, celebrou-se na Sé Catedral, a festa de Nossa Senhora da Visitação, (1) orago da Santa Casa da Misericórdia a que assistiram mesários, irmãos, funcionários da Santa Casa e pobres protegidos por esta secular instituição de beneficência, fundada nesta cidade, em 1569, pelo primeiro bispo de Macau, D Melchior Carneiro. (2)

D. Belchior Carneiro, (3) bispo titular de Niceia e governador do Bispado fundou em 1569, a Confraria da Misericórdia; a construção inicial englobava uma igreja consagrada à Visitação de Nossa Senhora, que foi demolida em 1883, Há uma informação do Padre Videira Pires, (4) referente ao século XVIII : “A igreja da Santa Casa, ao lado da sede, no Largo do Senado, tinha mestre de capela, organista e «meninos cantores», mas estes eram mal pagos

“A visitação” do pintor Domenico Ghirlandaio c. 1491 (Musée du Louvre, Paris) https://virgemimaculada.wordpress.com/2011/05/13/nossa-senhora-da-visitacao/

(1) “A devoção a Nossa Senhora da Visitação originou-se entre os primeiros franciscanos. Trata-se de uma devoção totalmente inspirada no Novo Testamento, mais precisamente no Evangelho de São Lucas 1, 39-56. Quando o anjo Gabriel anunciou a Maria que ela seria a Mãe do Salvador, ele disse que Isabel, prima de Maria, já idosa, estava no sexto mês de gravidez por um milagre de Deus. Por isso, Maria foi às pressas até a região montanhosa da Judeia, à cidade de Ain Karnm, para visitar Isabel. Daí o nome de Nossa Senhora da “Visitação”. (5) Porém somente com o Papa Pio V (papado 1566 – 1572) ela tornou-se obrigatória para toda a Igreja Latina e inserida no calendário geral das festas e no Missal romano, transferindo a data de 2 de Julho, na qual era antes comemorada, para 31 de Maio, o último dia do mês mariano.

(2) «M.B.I.», Ano III, n.º 71, 15 JUL 1956,  p. 14.

(3) Anteriores referências a D. Belchior Carneiro em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-belchiormelchior-carneiro/

(4) PIRES, Benjamim Videira – A Vida Marítima de Macau no Século XVIII,1993.

(5) http://www.cruzterrasanta.com.br/historia-de-nossa-senhora-da-visitacao/202/102/

Pequeno texto de Marx de Sori (1) extraído de «Macau Boletim Informativo», I-3, 1953.
Há um erro na datação deste episódio: é 1844 e não, pois José Gregório Pegado (2) foi governador de Macau de 1843 a 1846 (faleceu em Aden, no seu regresso a Portugal em 1846 tendo embarcado em Macau em 28 de Maio).
Segundo A. A. Bispo (3) o estadista Ki-ing (Ki-ying). Vice-Rei de Cantão, delegado e alto-comissário imperial nos dois Kuangs esteve em Macau em 1845. O Vice-Rei  viria a suicidar-se quando foi condenado  à morte pelo Imperador devido às negociações com ingleses e franceses, em 1858.
Depois da tomada de posse em 3 de Outubro de 1843, o governador José Gregório Pegado, fez uma visita de cortesia ao Vice-rei de Cantão Ki-Yin. Segundo o Padre Videira Pires, nessa visita o Vice-rei prometeu «fechar os olhos» à ocupação da Ilha da Taipa pelos portugueses.
“José Gregório Pegado, pela sua distinção e mestria no manejo dos fai-chis, durante um jantar que lhe ofereceu, em Cantão, o delegado e alto-comissário imperial, Ki-Ying, ouviu da boca deste os seguintes elogio e garantia: – “V. Exa é um homem tão polido nas maneiras e simpatizo tanto consigo, que nada lhe posso recusar. Recomendarei confidencialmente ao vice-rei dos dois Kuóns que feche os olhos ao estabelecimento dos portugueses na (ilha da) Taipa“.(4)
(1) O autor deste texto é António Filipe de Marx de Sori. Nasceu em Lisboa, a 9 de Fevereiro de 1833, foi primeiro-tenente da Armada, subdirector da Primeira Direcção e Chefe da Segunda Repartição da Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar e membro do Conselho Geral de Estatística.
Publicou um livro “ Descobrimentos dos Portugueses nos séculos XV e XVI, Causas que os determinaram, sua importância e consequências mais notáveis que d´elles resultaram” Lisboa, Typografia de Castro Irmão, 1867.
Edição em EBook, Fevereiro 4, 2009.
https://www.gutenberg.org/files/27992/27992-h/27992-h.htm
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-gregorio-pegado/
(3) BISPO, A. A. – A Gruta de Camões como Sábio por Excelência e Confúcio do Ocidente em paisagens sino-inglesas e em transfigurações românticas- da Literatura à Filosofia intercultural nos estudos de relações China/Ocidente in Revista Brasil-Europa – Correspondência Euro-Brasileira 137/6 (2012:3)
http://www.revista.brasil-europa.eu/137/Camoes-na-Filosofia-Intercultural.html
(4) PIRES, Benjamin Videira – Os Governadores e a vida de Macau no Século XIX in
http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30007/1510

Tomou posse, no dia 3 de Outubro de 1843, do governo d´esta cidade o chefe de divisão da armada José Gregorio Pegado- 彼亞度 (1)
Foi no governo de José Gregório Pegado, (2) que se iniciou a ocupação da ilha da Taipa, depois de uma memorável visita de cortesia ao vice-rei Ki-Yin (3), alto comissário de Cantão que prometeu «fechar os olhos» ao nosso estabelecimento na mencionada ilha. Na Taipa Pequena mandou depois Ferreira do Amaral fazer um pequeno forte (terminado em Setembro de 1847. Em 20 de Agosto de 1851 o Governador Francisco António Gonçalves Cardoso procedeu à ocupação da Taipa Grande. Só mais tarde as duas Taipas (outrora três) se uniram geograficamente. Pegado faleceu em Adem no seu regresso a Portugal de 1846, tendo embarcado em Macau, em 28 de Maio desse ano. (4)
José Gregório Pegado, pela sua distinção e mestria no manejo dos fai-chis, (5) durante um jantar que lhe ofereceu, em Cantão, o delegado e alto-comissário imperial, Ki-Ying, ouviu da boca deste os seguintes elogio e garantia: –V. Exa é um homem tão polido nas maneiras e simpatizo tanto consigo, que nada lhe posso recusar. Recomendarei confidencialmente ao vice-rei dos dois Kuóns que feche os olhos ao estabelecimento dos portugueses na (ilha da) Taipa“.
Depois de ocupar militarmente toda a península de Macau, desde as muralhas à Porta do Cerco, o heroico governador João Maria Ferreira do Amaral executou essa promessa verbal, incumbindo o capitão do porto, Pedro José da Silva Loureiro, em Abril de 1847, de construir a Casa Forte da Taipa. Depois de difíceis negociações com os mandarins limítrofes e com o vice-rei de Cantão, a bandeira portuguesa arvorou-se pela primeira vez nessa ilha ao 9 de Setembro de 1847. Em 1879 foi também ocupada a Taipa Quebrada ou Ilha de Maria Nunes e aí levantado um quartel, no antigo edifício do hospital, hoje Centro de Recuperação Social.
A 23 de Dezembro de 1864, os habitantes de Coloane pediram que uma força militar portuguesa os fosse proteger contra os piratas. Um destacamento de 10 polícias dirigiu-se imediatamente para aquela ilha. A administração dos três novos territórios (note-se que então a Taipa eram duas ilhas) organizou-se em 1878. (6)

MAPA DE 1884 – PLANTA DA PENÍNSULA E PORTO DE MACAU
de A. Ferreira Loureiro
Em baixo, à esquerda, a Ilha da Taipa Quebrada e Ilha da Taipa Grande ou Kaikong

(1) PEREIRA, A. Marques –  Ephemerides Commemorativas da história de Macau e
(2) José Gregório Pegado governador de 3-10-1843 até 13-02-1846, data do embarque para Macau do Conselheiro Capitão de Mar e Guerra João Maria Ferreira do Amaral que tomou posse como Governador a 21 de Abril de 1846.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-gregorio-pegado/
(3) O ex-governador Adrião Acácio da Silveira Pinto (governador de 22-02-1837 até 3-10-1843) foi nomeado em 10-10-1843, pelo Governador José Gregório Pegado (em sessão do Senado de 10 de Outubro), Embaixador de Portugal para tratar com os Plenipotenciários chineses sobre as condições da existência política de Macau. O e governador seguiu no dia 27 de Outubro para Vampu, no brigue de guerra Tejo, do comando do Capitão-Tenente Domingos Fortunato de Vale. Acompanharam-no o Procurador da Cidade, João Damasceno Coelho dos Santos e o intérprete interino, José Martinho Marques. (7) No dia 4 de Novembro a missão diplomática seguiu de Vampu para Cantão, em escaleres, residindo, depois de realizada a conferência, na casa de campo do Mandarim graduado Pau-Teng-Kua e no Consulado da França, onde se realizou as reuniões, durante dez dias, com o segundo delegado chinês. A missão não conseguiu que fosse relevado o foro pago pela colónia nem dispensada a demarcação do limite para fora dos muros do Campo de Stº António,
Ver anterior referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/11/04/noticia-de-4-de-novembro-de-1843-conferencia-luso-chinesa-em-cantao/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/adriao-a-silveira-pinto/
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 3, 1995.
(5) Faichis – “Pauzinhos” para levar a comida à boca.. Termo macaense usado pelos chineses desta região e também pelo portugueses de Macau e Hong Kong (BATALHA, Graciete – Glossário do Dialecto Macaense, 1977
Ver em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/05/10/os-antigos-cozinheiros-ambulantes-de-macau-1953-i/
(6) PIRES, Benjamim  Videira – Os Governadores e a vida de Macau no Século XIX.
http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30007/1510
(7) Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-martinho-marques/

09-09-1607Tentativa holandesa para atacar e tomar Macau: oito navios holandeses, o “Orange” (capitânea), o “Maurício”, o “Erasmo”, o “Eunhice”, o “Delft”, o “Pequeno Sol”, o “Pombinha” e um iate, com uma tripulação de 551 homens e comandados pelo almirante Cornelis Matelieff, foram escorraçados das águas de Macau, por seis navios portugueses, tendo o inimigo perdido uma das naus e o iate” (1). “Assim se gorou a tentativa de impedir a largada da Nau do Trato para Nagasaqui” (2) (3) (4)

“Mauritius”, desenho de Hendrick Cornelisz em 1600
https://en.wikipedia.org/wiki/Cornelis_Matelief_de_Jonge

Na verdade nesse dia não houve batalha naval e explica-se pelo seguinte:
O almirante Cornelis Matelieff de Jonge (5) e a sua armada chegaram ao rio das Pérolas no dia 28 de Agosto de 1607, fundeando ao largo onde pudesse avistar a cidade de Macau, O capitão aguardou pela resposta a uma carta que enviou ao Mandarim de Cantão solicitando-lhe autorização para se dirigir para lá com os seus navios. Mas este (muito possivelmente subornados pelos portugueses) não lhe respondeu. No dia 9 de Setembro os seis navios de alto bordo portugueses acompanhados por três fustas (6) navegaram em direcção à armada holandesa e aguardando ventos mais favoráveis para atacar. Ao amanhecer do dia 10 de Setembro, o “Eendracht” encalhou e o “Erasmus” acorreu em seu auxílio para não ser assaltado pelos fustas portugueses. Como não foi possível desencalhar o “Eendracht”, Matelieff deu ordem para que fossem retiradas dele a artilharia e a guarnição e provavelmente para que fosse queimado. Nessa noite devido à inferioridade numérica da armada holandesa e o facto de os navios holandeses já terem a bordo carga valiosa, o capitão decidiu não dar combate aos portugueses, tenho partido no dia seguinte. Ainda foram perseguidos pela armada portuguesa que desistiu da perseguição nos dia 12, já que os galeões portugueses tinham menor velocidade e menor capacidade para bolinar. (7)
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) PIRES, Benjamin. V.- Taprobana mais além… presenças de Portugal na Ásia, 1995. p. 234,  in SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 67.
(3) Saturnino Monteiro tem outra opinião: “Naquela cidade (Macau) estava, nessa altura, preparando-se para seguir para o Japão, a nau de André Pessoa, que ali tinha chegado acompanhada por cinco dos galeões que haviam combatido com os holandeses em Pulo Butum. É de supor que, por intermédio de navios vindos de Chinchéu, os portugueses tenham sido informados da presença da armada holandesa no estreito da Formosa, o que os levou de imediato a sustar a saída da nau, que, por este facto, acabou por deixar a monção, ficando sem efeito a viagem ao Japão.“
MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa Volume V (1604-1625), 1994.
(4) Foi a 3.ª tentativa dos holandeses invadirem Macau após os primeiros navios holandeses terem aparecidos na costa de Macau em 1599: a 1.ª tentativa foi em 27 de Setembro de 1601; a 2.ª em 30 de Julho de 1603 e a 3:º em Setembro de 1607. Em 1609, os holandeses tomam parte de Ceilão e estabelecem a primeira feitoria no Japão e em, 1610, devida à intriga holandesa, dá-se o fim do comércio de Macau com o Japão, embora o corte não fosse definitivo. Há uma nota datada de 1620:
28-07-1620 – Foi atacado por holandeses o patacho S. Bartolomeu, capitaneado por Jorge da Silva, quando seguia na sua viagem para o Japão. Os negociantes que iam nela prometeram construir uma ermida a Nossa Senhora da Penha de França, no caso de saírem salvos do ataque, promessa que cumpriram, entregando a sua oferta ao prior do Convento dos Agostinhos, Simão de Santo António e ao Procurador do mesmo Convento, Fr. Aurélio Coreto”. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 1, 1997).

Retrato de Cornelis Matelief de Jonge, pintura de Pieter van der Werff, c. 1700
Propriedade de Rijksmuseum

(5) Cornelis Matelieff de Jonge,(1569-1632) almirante holandês ao serviço da “Companhia Holandesa das Índias Orientais” (formada em 1602, dois anos depois da formação da “Companhia Inglesa das Índias Orientais” com o objectivo de conquistar supremacia face a ouros países europeus da rota comercial com o Oriente.), recebeu instruções de conquistar Malaca aos portugueses, mas a armada de Matelieff foi afugentada do estreito de Malaca pela esquadra do vice-rei D. Martim Afonso entre 17 a 24 de Agosto de 1606 (Batalha do Cabo Rachado). Mas por um erro estratégico do vice-rei (divisão da armada em duas esquadras) entre 27 a 28 de Outubro de 1606, deu-se a Batalha da Ilha das Naus, uma das mais importantes da História marítima portuguesa (marca a decadência de Portugal como a grande potência naval no Oriente) em que a armada holandesa impôs uma severa derrota aos portugueses.. Posteriormente, de 8 a 13 de Dezembro de 1606, deu-se a Batalha de Pulo Butum em que a esquadra de D. Álvaro de Meneses derrotou Matelieff, repondo o equilíbrio naval existente na altura.
MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa Volume V (1604-1625), 1994.

A armada de Matelieff, desembarcando tropas em Malaca, em 1606
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cornelis_Matelieff_de_Jonge

(6) Embarcação comprida, de fundo chato, de vela e remos, de um ou dois mastros.
(7) “Setembro de 1607. — O Almirante Cornélio Metelieff tinha partido para ir soccorrer Ternate em 3 de Maio de 1607 com uma frota de oito navios; o Orange (capitanea), o Mauricio, o Erasmo, o Enchuise, o Delft, o Pequeno Sol, o Pombinho, e um hiate — com uma tripulação de 5 5 1 homens, sendo 4S1 brancos e 50 negros. Depois de ter estado,sem conseguir grande cousa, em Tidore e em Ternate, e construído com grande difficuldade um forte n’este ultimo logar, seguiu MateliefF para os mares da China em 29 de Junho do mesmo anno de 1607.
Não é meu propósito dar conta do que aconteceu n’esta viagem, porque brevemente a transcreverei n’estes Annaes, devidamente traduzida. E, por isso, basta indicar, por agora, que Metelieff chegou a 28 de Agosto ao rio de Cantão, e que, depois de longas negociações com os mandarins, que o cançaram com os costumados subterfúgios e lentidões desesperadoras da diplomacia chineza, teve em 9 de Setembro seguinte de fazer frente a 6 navios portuguezes sahidos de Macau.
Estavam os hollandezes fundeados junto á ilha de Lenteng-Van ou Lin-Tin. Fez o almirante falia aos marinheiros e preparou-se para o combate. Mas isso não impediu que a frota holandeza fugisse vergonhosamente de vir ás mãos com os portuguezes até que, no dia 12, se afastaram das aguas de Macau, depois de terem perdido um navio, o vacht que acompanhava a esquadra, e que foi mettido no fundo pelos próprios hollandezes, segundo diz a narrativa por elles feita. Com mais alguma determinação da parte dos portuguezes, os tres grandes navios ficariam prisioneiros e poderiam os nossos entrar em Macau com mais esse tropheu de victoria alcançada contra esses corsários que nunca conseguiram apoderar-se da cidade do Santo Nome de Deus em todas as repetidas tentativas que para isso fizeram.
Hollandezes contra Macau”Ta Ssi Yang Kuo Archivos E Annaes Do Extremo Oriente Portuguez 1899-1900 Série I – Vols. I e II, edição 1984, pp. 255-256.

Santinho/Oração (15 cm x 10,2 cm) – Santo Sudário, emissão com aprovação da Autoridade Eclesiástica ao cuidado do Padre Videira Pires (Travessa de S. Paulo n.º 1 (tel: 81432) – Macau (via Hong Kong)
Eu desejo firmemente que a minha Face, reflectindo as penas íntimas da minha Alma os sofrimentos e o amor do meu Coração, seja mais venerada! Todo aquele que olhar para mim, já me consola”…
Nosso Senhor à Irmã Pierina (1)
ORAÇÃO
Senhor Jesus, que por um singular prodígio, nos deixastes, no Vosso Santo Sudário, as marcas do Vosso Santíssimo Corpo, tão cruelmente torturado e morto pela nossa salvação, juntamente com a imagem da Vossa Sacratísssima Face, que os homens maus desfiguraram com feridas e golpes, concedei-nos, por intercessão dos Vossos muitos sofrimentos, que, venerando na terra a imagem da Vossa Sagrada Face, que os próprios Anjos se deliciam de ver, sejamos dignos de A contemplar eternamente no Céu. Assim seja.
(1) Maria Pierina De Micheli (1890–1945), nascida Giuseppa Maria, freira da congregação das Filhas da Imaculada Conceição, proclamada beata em 2010  pelas muitas visões da Virgem Maria e do próprio Senhor Jesus para espalhar a devoção à Sagrada Face.

O Governador Almirante António Sérgio de Sousa e outros funcionários da colónia, foram convidados para jantar, no dia 21 de Março de 1869, em casa que ficava em Lin Tin (1) do negociante chinês Hing- chong , um dos mais antigos «hãos» da cidade. (2)

Extraido de «BPMT», XV-12 de 22 de Março de 1869, p. 70

O jornal «O Independente» I-30 de 27 de Março de 1869, p. 263, também deu esta notícia:

(1) Nei Lingding, ou Ilha Nei Lingding, (內伶) também conhecida por Lintin ou Ilha Lin Tin, é uma ilha no estuário do Rio das Pérolas, no sudeste da província chinesa de Guangdong. Embora esteja localizado mais perto da costa oriental (Hong Kong e Shenzhen) do estuário, era até 2009 administrativamente parte da cidade de Zhuhai, cujo centro administrativo principal fica situado na costa ocidental do rio. Em 2009, a jurisdição de Nei Lingding foi entregue a Shenzhen. Em Maio de 1513, Jorge Álvares chegou a Lintin a que ele chamou de “Tamão”
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nei_Lingding
Mapa de Lintin em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/07/10/noticia-de-10-de-julho-de-1522-martim-afonso-de-melo-coutinho/
內伶mandarim pīnyīn: nèi líng dīng dǎo; cantonense jyutping: noi6 ling4 ding1 dou2
(2) Hão – Negociante chinês que era o intermediário oficial entre os europeus e os chineses
Hongs – associações de mercadores chineses que controlavam o comércio externo.
1868 – «As boticas d´aquelle bairro quasi se resumem em três géneros, que alternam em colocação: a casa de comida (cullao), a do jogo (latane) e a dos empréstimos sobre penhores (hão) » – João de Lacerda, Recordações de Viagem, 1868.
1884 – «Para montante divisam-se frondosos arvoredos e magníficos jardins, sendo nos arredores de Cantão que os hãos mais ricos possuem as suas casas de campo e vivendas de recreio» – Adolfo Loureiro, No Oriente.
1898 – «Depois da guerra entre a China, Inglaterra e França, foi abolida a instituição dos Hongs ou agentes officiaes, negociantes intermediarios» – Joaquim Calado Crespo, Cousas da China, p. 15
Segundo Padre Benjamin Videira Pires (3) “Em 1720 instituiu-se, em Cantão, o Cohão – companhia chinesa controlada pelos mandarins, que possuía o exclusivo do comércio com os estrangeiros. Foi dissolvido em 1771, mas restaurou-se em 1782, com 12 membros, primeiro, e mais tarde, 13. Gozava de muitos privilégios. As extorsões, porém, a que o sujeitaram os mandarins tornaram o Cohão odioso para os estrangeiros, contribuindo para bancarrota de vários deles
(3) PIRES, Benjamin Videira – A Vida Marítima de Macau no Século XVIII, 1993,pág 13.