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A esposa do Sr. Governador cortando a fita

Extraído de BGC XXVI-304, OUTUBRO de 1950.

O Governador José Maria da Ponte e Horta, pela Portaria de 2-02-1867, proibiu a Roda dos expostos da Santa Casa de Misericórdia de Macau, (desde 1726 que a Santa Casa Misericórdia tinha um Recolhimento para orfãs e Viúvas) a partir de 8 do mesmo mês e ano, devendo no entanto a Santa Casa continuar a tratar dos enjeitados que tinha a seu cargo nessa data . No entanto a ordem não foi cumprida pois embora a Roda não existisse, as crianças continuaram a ser abandonadas (e recebidas) à porta da Santa Casa.
A Santa Casa confiou os Expostos (crianças abandonadas aos nascer) às Filhas de Caridade Canossianas estabelecidas em Macau em 1874) (1) que tomaram conta deles, a princípio no próprio edifício dos Expostos e, mais tarde, no Asilo da Santa Infância, em Santo António, fundada em 1885, pelo Bispo D. António Joaquim de Medeiros. (2)

Um grupo de crianças abandonadas e recolhidas no Asilo da Santa Infância em 1934

O novo Edifício da Santa Infância na Rua Francisco Xavier Pereira inaugurado em 1950, foi mandado construir pelas irmãs Canossianas. A Santa Infância em 1950, foi transferida para o rés do chão do novo edifício em Mong Há continuando no antigo edifício as crianças mais pequenas mas em 1959 sessenta crianças foram transferidas para a Casa Canossiana de S. Coração de Maria em Coloane.
Informações recolhidas de TEIXEIRA, Padre Manuel – A Educação em Macau, 1982
Anteriores referências a este Asilo em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/asilo-de-santa-infancia/
(1) Em fins de 1873 e inícios de 1874, chegou a Macau a irmandade canossiana cujo lema era “caridade na humildade e humildade na caridade”, passou a se fazer presente em Macau.
Mas antes já a irmã Madre Teresa Lucian chegara a Macau, tendo fixado residência no bairro chinês próximo à igreja de Santo Antônio e ali foi construindo a sua obra, abrindo uma escola chinesa para crianças pobres, perto da Fortaleza do Monte.
Em 1885 foi construído o Asilo da St.ḁ Infância, para crianças abandonadas, posteriormente demolido para dar lugar à Escola Canossa.
No Asilo da Santa Infância, anexo à igreja de Santo Antônio, as irmãs fizeram um belo trabalho e ganharam a confiança e o respeito dos chineses. Por volta de 1895, uma grande epidemia de peste bubônica atingiu Macau. A irmã Madre Teresa Lucian foi para esse front social em 1898, e ali viu serem abatidos aproximadamente 1200 chineses.
Para se ter uma ideia do volume de trabalho assistencial que faziam as irmãs, somente no período de 1885 a 1951, foram recebidas 65.000 crianças, ou seja, em cada um dos 66 anos de atuação receberam em média 985 crianças por ano. A partir de 1952 até 1972, o número de crianças hospitalizadas é de 16.725, e um número dramático de abandonados é de 1.123 crianças chinesas ou mestiças, em sua maioria meninas.
Anjos de Macau na primeira década do século XX
LIMA-HERNANDES, Maria Célia; SILVA, Roberval Teixeira e – Anjos de Macau na primeira década do século XX in fragmentum, N. 35, parte I. Laboratório Corpus: UFSM, Out./ Dez. 2012 15 p.
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(2) O Padre António Joaquim Medeiros (1846-1897) veio para Macau em 1872 tendo ocupado os cargos de Reitor do Seminário, Vigário Geral e Visitador das Missões de Timor e em 1884, foi nomeado Bispo de Macau. Faleceu de morte natural durante a visita às Missões de Timor em 1897.

O Embaixador Alexandre Metelo de Sousa e Meneses que chegou a Macau, na nau Nossa Senhora da Oliveira, no dia 10 de Junho de 1726, vindo do Rio de Janeiro, (1) desembarcou a 12 de Junho para ir hospedar-se na casa de Francisco Leite (2)
O embaixador de El-Rei D. João V à corte de Pequim, D. Alexandre Metelo de Sousa Meneses, partiu no dia 18 de Novembro de 1726, para Pequim pelo caminho interior, via Cantão); foi acompanhado de todos os moradores desta cidade até à Casa Branca, fazendo-se por seu respeito as maiores finezas, não se poupando a gastos ou despesa alguma. «Levou comitiva de 64 pessoas» (3) (4). Saiu de Cantão (Guangzhou) a 9 de Dezembro de 1726, com chegada à cidade de Kan-tcheu-fu a 9 de Janeiro de 1727 “onde entrou com uma comitiva de 761 pessoas” (5)
No dia 18 de Maio de 1727, a comitiva entrou oficialmente em Pequim, Aguardava-a uma receção preparada pelo imperador Yongzheng, formada por uma guarda de honra de 200 soldados.
Apesar da pompa, ostentação e magnificência da embaixada apenas a parte diplomática da missão foi bem-sucedida, mas a verdadeira missão do embaixador que era a de tentar influenciar Yongzheng no sentido de reabrir a China à missionação católica, nem foi falada.(6)
A embaixada regressou a Macau a 8 de Dezembro de 1727 e partiu para o reino no dia 17 de Janeiro de 1728 (7)
Chegou a Lisboa em 21 de Novembro de 1728 ao fim de três anos e sete meses de missão diplomática. (8)
(1) “10-06-1726Chegou a Macau, por via do Rio de Janeiro, desembarcando a 12 de Junho da nau Nossa Senhora de Oliveira, o Embaixador de El-Rei D. João V à corte de Pequim, D. Alexandre Metelo de Sousa Meneses. A seu respeito se fizeram as maiores demonstrações que foi possível e que outro algum jamais recebera nesta Cidade, além de muitas salvas em todas as fortalezas e navios, tendo a guarda à sua porta três Companhias de soldados com os seus oficiais. O diplomata trouxe como conselheiro o P.e António de Magalhães, S. J., como secretário o P.e Francisco Xavier da Rua, proto notário apostólico e advogado do número da casa da Suplicação, e por familiar o leigo secular António José Henriques. O pessoal era numeroso: além da comitiva trazia 50 soldados para a sua guarda; o comandante da nau era o capitão de mar-e-guerra Duarte Pereira. O embaixador trazia 30 caixotes de presentes em retribuição do rico presente que K´ang-hsi (Imperador Kangxi) remetera a D. João V.” (9)
(2) A casa de Francisco Leite veio a ser Palácio do Governo e depois Palácio das Repartições.(9)
(3) “10-08-1726 – O Senado ofereceu quatro mil taéis, que era quanto havia no cofre de São Paulo para as despesas da embaixada de Alexandre de Metelo de Sousa e Meneses.” (10)
14-09-1726O Senado, a muito custo, conseguiu arranjar entre os moradores mais de dez mil taéis, para o embaixador Alexandre Metelo de Sousa e Meneses, importando o donativo total da cidade em 18 500 taéis; a Companhia de Jesus da Vice-Província da China, com 500 taéis; e o Senado com mais 3 000 taéis, além dos 4 000 que entregou, em 10 de Agosto“..(10)
(4) “18-11-1726Neste dia partiu o Embaixador Metelo para Pequim; foi acompanhado de todos os moradores desta cidade até à Casa Branca, fazendo-se por seu respeito as maiores finezas, não se poupando a gastos ou despesa alguma. «Levou comitiva de 64 pessoas»“. (9)
(5) “09-01-1727O embaixador Alexandre Metello de Sousa e Menezes, enviado por el-rei D. João V ao imperador Yunchiu, (imperador Yongzheng) tendo saído de Cantão em 9 de Dezembro com destino a Pekim (Beijng) pelo caminho interior, chega neste dia à cidade de Kan-tcheu-fu, onde entrou com uma comitiva de 761 pessoas. Ahi se encontrou com dois conductores que o imperador mandara a recebê-lo e eram o padre António se Magalhães e a um alto funcionário tartaro do appellido Cham” (Ephemerides da semana in B.G.M., XIII-2, 1867.
(6) “18-05-1727- Chegou a Pequim, sendo recebido na corte a 28, o embaixador Metelo de Sousa, que levava uma carta de D. João V para o Imperador, e sua comitiva. O Padre António Magalhães partira para Pequim antes do Embaixador, chegando lá a 19 de Novembro (mas veio ao encontro do nosso embaixador a mando do Imperador, como sinal de deferência); e bem necessária era a sua presença ali, pois que Yung Cheng ardia em desejos de saber se o Embaixador ia tratar de assuntos missionários. Foi logo  ao Palácio, onde o 13.º Príncipe, irmão de Yongzheng, o interrogou sobre o fim da embaixada. O Padre Magalhães respondeu apenas que o Embaixador vinha cumprimentar o Imperador, dar-lhe os pêsames pela morte de seu pai e felicitá-lo a ele pela subida ao trono e rogar-lhe que tomasse sob a sua protecção os habitantes de Macau e os outros súbditos residentes na China. Ele não ficou satisfeito e preguntou se não estaria encarregado de outra comissão importante ou não teria que tratar de algum assunto difícil ou desagradável. Encurtando razões, mais uma vez foi nulo o resultado da Embaixada. O Imperador continuou a perseguição religiosa, tornando-se Macau o refúgio de todos os missionários; para qui vieram nada menos que 40, incluindo alguns bispos. Teve ainda mais um efeito negativo: o de agravar e quase esgotar o erário público de Macau pelas grandes despesas feitas com a Embaixada.” (9)
(7) Luís Gonzaga Gomes na sua “Efemérides da História de Macau” índica a data de 24 de Novembro de 1727 para o regresso da embaixada. (10)
08-12-1727O embaixador português D. Alexandre Metelo de Sousa e Meneses regressou a Macau, vindo de Pequim, de onde saíra a 18 de Julho, sendo recebido com grandes festejos”. (9)
17-01-1728O Dr. Alexandre Metelo de Sousa e Meneses embarcou na Praia Pequena, acompanhado pelo Governador e grande número de cidadãos e moradores Com ele ainda as três companhias, guarda e pessoal do séquito da luzida embaixada que D. João V enviou à China; utilizou a mesma vistosa ponte que fora armada quando veio de Cantão, para seguir para nau Madre de Deus, que o deveria conduzir ao reino. O Senado de Macau despendeu trinta mil taeis com esta embaixada. Ao chegar a Lisboa a 21-11-1728, foi nomeado conselheiro do Conselho Ultramarino.”. (9)

Ephemerides da semana in B. G. M. XIII-3 de 21-01-1867.

(8) “21-11- 1728Chegou de regresso a Lisboa, o doutor Alexandre Metelo de Sousa e Menezes que durante três anos sete meses e alguns dias desempenhou o cargo de embaixador no Império da China sendo depois agraciado com a nomeação de Conselheiro do Conselho Ultramarino.“(10)
(9) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol.2, 1997)
(10) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)
NOTA 1 – Sobre este assunto a RTP2 apresentou em 2017, o programa “Ensina, Rádio e Televisão de Portugal: “Os Dias da História – chegada da embaixada de D. João V a Pequim”, por Paulo Sousa Pinto, que está disponível em:
http://ensina.rtp.pt/artigo/embaixada-de-d-joao-v-chega-a-pequim/
NOTA 2 – Aconselho leitura do trabalho de Huang Qichen “A Embaixada de Alexandre Metello de Souza à China no Contexto das Relações LusoChinesas “ publicado em “Administração, n.° 40, vol. XI, 1998-2.°, 285-297”, disponível em:
file:///C:/Users/ASUS/Documents/PARA%20ELIMINAR%20-%20DOWNLOADS/A%20embaixada%20de%20Alexandre%20Metello%20de%20Souza%20e%20Menezes%20%C3%A0%20China%20no%20contexto%20das%20rela%C3%A7%C3%B5es%20Luso-Chinesas.pdf
NOTA 3: Outro trabalho, de João de Deus Ramos, publicado na “Política Internacional, n.º 2, Vol 1, Junho 1990” , “A embaixada de Alexandre Metelo de Sousa e Meneses: Negociações coma China do século XVIII”, disponível em :
http://www.ipris.org/files/2/10_A_embaixada_de_Alexandre.pdf
NOTA 4: Papeis de Alexandre Metello de Sousa e Menezes, Embaixador de D. João V ao Imperador da China] [1726-1727]. em:
http://purl.pt/32967