19-01-1752 – Pedido do P.e José da Silva para o Senado mandar «fazer Casa Forte junto a sua igreja (de St.º António) por ser muito conveniente, visto se pretender fazer hua Capella nas Cazas que forão de D. Paulla, e ser preciso tomar a traveça»
Foi deferido. No ano seguinte, Simão Vicente Rosa pediu ao Senado essa travessa, «que vai para a Casa Forte para fechar, visto na dita Caza de Donna Paulla querer fazer hua Capella, com o título de N. S. do Amparo (1) e que se faça a Caza Forte junto a igreja de St.º António.»
(1) A Igreja de Nossa Senhora do Amparo , que ficava onde está a Rua do mesmo nome (2) , foi edificada em 1633. Domingos da Câmara de Noronha, governador de Macau (1635-1638), em carta de 23-X-1635, informou o V. R. Da Índia: «haverá cousa de 2 annos que os mesmos religiosos (jesuítas) nesta cidade fizeram casa de cathecumenos.»
A Igreja do Amparo foi foi construída pelo Padre André Palmeiro, S.J., para instrução de catecúmenos e conversão de chineses (o primitivo Catecumenato, foi construído por volta de 1580 e esteve a cargo do P.e Ricci). Foi mandada fechar em 1746 ou 1747, pelo governador de Cantão, Nhifúi, como refere o Bispo de Macau D. Frei Hilário de S. Rosa, em carta de 13-1-1748, ao Cardeal Mota; vieram «a esta terra alguns mandarins para fecharem à ordem do Chuntó (governador de Cantão) huma Ermida de Nossa Sra. Do Amparo em que se baptizavão, e instruião os novos christãos, não duvidão estes Senadores obedecer à ordem sem repararem no motivo tão abominável, e contrário à religião e à Fé por que se mandarão fechar, mas consegui com trabalho grande não o fazerem»
A Igreja de N. Senhora do Amparo sobreviveu, por imposição do Bispo D. Fr. Hilário de St.ª Rosa e outros religiosos, a essa dura prova e não foi demolida. Segundo alguns historiadores acabaria depois sendo destruída, opinião contrária à do P.e Manuel Teixeira. (3)
“16-01-1750 – D. Fr. Hilário de St.ª Rosa parte para Lisboa num navio francês, chegando 28 DE Julho. Em 31 de Julho morre D. João V e em 7 de Setembro é aclamado D. José I. O Bispo levava para o Rei uma representação do Senado de Macau que dizia que nenhuma das persiguições anteriores “… e nem ainda todas juntas se podem comparar com a que actualmente padecemos, e que realmente nos fere no mais intimo dos nossos corações por ser ofensiva da pureza da nossa Santa Lei e da propagação da Fé católica, em cujo ódio mandou o Imperador Kien-Lung (11-12-1736 a 2-8-1796) fechar nesta cidade a Igreja de N. Srª. Do Amparo”. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. I, 2015, pp. 149, 270 e 273.)
(2) A Rua de Nossa Senhora do Amparo começa na Rua da Tercena, próximo do Pátio das Calhandras e termina na Rua dos Mercadores, ao lado da Rua dos Ervanários. Faz parte desta Rua o pequeno troço de ligação com a Rua dos Ervanários, situada quase em frente do Pátio da Adivinhação.
A Calçada do Amparo começa na Rua de S. Paulo entre os prédios n.ºs 34-F e 36, e termina na Rua de Nossa Senhora do Amparo, entre os prédios 5-D e 7. O acesso a esta calçada, do lado da Rua de S. Paulo, é feito através de uma escada de pedra.
O Pátio do Amparo está situado junto da da Calçada, em frente do átrio de Chôn Sau, e tem duas entradas e não tem saída.
(3) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, ICM, pp. 144, 145 e 158.
Ver https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/simao-vicente-da-rosa/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-frei-hilario-de-santa-rosa/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/igreja-de-s-antonio/ https://macauantigo.blogspot.com/2016/03/igreja-n-sra-do-amparo.html https://caderno-do-oriente.blogspot.com/2009/11/rua-de-nossa-senhora-do-amparo.html