Do «Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas», no n-º especial comemorativo do Tricentenário da «Gazeta», n.º4, Out/Nov/ Dez de 1941, pp. 143-144; 169-170. (1), extraí o seguinte texto sobre a evolução da imprensa escrita em Macau.
NOTAS: I – José Pedro Braga nasceu em Hong Kong em 3-8-1871 e faleceu em Macau (como refugiado de guerra de Hong Kong, vivia com o filho José Maria Braga) em 12-02-1944 Era o 8.º filho de Vicente Emílio Rosa Braga (Macau 2-12-1834- Kobe 1900) e de Carolina Maria de Noronha. Em 1927 foi o primeiro membro da comunidade portuguesa de Hong Kong a ser eleito para o «Sanitary Board» (hoje «Urban Council») e em 1929 foi convidado pelo Governador, Sir Cecil Clementi, para membro do «Legislative Council». Era cavaleiro da Ordem de Cristo, por decreto de 16-03-1919. Era também membro da Ordem do Império Britânico (O.B.E.) (FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume III, 1996, p.325) + https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jack-m-braga-jose-maria-braga/
II – «A Voz de Macau», periódico republicano, impresso na tipografia do mesmo nome, e publicado às terças, quinta e sábados, começou a 1 de Setembro de 1931, do director Henrique Nolasco da Silva, proprietário e redactor principal Domingos Gregório da Rosa Duque, assumindo este em 18 de Dezembro de 1932 a direcção do jornal de que era fundador e director de facto. Em 1 de Outubro de 1931, passou «A Voz de Macau» a ser diário, que manteve durante 16 anos (o primeiro a manter um jornal tanto tempo em Macau) até à sua morte em 16 de Agosto de 1947. (TEIXEIRA, Pe. Manuel – Imprensa Periódica Portuguesa no Extremo Oriente, ICM, 1999, pp. 144-148)
Ver também em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/a-voz-de-macau/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/domingos-g-da-rosa-duque/
III – Sobre a Companhia de Cimento da Ilha Verde ver em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/fabrica-de-cimento-ilha-verde/ .
Anúncio do jornal (anunciava-se como “ «PERIÓDICO, REPUBLICANO INDEPENDENTE») “O LIBERAL”, em 1922.
Este jornal iniciou a sua publicação a 3 de Maio de 1919. O proprietário (também editor e director) foi Constâncio José da Silva (1) e publicava-se duas vezes por semana (às quintas-feiras e aos domingos) (2)
Tinha como secretário, D. G. da Rosa Duque (3) e administrador, Elísio das Neves Tavares. Tinha agentes e correspondentes em Hong Kong, Shanghai, Tientsin, Amoy, Cantão, Manila, Soerabaya, Timor, Kobe e S. Francisco da Califórnia.
O número avulso custava 15 avos e “as assinaturas eram pagas em notas de bancos europeus e cobradas adiantadamente”.
Os anúncios no jornal custavam 50 avos por cada polegada de coluna, ou fracção de polegada, com 50 % de desconto caso haja repetição.
A redacção, administração e a tipografia ficavam na Rua da Praia Grande, n.º 55 com o telefone n.º 127.
O periódico tevê curta duração, terminou em 29 de Janeiro de 1924 (4)
(1) Constâncio José da Silva, tinha sido o director da “Verdade”, periódico anticlerical, que foi contra “o pedido de certas forças locais” para a manutenção, em solo macaense, das congregações religiosas após a implantação da república, em 1910. Refere Beatriz Basto da Silva que Constâncio José da Silva que se mostrou sempre anticlerical, morreu em Shanghai, convertido e confortado com os sacramentos da Igreja.
Recordo que Constâncio José da Silva era advogado e interveio no episódio dos piratas em Coloane e relatado em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/constancio-jose-da-silva/
Por curiosidade, é o mesmo Constâncio José da Silva que foi incumbido em 5 de Julho de 1919, para remodelar e reger a Banda Municipal. Há uma indicação de um actuação da banda, em 3 de Março de 1929, num concerto no Teatro D. Pedro V (5)
(2) Luís G. Gomes refere “O LIBERAL” como um semanário. (4)
(3) Domingos Gregório da Rosa Duque foi editor e director do semanário «O Combate» iniciado em 06-02-1923 (foi até 21-10-1926) e fundou em 1931 o jornal «A Voz de Macau». (5)
(4) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(5) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau. Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude de Macau, 1007, 454 p. ISBN-972-8091-11-7