Archives for posts with tag: A Verdade

Artigo publicado na “Voz De Macau”, de 1936 e republicado no “Boletim Geral das Colónias”, Ano XII, Novembro de 1936, n.º 137,   pp.127-129.

Notícia publicada no jornal de Macau “A Verdade” de 18 de Agosto de 1928 e reproduzida no Boletim Geral das Colónias (1)
NOTA: A “Royal Air Force“ (RAF) estava instalada em Kai Tak desde 1927 e tinha os hidroaviões bombardeiros  da geração doss “Fairey IIIF ” (aparelhos de dois lugares motorizados com motores “Napier Lion”), utilizados pela RAF de 1926 a 1934.  A “RAF KAI TAK”  além das missões militares actuava também no combate à pirataria nos mares da China. Foi transferida em 1938, para “Sek Kong Airfield” nos Novos Territórios onde esteve até  1999, ano da entrega de Hong Kong à RPChina. Durante a ocupação japonesa de 1941 a 1945 o aeroporto de Kai Tak foi a base dos aviões japoneses “A6M Zero”.
https://en.wikipedia.org/wiki/RAF_Kai_Tak
http://www.rafweb.org

http://asasdeferro.blogspot.pt/2015/09/fairey-iii.html

Anteriores referências ao Centro de Aviação Naval da Taipa e à Aviação Naval  em Macau:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/06/23/centro-de-aviacao-naval-de-macau-taipa-1928/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/aviacao-naval/
(1) «BGC», n.º 40 , Outubro de 1928.

No dia 7 de Fevereiro de 1915, o jornal «O Progresso», publica o seguinte convite: «O Governador da Província de Macau e D. Berta de Castro e Maia têm a honra de convidar as pessoas das suas relações a visitar hoje, pelas 16 horas, no Palácio do Governo, a exposição de preciosidades chinesas da colecção do Exmo. Se. Dr. Camilo de Almeida Pessanha». Camilo proferiu então uma conferência sobre «Estética Chinesa». (1) É Camilo Pessanha quem organiza pessoalmente a exposição, escolhendo cento e vinte e cinco peças, cem delas classificadas no respectivo catálogo. (2)

POSTAIS CAMILO PESSANHA - 6SET1915Camilo Pessanha com o afilhada Ângela Gracias, em Macau,
no dia 6 de Setembro de 1915, véspera da sua última partida para Portugal (3)

Esta colecção seleccionada é oferecida ao Estado Português, seguindo-se uma outra, de sessenta peças doada por documento de 1926, ano da sua morte, ao Museu Machado de Castro , de Coimbra, terra natal do Poeta. Ambas as doações se encontram hoje nesse Museu, depois de várias vicissitudes e com seis peças em falta (4)

POSTAIS CAMILO PESSANHA - MARÇO 1916Camilo Pessanha com António Osório de Castro, em Lisboa, em Março de 1916
pouco antes de regressar definitivamente a Macau. (3)

(1) Camilo Pessanha já em 28 de Maio de 1910 proferira uma conferência sobre estética chinesa, no Grémio Militar de Macau, a qual se prolongara por duas horas.
O relato desta conferência “Estética Chinesa“, elaborada pelo próprio autor, foi publicado no jornal “A Verdade”, de Macau, nº 85, em 2 de Junho de 1910. Poderá Lê-lo em: https://sites.google.com/site/pesscam/sinologo/estetica-chinesa
(2) “A sua colecção de arte chinesa é exposta no Palácio do Governo no dia 7 de Fevereiro de 1915. Constituída por cem peças, incluía exemplares de pintura e caligrafia, bordados, brocados, indumentária, joalharia, cloisonné, champlevé, bronze com incrustações, escultura em madeira e marfim, unicórnio, pedras duras e vidro, embutidos em madeira, charão e cerâmica. O poeta ofereceu-a então ao Estado português.” http://purl.pt/14369/1/cronologia1909.html
(3) Postais da Colecção «CAMILO PESSANHA no 70º aniversário da publicação do “CLEPSIDRA”». Edição do Instituto Português do Oriente, Macau, 1990.
Postais desta colecção em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/01/23/leitura-macau-e-a-gruta-de-camoes-xxv-por-camilo-pessanha/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/03/01/noticia-de-1-de-marco-de-1926-falecimento-de-camilo-pessanha-postal-poesia-camilo-pessanha-ii/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/02/06/poesia-postal-de-camilo-pessanha-i/
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.

Continuação do anterior post (1)
“Alguns aventuram-se nas ruas de Macau; entram no fantan e jogam; penetram nas casas de prazer onde come o fane (2) e bebem o chá e se a polícia adrega saber que está ali um pirata então arranja- se uma verdadeira série de artimanhas para se pôr a salvo. Já sahiu; abonam-se-lhe as qualidades ou n´um rompante elle foge deixando nas mãos da auctoridade o seu rabicho…postiço. Macau é o paraízo dos piratas que se abrigam quasi sempre em Coloane ou na Taipa onde ha annos foi preso o mais terrível de todos elles. O vice-rei de Cantão tinha medo d´esse homem extranho que raptava as mais ricas donzelas da sua província e ousadamente as levava para as ter como refens. O Ho Nam (3)viu presas as suas mais formosas filhas, as lindas chinezinhas de pés minusculos, olhos em amendoa e sobrancelhas traçadas a nankin: e todo o Kuang Tung (4)chorava de magua por esse raptor de donzelas jamais ser apanhado e que exigia sempre quantias fabulosas pelas suas captivas.

LEGENDA DAS FOTOS:
1 – Os piratas prisioneiros no quartel da polícia
2 – Uma mulher pirata
3 – A povoação de Lai-chi-van onde estavam acoutados os piratas
4 – Trecho da estrada do porto á villa
5 – Estragos do bombardeamento na ilha de Coloane

Corria já bem forte a lenda: o pirata era quasi um semi-deus. Um dia soube.se que estava na Taipa; um pelotão de marinheiros portuguezes foi dar caça a esse terrivel bandido, que tanto incommodava o mandarim vice-rei de Cantão, e, após um tiroteio violento, trouxe ferido n´um calcanhar esse Achilles da raça amarella para a fortaleza do Monte.
Chorava noite e dia o famoso pirata raptor das mais lindas virgens de Ho-Nan e dizia no meio dos seus prantos que jamais fizera mal aos portuguezes que o iam enviar para essa China terrivel, onde seria decepada a sua cabeça”

LEGENDA DAS FOTOS:
1 – Um posto de observação
2 – Outro aspecto da villa bombardeada
3 – Grupo de captivos pelos piratas que as tropas portuguezas libertaram

É sempre assim; os piratas preferem os seus compatriotas como succedeu agora n´essa triste aldeia de Tong ang, no districto de Sanneg, dónde roubaram da escola dezasseis creanças que levaram captivas para Coloane. Do fundo do rochedo, onde as tinham guardado, exigiam trinta e cinco mil patacas. Os paes das creanças choravam; o commerciante de Hong Kong, fundador da escola, desolava-os; todos pediam providencias ás auctoridades portuguezas que, como sempre, marcando muito bem a sua suberania no território, foram caçar os raptores …..”
…continua…..

Artigo e fotos não assinados das páginas 331 e 332 , Ilustração Portuguesa (edição semanal do jornal O SECULO), n.º 238, Lisboa, 12 de Setembro de 1910, pp. 329 – 334.

Segundo Luís Gonzaga Gomes (5), terá sido no dia 5 de Maio de 1910 que “ousados piratas chineses incursionaram as aldeias de Tong Hang e Pac Seac, do distrito de San Neng, em Seak Kei, e raptaram 18 crianças, das quais 17 eram alunos, sendo o último um moço de cozinha, duma escola, exigindo $ 35,000, quantia bastante elevada para a época.” Três chineses de Hong Kong, um dos quais era avô duma das crianças raptadas e outros dois, progenitores de duas das crianças, solicitaram a ajuda do advogado Constâncio José da Silva  (6) no dia 11 de Julho. O advogado fez uma “bem fundamentada exposição” ao Governador da Província (Eduardo Augusto Marques) relatando os factos juntando à sua exposição as três cartas dos chefes dos piratas em que exigiam o resgaste.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/09/09/historia-de-piratas-i-ilhas-de-piratas/
(2)  –mandarin pinyin: fàn; cantonense jyutping: faan6 – arroz cozinhado, refeição.
(3) Aldeia/Vila da província de Guangdong / 廣東 / Kuangtung / província de Cantão.
(4) 廣東 – mandarin pinyin: guang dong; cantonense jyutping: gwong2 dung2 –  província de Guangdong/Cantão
(5)  GOMES, Luís Gonzaga – Páginas da História de Macau. Instituto Internacional de Macau, 2010, 358 p., ISBN: 978-99937-45-38-9 
(6) Constâncio José da Silva era advogado, editor, director e proprietário do hebdomadário “A Verdade“, cuja redacção, administração e tipografia estavam instaladas, no rés-do-chão do prédio n.º 17 da Rua da Praia Grande, onde ele residia com a sua família e onde tinha também o seu escritório de advogado.