Portugal no Extremo Oriente VIIcontinuação de (1) e (2)

O DOMINIO PORTUGUEZ   ῼ  CAMÔES BATALHADOR  ῼ  A PORTA DO CERCO

Portugal no Extremo Oriente IXGrémio Militar

“É crível que um pequeno tubo, com o seu deposito de metal, onde a agua côa o opio gere um domínio, mas não se concebe que ao cabo da tradição extranha dos Portuguezes o Filho do Céu, esse imperador de tres annos (3) seja o senhor da Monaco Oriental por direito de conquista. Se d´essa tentação do sonho, d´essa loucura do opio, o portuguez se livra mais do que outro qualquer europeu, das tricas chinezas ou das suas armas, elle, o heroe de sempre, saber-se-ha defender melhor. Macau não é esse territorio chinez que se julga apenas concedido com clausulas, é antes o territorio onde as mercadores portuguezes fundaram Santo Nome de Deus de Macau quando o imperador Chetseug (4) lh´o doou após uma batida homerica  da nossa gente no pirata Chau-silau (5), que singrava com mas suas fustas nos rios azues de cantão. Em todo o caso o governo da Índia só para ali enviava funcionarios que pelo seu porte eram difficilmente contidos na colonia então bem prospera.

 Portugal no Extremo Oriente XA Gruta de Camões

Camões era um dos insubordinados, um d´esses homens que mal se aturavam na séde do governo e d´ahi o enviaram-no com Fernão Martins para Macau, onde depois de batalhar, devia buscar o repouso amigo, no fundo fresco d´uma gruta, deante do mar calmo, repassado de tristezas, desolado, evocar além toda a epopeia d´uma patria ingrata e distante, e, feito provedor de defuntos, escrever a epopeia heroica d´uma grande vida nacional, sonhando, talvez, com delicias de fumador d´opio, nos seus amores infelizes. Dia a dia, Macau tornou-se um emporio, que os japoneses cobiçavam e que João Pereira, um simples negociante defendia.

 Portugal no Extremo Oriente XIPorto Interior (Largo da Caldeira)

Depois os chinezes, falando de extorções no seu solo, limitaram o que nos pertencia; ergueram a porta de Kuan Chap (6) ou de limite , por nós chamada a porta do Cerco. Em 1583 estabelecia-se o governo municipal (7), fundava-se a Mizericordia (8 ) e os hospitaes de S. Raphael e de S. Lazaro (9) e em 1586 davam-se à cidade regalias eguaes às de Évora.” (10)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/04/15/leitura-portugal-no-extremo-oriente-macau-i/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/05/leitura-portugal-no-extremo-oriente-macau-ii/
(3) Deverá estar a referir-se ao último imperador da China (12.º imperador da dinastia Qing) de 1908 a 1912, quando foi forçado a abdicar –  Pu Yi ( 溥儀, pǔyí) (7 de Fevereiro de 1906 -17 de Outubro de 1967
(4) “Chetseug” – Chin-Tsoung ou Sân-Tchông mais conhecido pelo seu título de reinado por Imperador Wanli (萬曆) (4 de  Setembro de 1563 – 18 de Agosto de 1620),  foi um Imperador da China do período da Dinastia Ming (governou durante 48 anos – o reinado mais longo da Dinastia Ming de 1572 à 1620)
(5) “Chau-silau” – Pirata Chan-Si-Lau (suicidou-se em 1557 após a derrota dos piratas no Rio das Pérolas, com o auxílio dos portugueses). Em princípio esta é a data (1557) aceite  para  a fundação  de Macau.
(6) “Kuan chap” (關 閘 – mandarim pinyin: guan  zhá; cantonense jyutping: gwaan1 zaap6) literalmente porta da fronteira) – Porta do Cerco
(7)  Criado o (Leal) Senado de Macau, pelos bons ofícios de D. Belchior Carneiro (11)
(8) 1569 – Fundação da Sta Casa da Misericórdia, por Belchior Carneiro (11)
(9) 1569 – Fundação do Hospital de S. Rafael  onde foram introduzidas as primeiras vacinas na China e do Hospital de S. Lázaro. Macau teria então já cerca de 5 a 6 mil «almas cristãs» (11)
(10) artigo e fotos retirados da “Ilustração Portugueza”, 1908.
(11) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Séculos XVI-XVII, Volume 1. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997198 p (ISBN 972-8091-08-7)