“Na noite de 27 para 28 de Outubro (1872), ruíra com assustador estrondo o tecto da Igreja de S.to Agostinho, em cujo convento anexo se encontrava instalado o hospital militar.
Ninguém esperava tal desabamento, porquanto o tecto não denunciava, exteriormente, qualquer sinal de o vigamento interior se encontrar completamente carcomido pela formiga branca. A parede comum à igreja e ao hospital, pôs em perigo, na sua queda, a vida de um enfermo, que se encontrava internado num quarto contíguo, não tendo havido, por sorte, qualquer morte a lamentar. Toda a noite se trabalhou afanosamente, na colocação de espeques e anteparos para escoar as paredes que ofereciam menos segurança.” (1)
Esta informação de Luís Gonzaga Gomes, não está correcta, nem a data nem “o que caiu“. Padre Manuel Teixeira (2) transcreve de “A Gazeta de Macau e Timor, n.º de 6-X-1872″
“Na noite de 27 para 28 p.p. (portanto 27 para 28 de Setembro) os habitantes do bairro de S. Lourenço foram despertados por um ruído assustador, que semelhava o estrondo precursor dos terramotos. Era a Igreja matriz de Santo Agostinho, a que está anexo o hospital militar que desabava. Este antigo edifício não apresentava muito sinais aparentes de decadência e era julgado suficientemente sólido para durar ainda alguns anos; por isso causou geral espanto a sua ruína.
A parede comum da igreja e do hospital ameaçou da sua queda a vida de um enfermo que habitava um quarto contíguo. No meio das enormes traves e da cantaria que se despenhava, estava esse pobre homem sem se poder mexer, pedindo socorro em tão angustioso transe, e decerto teria perecido se lhe não valesse a dedicação de alguns intrépidos soldados
O que desabou foi apenas a capela mor da Igreja…”
Não caiu parte do hospital nem o tecto da Igreja, mas só a cobertura da capela mor da Igreja e a parede comum da igreja e do hospital.
NOTA: Há já muito que Dr. Lúcio Augusto da Silva (Director dos Serviços de Saúde) reclamava a construção do novo hospital. O Governador Visconde de S. Januário (empossado 23 de Março de 1872) resolveu então a construção do novo hospital que viria a ficar situado no Outeiro de S. Francisco. A data que Luís G. Gomes atribui na obra citada (1) como inauguração do hospital, corresponde ao lançamento da primeira pedra . O Hospital seria só inaugurado a 6 de Janeiro de 1874 (projecto do Barão de Cercal, direcção do capitão Henrique Dias de Carvalho).
A foto acima é de um cartão do Boas Festas dos Serviços de Saúde de Macau.
Esta foto foi retirada de (2)
(1) GOMES, Luís Gonzaga – Macau Factos e Lendas páginas escolhidas. Edição da Quinzena de Macau, Outubro de 1979 – Lisboa, 152 p., 19,5 x 14,5 cm
(2) TEIXEIRA, Pe. Manuel – A Medicina em Macau, Volumes I-II. Edição do Governo de Macau/Gabinete do Secretário-Adjunto para os Assuntos Sociais e Orçamento, Macau, 1998, 502 p. , ISBN 972-97934-1-7
[…] (4) Este desenho de Chinnery vem mencionado com este título nos catálogos das exposições, ambas em 1995 “Macau Uma Viagem Sentimental” e “Imagens de Macau Oitocentista“. Mas tem uma referência ao “Convento de S. Francisco”, embora interrogado, no catálogo da exposição em 1985 “George Chinnery – Macau“. (5) “22-08-1589 – Tomarão posse os Religiosos de Stº Agostinho desta Cidade do Convento de N. S. da Graça que hoje possuem o qual foi fundado pelos Religiosos desta Ordem vindos de Filipinas …” (BRAGA, Jack M. – A Voz do Passado, 1964). (6) “Isto escrevia-se depois do grande incêndio de 1872, que destruiu a capela‐mor, a sacristia e várias outras dependências e que nos faz crer que essa parte do convento, já não alinhava com o bloco da igreja, pois era considerada dependência militar, e , posteriormente, passou a pertencer a particulares.” (7) (7) ” A Colina de Santo Agostinho e o seu Convento”, sem indicação de autor in . MACAU, Boletim Informativo, 1956. Anteriores referências ao Convento de Santo Agostinho: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/convento-de-s-agostinho/ Ver ainda «NOTÍCIAS – QUEDA DO TECTO DA IGREJA DE SANTO AGOSTINHO» em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/10/27/noticias-queda-do-tecto-da-igreja-de-santo-agostinho… […]
[…] (5) O grande incêndio que em 1872 destruiu a capela‐mor, a sacristia e várias outras dependências. Não houve perdas de vida. No ano seguinte, a Confraria do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos requereu para si a igreja, com o compromisso de reedificar as partes derrubadas. Em 1887 já as obras estavam concluídas; no entanto, em 1889 a mesa da confraria resolveu reconstruir integralmente a igreja. O engenheiro Mateus Lima foi então requisitado para fazer a necessária vistoria e elaborar o caderno de encargos, vindo a empreitada a ser arrematada pelo mestre‐de‐obras chinês ou macaense Afoo. Foram também realizadas melhorias na sacristia, na torre e na casa da confraria. O templo voltou a ter culto a 9 de janeiro de 1900. TEIXEIRA, Padre M. – Macau e a sua Diocese Volume I -Macau e as suas Ilhas. 1940, p. 180. Ver anterior postagem em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/10/27/noticias-queda-do-tecto-da-igreja-de-santo-agostinho… […]