O livro “CHRONICA PLANETARIA (Viagem à Volta do Mundo) ” de José Augusto Correa, (1) publicado em 1904 (2) é um relato de viagem à volta do mundo que o autor começou em Lisboa, no dia 15 de Março de 1902 na estação do Rossio:

Partida da estação central do Rocio, Lisboa, às 11 horas e 6 minutos da manhã de sábado, 15 de Março de 1902. Dia esplendido e sol. Em seguida aos abraços de despedida e á grata operação de fotografar o grupo de amigos que compareceram, dissemos, o Soares e eu, um último adeus á cidade amada de Herculano. (…)

e terminou na mesma cidade, a 19 de Setembro de 1902: A 7 de setembro e ao som de hymnos festivaes que saudavam a aurora anniversaria da independencia do Brazil, (…) deixei o solo paraense para bordo do «Jerome», que em doze dias me transportou à formosa cidade de Ulysses, termo, como fôra princípio, da minha viagem circular planetária.

Exemplar encadernado, com lombada em pele, bem encadernada., mas com desgaste (contornos das capas)
Exemplar com uma dedicatória do autor numa folha incorporada antes da folha de rosto,  “offerece José Augusto Correa, Lisboa, 24 de Fevereiro de 1905

Da estadia em Macau de 20 de Junho a 22 de Junho, o autor descreve-o nas páginas 352 a 362 (III Parte- De Alexandria a Hong Kong pp. 251 a 1370)

Infelizmente das 240 fotogravuras que o livro apresenta, somente uma foto (a Praia Grande) é de Macau.

20 de Junho – Entre as três próximas cidades: Vistoria (Hong Kong), Macau e Cantão, há uma regular carreira de vapores de roda, som serviço de restaurante. Em três horas de bôa marcha, vence-se as quatro milhas que separam Hong Kong, isto é, a China inglesa, de Macau, a China portugueza.

Foi por uma tarde límpida e formosa que avistei o pharol da Guia, e a linda capellinha contigua, a alvejar por entre a ramaria. Apparece depois o bello quartel mourisco, hoje, hospital de colericos, (3) a monumental fachada de S. Paulo, os campanarios de S. Lourenço, toda a magnifica edificação da Praia Grande, d´entre a qual sobresahe o palácio do governador, e no extremo oposto o hotel-sanatorio da Boavista, elevado no meio de um caracol maravilhosamente pittoresco. Todo este conjunto impressiona encantadoramente o forasteiro que pela primeira vez aporta à cidade do Santo Nome de Deus de Macau.

O porto, d´este lado da minúscula peninsula, é inacessível a embarcações de alto bordo. É preciso dobrar a ponta da Boavista e ir fundear no porto interior, que defronta o bairro chinez. Este é extenso mas sujo, com exterior apparencia de remota antiguidade. (…)   …………………. continua.

(1) José Augusto Corrêa nasceu em Vigia (Vigia, também chamada de Vigia de Nazaré, é um município brasileiro do estado do Pará) mas passou a maior parte do tempo na Europa sobretudo em Lisboa e Paris. Era da Academia de Ciências de Portugal e editou várias obras de caráter teológico, filosófico e literário entre 1894 e 1926. Na sua obra “Crônica Planetária”, de 1902, Augusto Corrêa escreveu sobre sua passagem pela terra natal em agosto do referido ano: “22 de Agosto de 1902,- eram nove horas e meia da manhã quando pisei o sólo da pátria idolatrada, (Belém – capital de Pára) depois de uma ausência de vinte e sete anoshttps://www.culturavigilenga.com/copia-biografias

(2) CORREA, José Augusto – Cronica Planetaria (Viagem à volta do mundo), 2.ª edição. Editora: Empreza da História de Portugal, Lisboa, 2.ª edição, 1904, 514 p. Illustrada com 240 photogravuras; 15,5 cm x 21 cm

(3) O “hospital de colericos” (sic)  – Hospital (militar) de Sam Januário foi construído em 1872, destinado a militares, nunca foi quartel mourisco, nem foi para doentes com cólera. De 1896 a 1901 houve uma epidemia de peste bubónica em Macau (e arredores) e em 1902 surgiu uma epidemia de cólera em Cantão : “15-03-1902 – O B. O. acautela para a necessidade de tomar medidas preventivas face à epidemia de cólera que grassa na província de Cantão. O B. O. n.º 30 considera-a já extinta” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia de História de Macau, Volume 4, 1977)