Archives for posts with tag: 1905

Em 28 de Junho de 1966, o Observatório Meteorológico de Macau (1) instalou-se -se na Fortaleza do Monte que nesse dia abriu as portas ao público/turistas. O anterior observatório de dimensões reduzidas esteve desde 1901 no morro do Bispo, depois ao lado do Hospital Central Conde de S. Januário no antigo forte de S Jerónimo. (2) (3)

POSTAL – 18 cm x 12,3 cm – Serviço Meteorológico
Fotografia de Ho Kuok Man (4)

(1) Em 1976, a Fortaleza do Monte foi desmilitarizada e em Abril de 1995, neste sítio, teve início o planeamento do museu de Macau. A construção do Museu iniciou-se em Setembro de 1996 e foi inaugurado a 18 de abril de 1998.

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. III, 2015, pp. 63, 229 e 357. https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/01/16/leitura-o-servico-meteoro-logico-de-macau/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/observatorio-meteorologicoservicos-meteorologicos-e-geofisicos/

(3) 1912 – Mapa de Macau editado pelo Leal Senado nesta data assinala o Observatório Meteorológico no local do antigo Fortim de S. Jerónimo, o qual ali começou a funcionar em 1905 (2.º suplemento do B. O. n.º 28 de 1910) (2)

1931 – Faz 50 anos o serviço de observação meteorológica de Macau, tão necessário em terra de tufões. Foi instalado nos finais do séc. XIX, quando este ramo de saber se desenvolveu graças a Verrier, director do Observatório de Paris; para tanto contribuíram os Padres Dechevrens, Faura, Froc e Algué, o observatório de Manila, em geral, e o de Zicawei. Antes disto, as observações meteorológicas socorriam-se em Macau, apenas, de um barómetro da Capitania dos Portos. (2)

(4) Da colecção “Macau Life Postcards” – fotografias de Ho Kuok Man. Edição: Mercearia Tin Fu, Rua de Mercadores 5, Macau. Impresso em Macau, 1994.

O livro “CHRONICA PLANETARIA (Viagem à Volta do Mundo) ” de José Augusto Correa, (1) publicado em 1904 (2) é um relato de viagem à volta do mundo que o autor começou em Lisboa, no dia 15 de Março de 1902 na estação do Rossio:

Partida da estação central do Rocio, Lisboa, às 11 horas e 6 minutos da manhã de sábado, 15 de Março de 1902. Dia esplendido e sol. Em seguida aos abraços de despedida e á grata operação de fotografar o grupo de amigos que compareceram, dissemos, o Soares e eu, um último adeus á cidade amada de Herculano. (…)

e terminou na mesma cidade, a 19 de Setembro de 1902: A 7 de setembro e ao som de hymnos festivaes que saudavam a aurora anniversaria da independencia do Brazil, (…) deixei o solo paraense para bordo do «Jerome», que em doze dias me transportou à formosa cidade de Ulysses, termo, como fôra princípio, da minha viagem circular planetária.

Exemplar encadernado, com lombada em pele, bem encadernada., mas com desgaste (contornos das capas)
Exemplar com uma dedicatória do autor numa folha incorporada antes da folha de rosto,  “offerece José Augusto Correa, Lisboa, 24 de Fevereiro de 1905

Da estadia em Macau de 20 de Junho a 22 de Junho, o autor descreve-o nas páginas 352 a 362 (III Parte- De Alexandria a Hong Kong pp. 251 a 1370)

Infelizmente das 240 fotogravuras que o livro apresenta, somente uma foto (a Praia Grande) é de Macau.

20 de Junho – Entre as três próximas cidades: Vistoria (Hong Kong), Macau e Cantão, há uma regular carreira de vapores de roda, som serviço de restaurante. Em três horas de bôa marcha, vence-se as quatro milhas que separam Hong Kong, isto é, a China inglesa, de Macau, a China portugueza.

Foi por uma tarde límpida e formosa que avistei o pharol da Guia, e a linda capellinha contigua, a alvejar por entre a ramaria. Apparece depois o bello quartel mourisco, hoje, hospital de colericos, (3) a monumental fachada de S. Paulo, os campanarios de S. Lourenço, toda a magnifica edificação da Praia Grande, d´entre a qual sobresahe o palácio do governador, e no extremo oposto o hotel-sanatorio da Boavista, elevado no meio de um caracol maravilhosamente pittoresco. Todo este conjunto impressiona encantadoramente o forasteiro que pela primeira vez aporta à cidade do Santo Nome de Deus de Macau.

O porto, d´este lado da minúscula peninsula, é inacessível a embarcações de alto bordo. É preciso dobrar a ponta da Boavista e ir fundear no porto interior, que defronta o bairro chinez. Este é extenso mas sujo, com exterior apparencia de remota antiguidade. (…)   …………………. continua.

(1) José Augusto Corrêa nasceu em Vigia (Vigia, também chamada de Vigia de Nazaré, é um município brasileiro do estado do Pará) mas passou a maior parte do tempo na Europa sobretudo em Lisboa e Paris. Era da Academia de Ciências de Portugal e editou várias obras de caráter teológico, filosófico e literário entre 1894 e 1926. Na sua obra “Crônica Planetária”, de 1902, Augusto Corrêa escreveu sobre sua passagem pela terra natal em agosto do referido ano: “22 de Agosto de 1902,- eram nove horas e meia da manhã quando pisei o sólo da pátria idolatrada, (Belém – capital de Pára) depois de uma ausência de vinte e sete anoshttps://www.culturavigilenga.com/copia-biografias

(2) CORREA, José Augusto – Cronica Planetaria (Viagem à volta do mundo), 2.ª edição. Editora: Empreza da História de Portugal, Lisboa, 2.ª edição, 1904, 514 p. Illustrada com 240 photogravuras; 15,5 cm x 21 cm

(3) O “hospital de colericos” (sic)  – Hospital (militar) de Sam Januário foi construído em 1872, destinado a militares, nunca foi quartel mourisco, nem foi para doentes com cólera. De 1896 a 1901 houve uma epidemia de peste bubónica em Macau (e arredores) e em 1902 surgiu uma epidemia de cólera em Cantão : “15-03-1902 – O B. O. acautela para a necessidade de tomar medidas preventivas face à epidemia de cólera que grassa na província de Cantão. O B. O. n.º 30 considera-a já extinta” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia de História de Macau, Volume 4, 1977)

A «Gazeta de Macau e Timor, (1) noticiava a partida no dia 30 de Abril de 1873, da cidade de Goa para Macau, do brigue «Concordia», levando a bordo 41 praças mouras para a polícia de Macau, requisitadas pelo governador Visconde de S. Januário, sob o comando do tenente José dos Santos Vaquinhas (2) e de um sargento europeu.

«Gazeta de Macau e Timor», I- 37 de 3 de Junho de 1873

O mesmo jornal de 17 de Junho, (3) dava a notícia da chegada breve a Macau do brigue, por notícias de Penang (4) onde fez escala (faria ainda outra escala em Singapura no dia 2 de Junho). Noticiava ainda que os mouros seriam alojados no novo quartel em S. Lázaro. (5) O brigue «Concordia» chegou a Macau no dia 17 de Junho de 1873

«Gazeta de Macau e Timor», I- 39 de 17 de Junho de 1873,

(1) «Gazeta de Macau e Timor», I- 37 de 3 de Junho de 1873, p. 3

(2) José dos Santos Vaquinhas, tenente em 1873, da Guarnição de Macau e Timor, ocupa interinamente o cargo de Comandante do Posto Militar da Taipa e Coloane, que se encontrava vago em Março de 1874. Nomeado comandante militar da Taipa e Coloane de 04-06-1874 a 30-06-1874 e depois já Major, segundo comandante da guarda policial de Macau, em 1883. Em 1888, como inspector dos incêndios, foi nomeado responsável pelas operações sanitárias devido ao surto de “cólera morbus” declarado a bordo do transporte de guerra “Índia”, e ficou contagiado, falecendo em 1888, na sequência de complicações de ordem cerebral (6)

José dos Santos Vaquinhas tem vários artigos sobre Timor (história da colonização, usos e superstições, etc) que foram publicados entre 1881 a 1887 no «Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa», de que era correspondente. Ver anteriores referências de José do Santos Vaquinhas https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-dos-santos-vaquinhas/

(3) «Gazeta de Macau e Timor», I- 39 de 17 de Junho de 1873, p. 2

(4) Penang é um estado da Malásia, geograficamente dividido em duas partes: ilha de Penang (Pulau Penang) e Seberang Perai (estreita faixa no continente malaio)

(5) Terá sido um alojamento (casa) provisório até ser construído um novo quartel, o chamado «Quartel dos Mouros”, que foi inaugurado em 15-08-1874, na Barra. (7) O novo edifício especificamente destinado a aquartelar a companhia de mouros do Corpo da Polícia de Macau, foi construído segundo o projecto do arquitecto italiano Cassusso. Em 1905 foi transformado para nele se instalarem a Capitania dos Portos e a Polícia Marítima. (87)

(6) “16-08-1888 – Vindo de Hong Kong com tropas portuguesas em trânsito, chegou à Baía de Cacilhas o transporte de guerra Índia, tendo-se declarado a bordo «cólera morbus”, contraída na colónia britânica. De 20 de Agosto a 9 de Setembro fez-se um cordão sanitário com centro de operações na Guia, para isolar aquela zona. O responsável Major José dos Santos Vaquinhas, inspector de incêndios, acabou por ser contagiado e morreu, na sequência de complicações de ordem cerebral e apesar do seu caso ser inicialmente de cólera benigna.” https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/16/noticia-de-16-de-agosto-de-1888-pandemia-de-colera-morbus/

(7) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/quartel-dos-mouros/

(8) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

Pequeno opúsculo de 16 páginas (dimensões: 21,5 cm x 15. 5 cm), de 1905, contendo o sermão proferido pelo padre António José Gomes (1) na cerimónia do lançamento da primeira pedra /reconstrução da Egreja de S. Paulo em Macau (2)

CAPA – bastante manuseada e com uma grande mancha na parte inferior esquerda ( letras a vermelho)

SERMÃO
Pregado dentro das ruínas da egreja da
Immaculada Conceição
VULGARMENTE CHAMADA DE S. PAULO
EM MACAU
Por ocasião do lançamento da primeira pedra para a reconstrucção
d´este antigo e histórico templo
Destinado a futura egreja Parochial de Santo Antonio
No dia 4 de Dezembro de 1904
Anno Jubilar da Immaculada Conceição
Pelo Missionario
P.e António José Gomes
Doutor em Theologia
Parocho da freguesia de Santo Antonio
MACAU
Tipographia Mercantil
1905

“…Senhores: o que nos resta, pois, fazer d´esta ruina?
“Conserva-la, dizem alguns, conservar esta ruína, remover todo este lixo, gradear este recinto e pôr aqui uma vigia”.
Senhores, isto não basta. Há muitos anos que uma tal resolução deveria ter sido tomada. Hoje, depois de tantos annos de profanação a mais ignóbil e vergonhosa, é mister recorrer à mais completa das desaffrontas  e à mais solemne das reparações!
“Conservar isto como ruína, dizem alguns, e basta. É uma obra d´arte antiga, é uma preciosa relíquia do passado, é uma pagina brilhante da historia de Macau; conserve-se, pois, como está, como monumento archeologico.”
Quem fala d´este modo, meus senhores?
Falam aqueles que nunca subiram essas escadas, aquelles  que talvez hoje pela primeira vez entram dentro d´este recinto, aquelles que há trinta, quarenta e mais anos não visitam esta ruína!
E são estes pretensos admiradores de monumentos archeologicos que falam em conservar esta ruina! Elles que a votaram sacrilegamente a todas as profanações as mais odiosas! Conservar esta ruina, quando tanto se tem feito pela derruir! Conservar esta ruina sagrada ao pé d´um templo idolatra! Conservar esta preciosa relíquia da arte christã no meio d´um foco de peste, d´essa montureira que se estende por ali abaixo, com centenares de suínos a refocilarem-se dentro e fóra d´ella! Conservar a mais bela ruina de Macau, a mais bela ruina do Oriente, no meio d´um bairro, talvez o mais sujo e repelente, que existirá sobre a face da terra!
Oh! Não, nunca! Venha mais depressa uma horda vandálica, sacrílega e brutal, e derrua tudo! Saccudam essas columnas, fundam esses bronzes, revolvam esses alicerces, varram essa mole de granito, rasguem essa pagina gloriosa da historia de Macau, apaguem esse pharol inexistingivel da fé dos nossos maiores! Façam tudo isso, se podem!
Mas se não podem, se o vandalismo em arte e o sacrilégio em religião os faz recuar, se o dedo oculto de Deus sustenta essa mole de granito, então nada mais resta que reedificar….”

CONTRA CAPA com as letras vermelhas de difícil visualização
Qualquer donativo que seja oferecido em troca d´este
Opusculo reverterá em benefício da reconstrução
De S. Paulo e podem ser enviado ao auctor
Parochia de Santo Antonio
China Macau

Na última página, com letras pouco visíveis:

IMPRIMATUR
Macai die XVI Januari 1905
JOANNES PAULINUS, Episcopus Macaonensis

(1) O Padre António José Gomes, fundou em Macau a «Obra do Pão dos Pobres», em 1903, agregada à Paróquia de Santo António. Nomeado em diversas ocasiões encarregado do Governo Eclesiástico de Macau durante as ausências do Bispo D. José da Costa Nunes (1920 a 1941). Editor do jornal diário “A Pátria” (2) em 1926, substituindo Francisco Xavier dos Remédios.
(2) “01-07-1923 – Aparecimento do semanário “A Pátria” que, em 1 de Dezembro de 1925, passou a publicar-se diariamente. Cessou a publicação, em 30 de abril de 1928.” Jornal de inspiração cristã, ligada à Igreja, tinha a redação no Seminário de S. José e era impresso no Insituto Salesiano.
(GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954) e (SILVA, Beatriz B. –Cronologia da História de Macau,  Vol. 4)
Ver anteriores referências em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/padre-antonio-jose-gomes/
(2) Ver anteriores postagens – “Notícia de 4 de Dezembro de 1904 – Programa do lançamento da primeira pedra (I) e (II) em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/12/04/noticia-de-4-de-dezembro-de-1904-programa-do-lancamento-da-primeira-pedra-i/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/12/04/noticia-de-4-de-dezembro-de-1904-programa-do-lancamento-da-primeira-pedra-ii/

No dia 2 de Julho de 1956, celebrou-se na Sé Catedral, a festa de Nossa Senhora da Visitação, orago da Santa Casa da Misericórdia (1) a que assistiram mesários, irmãos, funcionários da Santa Casa e pobres protegidos por esta secular instituição de beneficência, fundada nesta cidade, em 1569, pelo primeiro bispo de Macau, D Melchior Carneiro, chegado a esta cidade em Junho de 1568. (2)

Quadro de Francesco Crivelli séc. XV
Santuário Santa Maria Alla Noce – Inverigo

“A devoção a Nossa Senhora da Visitação originou-se entre os primeiros franciscanos. Trata-se de uma devoção totalmente inspirada no Novo Testamento, mais precisamente no Evangelho de São Lucas 1, 39-56. Quando o anjo Gabriel anunciou a Maria que ela seria a Mãe do Salvador, ele disse que Isabel, prima de Maria, já idosa, estava no sexto mês de gravidez por um milagre de Deus. Por isso, Maria foi às pressas até a região montanhosa da Judeia, à cidade de Ain Karnm, para visitar Isabel. Daí o nome de Nossa Senhora da “Visitação”. Porém somente com o Papa Pio V (papado 1566 – 1572) ela tornou-se obrigatória para toda a Igreja Latina e inserida no calendário geral das festas e no Missal romano, transferindo a data de 2 de Julho, na qual era antes comemorada, para 31 de Maio.”(3)

Santa Casa da Misericórdia
George Chinnery
Tinta e lápis em papel (sem data)

(1)Logo de início, a Santa Casa de Misericórdia tinha uma igreja (4) ao lado da sede, no Largo do Senado, consagrada à Nossa Senhora da Visitação.
(2) «MACAU B. I.» 1956.
(3) http://www.cruzterrasanta.com.br/historia-de-nossa-senhora-da-visitacao/202/102/
(4) Embora haja dúvidas quanto às fases de construção, século XVI (?), o Provedor Luís Coelho fez obras no edifício em 1747. (5) A Igreja que foi demolida em 1883 (devido ao seu estado de ruínas) “tinha mestre de capela, organista e ‘meninos cantores’, mas estes eram mal pagos” na segunda metade do século XVIII. (6)
O actual edifício da Santa Casa foi construído no séc. XVIII, embora a frontaria de aspecto neoclássico (falsa fachada justaposta ao edifício) seja de 1905.
(5) PIRES, Benjamim Videira – A vida marítima de Macau no século XVIII, 1993.
(6) DIAS, Pedro – A Urbanização e a Arquitectura dos portugueses em Macau 1557-1911, 2005

Efeméride desta data, referente a Camilo Pessanha que este ano se comemora os 150 anos do seu nascimento, em 7 de Setembro.
19-02-1909 – Fim da licença concedida ao Conservador do Registo Predial (1) desta Comarca, Dr. Camilo d´Almeida Pessanha”. (2)

Rosas de Inverno
 
Corolas, que floristes
Ao sol do inverno, avaro,
Tão glácido e tão claro
Por estas manhãs tristes.
 
Gloriosa floração,
Surdida, por engano,
No agonizar do ano,
Tão fora da estação!
 
Sorrindo-vos amigas,
Nos ásperos caminhos,
Aos olhos dos velhinhos,
Às almas das mendigas!

Desse Natal de inválidos
Transmito-vos a bênção,
Com que vos recompensam
Os seus sorrisos pálidos.
Camillo Pessanha (3)

1) Camilo Pessanha foi nomeado Conservador do Registo Predial, por decreto de 16 de Fevereiro de 1899, tenho tomado posse desse cargo em 23 de Junho de 1900, abandonando o professorado (veio para Macau em 1894, para professor da 8.ª cadeira, Filosofia Elementar do Liceu Nacional de Macau – nomeado em 18 de Dezembro 1893 – e do Instituto Comercial anexo). Esteve de licença desde 27 de Abril de 1905 pela junta médica de Macau porque sofria de anemia – muito provavelmente devido a um tumor hemorroidário de que veria a ser operado em Novembro de 1907 no Hospital do Carmo na cidade do Porto – e concede-lhe tratamento por 90 dias (que vão sendo prolongados em Junta médica em Portugal) partindo para Portugal a 2 de Agosto. Só regressaria em 15 de Janeiro de 1909 (data de partida com chegada a Macau a 18 de Fevereiro) reassumindo o seu cargo de conservador do Registo Predial.
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.
(3) O poema «Rosas de Inverno» reelaborado por Camilo no ano de 1901, foi publicado mais tarde no jornal de Hong «O Porvir» em 21 de Dezembro de 1901 e foi recitado por uma criança num sarau realizado a 15 de Dezembro de 1901 no Teatro D. Pedro V.
poesia-rosas-de-inverno-camilo-pessanha-ipoesia-rosas-de-inverno-camilo-pessanha-iiEncontra-se na Biblioteca Nacional de Portugal, (4) um manuscrito deste poema com a seguinte nota:
“1.º v.º : «Corollas, que floristes». Letra do punho de Alberto de Serpa. Com a indicação de ter sido publicado na página literária de «O Primeiro de Janeiro», Porto, 15 Ago. 1962, junto ao artigo de Guilherme de Castilho. Reunido em «Clepsidra e outros poemas». “
(4) Biblioteca Nacional de Portugal (http://purl.pt/14589)

1899-com-joao-vasco-pereiraCamilo Pessanha e o colega do Liceu, João Pereira Vasco em 1899
Fotografia de MAN-FOOK, MACAO

Anteriores referências neste blogue a Camilo Pessanha em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/camilo-pessanha/
Para melhor informação ver «Cronologia da Vida e Obra de Camilo Pessanha» em:
http://purl.pt/14369/1/cronologia1894.html
e sobre a Bibliografia do poeta em:
http://cvc.instituto-camoes.pt/sabermaissobre/cpessanha/06.html

Continuação na apresentação dos conjuntos referidos em (1): «Conjunto de 6 chávenas + pires de café – património histórico de Macau». Hoje, o referente ao «Pagode de Kun Iam”

copos-e-pires-de-cafe-pagode-kun-iam-iCopo – «Pagode de Kun Iam», na embalagem de esferovite, com plástico
copos-e-pires-de-cafe-pagode-kun-iam-iiCopo de forma cilíndrica: 5 cm de diâmetro e 5,2 cm de altura
(asa lateral: 2 cm)
copos-e-pires-de-cafe-pagode-kun-iam-iiiPires – diâmetro 12, 5 cm
(base: 7, 5 cm)

THE MONGHA TEMPLEThis is a historically interesting spot, as here the first treaty between the United States and China was signed on  the 3rd of July 1844; and also here in 1849 the head and  arm of Governor Amaral were hidden in ashes, after he had  been massacred at the Barrier by the Chinese. This temple  H at a little distance along the lane that is at the back of  the New Protestant Cemetery. It has a blank wall at each side. Entering the garden, one finds oneself in a large open space, behind which are the several buildings composing the temple. In these buildings are to be found the Three  Precious Buddhas, a goddess riding on an elephant and other idols. Chinese frescoes, some in relief, adorn the place:one of them representing The Fat Buddha with a pack of boys playing with and teasing him, though such a god, the personification of good-nature, is evidently too good-natured to be teased. A garden is attached to the place, and in it there is some curiously ornamented tiling, the figures, &c., being in high relief; but which is, however in rather a dilapidated condition.”
(Retirado de “Macao, The Holy City; The Gem of the Orient Earth, de J. Dyer Ball, 1905, 83 p.)
copos-e-pires-de-cafe-pagode-kun-iam-iv(1)  https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/01/04/conjunto-de-6-chavenas-pires-de-cafe-patrimonio-historico-de-macau/

Livro de “Apontamentos de Geographia Economica de Portugal e suas Colónias”, colhidos na aula da 2.ª cadeira da Secção Commercial do Instituto Industrial e Commercial do Porto regida pelo Ill.mo e Ex.mo Snr. Dr. José Augusto de Lemos Peixoto, pelo aluno do Curso Superior do Commercio, F. R. Gomes. (1)
Distribuído por três partes: a primeira é dedicada a «Portugal Continental», a segunda, às «Ilhas Adjacentes» e a terceira às «Possessões Ultramarinas».
apontamentos-de-geographia-economica-de-portugal-capaNa terceira parte: «Possessões Ultramarinas», a Secção II do Capítulo XI – Domínios portugueses na Ásia, é dedicado à Província de Macau (pp. 198-203), subdividida em três partes: descrição física, descrição política e descrição económica.
Algumas informações de Macau apontadas neste livro:
1 – A cidade de Macau tem 3 portos: a bahia ou rada de Macau (também chamada de Porto Exterior); o Porto Interior (o mais abrigado, pouco frequentado, não só pela sua profundidade, como também pelos bancos de d´areia e lôdo) e o chamado ancoradouro do sul que fica ao Sul, entre a ponta meridional da península e a ilha da Taipa (é o mais abrigado de todos, mas tem 250 metros de largo e a sua entrada é muito perigosa porque os canais que a ele conduzem, estão cobertos de bancos)
2 – População – A população, segundo o recenseamento de 1896, é de 78:627 habitantes, dos quaes, uma grande parte, isto é, cerca de 10:000 almas, vive em barcos. Esta população é constituída principalmente por chins, portuguezes e estrangeiros.
apontamentos-de-geographia-economica-de-portugal-pp-198-1993 – Povoações principaes – A única povoação digna de menção é a cidade do Santo Nome de Deus de Macau, que está situada na parte sudoeste da península, e tem 3 kilometros d´extensão, contando com os arrabaldes; é habitada promiscuamente por chinezes e christãos, mas como já dissemos, há um bairro exclusivamente chinez, onde mais se aglomera a população. A cidade fica voltada para a rada ou porto exterior e disposta em amphitheatro, o que lhe dá um aspecto formoso; é separada de território chinez por uma muralha, levantada sobre o isthmo, em 1573, pelos chinezes; n´esta muralha há uma porta, chamada da Porta do Cerco, guarnecida por uma grande força chineza, e é por essa porta que se estabelece a comunicação entre a nossa colonia e o imperio chinez.
4 – Força militar – A guarnição militar da província compõe-se das seguintes forças: 1 companhia europea de artilheria de guarnição, 1 companhia europea d´infanteria, 1 corpo de polícia e 1 banda de musica, tudo com o effectivo mínimo de 474 homens.
5 – Viação – Na província há apenas a viação ordinária: toda a cidade é circuitada por uma larga avenida, importante como estrada militar e como passeio d´habitantes; há ianda caminhos sem importância.
6 – Fontes de receita – A principal fonte de riqueza, é o imposto que o governo lança sobre as loterias chinezaz (a do Pacapio e do Vaeseng) e sobre o jogo do Fantan; este imposto é enorme, porque o chinez é um povo, eminentemente jogador.
(1) Apontamentos de Geographia Economica de Portugal e suas Colónias, colhidos na aula da 2.ª cadeira da Secção Commercial do Instituto Industrial e Commercial do Porto regida pelo Ill.mo e Ex.mo Snr. Dr. José Augusto de Lemos Peixoto. Volume I. Porto, Papelaria e Typographia Academica, 1905, 212 p., 21,5 cm x 16 cm.

ANUÁRIO de 1927 - Vivendas particularidades da Estrada da VitóriaVivendas particulares na Estrada da Vitória

Eram bem conhecidas, antes de as demolirem aos poucos, as vivendas da Estrada da Vitória com o seu traço característico.
Esta, mesmo à esquina da Estrada com a subida da Calçada da Vitória.

A Estrada da Vitória – 得勝馬路 – começa na Calçada do Gaio, em frente da rua Nova à Guia, e termina na R. da Fonte da Inveja, entre a Avenida de Sidónio Pais e a Fonte da Inveja.
Esta artéria já figurava no relatório elaborado pela comissão nomeada pelo governador António Sérgio de Sousa a 16 de Junho de 1869 e vem referida no “Cadastro das Vias Públicas de Macau”, publicado em 1905. Seria posteriormente prolongada com mudança de direcção, mas em 1925, já o seu traçado era idêntico ao actual. (1)
É chamada “da Vitória” porque a estrada inicial passava no local onde outrora era conhecido por Campo dos Arrependidos passando depois a chamar-se Campo da Vitória, após a colocação da primeira pedra (23 de Junho de 1870) e onde já havia uma pilastra de pedra comemorativa da vitória de 24 de Junho de 1622.
Ver anteriores referências a este monumento em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/monumento-da-vitoria/
(1) https://macaostreets.iacm.gov.mo/p/parish5/detail.aspx?id=99755006-3388-4ade-bd2b-ae96ecaea1b6
得勝馬路mandarim pinyin: dé shèng  mǎ  lù; cantonense jyutping: dak1 sing1 maa5 lou6

Foi em 2 de Setembro de 1913, designada pelo nome de «Avenida Almeida Ribeiro» (1) a nova Avenida do Bazar (2). De facto, a Avenida foi feita e aberta por partes. O último troço, a ligação da já designada Av.  Almeida Ribeiro à Praia Grande, só teve o projecto aprovado em 16-10-1918, pelo Conselho Técnico das Obras Públicas,  pelo que só posteriormente é que foi construída e concluída, em 1919 (?) (3) (4)

POSTAL 1986 Av. Almeida RibeiroPOSTAL –  AVENIDA ALMEIDA RIBEIRO – 1986
Copyright Dept. of Tourism (D. S. T.) MACAU – 5000 – 86 – 12
Impresso na Gráfica de Macau Lda.

NOTA: Já em 1905 J. Dyer Ball (“Macao: the Holy City,  the Gem of the Orient Earth”) (5)  referia ao projecto da construção desta “avenida”
Of late years Macao after a period of stagnation has been much improved by new roads laid out over the Campo and about the hills. A grand new avenue to cost $ 300,000 and to lead in direct line from the Inner Harbour opposite the Steamboat Company’s wharf to the Praya Grande, was mooted some years since; but the money has been spent on other improvements.

POSTAL 1986 Av. Almeida Ribeiro by nightPOSTAL –  AVENIDA ALMEIDA RIBEIRO BY NIGHT- 1986
Copyright Dept. of Tourism (D. S. T.) MACAU – 5000 – 86 – 12
Impresso na Gráfica de Macau Lda.

(1) “Porque tem esse nome? Pura e simplesmente porque esse homem (Artur Rodrigues de Almeida Ribeiro), quando ministro das colónias (1913-1914) sancionou a verba para a expropriação  das casas para a abertura da avenida. Apenas isto: uma penada autorizando uma verba  (TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Vol. II, 1997).
(2) Arquivo Histórico de MacauF. A. C. P. n.º 329 – S-N.
O Padre Teixeira dá a inauguração em 1915 na parte a poente do Largo do Senado. Nesse mesmo ano, a 7 de Abril de 1915, já havia um projecto de iluminação eléctrica para a Avenida.
(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 4, 1997.
(4) “1918 – Mais um troço da Avenida de Almeida Ribeiro rasgado. Para tanto, foi demolido um pavilhão que existia em frente ao Leal Senado e a casa do rico comerciante Lin Lian, então situada no cruzamento da Av. de Almeida Ribeiro com a Rua da Praia Grande. (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.)
23-01-1919 – Aprovado por P.P.18, desta data, o projecto de expropriação para conclusão da Av. Almeida Ribeiro e a sua ligação com a Praia Grande (77 360 patacas; P.P. 82). Expropriação de vários prédios do Largo de Senado, Travessa do Roquete, Rua da Sé e Pátio da Sé, zona sensível, cenário dos primeiros tempos de Macau” (Arquivo Histórico de Macau F. A. C. P. n.º 172 – S-E).
(5) http://www.archive.org/stream/macaoholycitygem00ballrich/macaoholycitygem00ballrich_djvu.txt
Referências anteriores desta Avenida:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/avenida-almeida-ribeiro/