No dia 14 de Dezembro de 1902, com 91 anos, faleceu em Macau o Comendador Lourenço Marques. (1) Um dos traços perene da sua passagem pela vida é o Monumento da Vitória (contra os holandeses, 1622), que mandou erguer. Quando Procurador dos Negócios Sínicos e membro do Conselho do Governo, mandou colocar letreiros com os nomes das ruas e os números das casas (já o Governador Ferreira do Amaral, em 23-II-1847, havia mandado dar o nome às ruas e números das casas; propôs que criassem as fontes de rendimentos nas ilhas da Taipa e Coloane que não o tinham). A ele se deve a indicação, por meio de sinais o incêndio e a aproximação de tufões, por sinais públicos, de tufão próximo. A 1.ª iluminação pública de Macau foi da sua iniciativa, fazendo colocar à sua custa – lanternas à frente do Leal Senado e do Palácio do Governo – foi da sua iniciativa e à sua custa. Foi também Procurador do Senado e seu Presidente (1871-72). Foi ele ainda que, igualmente à sua custa, mandou fundir em bronze, no Arsenal de Lisboa, o busto do poeta português Luiz de Camões 1866, para depois o colocar na gruta onde hoje o vemos.
SILVA, Beatriz Basto e – Cronologia da História de Macau, 4.º Volume.

Jardim de Camões AGU c.1950

Jardim de Camões c. 1950

Outros cargos exercidos e contribuições para o benefício da cidade realizadas pelo Comendador:
1839 – Juiz almotacel do Leal Senado da Câmara.
1846 – Juiz substituto de paz das freguesias da Sé e de S.º António; 13 de Dezembro – procurador da Câmara. Cooperou neste ano na formação do Batalhão Provisório de Macau oferecendo ele a bandeira a esse corpo. Em 1847 era Tenente da segunda Companhia; Capitão da mesma companhia em 1850 e mandou construir uma barraca para o aquartelamento da 2.ª companhia de que era capitão das tropas.
1847 – Como membro do Conselho do Governo e Procurador dos Negócios Sínicos, mandou iluminar a cidade e numerar as casas e por nomes às ruas.
Fez parte de uma comissão (2) com o fim de promover uma subscrição voluntaria para levar a efeito um plano de educação, fundo com que se organizou a Escola Principal de Instrução Primária inaugurada em 16 de Junho de 1847. Ofereceu a esta Escola o mobiliário.
1851-1856 e de 1859-a 1861 – Procurador do Leal Senado.
No desastroso incêndio do Bazar em 1856 vendo que na cidade não havia bombas nem bombeiros em estado de poderem funcionar, solicitou-as ao almirante Guerin, e este prontamente mandou três acompanhadas de uma força de 300 homens desembarcados dos vasos de guerra «Glorie», «Ergon» e «Constantine» e devido a tão valioso auxílio é que se conseguiu extinguir esse pavoroso incêndio.
Foi sua iniciativa mandar retirar do fundo do porto da Taipa o casco da fragata «D. Maria II» e algum tesouro, tendo sido o casco vendido por algumas mil patacas em benefício do erário público
1864 – Propôs que se erigisse o Monumento da Vitória e inaugurou-a como Presidente do Leal Senado em 26 de Março de 1871.
1862 – Comendador da Ordem de Cristo a 30 de Janeiro.
1865 – Vice-presidente do Leal Senado.
1869 – Procurador substituto interino dos Negócios Sínicos.

Há um Pátio Lourenço Marques na Toponímia de Macau que fica junto à antiga casa do ópio, indo desembocar na Avenida Almirante Sérgio.

(1) Nasceu a 7 de Agosto de 1811 (baptizado a 14 de Agosto do mesmo ano, na Igreja de Lourenço), Lourenço Caetano (nasceu no dia de S. Caetano) Cortela Marques.
Casou a 7 de Agosto de 1838 (precisamente no dia em que completava 27 anos) com a sua prima Maria Ana Josefa Pereira (nascida a 21 de Abril de 1825, portanto contava apenas 13 anos de idade. Consta-se até que, quando ela teve o primeiro filho (nascido a 27 de Setembro de 1852) fazia-se mister andar a chamá-la constantemente para dar o peito à criança, pois ela – pouco menos que criança- se entretinha a brincar no jardim com outras meninas de idade… (TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX, 1942)
(2) Composta por Cónego António José Vítor Dias de Lima, Alexandrino António de Melo, Vicente Paulo Salatwichy Pitter e João Joaquim dos Remédios.