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Edital da “Repartiçãm da Camara” (Leal Senado) sobre a extinção da companhia dos cules chinas para a limpeza das ruas da cidade devido a grande despesa para o erário público.

Extraído de «O Procurador dos Macaístas», I-13 de 30 de Maio de 1844,
Extraído de «BOGPM», n.º 8 de 20 de Fevereiro de 1926, p. 121

Comparando com os mesmos sinais de 1966 – postagem de 18-04-2012 (1) – os sinais procedidos de dois tiros de peça dados da mesma fortaleza, em 1926, passaram a ser procedidos de toques de sereia, em 1966, e os sinais nocturnos assinalados pelas disposições de uma a três “bolas” (em 1926) passaram a ser sinalizados pela disposição vertical, por lâmpadas de cores (combinação de amarelo e vermelho).

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/04/18/sinais-de-incendio-na-fortaleza-do-monte/

“Pelas oito horas da manhã do dia 12 de Junho, véspera da Festa de S. António saíram da casa da Câmara do Senado o Vereador mais velho Joaquim Carneiro Machado, o escrivão da Câmara Jacinto da Fonseca e Silva, e o tesoureiro Manuel P. da Fonseca todos em cadeiras levando o tesoureiro dentro, na sua bolsa de cetim carmesim com suas borlas, e cordões doirados, e a mesma bolsa com um letreiro o seguinte:

«Soldo de Capitaõ da Cidade q. tem vencido athe o dia treze deste mez, o Glorioso Sr. Santo António o qual lhe remete o N.e Senado

Chegados à porta da Igreja de Santo António, já se achava o Porteiro desta Câmara com uma salva de prata na mão onde o tesoureiro pôs o referido soldo e o entregou ao mesmo Porteiro para a conduzir ao cruzeiro da Igreja onde se achava o mesmo Santo em uma cardencia com oito velas acesas; aí pegou o Tesoureiro de cima da salva o referido soldo, e o pôs aos pés do mesmo santo tendo ele já nas suas mãos o recibo que fica registado. Ao tempo de pôr o Tesoureiro aos pés do Santo, repicaram os sinos da igreja por um espaço de tempo. Depois do Vereador, Escrivão, e Tesoureiro fazerem as orações ao Santo e o Tesoureiro receber o recibo, levantaram-se para se vir embora vindo sempre na sua companhia tanto à entrada da porta como à saída da mesma, o Vigário da Igreja.

A esta mesma hora, achava-se uma Companhia Militar à porta da Igreja, com as armas ensarilho, e não houve obstáculo algum para passar em cadeiras, os mesmo condutores até se apearem à porta ; e essa é a forma com que se fez este serio acto”

Recebi eu P.e Francisco Esteves vigário da Freguesia de Santo António, do N.e Senado por maons do Prezidente do mesmo, Escrivão, e o feo Thezoureiro actuaes a quantia de cento quarente, e dous taeis oyto mazes cinco conderins, e quatro caixas por dachem a saber noventa e três taeis sete mazes, e sinco conderins soldos que venceo o Glorioso Santo Antonio de foldado, em três anos hum mez, e meyo, q. se lhe devia: e quarenta e nove taeis nhum maz e quatro caixas soldos vencidos de Capitão da Cidade, em 7 mezes e 26 dias athe o dia de fua Festa, q. tudo faz a referida quantia afsima, de q reduzidos a patacas a 76 condr.s, dão 187 patacas 73,4 caixas e por verd.e de como o receby passey este para consto, e clareza.” Macao, 12 de Junho de 1784, – Francisco Esteves”

Extraído de GOMES. Artur Levy – Esboço da História de Macau 1511-1849, 1957, p. 290-291

Publicação no «BGPMTS» (VII-15 de 11 de Outubro de 1852) do plano para distribuição da Força do Batalhão Provisório de Macau nos casos de incendio ou rebate,

A 21 de Maio de 1866 saía no Boletim do Governo (1), o programa que se devia observar na procissão do Corpo de Deus que se realizou no dia 31 de Maio desse ano.
Nesse ano, o mau tempo fez com que a procissão não desse a volta do costume e que só andasse à roda da igreja.
(1) Extraído do «Boletim do Governo de Macau», XII, n.º 21 de 21 de Maio de 1866.,

Pequeno opúsculo de 16 páginas (dimensões: 21,5 cm x 15. 5 cm), de 1905, contendo o sermão proferido pelo padre António José Gomes (1) na cerimónia do lançamento da primeira pedra /reconstrução da Egreja de S. Paulo em Macau (2)

CAPA – bastante manuseada e com uma grande mancha na parte inferior esquerda ( letras a vermelho)

SERMÃO
Pregado dentro das ruínas da egreja da
Immaculada Conceição
VULGARMENTE CHAMADA DE S. PAULO
EM MACAU
Por ocasião do lançamento da primeira pedra para a reconstrucção
d´este antigo e histórico templo
Destinado a futura egreja Parochial de Santo Antonio
No dia 4 de Dezembro de 1904
Anno Jubilar da Immaculada Conceição
Pelo Missionario
P.e António José Gomes
Doutor em Theologia
Parocho da freguesia de Santo Antonio
MACAU
Tipographia Mercantil
1905

“…Senhores: o que nos resta, pois, fazer d´esta ruina?
“Conserva-la, dizem alguns, conservar esta ruína, remover todo este lixo, gradear este recinto e pôr aqui uma vigia”.
Senhores, isto não basta. Há muitos anos que uma tal resolução deveria ter sido tomada. Hoje, depois de tantos annos de profanação a mais ignóbil e vergonhosa, é mister recorrer à mais completa das desaffrontas  e à mais solemne das reparações!
“Conservar isto como ruína, dizem alguns, e basta. É uma obra d´arte antiga, é uma preciosa relíquia do passado, é uma pagina brilhante da historia de Macau; conserve-se, pois, como está, como monumento archeologico.”
Quem fala d´este modo, meus senhores?
Falam aqueles que nunca subiram essas escadas, aquelles  que talvez hoje pela primeira vez entram dentro d´este recinto, aquelles que há trinta, quarenta e mais anos não visitam esta ruína!
E são estes pretensos admiradores de monumentos archeologicos que falam em conservar esta ruina! Elles que a votaram sacrilegamente a todas as profanações as mais odiosas! Conservar esta ruina, quando tanto se tem feito pela derruir! Conservar esta ruina sagrada ao pé d´um templo idolatra! Conservar esta preciosa relíquia da arte christã no meio d´um foco de peste, d´essa montureira que se estende por ali abaixo, com centenares de suínos a refocilarem-se dentro e fóra d´ella! Conservar a mais bela ruina de Macau, a mais bela ruina do Oriente, no meio d´um bairro, talvez o mais sujo e repelente, que existirá sobre a face da terra!
Oh! Não, nunca! Venha mais depressa uma horda vandálica, sacrílega e brutal, e derrua tudo! Saccudam essas columnas, fundam esses bronzes, revolvam esses alicerces, varram essa mole de granito, rasguem essa pagina gloriosa da historia de Macau, apaguem esse pharol inexistingivel da fé dos nossos maiores! Façam tudo isso, se podem!
Mas se não podem, se o vandalismo em arte e o sacrilégio em religião os faz recuar, se o dedo oculto de Deus sustenta essa mole de granito, então nada mais resta que reedificar….”

CONTRA CAPA com as letras vermelhas de difícil visualização
Qualquer donativo que seja oferecido em troca d´este
Opusculo reverterá em benefício da reconstrução
De S. Paulo e podem ser enviado ao auctor
Parochia de Santo Antonio
China Macau

Na última página, com letras pouco visíveis:

IMPRIMATUR
Macai die XVI Januari 1905
JOANNES PAULINUS, Episcopus Macaonensis

(1) O Padre António José Gomes, fundou em Macau a «Obra do Pão dos Pobres», em 1903, agregada à Paróquia de Santo António. Nomeado em diversas ocasiões encarregado do Governo Eclesiástico de Macau durante as ausências do Bispo D. José da Costa Nunes (1920 a 1941). Editor do jornal diário “A Pátria” (2) em 1926, substituindo Francisco Xavier dos Remédios.
(2) “01-07-1923 – Aparecimento do semanário “A Pátria” que, em 1 de Dezembro de 1925, passou a publicar-se diariamente. Cessou a publicação, em 30 de abril de 1928.” Jornal de inspiração cristã, ligada à Igreja, tinha a redação no Seminário de S. José e era impresso no Insituto Salesiano.
(GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954) e (SILVA, Beatriz B. –Cronologia da História de Macau,  Vol. 4)
Ver anteriores referências em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/padre-antonio-jose-gomes/
(2) Ver anteriores postagens – “Notícia de 4 de Dezembro de 1904 – Programa do lançamento da primeira pedra (I) e (II) em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/12/04/noticia-de-4-de-dezembro-de-1904-programa-do-lancamento-da-primeira-pedra-i/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/12/04/noticia-de-4-de-dezembro-de-1904-programa-do-lancamento-da-primeira-pedra-ii/

AVISO DE LEILAM

 “Pela repartiçam do Juizo de Paz das Freguesias da Sé e Santo António, se ha de vender no dia 31 do Corrente, 2 e 3 de Setembro proximo, a propriedade de Casas dos falecidos João Cachick e sua Mulher Maria Thereza Cachick, sitas no campo de Sto António, confrontadas com as do falecido Antonio Gularte da Silveira, a quem mais dêr, sobre a sua avaliaçam de 4250 patacas. Macau 22 de Agosto de 1836” (1)

(1) “O Macaista Imparcial: ” p. 98 do Vol I, n.º 24 de 29-08-1836.

Neste dia pario a Mulher de António de Albuquerque (Maria de Moura) hum filho, e no dia 23 mandou faser comedia á sua porta. Em 26 se correrão Alcansias a Cavallo com outros divertimentos. A 27 se baptisou a creança na Freguesia de St.º António, sendo seus padrinhos Manoel Favacho e Catharina Soares a cujo acto assistio o Governador António Sequeira de Noronha com duas Companhias de Soldados mandando salvar o Monte com sette tiros na entrada à igreja e onze na saída, rematando todo este pomposo, com outro Lugubre, com a morte da parida, que no dia 31 do dito mez passou para a eternidade sendo o seu cadáver enterrado em S. Francisco com grande acompanhamento mas diferente daquele com que o filho foi Baptizado porque aquelle acabou com praser, e este com tristeza e lagrimas como quasi sempre soccede nos praseres desta vida (1)

Igreja de S. Francisco
George Chinnery
1825
Lápis sobre papel

Com grande pompa de acompanhamento, ofícios e dobre de sinos em todas as Igrejas, ficou sepultada na Igreja de S. Francisco, na mesma cova onde já estavam a filha (Inês, enterrada a 6 de Março de 1712, que vivera só 7 dias). Entretanto chegavam a termo as muitas desavenças e queixas contra António de Albuquerque Coelho, tanto para o Vice-Rei, como para El-Rei, e com o parecer do Conselheiro António Ruiz da Costa, concordaram não só os do Conselho Ultramarino, como El-Rei, no sentido de mandarem inquirir, em especial, das suas responsabilidades, por abuso de autoridade, com tal ordem se cruzou a comunicação do Vice-Rei D. Vasco de Meneses ao dar parte que o fizera recolher a Goa – «para não prejudicar a inquirição das sua culpas» (2)
António de Albuquerque Coelho viria a ser nomeado em Goa. Governador de Macau, em 05 de Agosto de 1717. Chegou a Macau a 29 de Maio de 1718. Ocuparia o lugar até à chegada de António da Silva Telo de Meneses, irmão do Conde de Aveiras) a 9 de Setembro de 1719 que havia sido provido naquela capitania de Macau em data anterior à da nomeação em Goa de Albuquerque Coelho.

Escadas que conduzem ao antigo Convento de Santo Agostinho
George Chinnery
1829
Lápis sobre papel

A igreja de S. Francisco quando foi demolido, a urna com a lápide foram transferidas para a Igreja de Santo Agostinho onde ainda hoje se encontra encaixada na parede da capela-maior
A lápide constava o seguinte:

“Nesta urna estão os ossos de D. Maria
De Moura e Vasconcelos e sua filha
Ignez e os do braço direito de seu
marido António de Albuquerque Coelho
que aqui a fez depositar vindo de Governador
e Capitão Geral das Ilhas de Solor e
Timor no ano de 1725»

(1) BRAGA, Jack M. – A Voz do Passado, 1987.
(2) SOARES, José Caetano – Macau e a Assistência, 1950.
Ver anteriores referências a António de Albuquerque Coelho:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-albuquerque-coelho/

No dia 14 de Dezembro de 1902, com 91 anos, faleceu em Macau o Comendador Lourenço Marques. (1) Um dos traços perene da sua passagem pela vida é o Monumento da Vitória (contra os holandeses, 1622), que mandou erguer. Quando Procurador dos Negócios Sínicos e membro do Conselho do Governo, mandou colocar letreiros com os nomes das ruas e os números das casas (já o Governador Ferreira do Amaral, em 23-II-1847, havia mandado dar o nome às ruas e números das casas; propôs que criassem as fontes de rendimentos nas ilhas da Taipa e Coloane que não o tinham). A ele se deve a indicação, por meio de sinais o incêndio e a aproximação de tufões, por sinais públicos, de tufão próximo. A 1.ª iluminação pública de Macau foi da sua iniciativa, fazendo colocar à sua custa – lanternas à frente do Leal Senado e do Palácio do Governo – foi da sua iniciativa e à sua custa. Foi também Procurador do Senado e seu Presidente (1871-72). Foi ele ainda que, igualmente à sua custa, mandou fundir em bronze, no Arsenal de Lisboa, o busto do poeta português Luiz de Camões 1866, para depois o colocar na gruta onde hoje o vemos.
SILVA, Beatriz Basto e – Cronologia da História de Macau, 4.º Volume.

Jardim de Camões AGU c.1950

Jardim de Camões c. 1950

Outros cargos exercidos e contribuições para o benefício da cidade realizadas pelo Comendador:
1839 – Juiz almotacel do Leal Senado da Câmara.
1846 – Juiz substituto de paz das freguesias da Sé e de S.º António; 13 de Dezembro – procurador da Câmara. Cooperou neste ano na formação do Batalhão Provisório de Macau oferecendo ele a bandeira a esse corpo. Em 1847 era Tenente da segunda Companhia; Capitão da mesma companhia em 1850 e mandou construir uma barraca para o aquartelamento da 2.ª companhia de que era capitão das tropas.
1847 – Como membro do Conselho do Governo e Procurador dos Negócios Sínicos, mandou iluminar a cidade e numerar as casas e por nomes às ruas.
Fez parte de uma comissão (2) com o fim de promover uma subscrição voluntaria para levar a efeito um plano de educação, fundo com que se organizou a Escola Principal de Instrução Primária inaugurada em 16 de Junho de 1847. Ofereceu a esta Escola o mobiliário.
1851-1856 e de 1859-a 1861 – Procurador do Leal Senado.
No desastroso incêndio do Bazar em 1856 vendo que na cidade não havia bombas nem bombeiros em estado de poderem funcionar, solicitou-as ao almirante Guerin, e este prontamente mandou três acompanhadas de uma força de 300 homens desembarcados dos vasos de guerra «Glorie», «Ergon» e «Constantine» e devido a tão valioso auxílio é que se conseguiu extinguir esse pavoroso incêndio.
Foi sua iniciativa mandar retirar do fundo do porto da Taipa o casco da fragata «D. Maria II» e algum tesouro, tendo sido o casco vendido por algumas mil patacas em benefício do erário público
1864 – Propôs que se erigisse o Monumento da Vitória e inaugurou-a como Presidente do Leal Senado em 26 de Março de 1871.
1862 – Comendador da Ordem de Cristo a 30 de Janeiro.
1865 – Vice-presidente do Leal Senado.
1869 – Procurador substituto interino dos Negócios Sínicos.

Há um Pátio Lourenço Marques na Toponímia de Macau que fica junto à antiga casa do ópio, indo desembocar na Avenida Almirante Sérgio.

(1) Nasceu a 7 de Agosto de 1811 (baptizado a 14 de Agosto do mesmo ano, na Igreja de Lourenço), Lourenço Caetano (nasceu no dia de S. Caetano) Cortela Marques.
Casou a 7 de Agosto de 1838 (precisamente no dia em que completava 27 anos) com a sua prima Maria Ana Josefa Pereira (nascida a 21 de Abril de 1825, portanto contava apenas 13 anos de idade. Consta-se até que, quando ela teve o primeiro filho (nascido a 27 de Setembro de 1852) fazia-se mister andar a chamá-la constantemente para dar o peito à criança, pois ela – pouco menos que criança- se entretinha a brincar no jardim com outras meninas de idade… (TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX, 1942)
(2) Composta por Cónego António José Vítor Dias de Lima, Alexandrino António de Melo, Vicente Paulo Salatwichy Pitter e João Joaquim dos Remédios.